Merece atenção das autoridades da área do
abastecimento, a Agenda da Alimentação Urbana, que acaba de ser lançada pela
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O
estudo enfatiza a premência de boas práticas na redução do desperdício de
comida, na promoção de dietas saudáveis e no fortalecimento das cadeias locais
de produção.
Para São Paulo, maior cidade brasileira e uma das
maiores do mundo, a publicação tem especial significado, pois o antigo
Entreposto Terminal da Ceagesp, em Vila Leopoldina, está em total desacordo com
as recomendações técnicas do organismo da ONU. A estrutura precária do local –
em termos de logística, mobilidade interna, acessos externos, higiene,
condições de exposição e venda dos produtos e segurança – há muito tempo tem
causado o desperdício de alimentos, provocado demora no fluxo desde o produtor
até a mesa do consumidor e enfraquecido a cadeia de abastecimento. Esta é mal
atendida, em todos os seus elos, desde o produtor até o supermercado, passando
por feirantes, pequenos e médios varejistas, restaurantes, hotéis e sacolões.
A Ceagesp é uma companhia pertencente ao Governo
Federal. Por interveniência do Governo de São Paulo, que lançou chamamento
público para avaliar um projeto capaz de substituir o velho entreposto, e da
prefeitura paulistana, também interessada na questão, o problema ganhou foco
político local. No entanto, a demora nas decisões está prejudicando toda a
cadeia produtiva do abastecimento e, principalmente, o consumidor final, ou
seja, a sociedade. O chamamento público, lançado no segundo semestre de 2017,
deveria ter seu resultado anunciado em maio de 2018, mas lá se vai quase um
ano. A União também não se manifesta e a prefeitura aguarda... É preciso,
portanto, um entendimento entre as três esferas do poder público, de modo que
seja adotada solução definitiva para o abastecimento na maior cidade
brasileira.
Afinal, como enfatiza o novo relatório da FAO, é
preciso engajar a segurança alimentar às cidades porque é nelas onde cada vez
mais pessoas vivem, comem e trabalham. Na avaliação da agência da ONU, a
urbanização está criando desafios sem precedentes para garantir que todos
tenham acesso à comida, mantendo uma alimentação balanceada e preservando os
recursos naturais e a biodiversidade do Planeta.
São Paulo, infelizmente, está na contramão dessas
recomendações, pois o velho entreposto da Vila Leopoldina dificulta o
abastecimento dos 12 milhões de paulistanos e 22 milhões de habitantes da
Região Metropolitana. Portanto, precisamos, com urgência, de um novo
entreposto, moderno, seguro e eficaz, que garanta à maior metrópole brasileira
uma estrutura de abastecimento condizente com suas dimensões e alinhada ao que
existe de mais avançado nos países desenvolvidos.
Sérgio
Benassi - permissionário na CEAGESP e presidente do Novo Entreposto de São
Paulo (NESP).
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