De acordo com o balanço, quanto maior o nível de escolaridade dos entrevistados, maior a percepção sobre a relação entre a educação e os níveis de violência. Pessoas com, pelo menos, a quarta série completa, por exemplo, representam 71% dos que acreditam na conexão dos dois aspectos. Esse índice sobe para 82% quando a pergunta é feita para quem tem ensino superior.
Para a coordenadora de projetos do Todos Pela Educação, Vanessa Souto, essa convicção dos brasileiros se remete ao fato de que, com um aumento na qualidade da educação escolar e um comprometimento maior das instituições de ensino, diminuiria o espaço para a violência.
“As pessoas entendem que, uma educação de qualidade traz maiores oportunidades a essas crianças e jovens. Então, uma educação de boa qualidade permite que as crianças e jovens, quando saírem da escola, estejam com aprendizagem adequada, concretizem seus projetos de vida. Isso, com certeza, ajuda a reduzir a questão da violência, porque mais pessoas estariam empregadas, mais pessoas terão uma renda melhor”, afirma a especialista.
O balanço aponta ainda que, seis em cada dez brasileiros concordam total ou parcialmente que a corrupção no Brasil decorre da falta de estrutura na educação.
Na avaliação do diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, os brasileiros atribuem essa ligação à falta de uma gestão mais comprometida que deve partir, principalmente, dos governantes.
“A população tem uma percepção clara de que há problema de gestão na escola. Então, o problema não é só locativo. É, sobretudo, gerir melhor os recursos que hoje são alocados. Certamente, isso está associado a uma percepção de uma má administração da escola e da corrupção que existe na máquina pública brasileira, que é de domínio amplo”, comenta ele.
Lucchesi destaca ainda que, para a população, as melhorias da qualidade da educação viriam com uma melhor gestão escolar, com a valorização do professor, um cuidado maior com o aprendizado do aluno e mais atenção com a firmação da cidadania.
Insatisfação
O balanço divulgado mostra também que, em quatro anos, a insatisfação com a educação no país aumentou. Em relação às escolas públicas, cerca de 26% dos entrevistados considera o ensino no nível médio como ruim ou péssimo. O deputado Caio Narcio (PSDB-MG), titular da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados acredita que o cenário poderia ser outro se os professores fossem mais valorizados.
“Não há educação sem professores motivados. São professores que, geralmente lecionam por vocação, fazem isso com muito esforço e dedicação, mas que são mal remunerados”, ressalta o congressista.
A pesquisa feita
pela CNI, juntamente com o Todos Pela Educação foi realizada pelo Ibope
Inteligência. Os entrevistados foram ouvidos entre os dias 15 e 20 de setembro
de 2017, em 126 municípios brasileiros.
Marquezan Araújo
Fonte: Agência do Rádio Mais
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