Em 2022, os profissionais brasileiros de TI e Infraestrutura estarão, mais do que nunca, num intenso processo de transformação. Com seu passe cada vez mais valorizado – pesquisa da Softex de julho de 2021 mostra que o Brasil terá um déficit de 408 mil profissionais até o final deste ano – , essa categoria tem tido de antecipar várias ondas de inovações, entregando novos skills e conhecimentos técnicos às organizações onde atua. O grande desafio imposto por esse avanço ao profissional de TI é a contínua busca de integração entre pessoas, ambientes e tecnologias que ou são disruptivas ou, antes, operavam de forma isolada.
A chegada da rede 5G – a nuvem das nuvens – torna esse quadro ainda mais complexo. Uma de suas bases é o Edge Computing, com um papel cada vez mais estratégico no suporte a aplicações IoT em todas as verticais da economia. A meta é diminuir a latência de modo a reduzir em milissegundos a velocidade de resposta de aplicações críticas para as empresas e para a economia brasileira
como um todo.
Complexidade
das nuvens e dos data centers aumenta
A
transformação da infraestrutura de rede exige que o gestor de TI conquiste
visibilidade e controle sobre nuvens baseadas em data centers que vão de
soluções modulares até os grandes data centers centrais. O desafio só
aumenta: trata-se de equacionar simultaneamente a nuvem privada, pública e
híbrida, centralizada (Cloud) ou nas bordas (Edge), e o perfil de data center
mais adequado para cada um desses formatos.
Nesse
contexto, a falta de profissionais também se faz sentir: pesquisa divulgada em
janeiro de 2021 pelo Uptime Institute revela
que, em todo o mundo e até 2025, o segmento demandará 300 mil novos
profissionais. 50% dos 1100 líderes de TI e de data center entrevistados para
esse estudo disseram enfrentar dificuldade para contratar candidatos
qualificados, 38% a mais do que o identificado em 2020.
Uma análise mais detalhada
de um único setor da economia – a indústria – ressalta ainda mais o perfil do
profissional brasileiro que as organizações estão buscando em 2022.
Estudo da Delloite divulgado
em novembro de 2020 mostra que a falta de integração entre os ambientes e os
times de TI e OT é um grande desafio. Isso é comprovado pela vulnerabilidade
das organizações OT a ataques cibernéticos – segundo esse relatório, 90% das
indústrias norte-americanas sofreram invasões que exploravam as brechas criadas
pela falta de visibilidade sobre todos os ambientes digitais da empresa.
Integração
entre OT e TI
O mesmo documento da
Delloite mostra que, nos últimos 10 anos, a bandeira da Indústria 4.0 passou a
exigir que as empresas se modificassem para integrar o chão de fábrica à área
de TI.
Essa jornada é complexa. O
chão de fábrica continua dependendo de protocolos e tecnologias muito
especializados – é o caso de dispositivos IIoT (Industrial Internet of Things)
com protocolos como SCADA, Modbus TCP ou OPC UA. No modelo IIoT, dados são
gerados por sensores, dispositivos e maquinaria conectada. Esses dados ajudam o
gestor a identificar tendências, antecipando insights sobre o que se passa no
chão de fábrica e facilitando a tomada preditiva de decisões.
Para se chegar a resultados
como estes, é necessário contar com um novo perfil de profissionais – pessoas
que, além de conhecer em profundidade os meandros da OT e da TI, consigam
compartilhar visões e ações.
Falta de
componentes e problemas de logística
E, por fim, outro fator
pressiona o profissional de TI brasileiro em 2022: a falta de componentes e
appliances físicos para todo tipo de infraestrutura de TI. Estudo divulgado
pela ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica) em junho de 2021 mostra que 73% de seus associados estavam
enfrentando dificuldades na aquisição de componentes. Além da indisponibilidade
de dispositivos digitais, a crise mundial de logística criada pela COVID-19
segue atrasando entregas e deixa ainda mais precários todos os tipos de
infraestrutura de TI e de redes. Qualquer manutenção ou troca de componentes,
por exemplo, pode deflagar uma crise na organização.
Como, então, lidar com esses
desafios?
Uma estratégia possível é
utilizar plataformas de monitoramento “White Label” baseadas em sensores que
coletam medidas sobre o status de cada um dos elementos que constituem a rede,
de roteadores a Controladores Lógicos Programáveis e UPS, de aplicações a
processos de gestão. O grande diferencial dessa tecnologia é recolher
bilhões de dados gerados por milhares ou milhões de componentes físicos e
lógicos e, a partir daí, em tempo real, construir uma análise preditiva e com
alarmes sobre o comportamento do ambiente digital.
Trata-se de uma geração de
software que se reinventa sem cessar, abraçando e analisando os mais diversos
protocolos e gerando dashboards que vão da visão macro a mais granular. Sua
missão é ampliar o controle do profissional de TI sobre redes 5G, data centers
de Edge e Cloud Computing, IoT, IIoT e OT e, desse modo, suportar a
continuidade dos negócios digitais.
Maturidade
digital
Nos dois últimos anos, o
dinamismo da economia digital brasileira foi tal que, primeiramente, aconteceu
a expansão da superfície computacional e, só num segundo momento, e em alguns
casos, a maturidade veio.
2022, no entanto, será um
divisor de águas.
A heterogeneidade da TI
explodirá e exigirá que os profissionais estejam vários passos à frente do próximo
desafio digital. A boa notícia é que a busca pelo domínio sobre tecnologias
díspares e em constante transformação já é uma realidade para o novo
profissional de TI. São pessoas abertas para o outro, com o desejo de aprender
diferentes linguagens e criar pontes entre inovações disruptivas e ambientes
que, antes, existiam em silos. Quem trilhar esse duplo caminho de integração –
entre pessoas e entre tecnologias – avançará em sua carreira e suportará o
crescimento do Brasil em 2022.
Luis
Arís - Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler LATAM.
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