Pesquisas em carcinoma de pequenas células estavam há cerca de 20 anos sem avanços significativos
Um estudo apresentado durante o Asco (Congresso Anual da Sociedade
Americana de Oncologia Clínica) 2024, que aconteceu no início de junho em
Chicago (EUA), mostrou resultados promissores no tratamento do CPCP (Câncer de
Pulmão de Células Pequenas) em estágio limitado. Aumentando em 22 meses a
sobrevida dos pacientes.
Esse tipo de carcinoma, tratado tradicionalmente com quimioterapia
e radioterapia, que representa cerca de 15% de todos os casos de câncer de
pulmão, ficou cerca de 20 anos sem avanços significativos em pesquisas, segundo
o oncologista Carlos Henrique Andrade Teixeira, do Centro Especializado em
Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“São dados importantes e que foram bem comemorados no congresso já
que são mais de duas décadas sem novidade nesse tópico”, acrescentou o
especialista.
O estudo multicêntrico, intitulado "Adriatic", que
avaliou mais de 700 pessoas em quatro continentes: Ásia, Europa, América do
Norte e América do Sul apontou que os resultados do tratamento combinado de
dois anos de imunoterapia com Durvalumabe, após quimioterapia e radioterapia
apresentou melhora notável na sobrevida dos pacientes, passando de 33 para 55
meses, representando um ganho de quase dois anos para aqueles submetidos ao
tratamento com o imunoterápico após quimioterapia e radioterapia.
O médico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz ressaltou que, embora o medicamento já seja utilizado para outros
tipos de tumores, é necessário apenas um ajuste na indicação pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para sua utilização em pacientes com
CPCP em estágio limitado.
“Esperamos que este processo seja rápido, diante da urgência dos
pacientes e da importância dos resultados apresentados”, afirmou Teixeira.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o número
estimado de casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão para o Brasil,
para 2024 é de 32.560 casos, ocupando a quarta posição entre os tipos de câncer
mais frequentes.
O oncologista também lembrou que há também a necessidade de
atualização da bula do medicamento pela Anvisa para contemplar seu uso em
outras situações clínicas além do câncer de pulmão de pequenas células em
estágio limitado.
Dados alarmantes
Mesmo sem ter sido apresentado como estudo, o aumento de casos de
câncer de pulmão em não fumantes e em pacientes jovens foi assunto debatido
durante o Asco.
Uma sessão do Congresso tratou o tema como emergente e, de acordo
com o especialista, as causas para o surgimento desses casos em quem não fuma
foram apontadas como histórico familiar de câncer, algumas mutações ativadoras
do câncer, tabagismo passivo e a exposição a partículas poluentes dispersas na
atmosfera.
“É fato que o câncer de pulmão pode aparecer em jovens e não
fumantes, estamos ampliando nosso conhecimento para as causas neste subgrupo de
pacientes, para agirmos de forma mais preventiva”.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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