Bom
humorista, que fica engraçadíssimo quando escreve sério, Veríssimo não deixa
dúvidas sobre suas intenções, nem sobre a necessidade de arregimentar tribos. É
aos estudantes, então, que soa seu tambor. É aos eternos manipulados do
partidão. Há tanto tempo transformaram a UNE em embaixada do comunismo mundial
que Fidel Castro – pasmem – é seu patrono.
Por que a eles? Porque para a dança de bate-pés do cronista gaúcho, os
brilhantes estudantes brasileiros irão emburrecer com os cortes de verbas
introduzidos pelo governo federal por demanda da tragédia econômica que a
irresponsabilidade fiscal e a corrupção causaram ao país.
E vai em frente conclamando à luta: “Temos de esquecer nossas diferenças e nos concentrarmos nessa
verdade nua e crua: que isso não é um país, isso é uma zona de guerra. E eles
atiraram primeiro.” Na sequência,
afirma, na contramão de todas as evidências, que o sistema educacional é o
primeiro sacrificado “com ataque frontal à inteligência” onde quer que “o
mercado derrote o bom senso” (deve vir daí o atraso de todos os países
capitalistas e a prosperidade dos comunistas). Quanta superficialidade é
necessária para produzir tal manipulação? E como é bela a liberdade que nos
permite conhecer os lados mais escuros do pensamento alheio, sempre impedido de
manifestação nos regimes que tanto agradam a L.F. Veríssimo!
Por falar
em recantos escuros, sob o título “Sol negro no céu da Pátria”, Mário Sérgio
Conti publicou (na Folha, claro), um artigo no próprio 7 de setembro, em que o
grito de guerra de Veríssimo ganha contornos tétricos. Definitivamente, Mario
Sérgio não consegue ser engraçado. Aliás, não consegue sequer articular um
sorriso que se tome como legítimo. O artigo começa citando Benjamin Kunkel, um
novelista norte-americano que migrou da literatura para a economia marxista. No
trecho escolhido a dedo pelo colunista da Folha, Kunkel, com candura
tipicamente leninista, lastima não haver, a facada desferida em Bolsonaro, concluído
sua tarefa assassina. Afinal, a escolha seria entre o pulmão de Bolsonaro e o
pulmão do planeta.
Tudo
errado, impreciso e superficial, mas o intuito belicoso, tétrico, é
escandalosamente explícito.
Percival
Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e
escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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