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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Glaucoma pode também afetar crianças

No dia nacional de combate a esta doença ocular crônica, oftalmologista alerta para que, embora rara, a condição do glaucoma congênito pode levar crianças à cegueira, caso não seja descoberta a tempo. A prevenção é o melhor caminho tanto em adultos como em crianças


O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma é celebrado anualmente em 26 de maio e tem como objetivo conscientizar a população em geral sobre a importância do diagnóstico precoce desta doença, silenciosa e assintomática. Classificada como uma das principais doenças crônicas oculares, o Glaucoma é causado principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, o glaucoma pode levar à cegueira.


De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, estima-se que o glaucoma afete entre 1% e 2% da população com mais de 40 anos em todo o mundo, o que representaria cerca de 3 milhões de pessoas. Porém, a estimativa é que 65 milhões de pessoas tenham glaucoma, sendo esta doença a maior causadora de cegueira irreversível no mundo.

Muitas pessoas acreditam que pressão alta no olho, que é um dos principais sinais da doença, afeta apenas adultos e idosos. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que a doença também pode ser diagnosticada em crianças. O glaucoma congênito, como é chamado,  é uma doença rara, na maioria das vezes, hereditária e está presente em um a cada dez mil nascidos e pode levar à cegueira, caso não seja descoberta a tempo. 

Assim como o glaucoma, a condição que acomete recém-nascidos e crianças até três anos de idade,  é causada pela danificação do nervo que liga os olhos ao cérebro devido a pressão intraocular. O glaucoma congênito normalmente está associado a outras anomalias do desenvolvimento do globo ocular ou do corpo. A doença coincide com outras síndromes, podendo estar presente com a rubéola congênita. 

De acordo com o Dr. Alfonso Nomura, oftalmologista e CEO da Alpha Diagnose, diferentemente dos tipos que acometem adultos e idosos, o glaucoma congênito não é silencioso. No bebê, ele apresenta do que é chamada de uma tríade clássica: lacrimejamento, sensibilidade à luz e espasmo palpebral.  No entanto, o que acaba chamando mais atenção é o aumento do globo ocular com o olho bem grande e saltado. Além disso, a íris vai ganhando uma cor azulada.

"Independente dos sintomas, o acompanhamento da saúde ocular é importante em todas as fases da vida. Embora o glaucoma não tenha cura, a detecção precoce e o tratamento podem evitar a perda progressiva da visão, levando à cegueira irreversível”, explica.  

O diagnóstico de glaucoma da infância se dá pelo exame dos olhos da criança, medindo a pressão ocular. Obrigatório em todas as maternidades, o Teste do Olhinho é muito importante para o diagnóstico precoce. O exame pode identificar doenças que produzem opacidade no olho, como catarata congênita, os tumores da infância, as doenças infecciosas, a retinopatia da prematuridade e o glaucoma congênito. 

Em adultos exames como por exemplo,  acuidade visual, biomicroscopia, tonometria (mensuração da pressão intraocular), gonioscopia, campimetria computadorizada, paquimetria, tomografia de coerência óptica do nervo, retinografia, estereofoto de papila, fundo de olho, devem ser realizados com frequência.   

Um dos principais tratamentos é o colírio anti hipertensivo. Desta forma, Dr. Nomura enfatiza a necessidade de, ao procurar um oftalmologista e receber indicações para o tratamento do glaucoma, é preciso seguir o tratamento à risco. O colírio prescrito para tratamento do glaucoma, geralmente, é indolor e possui leves efeitos colaterais. No entanto, algumas pessoas não conseguem se adaptar a esse tipo de medicação. 

“No geral, os principais fatores de risco são idade e antecedentes familiares. o glaucoma não tem cura, mas tem tratamento e é preciso segui-lo tim tim por tim. Muitas pessoas literalmente se esquecem de aplicar o colírio nos horários recomendados pelo médico, principalmente por não darem muito valor à atuação do remédio em relação ao problema. Falta, portanto, entendimento de que, no caso de lesão do nervo óptico, cada gotinha faz toda a diferença, finaliza.  

 



Dr. Alfonso Erik Doi Nomura - médico oftalmologista CEO da Alpha Diagnose, clínica oftalmológica que  surgiu com o propósito de oferecer excelência em diagnóstico e tratamento oftalmológico para os pacientes na região de São Paulo, Grande São Paulo e ABC. A Alpha Diagnose conta com tecnologias e processos super atuais, proporcionando uma experiência única e inovadora, sendo o paciente o principal foco do trabalho.


Dia Nacional de Combate ao Glaucoma - 26 de maio

Contra o glaucoma, oftalmologistas lançam site que esclarece para a população dúvidas recorrentes sobre a doença


Qualquer pessoa pode ter glaucoma? Quem faz parte do grupo de risco? Existe tratamento cirúrgico? E cura definitiva? Para responder essas e outras questões sobre essa doença ocular, que atinge cerca de 2% das pessoas em todo o mundo, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) criaram um site repleto de informações úteis à população, todas elas chanceladas por experts ligados às duas entidades.

ACESSE O PORTAL 24 HORAS PELO GLAUCOMA

A ferramenta desenvolvida pelas entidades já está disponível para a população, marcando as comemorações deste 26 de maio, Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. Segundo o presidente do Conselho, José Beniz Neto, "com essa iniciativa, que integra as ações da campanha "24 horas pelo glaucoma", realizada no último fim de semana, o CBO e a SBG reforçam o trabalho para conscientizar os brasileiros sobre a importância da prevenção e do diagnóstico e do tratamento precoces para essa doença, que é a principal causa de cegueira evitável do mundo".


Conteúdo - O menu da plataforma digital está rico em conteúdo. O interessado encontrará uma série de dicas objetivas e desenvolvidas em linguagem acessível a respeito de tópicos centrais relacionados ao diagnóstico e tratamento do glaucoma. No portal, estão disponíveis ainda vídeos de especialistas na área, que esclarecem dúvidas gerais, com foco em: causas, fatores de risco, tipos existentes, sintomas, prevenção e opções de tratamento.

Há também depoimentos de celebridades - como Tony Ramos, Stênio Garcia, Carlinhos Brown, Renato Teixeira, Geraldo Magela, Danilo Gentili, Lucão (seleção Brasileira de Vôlei), entre outros - que reiteram a importância dos cuidados com a saúde dos olhos, abordando temas como: riscos da automedicação, uso de colírios sem orientação médica, exame de fundo de olho, sinais de irritação nos olhos e mais.


Consulta - "Uma das mensagens principais é reforçar a importância da consulta periódica. Precisamos disseminar entre os pacientes o hábito de realizar uma visita ao médico oftalmologista, ao menos uma vez ao ano, a fim de efetuar a avaliação de rotina. O glaucoma é uma doença grave que pode levar à cegueira. Mas, se descoberto e tratado nos estágios iniciais, tem prognóstico extremamente favorável", afirma o vice-presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino.

Além desse site, os interessados têm outra ferramenta útil para entender mais sobre o glaucoma no Youtube. No canal do CBO, nesta rede social, está abrigada a íntegra dos vídeos e debates realizados dentro da programação do 24 horas pelo glaucoma. Na superlive realizada no sábado (22), com mais de 10 horas de duração, foram apresentadas entrevistas, palestras médicas e debates que abordaram o glaucoma sob os mais diversos aspectos: desde a construção de políticas públicas até a importância dos grupos de apoio aos pacientes e familiares. acesse o link !

 

Obesidade infantil preocupa ainda mais em meio ao quadro da Pandemia

 Freepik
Oferta ilimitada e não controlada de alimentos é um dos fatores que mais preocupam


Ainda que as estatísticas não sejam precisas, há uma epidemia paralelaa do coronavírus que é a da Obesidade Infantil. O problema não é recente, mas foi agravado no cenário do longo distanciamento social e interrupção das diversas atividades físicas realizadas com as crianças. Ao invés disso, muitas passaram a ficar um tempo ainda maior em frente às telas de computadores, tablets e smartphones.

Para o médico pediatra da Maternitá Saúde da Mulher e Pediatria, Marcelo Porto, os erros mais comuns dos pais nesse período de pandemia e que estão ajudando a aumentar assustadoramente os casos de obesidade infantil, são a oferta ilimitada e não controlada de alimentos, especialmente guloseimas, alimentos ultraprocessados e com excesso de carboidratos.

“É perceptível a falta de rotina alimentar e da imposição de limites por parte dos pais. O fato das crianças e adolescentes estarem a maior parte do tempo em casa, na frente de telas, seja em aula on-line, em atividades sociais (conversando com amigos) ou jogando, fez com que o controle sobre o que estão comendo e quanto estão comendo, tenha diminuído muito. Outro ponto é que as crianças e adolescentes estão mais angustiados, ansiosos, com a situação da pandemia, muitos sem entender o que está acontecendo, com medo do que pode vir a acontecer e acabam descontando na comida”, explica.

Além disso, pais têm tido dificuldade de manejar a situação com os filhos e acabam não colocando limites e até ofertando alimentos que acabam engordando mais os filhos. Soma-se isso à falta de atividade física regular e o problema torna-se maior ainda. Para o pediatra, Marcelo Pavese Porto, o retorno das aulas presenciais pode ajudar por vários motivos.

“Vai diminuir a ansiedade e o tédio que as crianças e adolescentes vinham enfrentando. Esta retomada vai reintroduzir a rotina na vida deles, com horários e regras mais claras além de diminuir o apelo por comer e vai possibilitar o reinício de atividades físicas para muitas crianças que não estavam ativas”, finaliza.


Brasileiros são os que mais ganharam peso durante a pandemia

O problema afetou, também, adolescentes, jovens e adultos. Segundo dados da pesquisa Diet & Health Under Covid-19, realizada com respondentes de 30 nações em todo o mundo, o Brasil ficou em primeiro lugar entre as que mais acreditam ter mais engordado na pandemia. 52% declararam ter aumentado de peso desde o início da disseminação da COVID-19 no país. Na média global, pouco menos de 1 em cada 3 entrevistados (31%) engordou durante o período. Logo atrás do Brasil, os países que mais lidaram com os quilos extras foram o Chile (51%) e a Turquia (42%). No Brasil, foram 6,5 kg quilos a mais. A pesquisa on-line foi realizada com 22.008 entrevistados, com idades entre 16 e 74 anos, de 30 países. Os dados foram colhidos de 23 de outubro de 2020 a 06 de novembro de 2020 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.

 


Marcelo Matusiak


Mau uso da serra elétrica corresponde a 50% dos atendimentos de trauma de mão em pronto-socorro

Ferimentos por serras elétricas estão entre os acidentes de trabalho mais comuns
Créditos: Envato
A cada 50 segundos, um novo acidente de trabalho é registrado no Brasil; desde 2012, são mais de 6 milhões de casos

Quedas, lesões por esforço repetitivo, qu

eimaduras, choques elétricos e uso incorreto de equipamentos e máquinas compõem a lista dos principais acidentes de trabalho atendidos nos prontos-socorros em todo Brasil. A cada cinquenta segundos um novo acidente no ambiente de trabalho é registrado no país, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. 

Uma pesquisa realizada no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), em parceria com a PUCPR, apontou que 50% dos traumas na mão atendidos no pronto-socorro correspondem a acidentes com serra elétrica. O equipamento é usado para serrar mármore e, de acordo com o médico ortopedista e traumatologista do Hospital Cajuru, Eduardo Novak, o problema está no uso errado da ferramenta. 

“Muitos profissionais usam a serra mármore para cortar madeira, e isso é muito perigoso. Esse equipamento gira a 11 mil rpm, enquanto a ferramenta própria para madeira gira a uns 4 mil rpm. Então, essas serras não são feitas para madeira. Ela ricocheteia, dá o chamado tranco, e acaba atingindo as mãos. Esse tipo de lesão geralmente é grave, levando muitas vezes a sequelas irreversíveis e podendo atingir outras partes do corpo, como rosto, tórax e pescoço”, diz. 

A pesquisa ainda aponta que 90% das vítimas são homens e em 64% dos acidentes, a mão esquerda é a mais acometida. Esse é o caso do trabalhador Paulo Anniess Neto, de 59 anos, que levou 18 pontos na mão após acidente com a serra elétrica. “Eu estava cortando um contrapiso com uma serra com o disco de madeira. Esse contrapiso estava fixado em um piso antigo, de madeira bem mais dura. O disco pegou nessa madeira e jogou a serra pra cima. E como não é aquela serra que desliga automaticamente, ela pulou e cortou toda a minha palma da mão. Quando a gente trabalha com esse tipo de equipamento, tem que estar 200% atento. Um segundo de bobeira e já pode ter um acidente bem grave”, revela. 

Para evitar esse e outros tipos de acidentes no ambiente de trabalho, Novak ressalta a importância do treinamento qualificado para manuseio de máquinas e também o uso de equipamentos de proteção. “Avaliar a finalidade da serra com base na rotação e tipo de disco é o principal. Se é para cortar mármore, porcelanato ou madeira, o equipamento deve ser próprio para esses materiais. A segunda coisa é usar os equipamentos de proteção, ter segurança ao manusear a serra e sempre manter a atenção redobrada. Muitos acidentes acontecem porque o profissional acaba se descuidando por já ter experiência. Tem pacientes que vêm para o hospital após 30 anos trabalhando com a serra elétrica, ou que já perderam um ou dois dedos e ainda assim sofrem acidentes com o equipamento. Não dá para negligenciar o uso”, ressalta o médico.

No caso de acidente com a serra elétrica, a orientação médica é pressionar o local com panos secos e limpos para parar o sangramento e procurar imediatamente o atendimento médico, seja em um pronto-socorro ou chamando o Siate pelo número 193.

 


Hospital Universitário Cajuru

 

Suspensão de contrato de trabalho, férias coletivas e férias antecipadas podem ser usadas para gestantes em teletrabalho?

 A Lei 14.151/2021 determina que as gestantes devem permanecer em teletrabalho, e quando não for possível o trabalho a distância, a empregada gestante deverá permanecer afastada das atividades de trabalho presencial, medida que deve ser cumprida de forma imediata. 

A Lei visa proteger da contaminação pela Covid-19 a gestante e ao bebê. O afastamento deve permanecer enquanto estiver vigente o estado de calamidade pública reconhecido pelo Congresso, devido à pandemia. Desde então, diversos questionamentos a respeito da aplicação desta Lei surgiram. 

A dúvida é se, dentro desse novo contexto, podem ser suspensos os contratos de trabalho das gestantes mediante o que permite a Medida Provisória (MP) 1.045/2021, publicada no dia 28 de abril, instituindo o novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e a possibilidade de redução de jornada e/ou suspensão dos contratos de trabalho, a fim de atender a lei que obriga o afastamento dessas mamães.  

Muitos profissionais e empregadores pensaram dessa forma, mas a resposta é não.  

A Lei 14.151/2021 traz em seu texto que o afastamento da gestante deverá ocorrer sem prejuízo de sua remuneração. Neste sentido, o afastamento precisa garantir à gestante a manutenção da sua remuneração de forma integral, fato que não acontece com a suspensão do contrato de trabalho, que tão somente asseguraria o valor que viesse a receber com o seguro-desemprego, portanto inferior ao salário contratual. 

Destaca-se ainda que nas suspensões de contratos, os trabalhadores têm reflexos negativos em sua vida laboral, como por exemplo, a perda dos valores proporcionais que seriam recebidos no 13º salário e nas férias durante o período de suspensão, novamente havendo prejuízo à gestante. 

Portanto, a MP 1.045/2021 definitivamente não poderá ser usada, pelo menos até que seja publicada orientação do governo neste sentido, para atendimento à determinação da Lei 14.151/2021. 

Como alternativas, algumas ferramentas podem ser usadas, como a antecipação de férias individuais, a concessão de férias coletivas, o aproveitamento e a antecipação de feriados e o banco de horas. Lembrando que, em nenhuma dessas medidas poderá haver prejuízos à remuneração integral da gestante.

 

 

Thaluana Alves - advogada, graduada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-graduada em Direito Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestranda em Direito pela Universidade Nove de Julho.


Maior cheia da história do Rio Negro alaga cidades e afeta mais de 400 mil pessoas

Chuvas acima do normal levaram o rio a se aproximar do maior nível já medido em 120 anos;


números mostram que cheias extremas são cada vez mais frequentes e especialistas dizem que agressões ao ambiente vão piorar o quadro

 

O Rio Negro está prestes a alcançar a maior cheia já registrada na história. De acordo com projeções de especialistas, nos próximos dias o nível das águas baterá o recorde de 2012, ano da cheia mais extrema desde que o comportamento do rio começou a ser monitorado, há 119 anos. Chuvas de intensidade muito acima do normal atingiram toda a Bacia do Rio Negro nesta temporada, contribuindo para que as águas subissem mais rapidamente - e muito mais cedo, em comparação a outros anos. 

As consequências sociais e econômicas têm sido graves para as populações de diversas localidades do Amazonas, que ainda vêm sofrendo os impactos da pandemia de Covid-19 de forma especialmente severa. Na capital, Manaus, as inundações atingiram diversos bairros e áreas do centro, incluindo pontos históricos, como a Praça do Relógio e o prédio da Alfândega, e áreas comerciais como a Feira Manaus Moderna. 

Em 21 de maio, o nível do rio chegou a 29,84 metros - a segunda maior marca da História, a apenas 13 centímetros do recorde de 2012. Naquele dia, 58 dos 62 municípios amazonenses já estavam alagados e 20 estavam em situação de emergência – incluindo a capital. De acordo com dados da Defesa Civil, mais de 414 mil pessoas já haviam sido afetadas. 

Embora o aumento do nível das águas seja um processo natural nas bacias dos grandes rios, os números mostram que as cheias extremas estão ficando cada vez mais frequentes na Amazônia. Especialistas alertam que pressões ambientais, como o aquecimento global e o desmatamento em larga escala, tornarão ainda mais comuns esses eventos climáticos extremos. 

As cheias acima do esperado têm sido mais constantes na bacia Rio Negro, destaca o meteorologista Renato Senna, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). "Analisando toda a série histórica, vemos que o intervalo entre os eventos de cheia extrema são cada vez menores", frisa. 

Os registros de quase 120 anos do nível da água no porto de Manaus - onde o Instituto Geológico (CPRM) faz as medições -, mostram que, das dez maiores cheias, oito ocorreram nos últimos 45 anos, sendo seis delas a partir de 2009. Essas cheias extremas, segundo Senna, estão sempre associadas a chuvas mais fortes que o normal. "Fizemos um levantamento das maiores cheias de 1970 em diante e constatamos que elas coincidiam com grandes anomalias nas chuvas observadas na Bacia do Rio Negro. Nos últimos anos, temos visto um aumento de frequência desse processo como um todo", afirma. 

Senna explica que a subida anual do rio varia normalmente entre 16 e 29 metros no porto de Manaus.  "O grande problema é que as chuvas nessa época do ano - entre o fim de maio e começo de junho - caem em forma de pancadas fortes, muito concentradas. No caso de Manaus, como muitos igarapés foram transformados ou enterrados (devido à expansão urbana), essas águas se concentram nas partes baixas da cidade, provocando inundações." 

Senna afirma que a anomalia nas chuvas não abrange toda a Bacia Amazônica da mesma forma. Ela se concentra na parte da Amazônia ocidental e em parte da Colômbia, onde se formam os rios Negro e Solimões, que se juntam na região de Manaus, formando o rio Amazonas. "O Rio Madeira, que também faz parte da Bacia Amazônica, não está sendo tão afetado. Mesmo o Rio Solimões não foi tão afetado neste ano como o Rio Negro.  Os rios Juruá e Purus, da bacia do Solimões, porém, foram muito afetados. Já na Amazônia oriental, incluindo o Pará, parte do Tocantins e do Maranhão, estamos com chuvas abaixo do normal", afirma Senna.


Mudanças climáticas. De acordo com Senna, o que se pode afirmar com certeza é que o aumento das chuvas tem relação com o resfriamento das águas do Oceano Pacífico produzido neste ano pelo fenômeno La Ninã. "Tanto no Pacífico como no Atlântico, tivemos uma redução de meio grau centígrado na superfície do mar em relação ao ano anterior. Essa variação da temperatura sobre o oceano é um dos principais fatores que determinam as chuvas na Amazônia. Entretanto, La Niña é um fenômeno natural que já existia antes da revolução industrial - e por isso é temerário associar essas cheias diretamente à crise climática", diz. 

Mas Senna complementa: "É muito difícil afirmar que esses fenômenos são produzidos por mudanças climáticas causadas pelo homem, embora alguns pesquisadores digam isso categoricamente. Por outro lado, também não há provas que nos permitam negar essa relação.” 

O aumento da frequência das cheias anômalas na Amazônia ocidental, no entanto, é coerente com as previsões dos climatologistas de mais de 100 países que compõem o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), que atribuem a maior frequência e intensidade dos fenômenos extremos ao aquecimento global. 

O físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), destaca que “há indícios suficientes para associar o fenômeno no Rio Negro às mudanças climáticas globais. A atual cheia recorde do Rio Negro é fruto do aumento dos eventos climáticos extremos que temos observado na Amazônia, causado pelo aquecimento global. O número de secas seguidas - em 2005, 2010 e 2015 - e o número de cheias extremas como essa de 2021 não param de aumentar", diz Artaxo, que também é membro do IPCC. 

As secas exacerbadas pelas mudanças climáticas têm favorecido o agravamento das queimadas na Amazônia. Por outro lado, o cientista salienta que as cheias cada vez mais frequentes são um exemplo dos fenômenos extremos na Amazônia que têm impactos alarmantes em diversas partes do país, afetando fortemente outros biomas e a economia. 

"Esses recordes de cheias cada vez mais frequentes mostram claramente os impactos das mudanças climáticas na Amazônia. Em uma floresta que depende, para seu funcionamento básico, de temperaturas e chuvas constantes, isso é muito preocupante. Esses extremos podem comprometer a saúde da floresta e os serviços ecossistêmicos que ela realiza para o nosso país, e em particular para a agricultura no Cerrado e no Brasil central", afirma.

 

Pode piorar. Os especialistas ouvidos pela reportagem concordam que esses fenômenos vão se tornar mais frequentes e severos se a floresta continuar sendo desmatada e queimada e se os processos de mudança do uso do solo, como a transformação de áreas naturais em pastos, avançar por regiões ainda preservadas da Amazônia. 

"No caso dos rios Negro e Solimões, a floresta na região de suas cabeceiras está bastante preservada e não podemos relacionar essas cheias com o desmatamento. Mas não há dúvida de que um aumento do desmatamento em larga escala iria agravar ainda mais esses eventos", diz o pesquisador Jochen Schöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). 

Segundo Schöngart, diversos estudos mostram que o desmatamento em larga escala pode modificar os regimes hidrológicos, especialmente em bacias menores. No rio Tocantins, por exemplo, cientistas compararam as cheias de dois períodos: quando o desmatamento era limitado e após o desmatamento em larga escala. Os resultados mostraram que, embora a quantidade de chuvas fosse semelhante nos dois períodos, após o desmatamento o nível máximo de cheias foi 28% maior e o pico das cheias foi antecipado. 

"Isso acontece porque, após o desmatamento em larga escala, a água não é mais absorvida pelo solo, nem volta para a atmosfera pela respiração da floresta. Assim, temos uma quantidade maior de água voltando ao leito do rio", explica Schöngart. 

Com um grupo de cientistas brasileiros, chilenos e britânicos, Schöngart publicou em 2018, na revista Science Advances, um estudo que procurou desvendar os mecanismos por trás do aumento de cheias extremas. "A análise dos 119 anos de registros constatou, em primeiro lugar, que há um inequívoco aumento desses fenômenos. Nos primeiros 70 anos dos registros, esses eventos tinham, na média, o tempo de retorno de 20 anos. Nas últimas décadas, esse tempo médio de retorno é de apenas quatro anos - e, aparentemente, continua diminuindo", diz.

 

Mecanismo complexo. De acordo com Schöngart, o mecanismo por trás disso é extremamente complexo, com variações entre interanuais e interdecadais influenciando todo o regime de chuvas. E, por isso, é tão difícil descartar a hipótese de que se trate de um fenômeno natural. "Sabemos que o principal elemento no regime de chuvas sobre a Amazônia são as oscilações climáticas provenientes dos oceanos ao redor - do Pacífico equatorial, na forma de eventos como El Niño e La Niña, mas também do Atlântico tropical", afirma. 

Segundo o estudo de 2018, no período entre 1990 e 2015, o Atlântico tropical teve um forte aquecimento de suas águas superficiais, produzindo muita evaporação. Os ventos alísios levam essa massa úmida para dentro da Amazônia, especialmente na época de chuvas, o que resulta no aumento das cheias. 

"Como o Atlântico tropical estava aquecido e o Pacífico equatorial esfriou, por causa de diferenças na pressão atmosférica sobre os dois oceanos, essas alterações levaram a uma maior convecção (processo de formação de nuvens por meio da transferência de calor da superfície para a atmosfera) na Amazônia. Podemos, no entanto, associar essa dinâmica a uma variabilidade natural, porque a cada três ou quatro décadas temos uma combinação com essa oscilação decadal, que é mais frequente no Pacífico e mais prolongada no Atlântico", explica Schöngart. 

Por outro lado, pelo menos um componente desse processo pode ser associado aos impactos causados pelo ser humano no clima, conforme o pesquisador. "O cinturão de ventos do Hemisfério Sul entrou mais em direção à Antártica nas últimas décadas, o que provavelmente está relacionado ao buraco na camada de ozônio naquele continente. Com essa mudança, o ar quente do Oceano Índico acaba passando por cima da África e aquecendo ainda mais o Oceano Atlântico”. 

Segundo o professor, as anomalias observadas na bacia do rio Negro são resultado de complexas interações climáticas entre a floresta e os oceanos - e a modificação nos ventos do Hemisfério Sul mostram que há pelo menos um componente ligado à atividade humana. “Temos os três grandes oceanos contribuindo para essa modificação no ciclo hidrológico. Essas mudanças dos ventos no Hemisfério Sul estão fortemente associadas ao buraco na camada de ozônio e ao efeito estufa", diz.

 

Consequências concretas. Apesar da enorme complexidade dos fenômenos climáticos que afetam as cheias dos rios amazônicos, suas consequências são bem concretas para as populações da região. Schöngart pontua que esses impactos são diferentes nas zonas urbanas e nas áreas rurais.

"Nas regiões rurais, em geral, as pessoas têm moradias adaptadas a esses fenômenos, como casas flutuantes. O grande impacto para elas é econômico. Essa população vive em várzeas e, durante a seca, com os peixes concentrados nos lagos, dedicam-se à pesca. Nas cheias, quando começa a vazante dos rios, preparam a terra para a agricultura. O problema é que, quando vem uma cheia muito grande, as águas invadem muito cedo as roças e pastos e o ciclo de pesca, plantio e a colheita são dramaticamente afetados", afirma. 

Já nas áreas urbanas, o maior impacto é na moradia e nas condições sanitárias das populações que vivem ao longo dos igarapés. "Com o rio muito cheio, os igarapés não têm para onde escoar sua água ao serem atingidos pela chuva. Essa água fica represada e se mistura ao esgoto e ao lixo doméstico e industrial, invadindo as casas. O acúmulo de água também afeta os poços artesianos e não se consegue obter água limpa para consumo. Além de perder seus bens e ficar exposta a problemas de saúde, os moradores dessas áreas também podem ter suas casas alagadas invadidas por animais perigosos", diz. 

Muitas vezes é preciso abandonar as casas, o que é preocupante, para o pesquisador, em período de pandemia de Covid-19. "Há risco de que as pessoas se desloquem, saindo das áreas afetadas e se mudando para casas de parentes que moram em outros locais. Isso pode levar a um aumento do número de infectados", afirma.

 

Impacto precoce. Luna Gripp Simões Alves, pesquisadora em Geociências da CPRM que é responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas (Sipam), explica que muito antes do nível do Rio Negro chegar próximo ao recorde histórico, os impactos sobre a população amazonense já eram altos. 

"Analisar as medidas dos níveis dos rios, registrar suas cotas máximas e a magnitude das cheias é algo extremamente importante para traçar políticas públicas voltadas para as populações impactadas. Porém, bem antes de chegarmos a esse recorde histórico os impactos já eram sentidos. Em alguns bairros de Manaus, por exemplo, quando a água passa de 27,5 metros, já há casas inundadas", afirma Luna. 

De acordo com ela, a prefeitura de Manaus tem um plano de contingência, que inclui um cadastro de famílias afetadas para que elas possam obter os recursos do Aluguel Social. Porém, na difícil situação em que a cidade se encontra por causa da Covid-19, essa medida está sendo prejudicada. "Mesmo o pessoal que ia de casa em casa passou a ser deslocado para atender as vítimas da pandemia", disse. 

Há outras medidas que são postas em prática, como a construção de pontes de madeira, as chamadas marombas. Em algumas regiões, a população só consegue transitar em canoas. No Centro de Manaus, a área onde acontece a principal feira da cidade foi inundada e foi preciso transferir os feirantes para uma balsa. 

"Existe uma certa resiliência por parte da população ribeirinha, que inclui subir o nível das casas em certos bairros que são afetados muito intensamente. Mas tudo tem um limite. Dependendo da velocidade da subida da água não dá tempo de construir essas adaptações. A demanda por madeira fica muito alta e os moradores, em geral, não têm condições de comprar."

 

Efeitos locais. Luna afirma ainda que os impactos ambientais da ocupação humana na região de Manaus agravam localmente os efeitos negativos das cheias. 

"Essas cheias que chegam a Manaus são resultado das chuvas nas cabeceiras do rio, na região da Cabeça do Cachorro e na Colômbia. Temos grandes áreas impermeabilizadas na cidade e o problema do lixo nos igarapés. Tudo isso piora a situação, porque no momento da cheia extrema, a água se acumula", diz Luna. 

"Na região onde o aumento das chuvas está produzindo as cheias, não temos estradas e o deslocamento é feito por rios. Ainda não há efeitos antrópicos significativos. No entanto, esses eventos sem dúvida podem ser agravados se aquelas regiões forem desmatadas. É o que ocorre no rio Xingu, onde os efeitos do desmatamento são muito nítidos", acrescenta. 

Segundo Luna, ainda não é possível saber se as alterações hidrológicas na bacia do Rio Negro têm relação com algum efeito da ação humana, mas é certo que há uma relação com os fenômenos climáticos. "A temperatura global realmente está aumentando nos últimos anos e, quanto maior a temperatura sobre o oceano, maiores são os níveis de vapor d'água e, consequentemente, de chuvas", explica ela.


O impacto dos dispositivos móveis na saúde

É evidente que a pandemia impactou vários segmentos da sociedade. Observamos na saúde , uma das áreas mais afetadas, diversas transformações. A lei que regulariza a telemedicina, por exemplo, foi sancionada em abril de 2020, e possibilitou o atendimento médico por meio das teleconsultas. Nesse contexto, os dispositivos móveis tornaram-se ainda mais relevantes para estreitar as barreiras entre os serviços e a população, oferecendo mais proximidade entre médico e paciente. Atualmente, os smartphones representam uma das ferramentas que mais auxiliam a prática telemedicina, uma vez que 58% dos brasileiros acessam a internet exclusivamente pelo celular, de acordo com pesquisa da TIC Domicílios.

A tecnologia móvel proporciona aos médicos acesso às informações de saúde dos pacientes para realizar o acompanhamento em tempo real dos sinais vitais e dos resultados laboratoriais. Com relação às operadoras de saúde, existem hoje aplicativos integrados aos sistemas de gestão que possibilitam que as instituições de saúde ampliem a integração com os pacientes, proporcionando uma experiência de ponta a ponta. Essas tecnologias permitem consultar toda a rede credenciada, realizar check-in, agendamento de consultas e exames, telemedicina e até mesmo alertas para o médico, oferecendo aos pacientes mais comodidade e proximidade com as operadoras de saúde.

Do lado do paciente, por meio dos dispositivos móveis, ele ganha agilidade no tratamento e na troca de comunicação com o médico. Além disso, o mobile permite acesso a vários aplicativos de saúde, não necessariamente medicamentosos. Para pacientes com diabetes, por exemplo, aplicativos de controle de glicemia facilitaram a rotina. Mas, com tantos aplicativos de saúde disponíveis no mercado, como fica a questão da segurança de dados?

Para garantir que o aplicativo é de fato seguro, é necessário verificar se o mesmo segue as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e se todos os dados armazenados estão criptografados. Vale ressaltar que a área da saúde reúne muitos dados sensíveis, uma vez que, a partir do momento em que o paciente envia o resultado de um exame ao médico, torna-se um dado sensível. Neste sentido, as organizações de saúde devem investir em provedores tecnológicos que realmente se comprometam com o desenvolvimento de soluções inovadoras para proteger seus sistemas.

 

Desafios do mercado de dispositivos móveis na saúde

Apesar dos avanços no desenvolvimento de tecnologias e aplicativos de saúde, ainda existem entraves que impedem que esses serviços alcancem toda a população. O primeiro desafio, é a disponibilidade tecnológica, uma vez que algumas regiões do Brasil ainda enfrentam problemas com conectividade e baixa qualidade na conexão. Outro ponto crítico é o investimento por parte das instituições de saúde, que devem apostar na interoperabilidade com o objetivo de realizar toda a integração de dados entre médicos, laboratórios e as plataformas.

Os serviços de saúde via dispositivos móveis tendem a conquistar o mercado, uma vez que proporcionam mais agilidade e qualidade no atendimento hospitalar, especialmente em tempos de pandemia e distanciamento social. No entanto, não se exclui a necessidade de investir em um atendimento humanizado, atentar-se à LGPD e realizar investimentos para aprimorar e expandir cada vez mais esse serviço na área da saúde.

 


Daniel Camillo Rocha - Diretor Executivo de Saúde da Digisystem , empresa 100% brasileira com 30 anos de experiência em serviços especializados em TI.


Home Sweet...Home Office: o que aprendemos nos últimos meses?

A pandemia deflagrada em março de 2020 impôs para muitos o trabalho em home office. Segundo pesquisa Datafolha, encomendada pelo C6 Bank, em 2020, 52% dos trabalhadores das classes A e B adotaram o trabalho em home office. Já dos que estão caracterizados como classe C, apenas 26% adotaram a modalidade de trabalho a distância.

Ao desempenharem o trabalho convencional em home office os trabalhadores viram as fronteiras físicas entre o trabalho e o lar deixarem de existir, exigindo adequações do espaço físico, das relações familiares e profissionais, e, principalmente, das emoções provocadas pelas mudanças, potencializadas por um cenário de incertezas e inseguranças, o que refletiu na saúde mental de muitos trabalhadores. Atualmente, para muitas organizações, avaliar esta modalidade de trabalho tem sido a pauta de reuniões e o objetivo de pesquisas junto aos seus colaboradores.

No Brasil, a pesquisa realizada em março pela WorldwildeERC, em parceria com a consultoria Global Line, entrevistou funcionários de 145 empresas multinacionais com operações no Brasil e registrou que mais da metade (58%) dos profissionais está “muito confortável” com o home office. Além disso, apontou também os desafios de trabalhar remotamente, aparecendo a socialização em primeiro lugar (68%) e desenvolvimento de confiança em segundo lugar (33%). Os pesquisados indicaram ainda as melhorias necessárias para continuidade do trabalho remoto, as quatro mais citadas foram: segurança de dados (79%), comunicação efetiva (74%), maior foco em uma cultura humanizada e colaborativa (70%) e manter o engajamento dos trabalhadores (65%).

Não surpreende que a primeira indicação de melhoria seja a segurança de dados que, provavelmente, reflete as limitações de recursos com que as organizações tiveram que responder ao inusitado de uma pandemia. As demais melhorias sugeridas pelos pesquisados referem-se às temáticas de liderança e gestão de pessoas, reflexo de um cenário de crise que tende a evidenciar as forças e fraquezas da administração de cada uma. 

Algumas organizações já retornaram ou definiram o retorno para a modalidade presencial ou flexível/híbrida. No Vale do Silício, por exemplo, o Google retornará as atividades presenciais a partir de 1º de setembro; já a Amazon, quer retornar à cultura padrão centrada no escritório, pois acredita que trabalhar juntos contribui para a aprendizagem coletiva, a colaboração e a inovação.  Quando estas empresas, que são referências em tecnologia, decidem priorizar o trabalho presencial ao home office é importante dar atenção e procurar entender os motivos. 

A Amazon, ao justificar os motivos para o retorno ao trabalho presencial, expressa o valor que dá ao coletivo e as interações presenciais. Neste coletivo há a expressão dos afetos, medos, a confiança, a colaboração, a solidariedade, a competição, relações de poder, enfim, produtos da subjetividade e da intersubjetividade no trabalho. 

As interações de confiança são resultado de vínculos psicoafetivos construídos no coletivo e contribuirão para um ambiente solidário e cooperativo, que é fundamental para a promoção da saúde mental no trabalho na perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho. Pois é por meio da mobilização subjetiva, da inteligência prática e da colaboração, que o trabalhador consegue transformar o seu sofrimento psíquico em sofrimento criativo, e obter o reconhecimento dos pares e superiores, contribuindo para sua autoestima e identidade, dando sentido e vivenciando o prazer no trabalho. 

Os desafios de gestão, de liderança, de relações socioprofisionais, de promoção da saúde mental no trabalho e outros, se apresentam tanto no trabalho presencial quanto no virtual. No entanto, o trabalho virtual apresenta limitações reais pela ausência da presença física e tudo o que ela promove na comunicação, na construção dos vínculos psicoafetivos, no engajamento entre outros aspectos. 

Portanto, as organizações que pretendem continuar em sistema de home office ou híbrido/flexível, principalmente quando “terminar a pandemia”, terão que planejar e promover ações que compensem ou minimizem as limitações do virtual. Esforçando para que todo o arsenal high tech não subestime o que há de mais rico e importante: o ser humano na sua inteireza!


 

Ana Silvia Alves Borgo - psicóloga (CRP 08/03162) e professora do ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br)

 

Qual a importância do Fit Cultural?

Primeiro, você sabe o que é Fit Cultural? Fit Cultural é o quando uma pessoa compartilha dos mesmos valores e crenças da empresa, ou seja, qual é a capacidade que essa pessoa tem de se encaixar na empresa para que suas habilidades sejam aproveitadas ao máximo. Alguns dizem também que o Fit Cultural é uma forma ou metodologia de avaliar se o candidato tem o perfil da empresa.

Algumas empresas já realizam o teste de Fit Cultural principalmente nos programas de trainee e estágio no mercado. São testes que ajudará a empresa a escolher o candidato adequado não somente pelo perfil necessário para a vaga, como também entender se esse candidato se adequa as características ou cultura da empresa, evitando assim o turn over. Esses testes podem ser o teste de perfil, com inteligência artificial ou até mesmo perguntas feitas de forma estratégicas para identificar o perfil mais aderente. 

Pensando nisso, dizemos então, que para uma empresa é importante saber: Qual sua missão? Qual o seu propósito? Aonde quer chegar? As organizações no decorrer dos anos foram formando opiniões, comportamentos, maneiras de atuar, o que era mais esperado no mercado. Algumas empresas têm uma forma de trabalhar diferentes de outras, umas trabalham com inovação, outras são mais conservadoras, umas tem um processo de escolha de fornecedores diferentes como por exemplo: umas olham para custos, outras mais para a qualidade, ou um caráter disruptivo, o que mais pesa para a tomada de decisão? Algumas empresas trabalham com meritocracia, baseados em métricas, outras já utilizam bônus distribuídos pela área, ou seja, se a área bater todo mundo ganha ou todos não ganham, isso acontecem em empresas que entendem o desenvolvimento do grupo e não individual. Algumas empresas aderem/cultiva mais para resultados outras mais para pessoas. Tudo isso influenciam a cultura, baseado nos seus valores, naquilo que a empresa acredita. Nem sempre a missão, valores estão escritos...a cultura muitas vezes se baseia nos comportamentos das pessoas que ali atuam. Nesse momento é que você precisa refletir o que mais prevalece nessa empresa que você deseja trabalhar.

Quando você é candidato e está se candidatando a uma oportunidade, você já se perguntou se você tem o perfil da empresa? Sua cultura, seus valores estão de acordo com o da empresa? Me refiro ao alinhamento com a cultura da empresa, isso fará com que você permaneça na empresa, sinta-se pertencente a mesma, cada vez mais engajado. Algumas perguntas são chaves para que o recrutador identifique se o candidato está dentro da expectativa, são elas: Porque você deseja trabalhar nessa empresa? O que te motiva para você trabalhar em uma empresa? Você prefere trabalhar em equipe ou sozinho?  Como você trabalha sobre pressão, como você entrega seus resultados? Como você reage quando comete um erro? Então, esteja preparado para suas respostas, buscando autoconhecimento e buscando informações da empresa, quando mais preparado você estiver, mais você terá domínio sobre suas respostas sem nervosismo e transmitindo segurança.

Trabalhar só pelo salário, trabalhar só pelo cargo não rola mais, e não está sendo o suficiente para sustentar uma organização. A cultura organizacional, com a sua cultura, com os seus valores têm que estar alinhados... Então, você precisa ter muito claro quais são os seus valores e procurar informações da empresa quando você for para o mercado de trabalho. É importantíssimo você saber quem são as pessoas que trabalham na empresa, no que essa empresa acredita? Como funciona essa cia?

Uma reflexão importante é você listar todas as empresas que você trabalhou e conseguir estabelecer o que você gostou e o que você não gostou. Afinal, qual o perfil de organização você deseja para sua vida? Que cultura que você irá se identificar melhor? Qual a empresa você se sentirá mais à vontade? Que irá curtir mais? Isso será um norteador para sua vida.

Enfim, você precisa gostar da empresa e a empresa gostar de você. É um caminho de mão dupla, isso sim é Fit Cultural.

 


Simone Choin - Líder de Talentos da Conexão Talento. Especialista em Gestão de RH com experiência de 25 anos em empresas de grande porte, atuando como gestora regional nos subsistemas de R&S, T&D e Comunicação Interna.


Empregos perdidos na aviação comercial podem ser absorvidos pela aviação executiva

Aviação executiva cresceu no último ano
Divulgação

Ao passo que grandes companhias aéreas foram impactadas pela pandemia, serviços especializados em voos privados registraram crescimento e demandam mão de obra especializada


A aviação comercial, sem dúvida, está entre os setores mais impactados ao longo deste um ano de pandemia. Para se ter uma ideia, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) estima US$ 157 bilhões em perdas, entre 2020 e 2021. O prejuízo é cinco vezes maior do que o registrado durante a recessão de 2008-2009. Só no Brasil, as grandes empresas áreas acumularam um prejuízo de R$ 19,7 bilhões. E essa perda de receita se reflete, infelizmente, no fechamento de postos de trabalho. Segundo levantamento da consultoria Five Aero, cerca de 620 mil empregos foram eliminados desde o início da pandemia.

Mas, ao passo que a aviação comercial acumula prejuízos, a chamada aviação executiva (voltada para voos privados) cresce exponencialmente, e o setor pode absorver boa parte dessa mão de obra especializada, que há pouco tempo atuava na aviação comercial. É o que argumenta o piloto de linha aérea e gerente de produto do Antares Polo Aeronáutico, empreendimento em construção na cidade de Aparecida de Goiânia, Eumar Lopes.

Segundo ele, Goiás é um dos estados que absorverá boa parte dessa mão de obra especializada com a construção do polo aeronáutico na Região Metropolitana de Goiânia. “A chegada do Antares, que é um pólo da aviação geral, representará o surgimento de muitas e várias oportunidades para os vários profissionais que são demandados para as operações aeroportuárias, desde um gerente de aeroporto até os atendentes de pista. Há também profissões ligadas à manutenção, como mecânicos e auxiliares de mecânica de aeronaves. No Antares, inclusive, outros serviços surgirão ao redor do empreendimento, como hotelaria, aluguel de veículos e alimentação, o que irá demandar uma grande cadeia de empregos”, explica Eumar. Ele revela ainda, que quando estiver em pleno funcionamento, o Antares poderá  gerar cerca de 3 mil postos de trabalho. O Antares, só em sua fase de pré-lançamento, comercializou cerca de 30% dos 72 lotes ofertados.



Crescimento


Para se ter uma ideia do crescimento da aviação executiva no último ano, o Flapper, um dos principais aplicativos de reserva para voos executivos usados no Brasil, registrou um aumento de 194% na receita de dezembro de 2020 em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a plataforma Fly Adam, também especializada no agendamento de voos executivos, registrou uma alta de 300% nas buscas e fretamentos de aeronaves em dezembro, na comparação com mesmo mês em 2019. No começo deste ano, a procura continuou em alta e o Flapper apurou um aumento de 397% nos primeiros 20 dias do ano nos pedidos de cotação para voos executivos.

De acordo com o professor do curso de ciências aeronáuticas da Puc Goiás, Salmen Chaquip Bukzem, a tendência do cenário da aviação executiva no País era de aquecimento antes da pandemia e deve ser, certamente, de superaquecimento num momento pós-pandemia. “Não tenho nenhuma dúvida que o modal de transporte que mais irá crescer no país é o aéreo. Para os grandes empresários, mesmo com a maior difusão das reuniões online, não se exclui a necessidade de contato presencial em muitas ações.Temos na aviação agrícola, uma categoria importante  da aviação executiva e o aumento dos serviços de transporte aeromédico”, avalia Bukzem. 

O professor de ciências aeronáuticas explica que a aviação não movimenta só o pessoal diretamente ligado à manutenção e operação de aeronaves. Segundo o especialista, há também uma infinidade de atividades satélites que orbitam o setor, como fornecedores de peças e prestadores de serviços diversos.

De acordo com Bukzem, devido a necessidade de grande especialização, os vencimentos de profissionais que atuam no setor da aviação podem ser bem acima da média.  “No caso do pessoal ligado à área de manutenção, por exemplo, os salários variam conforme a complexidade dos equipamentos que eles operam. Mecânicos de monomotores a pistão, recebem uma média entre R$ 3.300 a R$ 3.500. À medida que esse profissional vai crescendo e vai tendo acesso a aeronaves mais complexas, temos outro nível que exige maior capacitação, chegando a ganhar em torno de R$ 5 mil. Quando se chega aos modernos jatos executivos esses ganhos são ainda maiores, já que são aeronaves mais sofisticadas e caras”, esclarece o especialista.



Antares 


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