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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

8 de setembro: Dia Internacional da Alfabetização

Desde 1967, o Dia Internacional da Alfabetização é comemorado em todo o mundo para lembrar às pessoas sobre a importância da alfabetização como um fator de dignidade e direitos humanos. A data também tem o objetivo de alavancar as ações voltadas à alfabetização visando à construção de uma sociedade mais instruída e sustentável.

Apesar de todas as conquistas nesse sentido, os desafios persistem, já que, segundo dados da ONU, mais de 700 milhões de adultos em todo o mundo não desenvolveram habilidades básicas de compreensão do código escrito.

No âmbito escolar, os olhos se voltam para a alfabetização quando a criança ingressa no 1º ano do Ensino Fundamental. Espera-se que, durante o período desse ano letivo, todos os alunos - independentemente da bagagem cognitiva e emocional que trazem consigo - cheguem ao final do ano lendo com desenvoltura e escrevendo com coerência. Quando isso não acontece, e o fim do ano se aproxima, uma grande aflição começa a tomar conta de parte dos pais, professores, e até mesmo das próprias crianças.

Por esse motivo, aproveitamos este Dia Internacional da Alfabetização para esclarecer dois pontos:


• A alfabetização não começa no 1º ano.

Aprender a ler e a escrever é um longo processo que começa quando a criança é ainda bem pequena e aprende a nomear as letras, a identificar seu próprio nome, a diferenciar letras de outros símbolos, a manusear livros e a entender a diferença entre escrita e ilustração. Chamamos essas práticas de "literacia emergente", isto é, conhecimentos prévios que a criança vai adquirindo aos poucos, quase sempre de maneira lúdica, muitas vezes em casa, sem qualquer pretensão, e que formam um conjunto de pré-requisitos que ela vai precisar para se alfabetizar.

Na Educação Infantil, desenvolvemos com intencionalidade uma série de atividades de literacia emergente visando instrumentalizar a criança para que ela, aos poucos, se aproprie da língua escrita. Desse modo, quando chega ao 1º ano, cada aluno tem suas próprias experiências com a leitura e a escrita: alguns já chegam lendo; outros, recitam o alfabeto, fazem escrita espontânea ou correspondência entre palavra e letra inicial. Uma parte dos alunos, no entanto, ainda não manifesta interesse ou mesmo disposição para ler e escrever.

É papel do professor de 1º ano despertar esse interesse e sistematizar tudo o que as crianças já sabem, levando-as a novos conhecimentos e ao desenvolvimento de outras habilidades. Por exemplo, a criança que já chega ao 1º ano lendo vai ser estimulada a ler com mais desenvoltura, a entender a pontuação e praticar a entonação e a leitura expressiva. Enquanto isso, o aluno que ainda não consegue juntar as letras para ler uma palavra será incentivado a perceber a relação entre fonema (som) e grafema (escrita), e fazer associações, tanto para ler, como para escrever. Ao final do ano, todos terão avançado em suas habilidades de leitura e escrita, porém isso não quer dizer que todos estarão alfabetizados ou prontos a decifrar qualquer tipo de texto. Aí vem o segundo ponto a esclarecer:


• A alfabetização não termina no 1º ano.

Do mesmo modo que a alfabetização não começa no 1º ano, ela também não termina ao final do ano, pois da mesma forma que recebemos a crianças com diferentes níveis de conhecimento sobre a leitura e a escrita, também recebemos no 2º ano crianças com diferentes níveis de alfabetização. Há crianças que chegam já lendo e escrevendo com desenvoltura, porém há uma boa parcela de alunos que leem ainda com muito esforço, necessitando de ajuda para compreender o que leram. O mesmo ocorre com a escrita. Há crianças que chegam ao 2º ano escrevendo textos, e outras que ainda mal conseguem fazer uma lista de palavras. Isso não é um problema; e não quer dizer que a criança que ainda não lê ou não escreve com eficiência está "atrasada". Podemos comparar a alfabetização ao aprendizado da fala. Nem todas as crianças desenvolvem uma fala perfeita no mesmo tempo; porém, com incentivo e ajuda, não havendo empecilhos de ordem física ou emocional, todas chegarão ao mesmo lugar.

No 2º ano, a alfabetização é lapidada. As crianças aprendem a escrever com letra cursiva - o que também demanda bastante esforço - e começam a ficar mais atentas à ortografia, ao espaçamento entre palavras e à pontuação. E o processo continua ainda nos anos iniciais do Ensino Fundamental. É esperado que, ao final do 5º ano, tenhamos leitores fluentes e crianças que escrevem com coerência e desenvoltura.

Tendo em vista esses dois pontos importantes, podemos voltar as atenções agora para as crianças com um olhar mais afetuoso e sereno sobre os enormes progressos e as constantes descobertas que elas fazem diariamente nessa marcante e fundamental etapa do conhecimento humano, que é a alfabetização.

 


Laís de Almeida Cardoso - Orientadora Pedagógica do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré.


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