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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Dia Mundial de Conscientização do Autismo: é possível diagnosticar o TEA na fase adulta?


Especialistas do CEJAM explicam os desafios do diagnóstico tardio, sinais de alerta e as opções de tratamento multidisciplinar para adultos com Transtorno do Espectro Autista
 

  

O dia 2 de abril é marcado pelo Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas, tem como objetivo compartilhar informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e promover a inclusão e o respeito. Além disso, é um importante lembrete da necessidade de desmistificar o autismo, especialmente na fase adulta, quando o diagnóstico tardio ainda é uma realidade para muitos. 

Embora o TEA seja um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta desde a infância, muitos adultos passam a vida sem saber que possuem a condição. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores, como o preconceito, o estigma social e a falta de informação. Outro ponto é que muitos indivíduos desenvolvem "comportamentos compensatórios" para mascarar seus sintomas e se adequar às expectativas sociais. 

"Ao longo do desenvolvimento do indivíduo com TEA, a pessoa pode camuflar alguns sintomas, nem sempre de maneira consciente, mas como forma de enfrentar as dificuldades do dia a dia", explica Helen Batista de Figueiredo, Neuropsicóloga no Centro Especializado em Reabilitação II (CER) Girassol, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
 

Diagnóstico tardio 

Apesar dos desafios, é possível diagnosticar o TEA na fase adulta. No entanto, esse processo exige uma avaliação minuciosa e o uso de instrumentos padronizados que possibilitem distinguir entre o Transtorno do Espectro Autista e outras condições com sintomas semelhantes, como ansiedade, fobia social e transtorno obsessivo compulsivo. 

"O profissional deve estar atento à importância de realizar um diagnóstico diferencial, que é um processo que exige uma avaliação minuciosa e o uso de instrumentos padronizados que possibilitem distinguir entre condições com sintomas semelhantes, evitando, assim, diagnósticos errôneos e, consequentemente, tratamentos inadequados", afirma Helen. 

Os critérios diagnósticos para o TEA são os mesmos para crianças e adultos, mas as manifestações dos sintomas podem variar ao longo do desenvolvimento. No entanto, em adultos, esses sinais podem não se manifestar plenamente até que as demandas sociais ultrapassem as capacidades do indivíduo. 

“Embora os critérios de diagnóstico sejam os mesmos, as manifestações dos sintomas variam entre crianças e adultos, já que esses sintomas podem mudar ao longo do desenvolvimento. Nos adultos, frequentemente, os sinais são camuflados, e os critérios podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas. Contudo, é necessário que a apresentação atual cause prejuízo significativo ao indivíduo”, pontua a especialista.
 

Critérios de avaliação 

O diagnóstico é realizado por um psiquiatra ou neurologista, mas Helen alerta: “É importante entender que, por se tratar de um diagnóstico clínico fundamentado na observação do comportamento, entrevistas e aplicação de instrumentos padronizados, é fundamental o envolvimento de uma equipe multiprofissional.” 

Existem diversos sinais e comportamentos que podem indicar a presença do TEA em adultos. A manifestação dos sintomas é diversa e individual, embora compartilhe alguns sinais clínicos comuns que indicam um desenvolvimento atípico. 

Segundo a especialista, os principais sinais são: déficits persistentes na comunicação e interação social, manifestando-se em dificuldades para estabelecer conversas e relacionamentos; problemas em interagir com outros indivíduos e disfunção na cognição social, que se traduz na dificuldade em compreender e responder às intenções, ações e emoções alheias; assim como se autorregular diante de situações ou regras sociais. Em adultos com linguagem fluente, há a possibilidade de existir, ainda, uma "linguagem corporal" rígida ou exagerada. 

Adicionalmente, pessoas com TEA podem apresentar estereotipias motoras simples, rigidez nas rotinas, sofrimento diante de pequenas mudanças, padrões rígidos de pensamento e interesses incomuns e repetitivos por aspectos sensoriais, como respostas excessivas a sons e texturas, ou aparente indiferença à dor, calor ou frio. 

Além disso, muitos adultos com TEA apresentam comorbidades psiquiátricas, como ansiedade, depressão e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tais patologias podem influenciar o diagnóstico e o tratamento, tornando o manejo clínico mais complexo.
 

Tratamento e qualidade de vida 

O tratamento do transtorno em adultos visa aprimorar as habilidades sociais, promover a regulação emocional e assegurar a habilitação e a reabilitação, contribuindo para a melhora na qualidade de vida. Nesse contexto, as atuações da fisiatria e da neuropsicologia se mostram essenciais. 

O acompanhamento com psiquiatra e/ou neurologista, é fundamental para desvendar o funcionamento cognitivo e comportamental dos indivíduos com o transtorno. “A avaliação neuropsicológica e multiprofissional não tem a intenção de rotular ou limitar o indivíduo, mas sim de apoiar o diagnóstico médico, identificar as facilidades e dificuldades cognitivas e comportamentais, e direcionar as intervenções necessárias, com o objetivo primordial de melhorar a qualidade de vida", ressalta a neuropsicóloga. 

Através da avaliação, é possível identificar as áreas de força e fraqueza de cada um, planejar o tratamento de forma individualizada e implementar intervenções eficazes para melhorar a atenção, a memória, a linguagem e outras funções cognitivas, além de auxiliar no desenvolvimento de estratégias para lidar com comportamentos desafiadores. 

É nesse cenário que, muitas vezes, torna-se imprescindível a atuação de uma equipe interdisciplinar, liderada por um médico especialista em reabilitação, para a elaboração do diagnóstico e, posteriormente, do projeto terapêutico singular (PTS). "É aqui que surge a figura do médico fisiatra. Trata-se de um médico especialista no processo de reabilitação nas diversas fases da vida e qualificado para coordenação do cuidado interdisciplinar", enfatiza o Dr. Filipe Eustáquio, fisiatra no CER II Girassol. 

“O objetivo do fisiatra é favorecer a restauração da função das pessoas, atuando na prevenção, diagnóstico e tratamento não-cirúrgico de distúrbios associados a doenças e problemas que comprometem o movimento, a força e a funcionalidade do corpo", completa o especialista. 

O trabalho, em conjunto com a equipe interdisciplinar na construção do PTS, visa fornecer suporte emocional, auxiliar no desenvolvimento de aspectos comportamentais e sensoriais, e promover a reabilitação e habitação do paciente.


Linha de Tratamento CER II Girassol

O CER – Centro Especializado em Reabilitação é um serviço de atenção especializada que compõe a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Atuando de maneira articulada aos demais pontos da rede, o CER Girassol, sob gestão do CEJAM, oferece um diferencial crucial no tratamento de pessoas com TEA ao integrar uma equipe multidisciplinar composta por neuropsicólogo, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos neurologistas e fisiatras. 

A equipe trabalha de forma coordenada, proporcionando uma abordagem mais holística e individualizada, permitindo que as diferentes dimensões do TEA sejam tratadas simultaneamente, com estratégias complementares que se ajustam às necessidades específicas do indivíduo. 

"Somos um serviço de referência no cuidado e proteção aos usuários, familiares e acompanhantes que necessitam de reabilitação física e intelectual", completa Erica Lavoura, gerente da unidade. 

Para obter atendimento no CER, o paciente deve ser encaminhado pela Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência, onde será consultada a disponibilidade e, após a liberação da vaga, a UBS entrará em contato com as orientações para a primeira avaliação no local. 

Para a gerente, cada desafio enfrentado contribui para o crescimento e aprimoramento dos serviços, com uma sensação de recompensa ao ver os resultados positivos. "No fim, o sentimento é de compromisso renovado e uma satisfação profunda por fazer parte de um trabalho tão relevante e transformador", finaliza Erica.  



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial


Vacinação infantil contra a gripe: proteção essencial para os pequenos

Especialista destaca importância da imunização anual, que é oferecida gratuitamente pelo SUS para crianças entre 6 meses e 6 anos


 

Com a chegada das estações mais frias, aumenta a necessidade de reforçar a proteção das crianças contra o vírus da gripe (Influenza). A vacinação infantil é considerada essencial por especialistas, pois reduz substancialmente o risco de complicações graves e hospitalizações.


Um estudo recente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) revelou que a imunização pode reduzir em até 39% as internações por gripe em crianças pequenas. Para garantir essa proteção às crianças brasileiras, o Ministério da Saúde promove anualmente a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. Crianças de seis meses a menores de seis anos fazem parte dos grupos prioritários e podem receber a vacina gratuita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em clínicas particulares, outras faixas etárias também têm acesso à imunização.


Segundo a pediatra Mariana Dagostino Bolonhezi d’Ávila, a vacinação anual é necessária devido às constantes mutações do vírus Influenza. "A criança que recebe a vacina pela primeira vez deve receber uma segunda dose de reforço após 30 dias. As que já passaram pela primovacinação precisam apenas da dose anual para garantir uma proteção eficaz", explica a médica.


Ainda conforme a especialista, além da proteção direta contra formas graves da doença, a vacinação infantil colabora na redução da circulação do vírus na comunidade, beneficiando inclusive bebês com menos de seis meses que ainda não podem ser imunizados. "Imunizar as crianças também diminui significativamente os episódios de contágio em ambientes coletivos, como creches e escolas, contribuindo para uma maior proteção coletiva", destaca Dra. Mariana.


Medidas complementares como lavar frequentemente as mãos, realizar limpeza nasal com soro fisiológico e evitar lugares muito aglomerados também são fundamentais para proteger as crianças durante os períodos de maior circulação das doenças respiratórias. "Pequenos hábitos realizados no dia a dia ajudam a reduzir o risco de infecções e fortalecem a proteção infantil contra doenças respiratórias típicas do outono e do inverno", reforça a médica.


"Investir na vacinação é uma escolha segura, eficaz e acessível para garantir tranquilidade e proteção às crianças e suas famílias nessas estações mais frias", conclui a especialista.


Anvisa suspende creme dental e especialista alerta sobre escolha do produto

 Dra. Raquel Vicente, cirurgiã-dentista, destaca dicas que auxiliam na compra da pasta de dente correta  

 

"Na última semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a comercialização do creme dental Colgate Total Clean Mint devido a relatos de efeitos adversos. No entanto, a marca obteve na justiça a autorização para reverter a interdição automática do produto. Apesar disso, o episódio levanta questões importantes sobre a escolha adequada da pasta de dente e os impactos que essa decisão podem ter na nossa saúde bucal. Para cirurgiã-dentista, Dra. Raquel Vicente o ideal seria consultar o dentista para saber qual é o melhor creme dental para o seu caso. “Cada um tem uma necessidade diferente, pode ser que um paciente precise de uma pasta para gengivite, outro para diminuição do índice de cárie, por isso a indicação não deve ser global”. 

Não se engane ao ver uma pasta de dente com dizeres chamativos, cores bem destacadas, design inovador e promessas milagrosas, nem toda pasta de dente é boa e muito menos específica para você. Não basta seguir a recomendação de escovar os dentes corretamente. “O mais importante é que a pasta de dente seja indicada por uma profissional, de acordo com a demanda de cada pessoa”, diz a dentista.
 

Ativos clareadores e fluor 

Os cremes dentais com ativos clareadores são frequentemente procurados por quem deseja dentes mais brancos, mas muitos dentistas alertam para o uso indiscriminado desses produtos. Dra. Raquel ressalta a contraindicação de pastas dentais com ativos clareadores, pois são abrasivos e podem causar microranhuras que aumentam a sensibilidade e aceleram o envelhecimento dentário. Além disso, também podem aumentar a erosão e com isso prejudicar a saúde bucal do usuário.

Dra. Raquel Vicente orienta fazer uso do creme dental com flúor. “O flúor ajuda a fortalecer o esmalte dental e a prevenir a cárie, sendo recomendado por dentistas para pessoas de qualquer faixa etária. Seu uso contínuo e adequado pode ser um dos principais aliados na manutenção da saúde bucal, prevenindo problemas dentários a longo prazo. É comprovado cientificamente que o flúor na pasta de dente protege os dentes porque diminui a incidência de carie. Isso é um fator de prevenção das doenças orais”, pontua. 

A cirurgiã-dentista destaca a importância de analisar a composição do creme dental. Para uma escolha consciente, ela recomenda:

  • Verificar os ingredientes: Certifique-se de que o produto seja seguro para uso.
  • Optar por flúor: Pastas com até 1.250 PPM de flúor são eficazes na prevenção de cáries.
  • Cuidado com cremes dentais veganos: O uso sem orientação profissional pode ser arriscado.
  • Evitar ingredientes prejudiciais: Fique atento a substâncias como Lauril Sulfato de Sódio (SLS), Triclosan, Propilenoglicol, adoçantes artificiais, Dietanolamina (DEA) e parabenos.
  • Creme dental infantil para crianças: O uso de produtos específicos para crianças é essencial.

“Ao dar atenção à composição e às nossas necessidades individuais, podemos assegurar que nossos cuidados diários com a higiene bucal sejam eficazes e benéficos para a saúde dos dentes e gengivas”, finaliza Raquel Vicente. 



Raquel Vicente - cirurgiã dentista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao longo de sua carreira, tem feito vários cursos de especialização, com foco em lentes de contato e atuação em estética natural e regenerativa, priorizando sempre a naturalidade do paciente. Ela é criadora do método Eleve.se e atende celebridades, como Paolla Oliveira e o influencer Theodoro.
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Dicas do Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson

Divulgação ABP

Guia pode ser baixado gratuitamente no site da ABP no mês de abril

 

No Dia mundial da Conscientização da Doença de Parkinson, 11 de abril, a Associação Brasil Parkinson lançará o Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson, um guia essencial para auxiliar pessoas diagnosticadas com a doença a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e adequados às suas necessidades específicas. O material, desenvolvido pelas especialistas em nutrição – Maura Corá, Mariana Burmeister e Maria de Fátima Nunes Marucci - traz orientações detalhadas sobre os melhores alimentos para promover o bem-estar e minimizar os impactos da condição no dia a dia.

O manual, com 97 páginas, aborda desde a importância da hidratação até a escolha de alimentos ricos em nutrientes essenciais, priorizando uma alimentação balanceada e livre de ultraprocessados. Entre as recomendações, destaca-se o consumo de frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras, além da sugestão de preparações mais saudáveis.

            Conheça algumas dicas para os pacientes com Parkinson:


Principais Recomendações Nutricionais:

  • Alimentos essenciais no dia a dia: consumir legumes e verduras variados no almoço e jantar; ingerir 3 porções de frutas por dia; priorizar carnes brancas (peixe e frango) e cereais integrais (pães, arroz, aveia); incluir leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha), batatas, castanhas e azeite de oliva extravirgem; optar por queijos brancos e iogurtes naturais sem açúcar e aditivos químicos.
  • Métodos de preparo saudáveis: preferir preparações assadas, grelhadas ou refogadas.
  • Hidratação: beber água ao longo do dia
  • Evitar alimentos ultraprocessados: excluir doces, açúcares, farinhas refinadas, frituras, fast food, carnes gordurosas e embutidos, refrigerantes e sucos artificiais.


Interação da alimentação com o medicamento levodopa:

  • Distância entre proteína e levodopa: Tomar o medicamento pelo menos 1 hora antes ou depois das refeições, pois proteínas interferem na sua absorção. Em alguns casos, pode ser necessário concentrar o consumo de proteínas no jantar, sempre com orientação de um nutricionista.

Uso de suplementos: apenas com recomendação médica ou nutricional, conforme a necessidade do paciente.

Estilo de vida saudável: praticar exercícios regularmente; ter um descanso adequado e manter o convívio social.

Alimentos benéficos: Temperos e ervas: Canela, cúrcuma, gengibre, alho, ervas frescas ou secas (orégano, alecrim, manjericão, tomilho etc.). Chás: Verde, preto, camomila, hortelã, erva-doce e alecrim (limitar a 3 xícaras ao dia).

Seguir essas orientações pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Parkinson e reduzir a intensidade dos sintomas.

 

ABP - https://www.parkinson.org.br/

Fonte – Dra Érica Tardelli – presidente



5 dicas para evitar a mastigação errada e proteger sua saúd

Colocar porções menores de alimento na boca e mastigar de 15 a 20 vezes o alimento são fundamentais para a digestão


A mastigação é o primeiro passo no processo digestivo e desempenha um papel crucial na saúde geral do indivíduo. Uma mastigação ineficiente, caracterizada pela trituração inadequada dos alimentos devido à falta de dentes ou ao hábito de comer rapidamente, pode acarretar diversos problemas de saúde a longo prazo. 

Um estudo publicado na Ciência & Saúde Coletiva revelou que aproximadamente um terço dos adultos entrevistados relataram dificuldades na mastigação devido a problemas dentários ou com próteses. Essas dificuldades podem levar a restrições alimentares e impactar negativamente a qualidade de vida dos indivíduos. 

Quando os alimentos não são devidamente triturados, o estômago é sobrecarregado, recebendo pedaços maiores que dificultam a digestão e a absorção de nutrientes essenciais. Além disso, a má mastigação pode levar a problemas gástricos e nutricionais, que afetam o bem-estar geral. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019 revelam que 14 milhões de brasileiros acima de 18 anos perderam todos os dentes, enquanto 34 milhões perderam 13 dentes ou mais. 

A perda dentária é uma das principais causas da mastigação inadequada. Cada dente possui uma função específica: os dentes anteriores são responsáveis por cortar os alimentos, enquanto os posteriores têm a função de triturá-los. A ausência de um ou mais dentes compromete essa harmonia funcional, levando os dentes remanescentes a se movimentarem para fechar os espaços vazios, o que pode resultar em uma mordida desequilibrada. Esse desequilíbrio não apenas afeta a eficiência mastigatória, mas também pode causar alterações estéticas, impactando a autoestima e a saúde emocional do indivíduo.

 

A Dra. Adriele Cristina Stein, dentista da Oral Sin, maior rede de clínicas de implante dentário do país, ressalta: "A mastigação é fundamental não apenas para a digestão, mas para a saúde como um todo. Negligenciar a perda de um dente, achando que os demais compensarão, é um equívoco que pode levar a sérias consequências funcionais e estéticas." 

Para melhorar a eficiência da mastigação, a dentista recomenda adotar algumas práticas, como: 

  1. Colocar porções menores de alimento na boca: é uma prática simples, mas essencial para melhorar a eficiência da mastigação, facilita a trituração e traz saciedade; 
  1. Mastigar de forma equilibrada dos dois lados da boca; A mastigação unilateral sobrecarrega os músculos de um único lado do rosto, o que pode causar dores na mandíbula, estalos ao abrir a boca e até mesmo assimetrias faciais. Alternar os lados ajuda a equilibrar a força muscular, previne o desgaste desigual dos dentes e evita dores e tensões na mandíbula; 
  1. Mastigar cada porção entre 15 e 20 vezes, garantindo que o alimento esteja bem triturado e misturado à saliva antes de ser engolido: esse hábito melhora a absorção de nutrientes, ajuda no controle do peso previne problemas bucais e musculares e reduz gases e inchaço abdominal; 
  1. Prefira alimentos de diferentes texturas: comer alimentos mais fibrosos, como frutas e legumes crus, fortalece os músculos da mastigação e estimula a produção de saliva, essencial para a digestão. 
  1. Mantenha a saúde bucal em dia: consultas regulares ao dentista ajudam a corrigir problemas dentários que podem prejudicar a mastigação, como desalinhamento dos dentes, cáries ou próteses mal ajustadas. 

“O dentista é o profissional mais qualificado para diagnosticar e tratar problemas relacionados à mastigação inadequada. Consultas regulares permitem a identificação precoce de possíveis complicações e a adoção de medidas preventivas adequadas”, afirma a Dra. Adriele. Investir na saúde bucal é essencial para garantir uma qualidade de vida elevada, prevenindo problemas digestivos, nutricionais e emocionais decorrentes de uma mastigação ineficiente.

 

Oral Sin


Manobras de desengasgo em crianças são atualizadas. Nova diretriz diferencia casos com leite e alimentos sólidos

Segundo o Ministério da Saúde, o engasgo é a terceira principal causa de morte acidental em crianças de até 1 ano no Brasil. Especialistas explicam o que mudou e orientam como agir diante de uma emergência.


O engasgo é uma das situações de maior risco para bebês e crianças pequenas. Dados do Ministério da Saúde revelam que a aspiração de corpo estranho, como alimentos ou líquidos, é responsável por mais de 700 internações por ano entre crianças de 0 a 4 anos no SUS, e representa a terceira maior causa de morte acidental em menores de 1 ano. Diante desse cenário, a atualização nas diretrizes para manobras de desengasgo tem grande relevância para pais, cuidadores e profissionais da saúde. 

A principal mudança trazida pelas recomendações mais recentes é a separação clara entre o que deve ser feito em casos de engasgo com leite (ou outros líquidos) e com alimentos sólidos. Segundo a Dra. Juliana Alves, pediatra e neonatologista, especializada em Pediatria Integrativa e Funcional, as manobras de compressão torácica — tradicionais em casos de engasgo — não devem mais ser realizadas em episódios com leite. 

“Mais de 90% dos casos de engasgo com leite se resolvem de forma espontânea ou com estímulos simples. Manobras agressivas nesses momentos podem agravar a situação. O ideal é manter o bebê na posição vertical e observar atentamente a respiração”, afirma a especialista. 

A pediatra Dra. Aline Piedade, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça que é essencial reconhecer os sinais de gravidade. 

“Choro sem som, ausência de respiração eficaz e rosto arroxeado são indícios de obstrução total da via aérea. Nessas situações, a manobra de desengasgo deve ser iniciada imediatamente, mas apenas quando há engasgo por sólidos. Engasgos com líquidos têm outra abordagem”, alerta.


Como agir em cada situação:
 

1. Engasgo com leite ou líquidos:

  • Observe se há leite na boca do bebê e retire o excesso com cuidado;
  • Mantenha o bebê ereto e de frente para você;
  • Caso ele não respire, estimule levemente suas costas com toques gentis;
  • Se o bebê não reagir ou perder a consciência, inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar) e acione o serviço de emergência: SAMU (192) ou Corpo de Bombeiros (193).

2. Engasgo com alimentos sólidos (obstrução total):

  • Posicione o bebê com a cabeça mais baixa que o tronco, de bruços sobre o antebraço;
  • Realize cinco compressões firmes nas costas, entre as escápulas;
  • Vire o bebê de barriga para cima e realize cinco compressões torácicas com dois dedos no centro do tórax;
  • Repita o ciclo até o objeto ser expelido ou o bebê perder a consciência — nesse caso, inicie RCP e acione ajuda imediatamente.

Importante: se a criança estiver tossindo, chorando ou emitindo sons, não se deve interferir. A tosse é a forma mais eficaz do corpo eliminar o que está obstruindo a via aérea.


O que não fazer

  • Não sacudir o bebê ou virá-lo de cabeça para baixo;
  • Não tentar retirar o objeto com os dedos;
  • Não oferecer água ou outros líquidos na tentativa de “empurrar” o que está obstruindo;
  • Não aplicar manobras se a criança estiver tossindo ativamente.

Alimentos com maior risco de engasgo

A Sociedade Brasileira de Pediatria destaca alimentos que devem ser evitados, especialmente antes dos 4 anos:

  • Uvas inteiras, ovo de codorna, mirtilos, tomates-cereja;
  • Castanhas, nozes, amendoim, pipoca;
  • Salsicha cortada em rodelas, maçã e cenoura cruas;
  • Pasta de amendoim, marshmallow e alimentos pegajosos;
  • Folhas longas como couve e repolho em tiras, macarrão espaguete.

Durante a introdução alimentar, a criança deve estar sempre sentada em cadeira adequada, com postura ereta e sem distrações. Cortes seguros dos alimentos, mastigação supervisionada e ambiente tranquilo são fundamentais. Na amamentação, recomenda-se manter o bebê com a cabeça mais elevada que o tronco e observar se há engasgos frequentes, o que pode indicar necessidade de avaliação pediátrica e fonoaudiológica.

“É fundamental que pais e cuidadores façam cursos de primeiros socorros com foco em bebês e crianças. Saber agir com calma e segurança pode salvar vidas”, reforça Dra. Juliana Alves.

Além dos treinamentos oferecidos por hospitais, Cruz Vermelha e algumas escolas, o SAMU (192) também oferece capacitações em algumas regiões. Em qualquer situação grave — engasgo, parada cardíaca, afogamento, queimaduras ou traumas — é fundamental acionar o serviço de emergência, que poderá orientar o socorro em tempo real.

 



DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES - Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos; Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP; Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP, Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP, Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein; Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012; Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019

Dra Aline Piedade -NCRM 155605 @dicasdeumamaepediatra - Formada pela Universidade de Taubaté; Residência médica em Pediatria na Santa Casa de São Paulo Especialização em Gastroinfantil também na Santa Casa de São Paulo; Título de Especialista em Pediatria pela SBP ; Pós graduação em Nutrição Pediátrica pela Boston University school of Medicine; Educadora parental em disciplina positiva pela PDA. Proprietária da clínica infantil Bem me Quer , aonde atende os pequenos há 7 anos.

www.bemmequerclinicainfantil.com.br


Terapia ABA: tratamento, oferecido pelo SUS e que deve ter o custo arcado pelo Plano de Saúde, tem transformado a vida de crianças autistas

A terapia ABA tem transformado o tratamento de autistas no Brasil por meio de intervenções personalizadas e baseadas em evidências. A ciência da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ajuda no desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas desde a infância, melhora a autonomia em adolescentes e adultos, e capacita pais e cuidadores para dar continuidade à intervenção em casa, promovendo maior inclusão e qualidade de vida. 

Conduzido por uma equipe interdisciplinar formada por especialistas em Terapia Ocupacional, Psicologia, Fonoaudiologia e outras áreas, o tratamento também inclui a atuação em ambiente natural, como escolas, ambientes de trabalho e espaços sociais, fazendo com que muitas famílias tenham a terapia ABA como uma verdadeira rede de apoio. “O ambiente natural permite que as habilidades desenvolvidas sejam aplicadas no cotidiano, promovendo uma intervenção contínua e colaborativa entre profissionais e familiares, fortalecendo a eficácia do tratamento e a inclusão do autista na sociedade”, explica Renata Michel, CEO do Grupo Conduzir, que é referência em ABA no país. 

Para cada paciente com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é elaborada uma estratégia de trabalho baseada nas necessidades individuais, respeitando limites e estimulando diferentes capacidades. “Por meio de um trabalho executado com responsabilidade e empatia, é possível ver melhoras significativas no comportamento. O ato de escovar os dentes ou experimentar um alimento pode ser visto como algo simples para alguns, porém, para outros pode ser considerado uma grande conquista, por isso buscamos sempre proporcionar o que ajudará efetivamente nos dias de hoje e no futuro de cada um”, comenta Renata. 

De acordo com dados do IBGE, o Brasil pode ter entre 2 a 6 milhões de pessoas autistas. A atenção a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) está prevista na Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência (PNSPD) e a terapia ABA é reconhecida como uma abordagem essencial pelo SUS, que deve oferecê-la quando comprovada sua necessidade. Além disso, os planos de saúde privados são obrigados a cobrir integralmente a terapia ABA, conforme a indicação do médico especialista, independentemente da categoria do plano. Caso as famílias enfrentem negativa indevida por parte da operadora, é fundamental contar com a ajuda de um advogado especializado em direito à saúde para buscar a cobertura judicialmente. 

Izabelle Zarif recebeu a hipótese de TEA do filho Martin quando ele tinha apenas 10 meses e, com a prescrição médica, procurou rapidamente uma intervenção precoce com ABA. No início, optou por começar de forma particular enquanto entrava em contato com o plano de saúde para obter suporte por eles. Como a empresa tentou direcionar a intervenção para outras clínicas, mas nenhuma delas atendia a idade do seu filho, ela solicitou que fosse pago o tratamento que estava sendo realizado, mas recebeu um retorno negativo. Para resolver a questão, Izabelle buscou a justiça, mas o processo está correndo há mais de um ano. Enquanto isso, ela recebe o reembolso de parte do valor que investe no tratamento do filho, com base na tabela usada pelo plano de saúde. 

“Desde que iniciamos o tratamento ABA, o Martin virou outra criança. Hoje em dia, você olha para ele e ele faz todos os gestos que propomos, gosta de brincar junto, de interagir e busca estar perto de outras crianças, além de demonstrar afeto pelas pessoas que convivem com ele. Em pouco tempo de intervenção, ele começou a falar e está conseguindo se desenvolver o mais próximo possível de uma criança atípica”, revela. 

As barreiras de acesso ao tratamento dificultam significativamente a inclusão social de pessoas com TEA. “Sem intervenções terapêuticas adequadas, muitos indivíduos não desenvolvem as habilidades necessárias para sua autonomia, comunicação e interação social. Isso resulta em oportunidades mais limitadas de acesso à educação, emprego e participação plena na comunidade, agravando desigualdades e comprometendo a qualidade de vida dessas pessoas”, adverte a especialista. Nos últimos cinco anos, houve um aumento expressivo na procura por terapia ABA no Grupo Conduzir, principalmente porque as famílias que possuem plano de saúde passaram a compreender que é responsabilidade da operadora arcar com os custos do tratamento.

 

SOBRE O GRUPO CONDUZIR 

Referência em Terapia ABA, abordagem baseada na Análise do Comportamento Aplicada, o Grupo Conduzir se dedica a promover o desenvolvimento e a inclusão de pessoas autistas na sociedade. Com um trabalho focado na transformação de vidas, já impactou mais de mil famílias brasileiras, oferecendo suporte especializado e promovendo mais qualidade de vida e aprendizagem. Suas unidades em Campinas (SP) e Niterói (RJ) recebem diariamente crianças, jovens e adultos para tratamento interdisciplinar. Além disso, a atuação se estende por diversas cidades do país.


Dia do autismo: o que falta para que as crianças com deficiência e suas famílias sejam vistas como cidadãs?

A série polonesa As Mães dos Pinguins, disponível na Netflix, é mais do que um retrato sensível da maternidade: é um convite à reflexão sobre inclusão, preconceitos e os desafios enfrentados por famílias de crianças com deficiência. A produção acompanha quatro mães cujos filhos possuem diferentes condições, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down e doenças raras, revelando não apenas as dificuldades do dia a dia, mas também a luta constante por direitos e por uma sociedade mais acolhedora.

O título já carrega uma metáfora poderosa. Os pinguins, apesar de serem aves, não voam, mas encontraram uma maneira única de sobreviver e se adaptar ao ambiente. Além disso, são conhecidos pelo instinto de proteção e pelo trabalho em grupo para garantir o bem-estar dos mais frágeis. Essa analogia nos leva a um questionamento essencial: será que nossa sociedade tem se comportado como uma colônia de pinguins, protegendo e acolhendo aqueles que mais precisam?

No Brasil, segundo a Pnad Contínua do IBGE (2022), há cerca de 760 mil crianças de dois a nove anos com algum tipo de deficiência. Esse número salta para 1,7 milhão ao considerarmos adolescentes de até 19 anos. Além disso, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estima que 1 em cada 36 crianças seja diagnosticada com TEA, o que representa cerca de 5,6 milhões de brasileiros no espectro.

Como se pode perceber, nossa população de pequenos pinguins tem uma grande representatividade no país quando tratamos de números, mas não como pessoas. O que vemos é um cenário em que a inclusão ainda se restringe ao discurso. Acessibilidade não se resume a rampas e banheiros adaptados; trata-se de criar um ambiente onde todas as pessoas possam conviver sem barreiras físicas ou sociais. Na série, fica evidente que o preconceito é um dos principais obstáculos enfrentados por essas mães. Elas precisam lidar com olhares de reprovação, falta de suporte adequado e políticas públicas ineficazes.

O setor privado ainda enxerga a inclusão como um custo, e não como uma oportunidade de atender a um público consumidor que também precisa de produtos e serviços adaptados. Um simples detalhe, como um ambiente sem luzes fortes ou sons intensos, pode ser a diferença entre uma experiência tranquila ou um episódio de sobrecarga sensorial para uma criança autista.

No sistema educacional, a situação também é preocupante. Muitas escolas aceitam matrículas de alunos com deficiência apenas para cumprir a legislação, mas não oferecem suporte adequado. Em As Mães dos Pinguins, vemos como o despreparo das instituições pode isolar ainda mais essas crianças. Por mais que as escolas tentem parecer inclusivas, faltam profissionais capacitados para lidar com as diferenças e não é incomum que os pequenos fiquem isolados uns dos outros sem participar das tarefas didáticas ou recreativas.

Pior, são tratados de forma diferenciada, são diminuídos e incompreendidos. As famílias que contam com melhores condições financeiras contratam Acompanhantes Terapêuticos (ATs) para ficarem com seus filhos na escola. Mas, até isso é polêmico. Enquanto algumas instituições de ensino exigem o AT, outras não permitem sua presença em sala de aula. Para as famílias de classe mais baixa, não há opção e resta apenas agradecer que a escola aceite a matrícula e não expulse a criança.

As políticas governamentais tampouco são diferentes. Vide a recente mudança no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que demonstrou o retrocesso de uma política pública que já é aplicada de maneira equivocada. O BPC só chegava a alguns poucos grupos, pois a maioria não conseguia cumprir os requisitos. Existem, por exemplo, critérios que são subjetivos, como a questão da moradia. Se a pessoa que necessita do BPC mora em um imóvel emprestado pela família, por exemplo, mas que está localizado em uma região considerada nobre, mesmo morando "de favor" o Estado entende que tem dinheiro e rejeita o benefício.

Tratar o BPC tão friamente como mais uma despesa que aumenta o déficit fiscal é algo estarrecedor. Quantas mulheres não se veem obrigadas a abrir mão de sua vida profissional e até pessoal para se dedicarem completamente ao cuidado de seus filhos? Quantas profissionais fazem jornadas exaustivas para cuidar de seu pinguim ao mesmo tempo que tentam pagar as contas?  São apenas uma fraude do BPC?

Até no quesito profissional. Quantas empresas têm a sensibilidade de incorporar uma jornada adequada a uma mãe de um pinguim que permita a ela trabalhar e cuidar desta pessoa, que muitas vezes já é um adulto?

A série emociona ao mostrar que, para além das estatísticas, estamos falando de seres humanos que merecem respeito e dignidade. Em uma das cenas mais marcantes, o pequeno Michal, que tem atrofia muscular, confessa à mãe: "Eu tinha medo de você não ser mais feliz depois que eu nasci." A frase resume o peso do capacitismo em nossa sociedade.

Sim, tratamos nossos pequenos pinguins como números. Seja por capacitismo ou pela falta de empatia, retiramos deles e de seus pais a possibilidade de conviver em sociedade sem se sentirem diferentes ou indesejados e tornamos tudo mais difícil. Mas, o mundo neurodiverso demonstra como a mente humana é poderosa. Quando olhamos as pessoas TEAs, por exemplo, vemos níveis diferentes de suporte e o mesmo indivíduo pode transitar entre eles. Muitos têm superdotação e hiper focos que os tornam grandes especialistas. Mas simplesmente esquecemos estas características únicas.

Se queremos ser uma sociedade verdadeiramente inclusiva, precisamos mudar essa mentalidade. É urgente que empresas, escolas e políticas públicas deixem de enxergar essas crianças apenas como estatísticas e passem a reconhecê-las como cidadãos plenos, com direitos e necessidades que vão muito além de adaptações básicas. A acessibilidade deve ser pensada de maneira ampla, envolvendo desde infraestrutura até treinamento e acolhimento humano.

Nossos pequenos pinguins não precisam de compaixão, mas sim de respeito, oportunidades e de uma sociedade que os aceite como são. Vou além, eles precisam ser olhados como comuns e capazes, dentro daquilo que são capazes, e acreditem, há tantas capacidades ali recolhidas que apenas quem se permite consegue ter a oportunidade de assistir e aprender. 

Como sociedade, temos a chance de sermos mais como os pinguins: cuidar uns dos outros, garantir que ninguém seja deixado para trás e construir um mundo onde todas as crianças, com ou sem deficiência, possam crescer sabendo que são amadas, aceitas e respeitadas.

Cabe a nós decidir se continuaremos a medir a inclusão em números frios ou se finalmente enxergaremos essas pessoas (sejam crianças ou adultos portadores de deficiência), bem como suas famílias como parte essencial do mundo que queremos construir. Nós existimos, vamos continuar existindo e crescendo dentro de nossos grupos, com sede de mais oportunidades, empatia e compreensão.

Este “mundo de pinguins” traz enormes desafios aos familiares, surpresas rotineiras que não fomos educados a saber como lidar, mas cada um deles nos faz mais fortes, mais completos, mais empáticos e agradecidos por ter a honra de compartilhar esses momentos. Cada um deles é recheado de um amor sem igual que nos ensina o quão inferiores somos quando nos comparamos a eles. Eles que, dentro de seu mundo, conseguem fazer tudo de forma genuína, verdadeira, profunda e sem rodeios e demagogia, que tanto nos acostumamos no dito “mundo dos normais”. 




Valmir de Souza - CEO da Biomob, startup especializada em soluções de acessibilidade e consultoria para projetos sociais



IA aumenta adesão ao tratamento de diabetes no Brasil

Assistente virtual gratuita tira dúvidas sobre diabetes, alimentação saudável e contagem de carboidratos 

 

O tratamento do diabetes no Brasil enfrenta um obstáculo significativo: a baixa adesão dos pacientes às consultas e tratamento. Essa realidade não apenas compromete a saúde dos indivíduos, mas também impacta diretamente os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com hospitalizações e cuidados necessários decorrentes das consequências de diabetes. De acordo com dados do levantamento Vigitel, feito pelo Ministério da Saúde, a frequência do diagnóstico autorreferido de diabetes foi de 10,2% da população. Apesar da alta incidência, a adesão ao tratamento é muito baixa no Brasil.   

O médico Leonardo Scandolara Junior foi diagnosticado com diabetes tipo 1 aos sete anos e conhece bem as dificuldades que os pacientes enfrentam. Ele explica que três fatores dificultam a adesão ao tratamento: a complexidade da doença, a falta de conhecimento e a natureza silenciosa da doença. "O diabetes exige muito tempo e dedicação do paciente. É muita decisão ao longo do dia, e isso cansa. A doença demanda um monitoramento constante, afetando praticamente todas as rotinas diárias do paciente”, explica.  

O nutricionista Felipe Muller corrobora essa visão e acrescenta que a maioria das pessoas não sabe contar carboidrato, nem sabe que o estresse impacta na glicemia. “Como ele começa a envolver um tempo muito grande da rotina, começa a envolver uma série de sentimentos e outros fatores subjetivos que dificultam o cuidado em geral." 

Ambos destacam que o fato de o diabetes frequentemente não apresentar sintomas nos estágios iniciais reduz a adesão ao tratamento. “A pessoa está com a glicemia alta, mas não está sentindo nada. E se ela não está sentindo nada, ela pensa: por que eu vou me esforçar tanto?", pontua Scandolara.

 


 

Por causa desse cenário desafiador, o governo federal criou o programa Previne Brasil, que busca incentivar as prefeituras a melhorarem seus índices de atendimento em sete indicadores. O atendimento a pacientes diabéticos é um deles. A baixa adesão, no entanto, tem resultado em perda de verbas para a saúde em muitos municípios.

 

Desafio

Para reverter essa situação, especialistas apontam a necessidade de tornar o tratamento mais acessível e prático. "Quanto mais fácil for contar carboidrato, calcular a dose de insulina e buscar orientação sobre como se cuidar, mais pessoas conseguirão aderir ao tratamento", afirma o médico.

 

Nesse contexto, surge uma inovação promissora: a Tia Bete, uma assistente virtual baseada em inteligência artificial, desenvolvida por uma equipe multidisciplinar liderada por Scandolara e Muller. Acessível gratuitamente via WhatsApp, a Tia Bete oferece suporte personalizado, auxiliando na contagem de carboidratos, cálculo de doses de insulina e fornecendo informações educativas sobre o diabetes. "A Tia Bete nasceu com a missão de transformar a gestão diária do diabetes em uma experiência simples e prática", explica Felipe Muller. 

 

A ferramenta já conquistou reconhecimento pelo Prêmio Walter Minicucci de Inovação em Diabetes e está incubada pelo InovaHC da USP. Além disso, a Tia Bete está sendo implementada em um projeto piloto na cidade de Bofete, São Paulo, demonstrando seu potencial de integração com o sistema público de saúde. "Estamos extremamente comprometidos com essa missão, com uma equipe dedicada que compartilha o sonho de tornar essa visão uma realidade", declara Muller. 

Tia Bete ensina a contar carboidrato e otimiza a rotina de pacientes
Freepik

Visão humanizada 

A Inteligência Artificial que faz a Tia Bete auxiliar mais de 35 mil pessoas é toda desenvolvida por humanos altamente qualificados. A ferramenta foi criada por médico e nutricionista e é alimentada a partir das diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. “A pessoa pode conversar com a Tia Bete por meio do WhatsApp, mandando áudios com as suas dúvidas. As orientações são repassadas em uma linguagem acessível e carinhosa. É como se uma tia experiente estivesse tirando as dúvidas das pessoas. E é muito mais fácil aprender em um ambiente que acolhe”, comenta o nutricionista.   

A iniciativa representa um passo importante na democratização do acesso à informação e suporte para pacientes diabéticos. “A educação pode alertar sobre os riscos da doença e sobre os cuidados que devem ser tomados. Só assim o paciente pode enxergar a necessidade de se cuidar”, comenta o médico.  

Ao simplificar o manejo diário da doença, a Tia Bete pode contribuir significativamente para aumentar a adesão ao tratamento, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e, potencialmente, reduzindo os custos para o sistema de saúde. “Ferramentas que possam encurtar o tempo gasto para fazer esse autocuidado e que possam auxiliar o paciente na tomada de decisão farão com que ele aumente a adesão ao tratamento. É isso o que a gente se propõe a fazer com a Tia Bete”, completa Muller.

 

Sobre a Tia Bete

A Tia Bete é uma assistente de IA projetada por um corpo clínico formado por médicos e nutricionistas e treinada a partir das diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Nasceu com a missão de transformar a gestão diária do diabetes em uma experiência simples, prática e inclusiva. Tia Bete oferece suporte personalizado e funcionalidades como contagem de carboidratos, cálculos de insulina e dicas sobre estilo de vida saudável, tudo com o tom leve e acolhedor. Reconhecida pelo Prêmio Walter Minicucci de Inovação em Diabetes, a Tia Bete está incubada no InovaHC e vem sendo usada no SUS em um projeto piloto na cidade de Bofete, em São Paulo. Gratuita, a ferramenta é acessada pelo WhatsApp adicionando o número (+55 11 98050-9019) na agenda e iniciando a conversa com um simples "Olá!".


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