Principal tratamento dos pacientes celíacos é a alimentação com
total ausência de glúten.
Nos restaurantes e festas de amigos é necessário pedir informações
sobre o que é isento de glúten. No supermercado, é preciso ficar atento
aos rótulos da embalagens dos alimentos. Essas são algumas preocupações de quem
possui a doença celíaca, causada pela intolerância ao glúten.
A doença é uma reação autoimune do organismo provocada pela
ingestão da proteína, que é encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio, malte
e em seus derivados.
Quando o celíaco ingere esses alimentos, as células de defesa do
organismo atacam o glúten e as paredes do intestino, provocando uma atrofia na
mucosa intestinal, que impede a absorção dos nutrientes. Entre as principais
queixas dos pacientes nos consultórios médicos são: diarreia,
constipação intestinal, dor abdominal, anemia e emagrecimento. “Mas os sintomas
são muito variáveis e podem, inclusive, serem ausentes”, afirma a
gastroenterologista do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Curitiba,
Dra. Marcela Rocha Loures.
Como a doença celíaca surge
A doença celíaca pode se manifestar de maneira clássica, não
clássica, e assintomática. A clássica ocorre na infância, entre o primeiro e
terceiro ano de vida. “Já nas primeiras alimentações, a criança apresenta
diarreia, anemia e desnutrição, e se não diagnosticada a doença pode causar
déficit de crescimento e até mesmo levar ao óbito”, afirma a proctologista do
HNSG, Dra Sonia Cristina Cordero Time.
A forma não clássica, surge com manifestações isoladas. “ Os
sintomas referentes ao intestino são menos evidentes e o paciente pode ter
apenas anemia sem causa identificável, infertilidade, déficit vitamínico,
osteoporose, entre outros sintomas”, diz a médica. Já os casos assintomáticos
são diagnosticados em busca ativa, quando os pacientes possuem parentes
celíacos.
Exames laboratoriais, como anticorpos
antigliadina, antiendomísio e antitransglutaminase positivos sugerem a doença
celíaca, mas embora precisos e confiáveis, não são suficientes para confirmar a
doença. “O diagnóstico é confirmado por biópsia do intestino delgado”, afirma a
gastroenterologista, Dra. Marcela.
Tratamento
O principal tratamento dos pacientes celíacos é a alimentação com
total ausência de glúten. “A dieta deve ser seguida para o resto da vida”,
afirma a proctologista do HNSG, Dra. Sonia. A melhora clínica, para alguns
pacientes é imediata, mas a maioria é notada ao longo de semanas após a
retirada do glúten. “O paciente que continua ingerindo alimentos com glúten,
apresenta o risco de desenvolver outras doenças, como tireoide, doenças do
fígado, rins, pele e até mesmo câncer”, comenta a proctologista referindo-se
sobre a importância de seguir corretamente a restrição alimentar.
Existe uma condição chamada de
sensibilidade ao glúten. São pacientes que nitidamente percebem sintomas
gastrointestinais quando ingerem glúten, percebem melhora quando fazem
restrição da proteína, mas quando são investigados não preenchem os critérios
necessários para o diagnóstico da doença celíaca. “Para esses pacientes a orientação
é reduzir a ingestão, mas sem necessidade de restrição total, porque se sabe
que essas pessoas não apresentam risco de desenvolver as complicações da doença
celíaca não tratada”, explica Dra Marcela.
A moda da dieta sem glúten
Muitas dietas, como a sem glúten, prometem resultados milagrosos
para quem deseja perder peso. Mas, segundo a gastroenterologista do HNSG, Dra
Marcela Rocha Loures, não é a retirada do glúten da alimentação que causa o
emagrecimento. “O que acontece é que o glúten está presente em vários alimentos
calóricos, como massas, por exemplo. A retirada desses alimentos, leva à perda
de peso pela redução de calorias e não pela retirada do glúten”, explica a
médica.
A especialista
comenta que devem seguir essa dieta apenas pessoas que possuem restrição
alimentar ao glúten, ou seja, que possuem a doença celíaca. “O glúten também
está presente em vários alimentos saudáveis, não havendo necessidade de
restrição porque fazê-la?”, comenta Dra. Marcela.
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