As crianças com síndrome de Down apresentam risco maior de malformações do sistema auditivo e infecções crônicas do ouvido, o que pode causar perda auditiva
Muitas crianças e adultos com síndrome de Down têm problemas de audição. Segundo as Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down do Ministério da Saúde, cerca de 75% das pessoas com a trissomia sofrem perda auditiva ao longo da vida. Isso acontece, pois as pessoas com esta síndrome podem apresentar alterações auditivas e otológicas, na deglutição, na fala, na linguagem e também distúrbios do sono.
Crianças com síndrome de
Down precisam ter a audição testada regularmente. Todos os bebês recém-nascidos
devem ser checados para descobrir se têm um problema de audição, o famoso Teste da
Orelhinha.
Entretanto os testes de rotina em recém-nascidos não identificam fluido no ouvido,
que eles podem vir a desenvolver mais tarde e é bastante comum em pessoas com a
síndrome.
A estrutura anatômica do
ouvido das crianças com síndrome de Down tem características que podem
torná-las predispostas a ter perda de audição. São mais propensos à perda
auditiva condutiva secundária, ao impacto do cerume e as patologias do ouvido
médio que incluem: secreção no ouvido médio, otite média aguda e perfurações do
tímpano2. Por isso é importante realizar nelas um monitoramento para
identificar uma possível perda auditiva e obter um diagnóstico a tempo, se for
o caso.
Em 2011, a Academia
Norte-Americana de Pediatria publicou guias de prática de atendimento médico para crianças
com a alteração genética. Entre as recomendações, está o monitoramento da perda
auditiva, com avaliações auditivas a cada seis meses até a idade escolar e
depois anualmente durante a infância. Nos casos em que for detectado qualquer
tipo de alteração, os exames podem ser realizados em intervalos menores.
Além das patologias
citadas, as pessoas com a síndrome de Down podem desenvolver surdez do nervo
auditivo, quando envelhecem. Ocasionalmente também pode ocorrer em bebês e
crianças pequenas, porém, torna-se mais comum entre a adolescência e a vida
adulta. Por isso, é fundamental que as pessoas com Síndrome de Down tenham a
audição verificada ao longo do tempo, já que a deficiência auditiva pode afetar
o seu dia a dia e desenvolvimento.
Prevenção e Tratamento
Estima-se que, a cada
700 nascimentos, 1 bebê tenha a condição. As chances aumentam à medida que a
mãe envelhece, sendo um dos maiores fatores de risco a gravidez acima dos 35
anos de idade. No Brasil, há cerca de 270 mil pessoas com Síndrome de Down.
Trata-se da condição genética e forma de deficiência intelectual mais comum no
mundo. Isso torna o acompanhamento e o tratamento um assunto essencial para os
pacientes com síndrome de down.
É imprescindível que a
criança receba acompanhamento otorrinolaringológico de rotina, com a finalidade
de detectar e tratar o aparecimento de otites que podem contribuir para a perda
auditiva e comprometimento da função comunicativa. Vale lembrar que a perda
auditiva na infância, mesmo que transitória e em diferentes graus, é
considerada um risco para o desenvolvimento da linguagem e para as habilidades
do processamento auditivo. Isso pode causar atrasos na fala e na linguagem,
afetando o aprendizado da criança.
Mesmo os casos leves
podem trazer graves consequências para sua percepção da fala, a obtenção da
linguagem e a interação social. "As
pessoas com Síndrome de Down precisam da comunicação preservada, pois dependem
dela para aquisição de outras habilidades. Desta maneira, no caso de
apresentarem perdas neurossensoriais e/ou quadros condutivos permanentes, pode
ser necessário o uso de aparelhos auditivos." - explica a
fonoaudióloga Andrea Soares, da FONOTOM
Os distúrbios da fala podem ser de vários tipos e precisa ser avaliado individualmente para uma proposta terapêutica adequada. De acordo com a Academia Norte-Americana de Pediatria os exames de rotina indicados por faixa etária são: Aos 6 e 12 meses, devem realizar BERA e timpanometria. Entre 01 e 05 anos, devem realizar semestralmente audiometria comportamental e timpanometria. Já os maiores de 05 anos devem realizar audiometria anual. São exames rápidos e não invasivos realizados pelo fonoaudiólogo e que ajudam a monitorar a audição de pacientes com a síndrome.
Existe
uma série de tratamentos e opções diferenciadas, como a reabilitação auditiva,
que podem ajudar a dar mais qualidade de vida para a criança, bem como auxiliar
na sua autonomia. O tratamento precoce da perda auditiva é vital para estimular
o desenvolvimento cognitivo das crianças com síndrome de Down, especialmente no
período pré-escolar. Isto é muito importante para a vida saudável e plena que
todos os pais desejam para os seus filhos.
Av.
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