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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é celebrado neste domingo

Pesquisa chama atenção para o número de pessoas que sofrem de transtornos associados ao uso de drogas

 

Dia 20 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, uma data que tem como objetivo alertar e conscientizar a população sobre o mal que as drogas e o álcool trazem para a saúde de inúmeras pessoas. 

Sabemos que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é considerada uma doença crônica, que está relacionada a diferentes fatores, o que inclui aspectos genéticos, psicológicos e/ou sociais. 

Segundo Maria Eduarda Bernardi, psiquiatra da Clínica Maia, o fator genético tem um grande peso no desenvolvimento da doença: entre os motivos que propiciam o surgimento da dependência química, de 40% a 60% estão relacionados a questões genéticas, uma porcentagem bastante significativa. Mas, além disso, é preciso considerar vários outros pontos. 

“Traumas de infância, perdas que ocorreram ao longo da vida, conflitos familiares, convivência em ambientes que facilitam o acesso às substâncias, uso de álcool e drogas dentro de casa são contextos que também influenciam na probabilidade de uma pessoa desenvolver ou não a dependência química”, explica a especialista. 

Esse vício, a longo prazo, traz muitos prejuízos para a saúde como um todo, inclusive, alterações no sistema gastrointestinal, desencadeando cirrose, pancreatite, refluxo gastroesofágico e hemorragias, assim como pode contribuir também para casos de anemia, hipertensão arterial sistêmica, arritmias e até mesmo Acidente Vascular Cerebral (AVC). Também podem ocorrer problemas cognitivos, como quadro demencial e neuropatia periférica crônica. 

No âmbito social podemos citar as dificuldades nos relacionamentos e no controle do comportamento, o que resulta em agressividade, isolamento, faltas no trabalho e em compromissos.  

Também não podemos esquecer da saúde mental. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mais de 36 milhões de pessoas sofreram de transtornos associados ao uso de drogas no ano de 2020.  

Segundo Maria Eduarda, os principais transtornos psiquiátricos comumente associados ao consumo de álcool e outras drogas são os de ansiedade e humor, o que inclui depressão, transtorno afetivo bipolar, transtornos de personalidade antissocial e esquizofrenia. 

Vale ressaltar que depois que a pessoa se torna dependente química, o uso não é uma escolha pessoal, tampouco um indício de falha moral, mas uma doença séria, que necessita de cuidados e tratamentos adequados para cada situação.

Nessa hora, o apoio de amigos e familiares é uma parte muito importante do tratamento. 

De acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II LENAD), realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (INPAD), entre os anos de 2012 e 2013, estima-se que pelo menos 28 milhões de pessoas convivam no Brasil com um dependente químico. Por isso que, quando falamos de dependência química, as famílias e pessoas que fazem parte do convívio social são peças fundamentais.  

A médica pontua que conversar, estar presente, ter atitudes positivas, usar palavras de incentivo e estabelecer uma relação de confiança com a pessoa faz toda a diferença. Mas é essencial ir atrás de esclarecimentos e ajuda. 

“Busque informações de qualidade para compreender o que é dependência química, suas bases neurológicas e psicológicas, porque isso minimiza as pressões e os preconceitos que giram em torno da doença. É também primordial que o dependente e seus familiares busquem o suporte profissional e também grupos de apoio”, conclui a psiquiatra.


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