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sábado, 25 de setembro de 2021

Muita calma nessa hora!

 Pensamentos divergentes devem resultar em questionamento, e não em agressão


Recentemente, o Brasil presenciou uma severa troca de ofensas durante os depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apura a suposta aquisição fraudulenta de vacinas.

Não quero fazer nenhum juízo de valor, se você é contrário ou a favor de qualquer tipo de discussão, ou se é favorável ao partido A ou ao partido B, mas o que importa é o fato da discussão ter ficado acalorada por conta de divergências políticas. A “paixão” com que você defende um determinado ideal pode impactar de forma positiva ou negativa a sua imagem.

Episódios deste tipo só ocorrem no trabalho quando não há um ambiente sólido, pautado pela transparência. E isso pode ocorrer em muitas empresas, com uma troca de acusações ou palavras que não fazem sentido no mundo corporativo.

Para evitar que isso aconteça, é preciso ter transparência na comunicação. E essa é a primeira dica. É possível sempre destacar um determinado ponto de vista, mas como diz a filósofa brasileira e amiga, Terezinha Rios, ponto de vista nada mais é do que a vista a partir de um ponto.

Não somos donos de uma verdade absoluta. Porque muitas vezes, numa discussão entre duas pessoas, seja na família ou no ambiente corporativo, às vezes queremos ganhar a discussão e não necessariamente descobrir ou entender o ponto de vista da outra pessoa.

Por isso, meu convite é para que você faça essa reflexão com sua equipe. Será que eu entendo necessariamente o ponto de vista do outro?

Talvez, as minhas experiências de vida, aquilo que já vivi ou estudei, me levam a acreditar que esse é o caminho melhor. Talvez para a outra pessoa, pelas experiências dela, que são completamente diferentes das suas, façam ela acreditar que o outro caminho é o melhor.

Mas qual é o melhor caminho? Não existe caminho certo, afinal, tem a minha verdade, a sua verdade e a verdade de verdade.

A partir do momento que tenho a transparência como pilar fundamental das relações de trabalho, eu entendo a realidade do outro. E mesmo que o outro não concorde comigo e vice-versa, eu respeito. E a partir do momento em que a relação é pautada pela transparência e pelo respeito, eu entendo e não ataco.

O ataque, de certa forma, pode ser um objeto de defesa. É a forma que algumas pessoas usam para se defender de uma acusação ou de uma situação. No calor da emoção, quando simplesmente abrimos a boca para falar o que muitas vezes temos vontade, é grande a chance de sermos julgados. E, no caso de uma CPI, não só julgados pelas pessoas que estão lá, mas também por milhões que assistem e depois verão a notícia, o que pode afetar a reputação dos envolvidos.

Então se você quiser dentro do seu ambiente de trabalho, no seu dia a dia, evitar esse tipo de situação para não chegar ao extremo de falar sem pensar e depois ter que fazer um pedido de desculpas, você precisa entender que do outro lado tem alguém com experiências diferentes e que talvez possa pensar de forma diferente. Afinal, ponto de vista nada mais é que a vista a partir de um ponto e as perspectivas que podemos trazer para nossa vida também são diferentes para mim, para você e para todas as outras pessoas.

A divergência de opiniões tem relação direta com a diversidade, que se tornou o motor da inovação nas organizações. E quanto mais pensamentos divergentes eu tenho dentro de uma organização, maior a chance de inovar, mas as corporações só conseguem atingir esse estágio quando há respeito e transparência. Se não houver esses dois itens, acontece a agressão que pode resultar um grande problema.

Quando falo em diversidade, não é simplesmente pensar em colocar pessoas numa equipe que têm valores diferentes. Refiro-me colocar numa equipe profissionais com valores semelhantes, mas pensamentos divergentes e ao questionar se essa é uma “linha correta”, talvez nós encontremos um ponto que seja similar e vai fazer com que a empresa cresça e a equipe evolua.

É possível criar um ambiente diverso e com respeito. Mesmo quando não concordar com uma situação, você vai respeitar a outra opinião. E em alguns momentos, talvez vá adiante com sua ideia, mas em outros, vai abrir mão para apoiar outras pessoas. O que não pode, em hipótese alguma, é faltar com respeito. Sem machismos, sem achismos e muito menos querer impor aquilo que pensa, como se fosse a verdade absoluta.

 


Alexandre Slivnik 


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