Claro que temos as ferramentas tradicionais para auxiliar na prevenção da doença, que vão do uso de máscaras, luvas, tapetes com água sanitária e álcool em gel ao distanciamento entre as pessoas. Há também kits de testes para identificação de contaminados com o novo coronavírus, o Sars-Cov-2. Neste caso, os mais confiáveis são do tipo RT-PCR, considerados "padrão ouro" pelo americano Center for Disease Control and Prevention (CDC) para um diagnóstico correto.
Ideal mesmo seria ter uma vacina, mas sabemos que ainda levará um tempo entre a finalização dos testes, produção e chegada à sociedade. Enquanto isso, saiba que é possível ter um nível de segurança aceitável no retorno às atividades, com o auxílio da tecnologia.
Já temos no mercado algumas soluções como os medidores de temperatura - o termômetro digital infravermelho mede a temperatura a poucos centímetros da pele e oferece o resultado em menos de 1 minuto. Além de mostrar em numeral a temperatura, a maioria conta com um sistema de cores: verde quando não há febre, amarelo para febre moderada e vermelho para febre alta.
Os medidores são adotados como padrão em vários protocolos municipais, como, por exemplo, na entrada de shoppings centers e outros locais públicos. Porém, existem dois inconvenientes: a necessidade de aproximar o aparelho e o fato de que uma temperatura baixa não garante 100% que a pessoa não esteja contaminada.
Isso acaba valendo também para os medidores de temperatura mais sofisticados, como câmeras de controle infravermelho ou termográficas de detecção de calor corporal, mais caros e eficientes. Porém, a dúvida continua: como ter certeza de que uma pessoa não esteja com Covid-19, já que alguns estudos revelaram que é possível carregar o vírus e infectar os outros em até 3 ou 4 dias antes de demonstrar qualquer sintoma? Se ela for assintomática, transmite o vírus e não manifesta febre.
Nesse sentido, startups brasileiras de vários setores estão criando produtos ou adaptando suas soluções para auxiliar a população, neste momento em que o País e o mundo sofrem com a pandemia. Algumas delas utilizam o cruzamento de dados com soluções de Analytics e Inteligência Artificial. Um exemplo é a Sophie, da Stefanini, que usa inteligência artificial para tirar dúvidas. Vantagem: a Sophie pode ser disponibilizada gratuitamente no site ou intranet de uma empresa, com uma extensa base de conhecimento sobre a Covid-19.
Há também outras ferramentas inovadoras que têm desempenhado um papel fundamental na prevenção e combate à doença. São elas:
Mapa brasileiro da COVID-19: o índice mostra o percentual, por estado, da população que está respeitando a recomendação de isolamento social. Com ele, as autoridades podem direcionar recursos de saúde, segurança e comunicação. Informação é a chave no mundo atual e a tecnologia dá acesso a uma infinidade de informações estruturadas. Sem uma forcinha da tecnologia, as informações não passariam de dados desconexos.
Novos produtos: a empresa Aya Tech criou produtos químicos inovadores, utilizando nanotecnologia, como um repelente que pode ser usado em pets e na roupa. Já a startup Gy lançou um desinfetante que substitui o álcool gel e pode eliminar uma série de vírus, entre eles o SARS-CoV-2. Pesquisadores da empresa paulista Nanox desenvolveram um tecido com micropartículas de prata na superfície que demonstrou ser capaz de inativar o coronavírus. Foram também lançados robôs com equipamentos Ultravioleta (UV) capazes de eliminar o vírus de ambientes e túneis com vários tipos de produtos são usados na desinfecção de pessoas. A questão é quão segura são para os seres humanos e quais os riscos de exposição. Nesse momento dezenas ou centenas de empresas estão buscando, além de uma vacina, remédios e outros produtos que ajudem a colocar um ponto final à pandemia.
Rastreamento de pessoas: muito se tem falado do rastreamento de pessoas pelos smartphones. O GPS é uma tecnologia disponível há bastante tempo, que pode ser usada para avaliar a eficácia da política de distanciamento social. O GPS do smartphone realmente funciona bem para as autoridades municipais e estaduais avaliarem e compararem dados sobre contágio e percentual de população “em casa” x “fora de casa”. O grande problema é que o GPS não consegue verificar a proximidade exata entre as pessoas. Além disso, existe uma discussão se o uso do GPS para monitoramento de dados sobre contágio implicaria em invasão de privacidade.
Outra tecnologia interessante para rastreamento é o RFID, amplamente usado por empresas de logística, pois permite visibilidade dos processos, precisão e velocidade em toda a cadeia de suprimentos. Os itens podem ser acompanhados, desde o momento que deixam a linha de produção, até o cliente final, permitindo alto controle sobre os estoques, redução de perdas e confiança nos processos de recebimento, armazenagem, separação e expedição.
Com a proposta de garantir uma jornada segura (safety journey, em inglês) na retomada das atividades presenciais, algumas companhias, juntamente com as autoridades responsáveis, avaliam a utilização do RFID para identificar possíveis riscos nos ambientes.
A tecnologia pode rastrear a movimentação de pessoas dentro da empresa. Não apenas dos funcionários, mas também dos prestadores de serviço e visitantes. As etiquetas RFID podem ser colocadas nos capacetes de funcionários, nos uniformes, crachás, em pulseiras autoadesivas para visitantes, ou seja, podem ser aplicadas de várias maneiras, de acordo com o ambiente e necessidade da companhia.
Uma rede de antenas faz a leitura identificando as pessoas, rastreando o fluxo de cada um pelos diversos pontos de leitura, além de permitir ou restringir acessos. Dessa maneira é possível mapear, com precisão, o fluxo de movimentação de cada indivíduo, em quais locais entrou, quanto tempo ficou em cada espaço, quais outros indivíduos estavam no mesmo local e hora. Esses dados ficam registrados no sistema e podem ser consultados dias ou semanas depois para verificação de onde esteve cada indivíduo. É uma forma de auxiliar as áreas de RH, caso surja algum novo caso de Covid-19. A partir do histórico, é possível saber quem exatamente esteve próximo àquele colaborador, locais onde circulou e por quanto tempo, para que a empresa tome as medidas de segurança necessárias e evite novos contágios.
Enquanto aguardamos ansiosos a descoberta e checada de uma vacina, a tecnologia pode ser uma aliada importante no controle da Covid-19, especialmente com o retorno gradual dos colaboradores aos seus ambientes de trabalho.
O importante é escolher bem dentre as soluções inovadoras que podem nos ajudar a reduzir, de maneira significativa, os riscos para que tenhamos uma jornada segura no “novo normal”.
George Millard - CEO da Mozaiko, empresa do Grupo Stefanini.
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