Retorno ao
escritório pode gerar ansiedade; especialista traz dicas do que empresas,
líderes e funcionários podem fazer para tornar a mudança menos brusca
Algumas empresas já começam a organizar a volta ao
escritório, e esse momento pode causar insegurança e ansiedade nas equipes. Uma
pesquisa realizada pela consultoria de recrutamento executivo Korn Ferry com
581 profissionais nos Estados Unidos indica esse sentimento. Mais da metade
(55%) das pessoas ouvidas disse que a ideia de retornar ao trabalho presencial
gera um estresse. Só que boa parte sente que não têm opção. Entre os
entrevistados, 58% disseram que admitir ao chefe a preferência por continuar
trabalhando remotamente pode prejudicar as chances de ascensão
profissional.
Para a psicóloga Daniele Nazari, psicóloga do Zenklub formada pela Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões e especialista em Psicologia
Organizacional e do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
voltar para o espaço presencial pode sim proporcionar gatilhos ansiosos - e não
há como medir sobre como esse momento poderá desencadear ansiedade em cada
funcionário. “Eu vejo um processo de retorno acontecendo até com energias
extremas dos colaboradores, aqueles que terão medo de retornar e aqueles que
estão com uma enorme expectativa pelo retorno”.
Segundo a especialista, em ambos os casos, é
importante a empresa tornar o processo flexível e gradativo para amenizar o
impacto de uma quebra de rotina que está durando muito tempo. “Na clínica as
pessoas relatam muita exaustão, e trabalhar presencialmente exige uma energia
diferente do que estão acostumadas no conforto dentro de casa”,
acrescenta.
Daniele diz que o mais importante para evitar
gatilhos de ansiedade é a empresa manter a transparência e conversas frequentes
com os colaboradores para motivação e esclarecimento dos cuidados que estão
sendo proporcionados. “A dinâmica com filhos também vai mudar e se
reestruturar, então as lideranças precisam ter paciência com essa adaptação
também”.
Papel do líder
O líder, segundo a psicóloga, tem o papel de proporcionar
sensibilidade no time e permitir que as pessoas possam falar mais sobre o que
sentem em relação ao trabalho. “Permitir falar mais sobre as emoções torna a
relação com mais sintonia e transparência, e com isso o líder também pode
conduzir melhor com a sua equipe.”
Papel do funcionário
Como as pessoas se acostumaram a ter uma rotina
mais isolada, retornar para um ambiente mais dinâmico e com muito mais barulhos
– como costuma ser o escritório - pode proporcionar uma certa exaustão inicial.
A sugestão da psicóloga é as pessoas já iniciarem essa adaptação ao sistema da
empresa dentro de casa alguns dias antes de iniciar o presencial. Isso inclui
acordar no horário que sairiam para trabalhar, respeitar o horário das
refeições e intervalos (conforme seria no presencial), respeitar o horário de
trabalho e finalizar as atividades conforme término do expediente na empresa,
sair mais de casa para atividades ao ar livre e exposição gradativa para quem
mantém o isolamento e estabelecer horários para dormir e relaxar conforme a
rotina de cada um.
Papel da empresa
A organização pode fazer pesquisas de clima para
monitorar a adaptação, ouvir os colaboradores e permitir sugestões, ser
transparente, manter a comunicação com frequência e reforçar os cuidados de
saúde e das medidas implementadas – como uso do álcool gel, máscaras e limpeza
dos locais comunitários. Proporcionar palestras com profissionais da saúde e conteúdo
que auxiliem na adaptação também são uma sugestão de Daniela.
O Zenklub, maior plataforma de saúde emocional e
desenvolvimento pessoal do Brasil, criou Guia Prático para Saúde Mental e
Pós-Pandemia para ajudar colaboradores e empresas. A cartilha completa pode ser
baixada no link: http://www.zenklub.com.br/setembro-amarelo/.
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