Considerada um dos males do século
e uma das doenças mais frequentes da modernidade, a depressão pode ser uma
decorrência dos tempos corridos e online que vivemos, com relações líquidas e a
sensação de que estamos sempre sozinhos. Segundo o fisioterapeuta Sergio Bastos
Jr., a saída é detectar cedo e não deixar o tempo passar. Entenda por quê.
“O grande
segredo do combate à depressão é estar aberto para detectá-la e não deixar o
tempo passar”. As palavras são do fisioterapeuta Sergio Bastos Jr, que realiza
um trabalho amplo de saúde integrativa, aliando várias técnicas em busca de uma
maior qualidade de vida para seus pacientes. “Quando mais cedo conseguimos
identificar o que nos machuca e combater a solidão emocional, mais rapidamente
podemos reverter o quadro”, enfatiza ele.
Mas, em tempos tão conectados, por que tanta
depressão? Talvez a resposta esteja exatamente nisso. “Vivemos online, e
esquecemos, cada vez mais, das relações reais. Estar sozinho não é nada bom
para quem desenvolve um quadro de depressão”, explica Sergio, que continua: “o
mundo conectado da atualidade nos dá a falsa impressão de que estamos sempre
acompanhados. Sabemos tudo que acontece com nossos “amigos” de facebook, temos
centenas de “seguidores” no Instagram. Não estamos sós, certo? Errado. Na hora
em que precisamos de real companhia, muitas vezes não temos com quem contar”.
As relações estão cada vez mais líquidas. Você sabe
o que isso significa? O termo cunhado pelo sociólogo polonês radicado na
Inglaterra Zygmunt Bauman diz respeito à mudança constante nos nossos
desejos e no modo de pensar devido à disponibilidade de informação trazida
pelas redes sociais. Desejamos algo, nos satisfazemos e partimos para outro
desejo. E essa inconstância acaba interferindo diretamente nas nossas relações.
“Somos eternos insatisfeitos, se não aprendemos a olhar para dentro”, lembra
Sergio.
O fisioterapeuta lembra que estamos cada vez menos
dispostos a nos empenhar para resolver problemas: “está difícil? Descarta e
parte pra outra”. Parece simples e fácil de lidar, mas essa superficialidade
está nos deixando cada vez mais sozinhos, tendo que lidar com fantasmas que se
acumulam em nossa emoção. E uma das consequências são os crescentes quadros de
depressão.
A depressão
nem sempre vem da solidão
Mas só quem fica sozinho fica deprimido? Sergio
explica que não: “há pessoas que jamais imaginamos que desenvolvam algum quadro
depressivo, porque vivem entre amigos, estão sempre em festas, sempre sorrindo.
Mas, geralmente, há uma dificuldade imensa de lidar com as próprias emoções,
com as dúvidas e incertezas que a vida traz e há, também, uma necessidade muito
grande de agradar, de seguir um modelo. Quando entendemos que isso não é
possível, criamos defesas que fecham nossos sentimentos”.
Não estou feliz no trabalho, mas faço o que minha
família sempre sonhou, não estou feliz no relacionamento, mas ao menos eu tenho
um, não moro onde gosto, não me visto como queria, não sou quem eu realmente
sinto ser, mas faço tudo que posso para ser aceito. Qual a consequência desse
emaranhado de ações não desejadas pela nossa emoção? Segundo o fisioterapeuta,
sentir-se cada vez mais só.
“Se não posso falar o que realmente sinto, aprendo
a sufocar meus sentimentos, minhas visões de mundo e essa é, certamente, a pior
solidão. É aquelas que nos faz sentir desamparados mesmo quando estamos sempre
com gente em volta. Entra aí a necessidade de autoconhecimento e do
desenvolvimento do amor próprio, da fortaleza do próprio caráter e da certeza
das escolhas de vida”, lembra Sergio.
Por isso, terapias são uma ajuda e tanto. Porque
dão o suporte que, muitas vezes, a pessoa com depressão não encontra na
família. É preciso gerar mudança de hábitos, mas, para isso, é preciso
incentivo. Até que a pessoa aprenda a ser seu próprio incentivador, ela vai
precisar de alguém que a ajude a perceber o melhor em si. E, quanto mais rápido
isso acontecer, melhor.
Biointegral Saúde
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