Casais têm
procurado a biópsia embrionária como forma de evitar o avanço de doenças
genéticas Créditos: Clinica Ricardo Beck Reprodução Humana
Síndrome
de Down, diabetes tipo 1, fibrose cística e câncer são algumas das mais de
4.800 doenças ocasionadas por um fator genético. Segundo o Ministério da Saúde,
a estimativa é que existem entre 6 mil e 8 mil tipos diferentes de doenças
raras, sendo que 80% correspondem a doenças genéticas, afetando cerca de 10,4
milhões de brasileiros.
Para evitar o avanço de doenças genéticas, uma
alternativa tem sido a biópsia embrionária, procedimento que pode ser realizado
durante a técnica de fertilização in vitro, quando algumas células do bebê são
retiradas para análise.
O exame é realizado com embriões antes da transferência
para o útero para rastrear alterações cromossômicas ou genéticas e pode ser
indicado em situações específicas como, por exemplo, em casos de abortos em
repetição, mulheres com idade acima de 40 anos ou em casos de antecedente
pessoal ou familiar de doenças genéticas conhecidas.
Em média, 35% dos casais que realizam fertilização in
vitro optam pela biópsia embrionária, principalmente quando as mulheres têm
mais de 40 anos. O exame consiste na retirada e análise de algumas células do
embrião, com o objetivo de diminuir a probabilidade de transferência de
embriões geneticamente alterados.
O médico ginecologista e especialista em reprodução
humana, Ricardo Beck, explica que após essa idade, o risco de cromossomos
alterados é maior. “A quantidade e qualidade do material genético feminino
começa a diminuir após os 35 anos, o que aumenta as chances de alterações
cromossômicas com o passar dos anos”, explica.
Beck também destaca a importância de os casais informarem o médico sobre o histórico de doenças genéticas na família. “As pessoas que querem ter um bebê por técnica de reprodução assistida precisam estar atentas às doenças genéticas presentes na família e avisar o médico o quanto antes. Assim é possível tomar as medidas necessárias para evitar que o bebê herde essas ou outras doenças genéticas”, finaliza.
Quando realizar a biópsia - A decisão sobre realizar ou
não a biópsia dos embriões deve ser tomada após uma detalhada conversa com o
médico responsável pelo tratamento, que avaliará a história clínica, exames
realizados, desempenho em eventuais tratamentos anteriores e, assim, ajudar o
casal nesta decisão.
A embriologista da Clínica Ricardo Beck de Reprodução
Humana, Elisângela Bohme, explica que a biópsia permite identificar alterações
cromossômicas nos embriões, possibilitando aos pais escolherem os embriões mais
saudáveis para continuar com o procedimento.
“A biópsia permite estudar os 24 cromossomos, descartando
os embriões com alteração cromossômica. Ou seja, a biópsia identifica em qual
cromossomo está a alteração que pode resultar em falha de implantação, abortos
espontâneos e cromossomopatias em recém-nascidos”, afirma.
Tipos de doenças genéticas - As doenças genéticas podem
ser classificadas em monogênicas, cromossômicas e multifatoriais. Ao realizar a
biópsia embrionária, é possível identificar as doenças genéticas relacionadas à
alterações na quantidade e estrutura dos cromossomos do bebê. As síndromes são
as principais doenças desse grupo, como a Síndrome de Down, Turner, Patau e
XYY, além de outras anomalias que podem causar problemas como deficiência
intelectual, baixa estatura, convulsões, problemas cardíacos e fenda palatina.
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