Informação se torna, a cada dia, a commodity mais importante do mundo.
Para provar a tese, a Forbes comparou, no começo deste ano, os rankings das
empresas mais valiosas em 1967 e em 2017. No primeiro, IBM, AT&T, Kodak, GM
e Standard Oil lideravam; no segundo, Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon e
Facebook formaram o Top 5.
Isso diz muito sobre o momento que vivemos e também sobre o que veremos
pela frente no curto prazo. O conceito de big data já é um ativo fundamental
para alavancar negócios e turbinar a carteira de clientes - em todas as
latitudes.
Por essas e outras razões, em 2018, creio que vamos assistir a mais um round
da guerra do varejo para entender o consumidor online, principalmente o
Millennial, que requer doses extras de atenção para ser conquistado.
O ano será de consolidação de algumas tecnologias com as quais estamos
começando a nos acostumar, mas também veremos um crescimento bastante acelerado
de outras que precisam se tornar onipresentes para que os novos modelos de
negócio no varejo possam deslanchar.
A seguir, um pouco do que imagino como principais tendências em
tecnologia para o varejo.
Os dispositivos móveis serão usados para fazer
compras como nunca antes
Esta já é praticamente uma realidade, pois, a cada estação, o índice
aumenta, até porque comodidade e praticidade estão na pauta do consumidor há
muito tempo - tempo, aliás, que é o ativo mais raro no mundo. Além disso, a
popularização dos aplicativos de e-commerce tornaram mais simples adquirir bens
e serviços pelo celular.
Segundo dados de pesquisa que a MindMiners realizou a pedido do PayPal
no ano passado, mais de 25% dos e-commerces brasileiros já são responsivos. E
os sites mobile first, ou seja, prontos para receber clientes que navegam por
smartphone e/ou tablet, terão papel cada vez mais fundamental nesse processo de
migração das estações de trabalho para os dispositivos móveis.
Isso significa também que o consumidor anda mais propenso a fechar
negócios via aplicativos - demonstração de que os investimentos em segurança e
logística por parte das empresas estão sendo recompensados.
Quem apostou nesse mercado parece já estar colhendo frutos. Na Black
Friday do ano passado, por exemplo, segundo números do Ebit, o share de pedidos
de compras feitos via celular aumentou 81,8% na comparação com 2016: quase 30%
dos pedidos foram realizados por meio de dispositivos móveis.
Ou seja, os apps são mesmo uma aposta interessante para 2018.
PMEs terão apps para smartphone e venderão mais
Aqui a expressão de ordem é "preço acessível". O que já foi
uma impossibilidade econômica para os pequenos e médios empresários está se
tornando um horizonte a ser considerado. Refiro-me ao alto preço (quase
proibitivo) de se criar um aplicativo para dispositivos móveis em um passado
recente.
Pois esse empecilho vem deixando de ser uma barreira. E por dois motivos
essenciais: o primeiro, mais players no mercado capazes de escrever programas
por valores "pagáveis"; o segundo, mais consumidores comprando
online, o que significa que o investimento tem mais chance de retorno hoje do
que ontem.
O desafio, ainda, é desenvolver um app que ofereça ao cliente uma
experiência de compra rica o suficiente para convencê-lo a manter o programa
instalado em seu device. Mas, em se tratando de um mercado (este também) em que
impera a lei da oferta e da demanda, tenho certeza de que vamos chegar a bom
termo no curto prazo e as PMEs terão, à disposição, aplicativos tão intuitivos
quanto as grandes empresas de varejo.
O ano da realidade virtual e da realidade aumentada
Segundo alguns renomados especialistas do mercado de varejo que
estiveram no NRF Retail's Big Show, maior evento mundial do setor, que acontece
anualmente em Nova York, é bom ficar de olho nessas duas tecnologias que se
completam.
Sim, ainda é algo incipiente, mesmo nos Estados Unidos, mas grandes
varejistas norte-americanos apresentaram propostas bastante interessantes
durante o encontro - e esse tipo de iniciativa, como se sabe, tem alto
potencial de multiplicação, como rastilho de pólvora, porque trata-se de
tecnologias muito intuitivas e quase inacreditavelmente lúdicas.
Graças a elas, o consumidor poderá, por exemplo, "ver" como um
móvel novo ficaria em sua sala. Ou o caimento de uma roupa. Com auxílio dos
óculos de VR, o cliente pode, virtualmente, caminhar por uma loja e escolher
diretamente nas gôndolas. Parece coisa de ficção científica, é verdade. Mas já
está no horizonte e acenando para nós.
Ainda este ano, ambas as tecnologias estarão disponíveis para o pequeno
varejo lá fora - e algumas experiências podem chegar ao mercado brasileiro,
mesmo que discretamente, como teasers ou demos.
Mais um ano de avanços na AI
Pessoas não fazem transações pela alegria
da experiência de pagamento. Ao contrário, elas pagam para experimentar a
alegria e o valor dos produtos/serviços de que precisam ou querem. É para isso
que as fintechs e os players do varejo trabalham: melhorar a experiência do
cliente, aumentando sua segurança e mitigando o risco inerente a qualquer
transação financeira - principalmente online.
A missão primária será fazer isso
tornando essa experiência de pagamento quase invisível, por meio do uso
inteligente de diferentes fatores biométricos que podem identificar uma pessoa
e o dispositivo no qual ela está realizando uma transação - ao mesmo tempo em
que também confirma os requisitos de regulamentação e conformidade da
transação.
O reconhecimento de voz ou facial,
impressões digitais, a maneira como você segura o dispositivo, a pressão
aplicada ao tocar a tela, a rapidez com a qual você digita etc. serão
combinados em um mix com enorme potencial de segurança e conforto para os
usuários. Isso fará com que as experiências de pagamento P2B, B2B e P2P
continuem a evoluir de modo vertiginoso, gerando, aí sim, maior prazer e
alegria para os clientes.
Este será mais um ano de crescimento
maciço do uso da chamada Inteligência Artificial (AI) por parte das fintechs e
dos players de varejo.
Lojas serão ultratecnológicas
Mais um passo no que há algum tempo chamamos de "experiência de
compra". Porém, em um nível ainda mais alto e interessante. Se você pensou
em lojas como a que o Amazon lançou recentemente em Seattle, pode estar certo.
A empresa criou uma grocery store sem caixas nem atendentes. Todas as gôndolas
estão conectadas a um sistema que "entende" que produtos foram retirados,
quem está comprando e quanto os itens comprados custam. Basta ao cliente
colocar o que quer levar em uma sacola e sair da loja.
Outra opção que deve crescer muito por aqui é a entrega de produtos por
empresas de mobilidade urbana. Drones ainda são uma realidade distante no País,
mas o conceito de "levar a loja até sua casa" vem ganhando terreno.
São tempos interessantes estes em que vivemos. O importante é manter a
mente aberta, porque a tecnologia, ao mesmo tempo em que impõe desafios a todos
que atuam no varejo, também oferece novos e instigantes cenários para trabalhar.
Thiago Chueiri - diretor de Desenvolvimento de
Negócios do PayPal Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário