Psiquiatras com visão
humanizada explicam a importância de conscientizar a sociedade sobre o tema
Segundo a OMS, nove em cada
dez mortes por suicídio podem ser evitadas, por meio da prevenção, ajuda e
atenção adequadas. O Setembro Amarelo é uma Campanha de Prevenção ao Suicídio,
criada no Brasil em 2015, idealizada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida),
CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de
Psiquiatria). Anualmente, empresas, pessoas e profissionais estampam a cor
amarela, dando visibilidade e importância à causa. “É extremamente importante
uma conscientização pública sobre o tema. É por isso que vestimos o amarelo. As
Questões de saúde mental ainda são desvalorizadas por muitas pessoas. Quando
alguém não está bem, quando o estado de infelicidade é recorrente, é preciso
ter atenção. Questões de saúde podem estar em jogo e ouvir é a melhor forma de
cooperar”, afirmou a Psiquiatra Marília Capuço, Mestra em Ciência da Saúde na
Área de Neuromodulação e profissional, sobre a importância da campanha ao
brasileiro.
De acordo com pesquisa
realizada pelo IBOPE, 63% das pessoas entre 25 e 34 anos teriam vergonha de
admitir um quadro depressivo à sua família. 23% dos adolescentes entre 13 e 17
anos enxergam a Depressão como um “momento de tristeza” e não uma doença grave.
39% dos adolescentes pesquisados ainda afirmaram que, caso recebessem
diagnóstico de depressão, também não a revelariam a familiares. Já os jovens
entre 18 e 24 anos não falariam do diagnóstico no ambiente de trabalho ou
acadêmico. Porém 58% das pessoas com 55 anos ou mais acreditam na eficiência do
medicamento.
“Tais dados são
preocupantes. A Depressão não pode ser apontada como única causa do suicídio,
porém, é uma das doenças mentais mais negligenciadas, por preconceito ou falta
de informação. O tabu sobre a Depressão aponta para outras causas. Estamos em uma
sociedade em que pouco se fala ou discute sobre transtornos e doenças mentais,
que são estigmatizados de muitas formas. Quando alguém manifesta estar
desesperado quanto a vida, não ver mais sentido ou não ter mais expectativas, é
comum ouvir coisas como ‘seja mais positivo’, ‘não diga bobagens’ ou ‘faça algo
para ocupar a mente’. Esse tipo de resposta padrão é dada especialmente a
pessoas jovens, que tendem a não receber a devida atenção. O suicídio não
escolhe idade.
Muitas vezes problemas
psíquicos caminham com problemas físicos. A angústia, o quadro de ansiedade,
são dores comparáveis a dor física. Nesta campanha de conscientização,
incentivamos às pessoas, no geral, a compreenderem que ninguém escolhe estar
por muito tempo em uma situação incômoda. Recomendamos a empatia, a
escuta, a paciência e o respeito. As pessoas têm vergonha de manifestar sua
dor, pois temem o que podem ouvir. O ouvir sem julgar, com compreensão e
recomendações de cuidado é uma atitude nobre e amiga. E pode salvar vidas. Com
carinho e cuidado, você pode também recomendar o tratamento adequado. Passar
com os profissionais da Saúde Mental é tão necessário como o passar com outras
especialidades médicas. ” Disse a Psiquiatra Dra. Ana Carolina Olmos, que
também é especialista em Saúde Mental na Infância e Adolescência, pela Famerp
(Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).
“Neste Setembro Amarelo,
vestiremos a clínica da cor. Incentivamos o sentimento comum de atenção. Vamos
ouvir as angústias do outro. Vamos dar ouvidos, demonstrar presença. É um gesto
solidário e amigo. Vamos também falar mais sobre saúde mental. Você orientaria
alguém com constante dor de estômago ao Gastroenterologista, não? Porque não
incentivar quem está em um estado de angústia, a uma consulta? Depressão,
transtorno de ansiedade, síndrome do pânico entre outros problemas por vezes
são confundidos como mal-estares emocionais, como se o emocional não fosse um
sintoma! É importante ouvir e aconselhar. Mas é importante também a busca por
ajuda profissional. Em nossos atendimentos, realizamos a escuta Especializada,
o Acolhimento em um atendimento humanizado. Como qualquer tratamento médico,
questões de transtornos e doenças mentais também tem sua prescrição
medicamentosa. Acompanhe seu amigo (a), colega (a) e familiar ao Consultório.
Isto é amor, é cidadania, é a mensagem do Setembro Amarelo!” Incentiva a Dra.
Marília Capuço, a todas as pessoas.
Outra questão importante,
durante a Campanha do Setembro Amarelo é o prestar apoio a famílias que perdem
um ente querido devido ao suicídio. “A solidariedade por conta da família e
comunidade, é fortalecedor às famílias que sofreram a perda de alguém. O
acompanhamento terapêutico, por conta dos familiares, também é essencial. O
suicídio é uma questão de saúde pública. Todos devemos estar engajados. Da
prevenção ao cuidado com entes queridos que perderam alguém.”
Fontes:
Cogitare Psiquiatria
Dra
Ana Carolina - Especialista em Psiquiatria pela ABP e AMB e conta com
Especialização em Saúde Mental na Infância e Adolescência, realizada pela
Famerp, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. A Dra Marília é
Especialista pela ABP e AMB e é Mestra em Ciência da Saúde na Área de
Neuromodulação. Também é Diretora Técnica do Hospital Espírita João Marchesi.
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