Pesquisa chama atenção para o
número de pessoas que sofrem de transtornos associados ao uso de drogas
Dia 20 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional de Combate
às Drogas e ao Alcoolismo, uma data que tem como objetivo alertar e
conscientizar a população sobre o mal que as drogas e o álcool trazem para a
saúde de inúmeras pessoas.
Sabemos que, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a dependência química é considerada uma doença crônica, que está
relacionada a diferentes fatores, o que inclui aspectos genéticos, psicológicos
e/ou sociais.
Segundo Maria Eduarda Bernardi, psiquiatra da Clínica
Maia, o fator genético tem um grande peso no desenvolvimento da doença: entre
os motivos que propiciam o surgimento da dependência química, de 40% a 60%
estão relacionados a questões genéticas, uma porcentagem bastante
significativa. Mas, além disso, é preciso considerar vários outros
pontos.
“Traumas de infância, perdas que ocorreram ao longo da
vida, conflitos familiares, convivência em ambientes que facilitam o acesso às
substâncias, uso de álcool e drogas dentro de casa são contextos que também
influenciam na probabilidade de uma pessoa desenvolver ou não a dependência química”,
explica a especialista.
Esse vício, a longo prazo, traz muitos prejuízos para a
saúde como um todo, inclusive, alterações no sistema gastrointestinal,
desencadeando cirrose, pancreatite, refluxo gastroesofágico e hemorragias,
assim como pode contribuir também para casos de anemia, hipertensão arterial
sistêmica, arritmias e até mesmo Acidente Vascular Cerebral (AVC). Também podem
ocorrer problemas cognitivos, como quadro demencial e neuropatia periférica
crônica.
No âmbito social podemos citar as dificuldades nos
relacionamentos e no controle do comportamento, o que resulta em agressividade,
isolamento, faltas no trabalho e em compromissos.
Também não podemos esquecer da saúde mental. De acordo
com o Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado pelo Escritório das Nações
Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mais de 36 milhões de pessoas sofreram de
transtornos associados ao uso de drogas no ano de 2020.
Segundo Maria Eduarda, os principais transtornos
psiquiátricos comumente associados ao consumo de álcool e outras drogas são os
de ansiedade e humor, o que inclui depressão, transtorno afetivo bipolar,
transtornos de personalidade antissocial e esquizofrenia.
Vale ressaltar que depois que a pessoa se torna
dependente química, o uso não é uma escolha pessoal, tampouco um indício de
falha moral, mas uma doença séria, que necessita de cuidados e tratamentos
adequados para cada situação.
Nessa hora, o apoio de amigos e familiares é uma parte
muito importante do tratamento.
De acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e
Drogas (II LENAD), realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (INPAD), entre os anos de
2012 e 2013, estima-se que pelo menos 28 milhões de pessoas convivam no Brasil
com um dependente químico. Por isso que, quando falamos de dependência química,
as famílias e pessoas que fazem parte do convívio social são peças
fundamentais.
A médica pontua que conversar, estar presente, ter
atitudes positivas, usar palavras de incentivo e estabelecer uma relação de
confiança com a pessoa faz toda a diferença. Mas é essencial ir atrás de
esclarecimentos e ajuda.
“Busque informações de qualidade para compreender o que é
dependência química, suas bases neurológicas e psicológicas, porque isso
minimiza as pressões e os preconceitos que giram em torno da doença. É também
primordial que o dependente e seus familiares busquem o suporte profissional e
também grupos de apoio”, conclui a psiquiatra.
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