Sociedade Brasileira de
Reumatologia chama atenção para o Lúpus, uma doença que pode afetar mulheres
jovens
A Sociedade Brasileira de
Reumatologia (SBR) estima que o Lúpus afeta entre 150 mil a 300 mil pessoas no
Brasil, principalmente mulheres jovens. É também uma das principais causas de
internação hospitalar entre as doenças reumáticas, ainda que não exista nenhum
mapeamento oficial nacional que revele os números da doença no país.
Lúpus
Eritematoso Sistêmico (LES) ou simplesmente Lúpus é uma doença inflamatória,
autoimune e crônica, cuja principal característica é a ampla variedade de suas
manifestações clínicas. Frequentemente, se manifesta em mulheres jovens, com
idade entre 20 e 45 anos, podendo comprometer também adolescentes. Embora a
maioria das pessoas apresentem manifestações cutâneas e articulares, os
sintomas podem surgir em diversos outros órgãos, de forma lenta e progressiva
(meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de
remissão.
Por
ser uma doença complexa e por vezes de difícil diagnóstico, a Sociedade
Brasileira de Reumatologia (SBR) alerta, nesta Semana Mundial de
Conscientização e Combate ao Lúpus, que o controle e o
tratamento começam pela conscientização do paciente sobre a doença e seus
sintomas.
“A
precocidade do diagnóstico é extremamente importante para um tratamento
adequado, e pode determinar uma melhor resposta clínica”, afirma o
reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade
Brasileira de Reumatologia (SBR). No Brasil, não há números exatos da
prevalência da doença. A SBR estima que o Lúpus já afeta entre 150 mil e 300
mil pessoas no país.
São
reconhecidos dois tipos principais de Lúpus: um exclusivo de pele ou Lúpus
cutâneo, que tem como sintomas manchas na pele (geralmente avermelhadas ou
eritematosas), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto,
orelhas, colo e braços) e o outro Lúpus sistêmico, no qual múltiplos órgãos
podem ser acometidos, além de quadros cutâneos e articulares. Alguns sintomas
gerais do Lúpus são febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e
desânimo. Outros, são específicos de cada órgão acometido, como dor nas juntas,
manchas na pele, inflamação na pleura, hipertensão e/ou problemas nos rins.
O
tratamento do Lúpus depende muito do tipo de manifestação apresentada pela
doença e deve ser individualizado, esclarece Rocha Loures. “A pessoa com Lúpus
tem, habitualmente, fases em que apresenta mais sintomas, chamados de `períodos
de atividade´ da inflamação e, outros momentos, nos quais a pessoa fica sem
nenhum tipo de manifestação da doença, chamado de `período de remissão´,
ressalta o especialista.
Sintomas do
LES
O
Lúpus pode apresentar sintomas em vários órgãos, sendo esses decorrentes de uma
inflamação, ocasionada por um desequilíbrio no sistema imunológico da paciente,
fazendo com que ela produza uma quantidade aumentada de anticorpos. O
aparecimento da doença depende de uma herança genética, isto é, existe uma
predisposição genética, mas que pode ser desencadeada por fatores ambientais
como a irradiação ultravioleta, dentre outros.
O
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), desencadeia sintomas, que podem surgir em
diversos órgãos de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em
semanas). Nas fases iniciais do LES, os sintomas que mais incomodam são
desânimo, cansaço e perda de apetite. A maioria das pessoas com LES na sua fase
inicial apresentam dor nas juntas, às vezes, também com inchaço. Além disso,
podem também apresentar quadros cutâneos da doença, principalmente no rosto e
em áreas expostas ao sol, que agravam sobremaneira as lesões. Na pele do rosto,
a pessoa pode ficar com marcas e por isso, estigmatizada, o que determina
diminuição da autoestima, principalmente para as mulheres.
O
reumatologista chama atenção que qualquer outro órgão ou tecido pode ser
envolvido pela inflamação que ocorre no Lúpus, mas alguns são particularmente
preocupantes. Um grande problema da doença, que afeta aproximadamente 50% dos
pacientes, é a inflamação nos rins, que não determina dor, mas leva a uma perda
da sua função, com perda de proteínas na urina, inchaço nas pernas e no rosto,
hipertensão arterial e, nos casos mais graves levar a insuficiência renal com
necessidade de hemodiálise.
Diagnóstico
e Tratamento
O
diagnóstico do LES é feito pelo reconhecimento dos sintomas e sinais da doença
pelo médico, em associação com alguns exames laboratoriais. É importante a
avaliação de alguns exames gerais como hemograma e os que medem a função renal
além de alguns exames mais específicos que confirmam a possibilidade de lúpus
como a identificação dos distúrbios imunológicos próprios da doença, como a
presença de autoanticorpos no sangue. Neste sentido, é extremamente importante
a avaliação do reumatologista para ajudar e confirmar a possibilidade da
doença.
O
tratamento medicamentoso do Lúpus depende do tipo de manifestação apresentada e
deve ser individualizado. O objetivo, de acordo com o especialista, é
reequilibrar o sistema imunológico, além de controlar dor e inflamação. E o
tratamento começa pela conscientização da doença pelo paciente e manter a
aderência aos medicamentos prescritos – “etapas fundamentais” para o sucesso na
avaliação do especialista.
São
fundamentais para o reequilíbrio imunológico da pessoa com Lúpus medidas de
proteção da irradiação solar (com o uso de fotoprotetores) ou calor, suspensão
do tabagismo quando presente, afastamento de condições de estresse, alimentação
balanceada, repouso adequado e atividade física regular.
Na
atualidade, ainda não é possível falar em cura do Lúpus, mas em controle da
doença. A maioria dos portadores irá precisar de um acompanhamento regular, a
cada três ou seis meses com um reumatologista, pois, em caso de uma reativação
dos sintomas da doença, esses devem ser controlados logo no início, permitindo
que a pessoa rapidamente reequilibre o seu sistema imunológico e recupere sua
saúde. “Hoje, já podemos afirmar que a maioria das pessoas com Lúpus pode levar
uma vida relativamente normal”, desde que tenha um acompanhamento adequado por
um especialista, destaca o reumatologista Marco Antônio Rocha Loures.
É
consenso entre os especialistas da SBR que quanto mais se conhece sobre os
mecanismos envolvidos no desenvolvimento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES),
maior a chance de controle da doença e maior a chance de se ter medicamentos
com maior eficácia e menos efeitos adversos.
A
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza gratuitamente uma
cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Lúpus
Eritematoso Sistêmico (LES), com linguagem simples e informativa para leigos. O
material para download está disponível no site: www.reumatologia.org.br
Cenário da
doença:
• Estima-se que
entre 150 mil a 300 mil pessoas no Brasil têm Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES).
• A prevalência da
doença é mais alta em mulheres, principalmente, na faixa etária entre 20 e 45
anos. Porém pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e raça.
•
São reconhecidos dois tipos principais de Lúpus: exclusivo de pele ou Lúpus
cutâneo, que tem como sintomas o de manchas na pele (geralmente avermelhadas ou
eritematosas) e Lúpus sistêmico, no qual múltiplos órgãos podem ser acometidos.
• O diagnóstico do
LES é feito pelo médico reumatologista, que reconhece os sintomas
característicos da doença, com associação a exames específicos, principalmente
os distúrbios imunológicos próprios da doença.
• O melhor
controle da doença depende da conscientização do paciente e sua aderência ao
tratamento proposto.
• O Lúpus
Eritematoso Sistêmico (LES) não é contagioso.
Sociedade Brasileira de Reumatologia - SBR
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