Pessoas com
câncer que tenham entre 50 e 59 anos e façam uso de medicamentos
imunossupressores, tenham realizado tratamento quimioterápico ou radioterápico
nos últimos seis meses e/ou que sejam portadores de neoplasias hematológicas já
começaram a ser imunizadas
O Estado de São Paulo anunciou uma nova
fase da vacinação contra a Covid-19 e incluiu no grupo liberado para ser imunizado
a partir desta semana pessoas imunossuprimidas, classificadas de acordo com o
Programa Nacional de Imunização (PNI). A notícia, contudo, gerou dúvidas entre
a população. Isso porque desde o anúncio do início da vacinação no país, feito
em dezembro de 2020, a lista de comorbidades sofreu ajustes e atualizações,
além de prever restrições a serem consideradas diante da falta de doses de
imunizantes disponíveis que o país ainda enfrenta. Este é o caso de quem tem
câncer, cuja inclusão nos critérios estabelecidos até o momento considera
algumas especificidades descritas como pré-requisitos, o que está causando
dificuldade no entendimento de quem efetivamente está contemplado nesta nova
fase do programa.
Seguindo a classificação da PNI, São Paulo informa que passaram a ser vacinados
na nova etapa, a partir de 12 de maio (terça-feira), a parcela da população com
idade entre 55 e 59 anos considerada imunossuprimida: pacientes oncológicos que
realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses;
pessoas com neoplasias hematológicas; pessoas em uso de imunossupressores ou
com imunodeficiências primárias. Além deles, completam essa relação de
comorbidades os transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; aqueles que
são HIV positivo (e CD4 >350 células/mm3); pessoas com doenças reumáticas
imunomediadas; e pacientes que fazem terapia renal substitutiva (hemodiálise).
O governo estadual aponta ainda que, como forma de escalonamento, aqueles com
idades entre 54 e 50 anos e que se encaixem nestes mesmos critérios também
deverão passar a ser vacinados a partir desta sexta-feira (14 de maio) e os
acima de 45 anos entram na relação de beneficiados em 21 de maio. Para receber
as doses, as pessoas que integram esse grupo de prioridades por conta das
comorbidades devem apresentar carta de autorização assinada por médico
responsável e comprovante da condição de risco por meio de exames, receitas,
relatório ou prescrição médica. Os cadastros previamente existentes em Unidades
Básicas de Saúde (UBS) também podem ser utilizados. A expectativa é imunizar ao
todo 900 mil indivíduos dentro desse recorte de perfil.
Para especialistas da área oncológica, esse primeiro passo para a priorização
de quem luta contra tumores malignos deve ser celebrado. Porém, ainda é preciso
avançar mais no olhar para quem tem câncer e para a falta de uma programação
mais criteriosa.
"Essa ausência de uma agenda que se mostre mais abrangente, considerando
um contingente mais amplo de pacientes e de forma mais específica, nos
preocupa. O que incomoda é a falta de perspectiva para os pacientes com câncer
de outras faixas etárias em tratamento ativo e aqueles que atualmente estão
seguindo outras linhas terapêuticas não mencionadas no documento atual",
comenta Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do
Grupo Oncoclínicas.
O médico liderou um estudo que mostra que pacientes oncológicos têm taxa de
mortalidade por covid-19 mais alta em comparação à população em geral e até
outros perfis de comorbidades. A pesquisa, publicada no início de 2021 pelo
Journal of Clinical Oncology (JCO), comprova que a letalidade entre brasileiros
com câncer contaminados pelo novo coronavírus atingiu um índice seis vezes
superior ao de outros grupos. Em alguns casos, como de leucemia e câncer de
pulmão, a situação se mostra pior. A mortalidade geral por complicações de
Covid-19 foi de 16,7%, sendo que, em modelos univariados, os fatores associados
à morte após o diagnóstico de contaminação pelo coronavírus foram tratamento em
um ambiente não curativo, tabagismo atual ou anterior, comorbidades
coexistentes e câncer do trato respiratório.
"Graças aos avanços da ciência e da medicina, contamos atualmente com um
arsenal de alternativas de cuidado para assegurar acima de tudo a qualidade de
vida no combate ao câncer. O ponto central do debate, todavia, é que para cada
um desses pacientes a imunização contra a Covid é essencial para que sigam suas
rotinas em segurança", frisa Bruno Ferrari.
Para ajudar a sanar as dúvidas dos pacientes oncológicos sobre quem pode ou não
receber a dose do imunizante de acordo com o calendário atual, e como será o
processo, esclarecemos a seguir as questões principais sobre essa nova etapa da
vacinação contra a COVID-19:
Qual o perfil de paciente oncológico incluído no grupo de prioridades a ser
vacinado neste momento?
Já estão sendo vacinados em São Paulo todos aqueles na faixa etária entre 55 e
59 anos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos
seis meses; pessoas que façam uso de imunossupressores; e pessoas com
neoplasias hematológicas. Entram ainda nessa categoria os transplantados de
medula óssea.
O governo estadual informou ainda que aqueles com idades de 54 a 50 anos e que
se encaixem nestes mesmos critérios deverão passar a ser vacinados a partir do
dia 14/05 e, dando sequência ao escalonamento por idades, os acima de 45 anos
estarão liberados para receber a vacina a partir de 21/05.
É seguro o paciente oncológico se vacinar contra a Covid-19?
Sim, as vacinas disponíveis atualmente são seguras para o paciente oncológico.
A recomendação é de que, de toda forma, consultem seu médico antes sempre, pois
ele pode considerar possíveis exceções e avaliar o melhor momento para a
vacinação. Mas, em geral, não há problema e nem contraindicações para quem tem
câncer.
Como faço para comprovar que sou paciente oncológico?
O PNI prevê a necessidade de comprovação da comorbidade, havendo exigência de
atestar que a pessoa está dentro dos critérios e em condições de tomar a
vacina. Os pacientes oncológicos devem apresentar comprovante da condição de
risco por meio relatório e/ou prescrição médica devidamente assinados. Os
cadastros previamente existentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) também
podem ser utilizados. É preciso lembrar que, além dessa comprovação, é preciso
atentar para os critérios de idade determinados e no momento da vacinação
portar o CPF ou o Cartão Nacional de Saúde (CNS), também conhecido como Cartão
Sus.
Para agilizar o processo no dia da vacinação, o Governo do Estado solicita que
seja feito o pré-cadastro no site http://vacinaja.sp.gov.br/,
onde também é possível ver quais são os postos de saúde mais próximos
disponíveis.
Quando poderei me vacinar?
A data marcada em São Paulo para pacientes oncológicos considerados
imunossuprimidos pelos critérios da PNI leva em conta que serão liberados para
vacinação todos aqueles que se enquadram nestes pré-requisitos e, por enquanto,
tenham idade acima de 45 anos. Para organizar melhor a vacinação e evitar
aglomerações nos postos de saúde, foi definido um recorte de datas por grupo de
idade para atender essa parcela da população: os acima de 55 anos tiveram a
imunização liberada a partir de 12/05; os que têm entres 50 e 54 anos a partir
de 14/05; e aqueles com mais de 45 anos a partir de 21/05.
Vale ressaltar que cada estado do país tem autonomia para definir a ordem e
agendamento para vacinação das prioridades liberadas e que em alguns municípios
também pode haver ajustes de agenda. É importante acompanhar atentamente o
calendário de imunização da sua localidade.
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