OMS marca o Dia Mundial da Saúde, hoje
(7/4), com a campanha ‘Vamos Conversar’ para estimular a quebra de estigma da
doença
O
silêncio não é receita quando o assunto é depressão. Ao contrário, é hora de
pôr fim a essa barreira e falar sobre a doença, a mais comum dentre todas no
campo da psiquiatria. A Organização Mundial da Saúde decidiu marcar a passagem
do Dia Mundial da Saúde, hoje (7/4),
com sua campanha “Vamos Conversar” com o objetivo de expurgar o estigma de
pacientes, identificar sintomas, formas de prevenção e de tratamento a um transtorno
que pode levar a consequências graves sem os devidos cuidados.
-
Além de falar mais abertamente sobre a depressão, é preciso atentar para o
silêncio intrínseco ao próprio paciente. Quando nesse estado, a pessoa fala
pouco, se isola e na maior parte das vezes não busca ajuda – alerta a
psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do setor de Dependência Química da Santa
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif.
Segundo
a especialista, falar sobre o tema ajudará a diminuir a distância entre quem
tem a doença e o seu meio social, inclusive junto a profissionais de saúde, que
poderão identificar melhor os sinais e encaminhar pacientes ao tratamento
psiquiátrico adequado. Analice aplaude a campanha ‘Vamos Conversar’, da OMS,
destacando que a quebra de preconceito é aliada importante para a cura.
-
As pessoas com depressão ainda sofrem bastante em seu meio social. Quem está à
volta muitas vezes provoca com frases como ‘isso é uma tristeza passageira’,
‘preguiçoso’, ‘você pode sair dessa sozinho’, o que leva o indivíduo a evitar a
busca de tratamento – diz a psiquiatra.
Como
identificar sintomas da depressão – O paciente com depressão definitivamente não está
sozinho em sua angústia, que necessita de medicação. Atualmente, mais de 320
milhões de pessoas sofrem da doença e até 2020 será a enfermidade mais
incapacitante no mundo. É fundamental que as pessoas próximas ajudem na
identificação do transtorno a partir de sinais e sintomas.
-
Importante observar se a pessoa está deprimida ou triste a maior parte do dia e
quase todos os dias; se perde o interesse e prazer nas tarefas; se sua
autoestima está baixa; se sente muito inseguro; perde apetite ou peso;
apresenta sonolência ou insônia constantes e excessivas. Em casos mais graves,
é preciso atentar para a demonstração de exagerado sentimento de culpa e ideias
de morte e procurar a ajuda de um psiquiatra – afirma Analice.
Uma
doença de todas as idades – A
depressão, ressalta a OMS, afeta pessoas de todas as idades, condições sociais
e de todos os países. A doença traz grande sofrimento mental e afeta a
capacidade para realizar até mesmo as mais simples tarefas diárias. A depressão
pode levar ao suicídio, que atualmente é a segunda principal causa de morte
entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. A entidade chama a atenção para três
grupos especialmente afetados: jovens, mulheres em idade fértil (especialmente
após o nascimento de uma criança) e idosos.
-
Os jovens sofrem de depressão e podem cometer suicídios, até mesmo crianças
podem se matar. Falar sobre o assunto abertamente é muito importante para
aumentar a conscientização, mostrar suas causas e possíveis tratamentos. Além
disso, as pessoas podem se reconhecer na doença e assim buscar ajuda
profissional”, destaca Analice, para quem o apoio de parentes e amigos é
essencial ao tratamento.
No
Brasil, ano passado, em torno 77 mil pessoas foram afastadas do trabalho com
diagnóstico de depressão, parte deles atribuída à crise econômica: o gatilho é
por conta de não conseguirem atender a crescente pressão no trabalho ou por
estarem desempregados. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), a União Europeia gasta 3% do PIB com a saúde dos trabalhadores
acometidos pela doença e, nos Estados Unidos, são gastos cerca de US$ 40
bilhões ao ano em tratamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário