Diretor do Instituto Lipedema Brasil, dr. Fábio Kamamoto, reuniu cinco das principais questões das mulheres que têm Lipedema
Cerca de cinco milhões de mulheres no Brasil,
segundo pesquisas recentes, podem ter Lipedema e não sabem. Esta realidade,
felizmente, está prestes a ser transformada, graças à conquista da CID 11,
que começou a vigorar no começo de 2022. Hoje, o Lipedema já é uma doença
reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e em breve deverá ser melhor
diagnosticada pela classe médica. No entanto, ainda pairam
muitas dúvidas sobre essa doença entre as mulheres brasileiras. Conheça as cinco
principais questões de quem sofre com o Lipedema respondidas
pelo médico pioneiro no tratamento da doença no país, dr. Fábio Kamamoto,
diretor do Instituto Lipedema Brasil:
. Lipedema é celulite?
Primeiro,
é importante saber que o Lipedema é uma doença crônica, que atinge mulheres no
mundo inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e,
principalmente, nas pernas, que provoca dores, problemas de locomoção e uma
sensação de peso nesses membros. Segundo estudos, 95% das mulheres têm celulite
e, apesar das semelhanças físicas entre ambas como aumento de gordura,
irregularidade na pele, resposta ao estrógeno – por isso homens também não têm
nenhum dos dois -, qual é a diferença entre as condições? O Lipedema é uma síndrome,
não é uma coisa só. Com a celulite, a preocupação da mulher é puramente
estética. Para fazer um diagnóstico de Lipedema não basta olhar apenas a
irregularidade da pele, pois este é somente um dos aspectos. Há aumento dos
membros, há desproporção entre eles e o corpo, há uma dor diferente da dor de
apalpação da celulite (principalmente quando está inflamada), há o peso nos
membros, há os hematomas, ou seja, são muito mais sintomas no dia a dia da
mulher. Quando a mulher diminui o peso e faz dieta, nota-se uma melhora do
quadro de celulite. E com o Lipedema, isto não é possível, pois não é possível
regredir o quadro.
. Por
que os médicos confundem Lipedema com obesidade?
Durante
muito tempo, o Lipedema foi (e ainda é) uma doença subdiagnosticada por médicos
e pela sociedade. “Era mais fácil dizer à mulher que ela estava fora do peso do
que fazê-la procurar ajuda e informação”, comenta dr. Kamamoto. Agora, com a
CID 11 – que entrou em vigor em janeiro deste ano - esperamos que a classe
médica comece a enxergar e a entender esta doença, e possa ajudar essas milhões
de mulheres no Brasil que durante muito tempo acharam que estavam obesas e
acima do peso. Hoje, o Instituto Lipedema Brasil, que é um centro de referência
da doença no Brasil, compartilha conhecimento não só para as mulheres, mas
também para a classe médica, e luta por essa transformação social.
. Se
eu fizer dieta e exercícios físicos vou me livrar do Lipedema?
Não,
a dieta e os exercícios físicos vão fazer a mulher perder peso na parte
superior do corpo. Onde ela tem o Lipedema, geralmente nas partes inferiores,
as pernas continuarão igual, ou seja, maiores e com os nódulos de gordura.
. O
convênio ou o SUS cobre tratamento de Lipedema?
Não.
Ser pouco conhecida não só pelas pessoas, mas especialmente pelos médicos, é um
dos pontos de atenção, pois dificulta ajuda médica e não garante tratamento
pelo SUS ou convênios. No entanto, no início de 2022, o Lipedema foi reconhecido
como doença na nova Classificação Internacional de Doenças – a CID 11 -, que
entrou em vigor no primeiro dia do novo ano. E o que se espera é um novo olhar
das autoridades para essa doença. No paralelo, o Instituto Lipedema Brasil, por
meio de uma campanha no Youtube e no Instagram, luta pela democratização do
acesso ao tratamento da doença no Brasil, como já acontece em outros países
como os Estados Unidos. Atualmente, a campanha conta com mais de 11,5 mil
assinaturas.
. Lipedema
tem cura?
Não,
mas tem tratamento. São dois tipos: o clínico e o
cirúrgico. O clínico é composto por dieta anti-inflamatória (ingestão de
legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas); uso de
plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem
linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, atividade física
preferencialmente de baixo impacto. Estas ações amenizam os sintomas, mas
não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril,
pois não extrai as células doentes. Já o cirúrgico é feito com
lipoaspiração e é definitiva. “Uma vez removida, esta gordura não volta mais,
pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de
lipoaspiração até 7% do peso da mulher”, finaliza dr. Kamamoto.
*Créditos das fotos: arquivo LIONS/ divulgação Instituto
Lipedema Brasil
Instituto Lipedema
Brasil
www.institutolipedemabrasil.com.br
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