Especialista do Hospital São Camilo SP fala sobre a importância de os pais observarem os comportamentos de seus filhos desde a infância
Conhecida pela sigla SA, a síndrome de Asperger é
uma alteração no desenvolvimento de uma pessoa, que acaba por afetar suas
habilidades de socialização, seu contato com o mundo externo e sua capacidade
de expressar suas emoções. Pouco ainda se sabe sobre a condição. Por ter um
diagnóstico demorado e características mais leves, muitos ainda não conseguem
reconhecê-la.
Por esse motivo, 18 de fevereiro carrega consigo um apelo especial, em
comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Asperger. A data passou a ser
celebrada em 2007, dia do aniversário de Hans Asperger, um pediatra que viveu
na Áustria e foi o primeiro a identificar a síndrome.
Alguns sinais, entretanto, podem ser observados ainda na primeira infância. “A
criança com Asperger vai ter interesses restritos, é comum que ela fique
fascinada por determinado assunto ou objeto e passe a focar nisso por um bom
período. Imagine uma criança que demonstra um enorme interesse por trens, ao
ponto de saber muito sobre eles. Essa criança não apresenta alterações em seu
aprendizado, pelo contrário, ela busca a fundo saber sobre o que lhe interessa.
Muitas vezes, esses traços passam despercebidos aos olhos dos pais”, afirma Dr.
Paulo Scatulin Gerritsen Plaggert, neuropediatra da Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo.
É comum que essas crianças falem da forma correta e tenham discursos ricos
nesse sentido. Mas, ao mesmo tempo, são pessoas sem filtros sociais em seus
diálogos. “Na infância, essas características também passam despercebidas, mas
na fase adulta podem ficar mais evidentes. Quem tem a síndrome costuma ter
dificuldade em entender palavras de duplo sentido, os significados por trás das
coisas, as intenções e os tons. Tudo isso interfere nas interpretações desse
sujeito e na sua forma de socializar”, acrescenta o especialista.
Dificuldade em realizar contato visual, propensão a ser uma pessoa sistemática,
metódica, seguir rotinas à risca e tendência ao isolamento social também são
particularidades de quem vive na pele a Asperger.
“É necessário observar a criança, suas atitudes e comportamentos. Para, a
partir disso, ter a orientação correta de algum profissional. Pediatras,
psicólogos e psiquiatras podem conduzir os pais da melhor maneira”, explica Dr.
Paulo.
É importante enfatizar que a síndrome não é uma doença e sim um espectro do
autismo. A condição não tem cura, mas pode ser tratada. “É comum que essas
pessoas também sofram com ansiedade ou falta de atenção. Medicamentos podem ser
utilizados para tratar esses sintomas, mas não a síndrome em si. Investir em
psicoterapia cognitivo-comportamental pode ser um caminho interessante para que
essas pessoas possam se entender melhor e entender o seu entorno”, finaliza o
médico.
Hospital São Camilo
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