Recente pesquisa
realizada pelo Organis-Brain, nas cinco regiões do país, apontou que 1 de cada
5 brasileiros consome orgânicos e consegue fazer escolhas mais conscientes de
produtos mais seguros, com rastreabilidade certificada e em conformidade com a
Lei 10.831/2003, garantindo menor impacto ao meio ambiente, quando comparado
com a produção de alimentos convencionais, e aumento da cultura de
preservação de nossos biomas.
Num mundo, com cada vez mais críticas aos governantes que irresponsavelmente se
negam a reconhecer o impacto ambiental ou entram em disputas verbais
ideológicas, políticas e de fundamentação não científica para justificar seus
interesses, as recentes críticas da imprensa nacional e internacional, governos
de outros países e entidades do terceiro setor geram manchetes sobre
Amazônia, agronegócio, Anvisa, lista de produtos agrotóxicos liberados; o setor
de orgânicos continua produzindo boas notícias.
A verdade vem nos mostrando que quanto mais produtos chamados de
agrotóxicos são liberados e utilizados, maior é a procura para o consumo de
orgânicos, e esta tendência é confirmada pelos dados da pesquisa Organis-Brain
que aponta: 84% dos consumidores pesquisados elegem a condição de procura por
saúde e segurança ser a principal razão de busca e compra de produtos
orgânicos. Não há como negar que há maior conscientização por parte dos
consumidores em relação ao reconhecimento de que o produto orgânico é associado
a maior credibilidade do mercado, na medida que a certificação com o selo dá
esta garantia. Cerca de 90% dos consumidores identificados, já reconhecem a importância
e obrigatoriedade do selo de certificado orgânico do Ministério da
Agricultura. No ano de 2017, este número era pouco mais de 78%.
Outro dado interessante é que 48% dos consumidores acham justificados e
entendem a diferença de preço em relação ao convencional pelos processos de
produção serem diferenciados e com maior seguridade. Por outro lado, preço para
65% da população continua sendo o principal fator de limitação para o
crescimento do consumo de orgânicos.
Os números finais apresentaram que as regiões Sul (23%) e Nordeste (20%) foram
as regiões com uma maior margem de consumidores ao passo que a região Sudeste
ficou na faixa intermediária em terceiro lugar (19%), seguidos por Região
Centro Oeste (17%) e Norte (14%). A pesquisa mostra que 19% dos brasileiros
consomem orgânicos!
Tivemos um
leve crescimento em relação a 2017, quando efetuamos a primeira pesquisa apontando
que, em média, 15% dos consumidores haviam consumido produtos orgânicos nos
últimos 30 dias. A segunda edição da pesquisa não apenas apontou o
consumo nos últimos 30 dias, mas também com que frequência e quais produtos os
consumidores compraram efetivamente nos últimos 6 meses. Esses dados
apontam que apesar de baixo o número de consumidores, quando comparados com
mercados internacionais, já há uma fidelização ou o início de hábitos de compra
repetitivos.
Os números apurados estão longe do maior mercado mundial dos orgânicos: os
Estados Unidos, onde 8 de cada 10 consumidores já consumiram ou são
consumidores frequentes dos produtos, setor que movimentou mais de US$ 50
bilhões no ano passado, e que teve um crescimento na ordem de 7% no número de
novas unidades produtivas com o selo orgânico. Um mercado no qual este segmento
já representa 5% de todos os produtos perecíveis comercializado no país, com
produtos orgânicos em praticamente 75% de todos os segmentos comercializados no
varejo.
Estes números demonstram
o potencial que a indústria do Brasil ainda tem pela frente, cada vez maior e
um mercado com demanda crescente. Um segmento que vai às margens de uma
economia estagnada ou classificada em recessão técnica nos últimos anos.
Outra prova deste crescimento está na Pesquisa realizada também pela Organis,
comparando o número de unidades produtivas no país de 2016 a 2019, que aponta
um crescimento real de 45% no número de unidades produtivas cadastradas no
MAPA. Atualmente há pouco mais de 19.000 unidades produtivas ativas e
cadastradas em conformidade com a legislação.
Curiosamente houve ainda
um número significativo e crescente de entidades produtivas fora do país e com
certificado interno. Em 2016 eram 12 e, atualmente, 21 entidades no exterior
estão habilitadas a comercialização. Este movimento de abertura ao mercado
externo reflete em parte também as iniciativas apresentadas em maio por conta
do primeiro acordo de equivalência em andamento com o Chile.
Sem dúvida, é um mercado
que só cresce na medida em que políticas de uso e liberação de produtos
agrotóxicos são anunciados, o que nos leva à “torcer” que mais consumidores se
tornem conscientes de que há alternativas para quem busca maior segurança e
rastreabilidade dos produtos que levam para casa!
Ming Liu - diretor executivo do Organis.
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