Especialistas
do Hospital Paulista alertam que o problema pode ser definitivo, se não for
tratado a tempo Shutterstock
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Possivelmente você já
teve contato com alguém que sofreu uma perda auditiva repentina. O problema,
chamado por especialistas de surdez súbita neurossensorial, é uma alteração
clínica que resulta na perda de audição uni ou bilateral. Geralmente, ela
costuma ter recuperação espontânea em 15 dias, mas é importante manter a
atenção. Quando negligenciada, a condição pode deixar sequelas e até resultar em
uma surdez definitiva.
Otorrinolaringologista
do Hospital Paulista, Dr. José Ricardo Gurgel Testa chama a atenção para a
necessidade de buscar atendimento médico, o quanto antes, quando o paciente
apresenta surdez súbita. O objetivo é realizar um audiograma, teste auditivo
realizado por um fonoaudiólogo para ajudar em sua identificação. "O
diagnóstico acontece quando há uma perda em mais de três frequências em uma
intensidade de 30 decibéis ou por um período de até 72 horas", explica o
especialista.
De acordo com o Dr.
Testa, a surdez súbita tem causa desconhecida, mas pode estar atrelada a
diversos processos infecciosos, virais, inflamatórios autoimunes, tumorais e
vasculares. "Infecções no ouvido, doenças como caxumba, sarampo ou
catapora; doenças autoimunes, como HIV ou lúpus e até uso de remédios
anti-inflamatórios ou antibióticos podem causar a perda de audição de forma
repentina."
Outras causas de
surdez
Uma outra condição é
ainda mais comum com relação a mudanças na audição, como alerta a fonoaudióloga
Sabrina Figueiredo: a diminuição auditiva, que tem a exposição a ruídos altos e
a idade como principais causadores.
Segundo a
especialista, o problema pode ser percebido quando a pessoa encontra
dificuldade em compreender conversas em locais barulhentos ou com muitas
pessoas falando ao mesmo tempo. Além disso, é perceptível a necessidade de
aumentar muito o volume da TV ou quando o paciente pede para repetirem o que é
dito frequentemente.
Qualquer perda
auditiva traz algum impacto na comunicação e qualidade de vida, e, normalmente,
o prejuízo é proporcional ao grau da perda auditiva. A falta de informações
auditivas impõe a condição de privação sensorial no sistema nervoso central,
provocando uma reorganização cortical auditiva inadequada pela falta de sons.
"Além desse
impacto, a falta de audição faz com que o sujeito tenha dificuldade de
socialização, restrição de participação nas atividades do dia a dia e impactos
emocionais, e consequentemente piora na qualidade de vida", explica
Sabrina.
A pandemia acabou
trazendo à tona várias discussões sobre o tema, pois as pessoas passaram a
perceber a dificuldade de ouvir os outros em função do uso de máscaras.
"Com o uso das máscaras, muitas pessoas passaram a perceber dificuldades
de comunicação, já que, sem a possibilidade da leitura labial, era mais difícil
compreender o que era dito", explica Sabrina.
Prevenção
Os especialistas
alertam que a maior parte das perdas auditivas podem ser prevenidas no dia a
dia, evitando hábitos como o uso excessivo de fones de ouvido com volume alto,
a utilização de hastes flexíveis ou outros objetos que podem provocar lesões e
infecções.
Traumas acústicos como
shows musicais, explosões, exposições prolongadas a ruídos sem a proteção
auricular e o uso de medicamentos tóxicos para os ouvidos também podem causar a
perda auditiva em vários níveis, do mais leve ao mais profundo.
Tratamentos
Para a surdez
neurossensorial severa ou profunda, além dos casos de discriminação vocal muito
baixa, um dos tratamentos indicados é o implante coclear, uma cirurgia que
consiste na inserção de um aparelho para a reabilitação capaz de ajudar,
inclusive, os pacientes que não têm benefícios evidentes com uso de aparelhos
auditivos de amplificação individual.
"Geralmente o
implante é indicado em casos bilaterais, mas em algumas situações de perdas
unilaterais com zumbido, ele também pode ser usado", orienta o Dr. Testa.
O Hospital Paulista é
considerado centro de referência para esse tipo de cirurgia, que apesar de
contar com certa complexidade, tem o diferencial de possuir o rigoroso
acompanhamento pós-cirúrgico, juntamente com a terapia fonoaudiológica, que
juntos são capazes de permitir uma reabilitação eficaz.
Segundo Sabrina
Figueiredo, é comum as pessoas perceberem que têm algum grau de perda auditiva,
mas não buscarem ajuda profissional. A questão é preocupante, já que o atraso
no diagnóstico pode agravar a maioria dos casos.
"A perda auditiva
pode ter seu surgimento e evolução progressivas, por isso, é importante sempre
serem feitos checkups da audição. Se você desconfia que sua audição está
piorando procure uma avaliação. E se a piora for súbita, a busca por um serviço
de referência deve ser imediata", finaliza a especialista.
Setembro Azul
Criado pela Comunidade
Surda Brasileira, o Setembro Azul é uma campanha desenvolvida a fim de dar
visibilidade à causa. Por meio de eventos voltados para a conscientização sobre
a acessibilidade, o mês também celebra as conquistas obtidas pelos surdos ao
longo dos anos.
Como não poderia ficar
fora de uma causa tão importante, o Hospital Paulista está apoiando o projeto
"Escute Como um surdo", idealizado pela influenciadora Lak Lobato,
uma ação social que visa conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde
auditiva e dos caminhos possíveis de reabilitação.
No dia 30 de setembro,
às 20h, a Instituição irá realizar uma palestra no canal youtube.com/laklobato com o tema "Alternativas para audição -
tecnologias que auxiliam na perda auditiva", que contará com a
participação do Dr. José Ricardo Testa e da fonoaudióloga Sabrina Figueiredo e
a mediação da influenciadora.
Também neste mês, a
fachada do Hospital Paulista recebeu uma adesivação especial, ilustrando a
importância da audição, para atrair ainda mais atenção ao debate sobre a
surdez.
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