Diálogo aberto, restrição ao uso de aparelhos eletrônicos e atividades em família podem evitar os principais perigos do mundo online
Já parou para pensar na quantidade de informações e dados que são vazados na internet e no quanto as pessoas se expõem com um simples clique? Segundo uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Google, como consequência da pandemia, 70% das crianças e jovens entrevistados afirmaram que o tempo de permanência online aumentou, expondo-os ainda mais aos perigos da rede. Como proteger as crianças de eventuais ameaças e controlar o conteúdo que elas acessam?
Nesta terça-feira (8), é comemorado o Dia Internacional da Internet Segura (ou Safer Internet Day, no original em inglês), data instituída pela Rede Insafe, na Europa. Ela acontece todo segundo dia da segunda semana de fevereiro e está presente em mais de 200 países. De acordo com a Insafe, a proposta é "envolver e unir os diferentes atores, públicos e privados, na promoção de atividades de conscientização em torno do uso seguro, ético e responsável da internet, nas escolas, universidades, ONGs e na própria rede".
"Quanto mais tempo a criança fica conectada, mais exposta às ameaças do mundo virtual ela está. As principais preocupações hoje em dia são o aliciamento infantil, o acesso a conteúdo inapropriado, a invasão de privacidade, o cyberbullying e o sexting, que é o compartilhamento de conteúdos sexuais. Em geral, as crianças e adolescentes não conseguem ter real dimensão desses perigos, e por isso a importância de os adultos estarem alertas para esses perigos”, explica a assistente social especialista no Enfrentamento à Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes na ONG Visão Mundial, Marcia Monte.
Em 2019, o Google entrevistou 400 pais e 200 professores para saber quais eram suas reais preocupações sobre segurança online e cidadania digital. Um dado interessante obtido pela pesquisa é que a média de idade em que as crianças costumam ganhar seu primeiro dispositivo com conexão à internet é de apenas 10 anos; e os pais acreditam que é preciso começar a ensiná-las a respeito de segurança online ainda mais cedo, aos 8 anos.
“A partir do diálogo e das orientações recebidas pelos pais, professores e outros cuidadores é que as crianças e adolescentes saberão identificar riscos e tomar as decisões adequadas no uso ético e seguro da internet. O melhor caminho é o diálogo. Desde cedo, os jovens precisam saber o que pode e o que não pode ser feito no universo digital, sempre de maneira participativa”, diz Monte.
Para que as crianças aproveitem a internet ao máximo, elas
precisam estar prontas para tomar decisões inteligentes. Veja algumas dicas da
Visão Mundial de como elas podem explorar o mundo on-line com segurança:
1. Acompanhamento da criança
Monitorar a atividade dos filhos não é uma invasão de privacidade, mas uma maneira de garantir a sua segurança. Por isso, é importante ser presente na vida virtual da criança, assim como se faz no mundo offline. É recomendado adicioná-la nas redes sociais, observando o que ela posta na internet, as pessoas com quem interage e aquelas que a seguem.
Já no mundo físico, a recomendação é demonstrar interesse
pelo cotidiano da criança, sempre de maneira constante e não apenas quando algo
acontece. Isso facilitará o processo de comunicação, permitindo que ela se abra
mais facilmente. É importante conversar com frequência com os professores,
assim como com os pais dos coleguinhas da escola, além dos próprios
amigos.
2. Diálogo aberto
Como sempre ocorre quando o assunto é segurança, a orientação sobre as melhores práticas é fundamental. É muito importante manter um diálogo aberto com a criança e explicar os riscos aos quais ela está exposta ao navegar sem controle pelo mundo virtual.
Instrua-a a não revelar dados pessoais, não enviar fotos
íntimas e não adicionar pessoas estranhas. Explique que a internet é uma ótima
ferramenta de entretenimento e aprendizado, mas pode esconder armadilhas e que
é papel dos pais protegê-la destes eventuais perigos. Explique também o porquê do
monitoramento, para que a criança ou adolescente se sinta parte do processo.
3. Sinais de alerta
Crianças costumam exibir mudanças em seu comportamento quando expostas a situações de estresse, incluindo o assédio ou bullying na internet. Perda de apetite, mal desempenho escolar, depressão, desinteresse em atividades, irritabilidade e falta de apetite são alguns dos sinais nos quais os responsáveis devem sempre ficar de olho.
Caso a criança ou adolescente apresente comportamentos
estranhos, os pais devem chamá-los para uma conversa. Em alguns casos, pode ser
necessário buscar ajuda de terceiros, como um psicólogo ou alguma figura de
confiança.
4. Computadores próximos
No caso de computadores, é recomendado colocá-los em um
lugar de uso comum na casa, como na sala de estar. Assim, os pais poderão
acompanhar mais facilmente a rotina virtual dos filhos. No caso de tablets e
celulares, pode-se restringir o tipo de conteúdo e sites que podem ser
acessados pela criança nos dispositivos móveis, assim como a instalação de
aplicativos não autorizados.
5. Atividades em família
Ainda que a internet possa potencializar o aprendizado e o nível de conhecimento das crianças, é importante restringir a quantidade de horas que elas passam online. Além de limitar o acesso físico a aparelhos eletrônicos, uma ótima forma de reduzir o uso de aparelhos eletrônicos é por meio de atividades ao ar livre.
Levar os filhos para passear no parque, almoço em família ou simplesmente realizar atividades lúdicas e simples dentro da casa, não apenas ajuda a diminuir o tempo gasto na internet, como também estreita os laços familiares e a sociabilidade do pequeno.
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