Pesquisar no Blog

segunda-feira, 14 de março de 2022

Sete diretrizes para uma gestão eficaz e focada no propósito

O atual cenário exige uma Gestão Integral, com negócios que gerem valor para todas as pessoas envolvidas - ou seja, para clientes, acionistas, investidores, líderes e colaboradores


Para se adaptar ao atual cenário de complexidade, as empresas devem se valer de uma gestão integral que considera as organizações como sistemas abertos dinâmicos e evolutivos, composto de indivíduos, relacionamentos e aparatos de gestão – todos voltados a um mesmo propósito: impactar a sociedade. A avaliação é de Marcelo Cardoso, fundador e integrador da Chie, ex-CEO de empresas como DBM e VP de Gente & Gestão da Natura, diretor Executivo do Grupo Fleury e autor do livro Gestão Integral - Consciência e Complexidade nas organizações. A obra aborda pontos essenciais para a construção de uma organização do futuro, assim como apresenta como cada um dos aspectos de uma gestão integrada demandam práticas presentes no dia a dia das organizações. 

“A forma como as organizações têm atuado até aqui não é mais suficiente para lidar com a complexidade que nos desafia cada vez mais. É preciso uma nova gestão e mudanças importantes na forma como interpretamos as situações, decidimos, realizamos negócios e geramos valor para as pessoas”, diz. “E aqui falo de todas as pessoas envolvidas no dia a dia das empresas – de clientes a acionistas e investidores passando por líderes, colaboradores e comunidade”, completa. 

“Não há uma receita de bolo para isso, nem práticas que podem ser implementadas do dia pra noite com efeito imediato. A Gestão Integral incorpora em seu arcabouço a subjetividade e os processos internos de indivíduos e grupos possuem uma dinâmica própria. Mas há ações cotidianas que devem se manifestar como um processo constante e dinâmico de evolução”, explica. 

Confira quais são as diretrizes que devem guiar as empresas em seu caminho para uma Gestão Integral:  

 

Princípio 1: o contexto em que a organização está é complexo

E, nos contextos complexos, não é possível prever nada com certeza. Logo, o planejamento é menos antecipatório e mais um mapeamento de possibilidades

Colocando em prática: o caminho é criado a partir de sondagens, de diversas intervenções menores e seguras o suficiente para que, em caso de falha, seja possível sentir o resultado e responder rapidamente, descontinuando, transformando ou ampliando as iniciativas, conforme o caso.

 

Princípio 2: um propósito verdadeiro deve ser sempre a bússola

Diante da incerteza constante, todos os elementos da gestão são variáveis em função de uma única constante - perseguir o propósito a cada decisão. 

Colocando em prática: liderança e equipes devem ter clareza do propósito da organização, que deve ser inspirador para eles em sua busca por gerar valor para a sociedade. Vale a pena investir no aprofundamento deste propósito utilizando ferramentas como a Teoria da Mudança e dos Meta Capitais, que tangibilizam a criação de valor em diversas dimensões com métricas apropriadas que permitem acompanhar a evolução

 

Princípio 3: a gestão deve ser dinâmica, flexível e distribuída 

Modelos de gestão muito hierarquizados criam lacunas de informação entre níveis e áreas, burocratizam, fragmentam e empacam as organizações. As empresas devem se horizontalizar, para não perder a velocidade

Colocando em prática: as diretrizes estratégicas devem ser flexíveis e atualizadas rapidamente conforme muda o contexto, identificando e atualizando sempre qual é o próximo passo a ser dado.  Para isso, é fundamental a transparência da direção adotada, gerando a coerência no time todo. É recomendável adotar modelos de gestão híbridos e descentralizados, com círculos de autogestão por áreas, que deliberam autonomamente e fazem fluir a informação e as ações. Quanto mais perto a decisão estiver de quem executa, melhor.

 

Princípio 4: um time com muitas cabeças diferentes desempenha melhor

Quase nada é obra de uma pessoa só. O trabalho de um time composto com pessoas de diferentes talentos e diferentes formas de pensar gera melhores resultados.

Colocando em prática: é preciso criar ambientes propícios à diversidade de pensamento e ao compartilhamento de perspectivas e desenvolver segurança psicológica para que todos se sintam confortáveis para trazer as próprias opiniões e divergir de maneira aberta e saudável. Isso permite que a diversidade cognitiva aconteça, aumentando a chance de se gerar melhores soluções

 

Princípio 5: o desenvolvimento dos indivíduos deve ser integral

Indivíduos emocionalmente maduros e cognitivamente desenvolvidos amplificamos demais princípios da gestão integral. As pessoas precisam estar prontas em todos os níveis para este trabalho, não só com competências e habilidades profissionais, mas com capacidade para responder com o físico, as emoções, a mente e a consciência.

Colocando em prática: deve-se desenhar programas de desenvolvimento em formato de jornadas com duração alinhada ao objetivo, com atividades individuais e coletivas, que visem o aprendizado horizontal (novas habilidades e competências) e vertical (o desenvolvimento de recursos internos, como inteligência emocional e maior complexidade cognitiva para lidar com os desafios)

 

Princípio 6: o dia a dia de trabalho deve estimular o aprendizado constante

O aprendizado não deve ocorrer apenas por meio de programas e iniciativas desenhadas para este fim, ele deve estar nas atividades do dia a dia, pois a tensão criativa do aprendizado constante é altamente estimulante para os indivíduos e mantém a organização sempre em transformação

Colocando em prática: o erro não deve ser execrado e sim explorado como oportunidade de aprendizado, ao mesmo tempo, as pessoas devem ser desafiadas a irem além e a não se acomodarem. A organização deve criar ritos, processos de trabalho e atividades que permitam descobrir oportunidades de aprendizado e melhoria em tempo real. O feedback apreciativo deve ser cultivado, para reafirmar e celebrar conquistas e avanços

 

Princípio 7: a cultura deve apreciar e integrar as suas polaridades

É na cultura que as organizações sentem o quão coerentes estão seus princípios e valores ou quando são esquizofrênicas e verbalizam coisas diferentes do que as colocadas em prática. É preciso reconhecer as incoerências e sustentar as polaridades

Colocando em prática: a polaridade é um efeito inevitável que acontece sempre que uma organização promove algum valor interno. Isso ocorre porque, em oposição a este valor, existe outro igualmente importante que pode estar sendo negligenciado (exemplo: estrutura x flexibilidade), então é natural que nos comportamentos individuais e nos ritos informais criem-se rotas alternativas e ocultas para incluir o valor negligenciado, normalmente de forma mal conduzida. A organização deve criar um contexto adequado que primeiro mapeie e reconheça as polaridades presentes e depois crie indicadores e ações para monitorá-las e integrá-las de forma saudável

 

 

Chie - está a serviço da evolução da consciência de pessoas e organizações e contribui para a emergência de novos arranjos coletivos que regeneram empresas, grupos e o planeta, por meio de interações e relações transparentes e verdadeiras.


2 comentários:

Posts mais acessados