O ano de 2017 foi de
estabilização da economia, com o controle da inflação e a redução significativa
de juros. As equipes lideradas por Henrique Meirelles (Ministro da Fazenda) e
Ilan Goldfajn (Presidente do Banco Central) iniciaram a recuperação do mercado de
crédito e o aumento dos salários reais, favorecendo o aumento de investimentos
e crédito coorporativo. Mesmo com as notícias positivas no segundo semestre de
2017, as previsões para o ano de 2018 ainda são nebulosas.
Embora tudo indique que
o crescimento do PIB brasileiro em 2018 seja de 2,5 a 3%, as eleições
presidenciais, que ocorrerão em outubro (1º turno), nublam o cenário de médio e
longo prazo. Em relação ao pleito, o mercado tem como maior receio a eleição de
um candidato de esquerda (Lula, ou como segunda opção Ciro Gomes), que
provavelmente implicaria em um retrocesso em todas as mudanças estruturais
realizadas pelo atual governo (Teto de gastos, TLP e Reforma Trabalhista) e em
um agravamento do cenário econômico. No outro extremo da disputa, encontra-se o
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que embora tenha tentado emplacar um discurso
supostamente ‘liberal’ em alguns eventos, deu várias demonstrações de ser
contrário as reformas e defende com frequência a intervenção estatal na
economia, também visto com maus olhos pelo mercado.
Seguindo os dados do
mercado, o cenário deve permanecer estável em relação a juros (7% a.a.) e a
inflação (4% a.a.), porém deve encontrar grande volatilidade cambial durante
todo o ano. O boletim Focus (Cerca de cem instituições financeiras ouvidas pela
Banco Central) prevê que o dólar americano deva finalizar o ano de 2018 cotado
em R$ 3,30, porém a oscilação deve quebrar a barreira dos R$ 4 (cenário
eleitoral negativo) ou dos R$ 3 (cenário eleitoral positivo). Pensando nisso,
as empresas devem tomar muito cuidado na hora de captar recursos,
principalmente no que se refere ao índice em que o empréstimo será indexado. Só
assim será possível evitar surpresas no médio prazo com possíveis alterações do
próximo governo. Logo o planejamento de uma dívida estruturada é a opção mais
segura para fugir dos produtos de prateleira de bancos comerciais.
Além das eleições,
outros dois fatores complicadores podem desestabilizar o quadro: a realização
das reformas estruturais propostas pelo governo Temer e o risco associado à
classificação do Brasil pelas agências de rating. A não aprovação da reforma da
previdência, a principal em discussão, poderia representar a gota d’água para o
rebaixamento perante as agências, que por consequência, diminuiria a quantidade
de investimentos estrangeiros no país e também poderia impossibilitar o governo
de emitir títulos no exterior, perdendo uma importante fonte de financiamento.
Ou seja,
esse cenário desafiador vai exigir muita maturidade e paciência de todos os
empreendedores brasileiros, principalmente no segundo semestre do ano. Antes de
tomar decisões importantes, será fundamental analisar os mais variados cenários
para que a possível instabilidade do mercado não acabe gerando grandes perdas.
Carlos Sviontek - diretor da Legacy Partners (www.legacypartners.com.br),
é formado em Administração pela universidade Federal do Paraná.
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