As costas, mais especificamente a coluna vertebral, têm uma missão de
grande importância para a sustentação da nossa estrutura corporal, ignorada
pela grande maioria da população até que ela passe a reclamar seu mau uso por
meio de um quadro doloroso. E isso ocorre com frequência, mais precisamente em
cerca de oito a cada dez pessoas ao longo da vida. “Não obstante, mesmo quando
as costas doem, é comum ela ser “tratada” com automedicação paliativa, que não
resolve o problema, tornando as disfunções crônicas e mais difíceis as soluções
efetivas”, é o que explica o neurocirurgião mestre pela UNIFESP, com mais de 20
anos de atuação em doenças da coluna, Dr. Alexandre Elias.
Ele comenta que grande parte das dores da coluna é causada por processos
inflamatórios e degenerativos, que por sua vez ocorrem como consequência de
maus hábitos, a exemplo da má postura, traumas e excesso de peso – tanto o
corporal como de sobrecargas em geral, entre outros. “Estes fatores comumente
se somam às condições de predisposição genética, e muitas vezes o indivíduo nem
sequer sabe que tem, que vão se agravando no dia a dia e pesando, literalmente,
nas costas”.
Por isso,
prestar atenção aos quadros de dor, sua persistência e em que situações eles
mais ocorrem é importante para definir a hora de agendar uma consulta médica,
antes mesmo de insistir com medicações analgésicas que apenas vão atuar no
sintoma, sem tratar a causa.
A
identificação da doença começa a partir de um bom relato individual com
histórico familiar, atividades executadas e relações delas com crises de dor,
aliando também alguns exames visuais. “Hoje se tem apresentado muito, em
congressos nacionais e internacionais, a importância do exame do balanço
sagital, em que o paciente é analisado pelo alinhamento de sua postura em pé a
partir do início do tronco cervical até a região lombar”, explica Dr.
Alexandre, que complementa: “É a partir desta base que se tem um melhor guia
para o pedido de exames de imagem complementares e procedimentos operatórios,
quando necessários”.
O
tratamento
O
tratamento tende a ser mais efetivo quanto mais cedo a disfunção for
identificada. Neste sentido, remédios bem indicados devem responder com
melhores efeitos, somados a adesão de terapias físicas de reabilitação
postural, prática de atividades físicas de fortalecimento da coluna e alimentação
adequada – não apenas para a melhor nutrição como para a manutenção do bom peso
corporal.
“Em quadros
iniciais de lombalgia por processos degenerativos, por exemplo, são indicados
analgésicos e anti-inflamatórios específicos, mas nos casos crônicos eles já
não têm o mesmo efeito, a ponto de o paciente precisar de prescrição de
opioides (às vezes até injetáveis na estrutura da coluna). A Toxina botulínica
A e o CBD, derivado do canabidiol, também tem se inserido na linha de
tratamento dos casos crônicos para o atuar no sintoma doloroso”, relata o
médico.
Mas quando nada mais alivia a dor e ela se torna incapacitante, é
preciso considerar os procedimentos operatórios. Os casos mais frequentes são
de hérnia de disco, em pacientes jovens, e estenose de canal lombar em
pacientes acima dos 50 anos.
A maior parte das indicações de cirurgias para diversas doenças da
coluna se baseia em técnicas minimamente invasivas, tendo inúmeros benefícios
para a melhor reabilitação do paciente. “O importante a considerar,
dentro do arsenal de possibilidades de tratamento, é que quase sempre é
possível melhorar o quadro de dor do paciente, independentemente da sua doença.
Mas quanto antes ele procurar ajuda e aderir ao conjunto de terapias propostas,
melhores serão os resultados”, pontua o especialista.
Para entender mais sobre o universo das doenças da coluna, seus
sintomas, consequências e tratamentos, acesse o guia: http://bit.ly/guia-coluna-vertebral
Dr. Alexandre Elias –
Neurocirurgião especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN),
pela Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral (SBC), mestre pela Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) e research fellow em cirurgia da coluna
vertebral na University of Arkansas for Medical Sciences (EUA). Membro do
Centro de Dor e Coluna do Hospital 9 de Julho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário