O uso da tecnologia tem se apresentado como
imprescindível nos últimos meses, após o avanço da pandemia do novo coronavírus
e a necessidade de isolamento social. Somente por meio dela, foi possível
viabilizar o home office para milhares de profissionais em todo o mundo,
além do contato com pessoas queridas. Por outro lado, essa nova realidade
provocou um crescimento exponencial da conectividade e do uso de mídias
eletrônicas. Situação que, se não for bem gerenciada pelos próprios indivíduos
e pelas empresas, pode comprometer – e muito – a produtividade no trabalho e
provocar transtornos físicos e emocionais. São consequências do chamado
tecnoestresse.
O termo é entendido como o vínculo psicológico
negativo entre as pessoas e a introdução de tecnologias. Trata-se de uma doença
moderna, de adaptação, causada por uma incapacidade de lidar com todas as
ferramentas da informática de forma saudável. Na realidade, o problema já tinha
uma curva ascendente nos últimos anos, porém se tornou mais frequente agora. A
primeira explicação é que os profissionais passaram conviver com um bombardeio
ainda maior de informações recebidas por diferentes canais, como e-mails,
mensagens diretas no celular e redes sociais, sendo que, em geral, as respostas
são cobradas quase que imediatamente. O segundo aspecto é a ausência de
“válvulas de escape” para se desconectar do mundo digital, por exemplo, a vida
social ativa, exercícios ao ar livre, passeios, viagens, entre outras.
Nesse contexto, o excesso de conectividade pode
impactar, diretamente, o equilíbrio entre o pessoal e profissional. Na prática,
acarreta cansaço, prejuízo do sono, do desempenho no trabalho – com a
dificuldade de concentração – e da saúde mental. Em médio prazo, é possível
ocorrer o comprometimento psíquico além do esperado, gerando estresse agudo,
ansiedade, pânico, depressão, entre outros transtornos. Diante disso, a
exposição ao ambiente digital exige adaptações dos hábitos e da rotina das
pessoas, para que possam usufruir da tecnologia de modo positivo. Afinal, o
grande vilão é o exagero.
Portanto, as pessoas precisam estar atentas e
buscar alternativas para evitar o “tecnoestresse”. A principal dica é criar uma
rotina organizada durante o dia, com o estabelecimento do horário de trabalho e
do uso de telas; o tempo para o lazer e a diversão off-line, procurando
usar a criatividade; e o momento dedicado à família. Além disso, é importante
manter uma regularidade de sono, garantir a prática de exercícios físicos, e
buscar uma comunicação mais próxima e constante com as outras pessoas. Outra
dica é criar o hábito de se levantar da cadeira com frequência para esticar o
corpo, se alongar, se hidratar e se alimentar bem. Ou seja, atitudes simples
podem mudar a sua realidade.
Por parte das organizações, é fundamental que
os líderes atuem muito próximos de seus times, orientando e monitorando os
subordinados, a fim de assegurar um período para a desconexão. Esse acompanhamento
é essencial para que qualquer intervenção necessária aconteça no tempo
adequado. Cabe também às lideranças respeitar a vida pessoal dos colaboradores,
estabelecer limites para a distribuição das demandas e não pressionar por
respostas imediatas, caso eles estejam fora do horário de trabalho.
Vale lembrar que, mesmo no mundo disruptivo, saúde
mental é vital em qualquer momento, tanto durante o isolamento social, quanto
no pós-pandemia, quando muitas empresas adotarão o modelo de trabalho híbrido (presencial
e remoto). Dessa forma, todos devem investir em estratégias que possibilitem o
equilíbrio das funções psíquicas, para que o tempo em home office
seja mais saudável, feliz e produtivo tanto para o profissional quanto para
alcançar as expectativas de resultados das companhias.
Bárbara Nogueira - Graduada em Psicologia, diretora,
board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de
executivos de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia na
América Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. Possui
certificação de Executive Coach pela International Association of Coaching e em
Micro Expressões e programação Neurolinguística. Além disso, é pós-graduada em
Negócios e em Formação de Conselheira de Administração, ambas pela Fundação Dom
Cabral. Tem vivência internacional na Inglaterra e Estados Unidos.
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