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sexta-feira, 8 de março de 2024

Estudo mapeia os principais genes envolvidos na resposta imune contra o vírus da dengu

 

Estudo identificou semelhanças entre a resposta imune provocada
pela infecção natural e a induzida pelas vacinas Q-Denga e Dengvaxia
 (foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Pesquisadores compararam dados relativos à resposta imunológica induzida por infecção natural e por vacinas e identificaram quais fatores são chave para o desenvolvimento de uma imunidade duradoura. Resultados podem orientar a busca por novas vacinas e terapias antivirais 

 

Ao comparar dados relativos à resposta imune resultante de uma infecção natural por dengue com os da ativação imunológica decorrente de vacinas contra a doença, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram marcadores moleculares que podem servir, no futuro, para o desenvolvimento de novas vacinas e terapias contra esse vírus. O trabalho também reiterou a eficácia da resposta imune induzida por dois imunizantes já disponíveis no mercado: o Q-Denga, desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma e atualmente distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi- Pasteur. Ambos utilizam a tecnologia de vírus atenuado.

“Realizamos uma abordagem sistêmica e identificamos várias semelhanças entre a resposta induzida pela vacina e a de uma infecção natural pelo vírus. Claro que, no caso dos imunizantes, eles promoveram a resposta imune sem causar o dano da dengue. No estudo, também conseguimos caracterizar algumas vias [de sinalização entre células de defesa]. E a via do interferon [mediada por essa proteína antiviral produzida pelos leucócitos e por fibroblastos] se mostrou central, com vários genes importantes que surgem como novos biomarcadores da doença”, conta à Agência FAPESP Otávio Cabral-Marques, professor da Faculdade de Medicina (FM-USP) e coordenador da investigação.

Apoiado pela FAPESP por meio de dois projetos (18/18886-9 e 20/01688-0) e divulgado na revista Frontiers in Immunology, o estudo é o primeiro a identificar assinaturas imunológicas da dengue por meio de uma abordagem chamada vacinologia sistêmica, campo de pesquisa que busca decifrar um quadro global das respostas imunológicas à vacinação.

No trabalho, os pesquisadores analisaram 955 amostras de transcriptoma (conjunto completo de moléculas de RNA expressas) de pacientes infectados pelo mosquito da dengue e de participantes de ensaios clínicos de imunizantes contra a doença. Os dados foram obtidos de bancos públicos. Desse modo, foram identificados 237 genes diferencialmente expressos tanto nos casos de infecção natural, quanto de resposta às vacinas.

“Com base em 20 desses genes em comum, conseguimos criar um painel para distinguir a gravidade da doença, particularmente na fase aguda tardia. Por meio de técnicas de aprendizado de máquina, também foi possível classificar dez preditores [assinaturas imunológicas] de gravidade da doença nos casos de infecção natural e que são cruciais para a resposta imune antiviral”, explica Desirée Rodrigues Plaça, primeira autora do estudo e bolsista de doutorado da FAPESP.

Além de ser causada por quatro sorotipos virais (DENV1, 2, 3 e 4), a dengue é marcada por diferentes fases clínicas. Quando não é assintomática, a doença apresenta a fase aguda inicial, aguda tardia e convalescente.


De ponta a ponta

“Existe muita diferença, mas também conseguimos identificar muitas semelhanças entre a resposta imune induzida pelas vacinas e a provocada pela infecção natural. Afunilando o conjunto de dados, identificamos 20 genes comuns nesses dois processos, que são expressos de forma semelhante. São eles os responsáveis por enriquecer a via protetora do sistema imune, sobretudo, a via imunológica do interferon do tipo 1 e 2”, diz Plaça.

O interferon é uma citocina cujo papel principal é inibir a replicação viral. Como ele provoca uma reação em cadeia que afeta várias moléculas, o estudo mostrou que, embora as vias antivirais do interferon sejam responsáveis por uma defesa precoce (atuam na linha de frente), por meio de suas complexas funções biológicas a proteína prepara o terreno para o desenvolvimento de uma imunidade adaptativa robusta e duradoura.

“A via do interferon é muito importante na ativação da resposta adaptativa. Formada pelas células T e B [dois tipos de linfócitos], a resposta adaptativa causa a proteção permanente [o objetivo da vacina]. Portanto, é de extrema importância entender quais genes associados a essa via seriam determinantes para produzir uma resposta adaptativa mais protetora”, explica Plaça.


O cenário completo

Com as informações obtidas no estudo, os pesquisadores conseguiram identificar estratégias terapêuticas que podem bloquear, ativar ou induzir genes envolvidos no processo da resposta imune, o que abre a possibilidade de investigar novos alvos terapêuticos para a doença.

No trabalho, os pesquisadores identificaram os principais genes (OAS2ISG15AIM2OAS1SIGLEC1IFI6IFI44LIFIH1 e IFI44) envolvidos na orquestração de aspectos importantes da resposta imune adaptativa. Dessa forma, enquanto alguns genes (OAS2 e OAS) apresentam funções antivirais, outros (como o ISG15) restringem a replicação do vírus.

Os pesquisadores descobriram ainda que, nesse processo, existe um gene (AIM2) responsável por ativar o inflamassoma – um complexo proteico presente no interior das células de defesa que, quando ativado, produz moléculas que avisam o sistema imune sobre a necessidade de enviar reforços ao local da infecção –, iniciando respostas pró-inflamatórias cruciais para uma defesa antiviral eficaz. Cabe ao gene SIGLEC1 participar de interações de células imunes, facilitando a apresentação de antígenos e o reconhecimento imunológico adaptativo.

Induzidos pelo interferon, três genes específicos (IFI6IFI44L e IFI44) estão associados à modulação da apoptose (morte celular programada) e à defesa antiviral. Já o gene IFIH1 atua como um sensor importante, que modula a resposta adaptativa aos vírus de RNA, como é o caso do DENV. Outros genes (IFIT5 e HERC5) apresentam papel importante na inibição da replicação viral mediada pelo interferon.

“O conjunto de genes relevantes em todo esse processo ressalta quão intrincada é a ligação entre as vias antivirais iniciais e os processos imunes adaptativos subsequentes. É como se as duas pontas de uma história se unissem”, comenta Cabral-Marques.

O artigo Immunological signatures unveiled by integrative systems vaccinology characterization of dengue vaccination trials and natural infection pode ser lido em: www.frontiersin.org/journals/immunology/articles/10.3389/fimmu.2024.1282754/full.

 

Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/estudo-mapeia-os-principais-genes-envolvidos-na-resposta-imune-contra-o-virus-da-dengue/51027


Endometriose: a longa e dolorosa jornada da doença benigna que afeta 7 milhões de brasileiras

“Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra” cantava Rita Lee na música “Cor de Rosa-choque” composta na década de 80. Licenças poéticas a parte, a rainha do rock tinha certa razão, pois embora a menstruação seja evento fisiológico universal no sexo feminino, ainda hoje permanece cercada de mitos e associada ao sofrimento.

Para cerca de 7 milhões de brasileiras afetadas pela endometriose, menstruar é sinônimo de dores intensas, compromissos cancelados e uma vida familiar e social profundamente impactada. A endometriose é uma condição benigna caracterizada pela presença do tecido que reveste o útero (endométrio) fora da cavidade do mesmo e que se manifesta principalmente por dor pélvica e infertilidade.

 As causas são muitas e envolvem desde alterações hormonais, inflamatórias, imunológicas, genéticas e ambientais. Não há maneiras eficazes de evitar o seu desenvolvimento.

Outra particularidade da enfermidade é que há três tipos de endometriose: a superficial que se localiza na membrana que reveste internamente a pelve e o abdome, o peritônio; a ovariana que é caracterizada pela presença de cistos de conteúdo espesso e achocolatado, e, por fim, a profunda na qual as lesões de endometriose se fixam mais profundamente no peritônio (mais que 5mm por definição). Os três tipos podem estar presentes em uma mesma mulher que pode apresentar sintomas variados.

Em geral, são sintomas comuns: cólicas menstruais, dor durante as relações sexuais, dor ao urinar ou defecar relacionada ao ciclo menstrual, cansaço, inchaço abdominal, alterações intestinais durante o período menstrual, sangramento menstrual aumentado ou irregular. A dor em cólica durante o período menstrual atinge 15 a 50% das mulheres jovens, e pode ocorrer em associação com outros sintomas como náuseas, vômitos, alterações do hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), cansaço, tontura, sensação de peso nas pernas, dor de cabeça entre outros. Outras causas de dor pélvica crônica tais como alterações intestinais e musculares também devem ser investigadas nessas mulheres.

A infertilidade é a outra face da endometriose que também é silenciosamente dolorosa e, embora não afete todas as mulheres com endometriose, a doença pode estar presente em até 50% dos casos de infertilidade feminina. A endometriose pode afetar a capacidade reprodutiva de várias maneiras. O processo inflamatório pélvico pode resultar em obstrução tubárea, interferir na ovulação e transporte dos gametas e até na implantação embrionária. 

Infelizmente as mulheres com endometriose percorrem um longo caminho desde o início dos sintomas até o diagnóstico definitivo, o que geralmente leva entre 5 e 12 anos. Tal demora se explica pelos sintomas inespecíficos, a necessidade de exames diagnósticos realizados por médicos especializados e um fenômeno denominado “normalização da dor”.

Essa realidade preocupante não é exclusiva do Brasil, como comprovam estudos que revelam que cerca de 61% das mulheres com endometriose ouviram de um médico, inclusive de seus ginecologistas, que não havia nada de errado e que a dor era considerada "normal". Além disso, muitas delas (47%) consultam cinco ou mais médicos antes de receberem o diagnóstico e/ou tratamento adequados.

O tratamento hormonal está indicado nas mulheres que não desejam engravidar e não apresentam risco de obstrução intestinal ou urinária.  Apesar de seguro, não funciona adequadamente ou não é tolerado por até 30% das mulheres. A decisão sobre a realização de tratamento clínico (medicamentoso) ou cirúrgico depende dos sintomas apresentados, assim como do desejo reprodutivo, da idade da paciente e das características das lesões (localização e gravidade da doença).

Para a infertilidade associada à endometriose, há várias opções disponíveis como a fertilização in vitro. A abordagem deve ser individualizada levando-se em conta a idade da mulher e o tempo de infertilidade, além da existência de outros cofatores (infertilidade masculina ou tratamentos anteriores). O tratamento medicamentoso não é indicado nestes casos, pois resulta em suspensão da menstruação e, consequentemente, impossibilita a ocorrência de gravidez. 

A endometriose é um problema de saúde pública e as diretrizes atuais recomendam que mulheres com endometriose sejam tratadas por equipes multidisciplinares, que infelizmente não estão disponíveis em todos os lugares.

A jornada de uma mulher com endometriose envolve a peregrinação por consultórios e realização de inúmeros tratamentos, inclusive cirurgias, sem conseguir o alívio da dor ou a tão sonhada gravidez. Infelizmente, para a maioria das mulheres a dor e o sofrimento são inevitáveis. Os tratamentos disponíveis até o momento são paliativos e aliviam os sintomas, mas não curam a doença.

O cerne do tratamento é a individualização e a melhora da qualidade de vida. Assim, acreditar que a dor é real é o primeiro passo. Fornecer cuidados adequados com foco em qualquer aspecto da doença que mais preocupe mulher, abrindo espaço para discussão de dúvidas e medos, já que a doença afeta de maneira única cada mulher são pontos fundamentais na abordagem da doença.

O março amarelo é o mês dedicado à conscientização sobre a endometriose. Educar e falar sobre a doença é vital em vista do enorme potencial da endometriose para impactar o curso de vida das mulheres, visto que o início dos sintomas geralmente ocorre em um período da vida quando várias decisões cruciais precisam ser tomadas. O acesso ao tratamento precoce com que leve em consideração características individuais e objetivos de vida de cada mulher pode aliviar os efeitos negativos da endometriose e permitir a estas mulheres uma vida plena e digna.

 

Dra. Márcia Mendonça Carneiro - Professora titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia-Faculdade de Medicina – UFMG. Diretora Científica – Clinica ORIGEN


Ações em SP reforçam comprometimento com a saúde das mulheres

 Programa CEJAM Mulher proporciona a pacientes acesso a consultas e inserção de métodos anticoncepcionais de forma gratuita


No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, o Instituto CEJAM, responsável pelas ações socioambientais do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim", reforça sua dedicação em promover a saúde e o bem-estar femininos por meio do CEJAM Mulher, uma iniciativa focada na saúde sexual e reprodutiva.

O programa integra a área de responsabilidade social e surgiu em 2011 em resposta à necessidade de oferecer atendimento especializado e acessível para as mulheres, reconhecendo os desafios que elas enfrentam em relação à sua saúde e prevenção da gravidez não planejada.

Em 2021, por exemplo, duas em cada três mulheres gestantes não haviam planejado sua gravidez, de acordo com a Pesquisa Nacional de Aborto. Neste início de 2024, essa estatística continua evidenciando a importância do acesso à contracepção e à informação entre as brasileiras.

"Aqui, nós oferecemos atendimentos altamente qualificados, com consultas médicas e de enfermagem, inserção e retirada de LARCs, que são os contraceptivos de longa duração, além de exames ginecológicos e biópsias, realizados em ambulatórios próprios”, afirma Marceli Fradeschi, gerente de Responsabilidade Socioambiental do Instituto CEJAM.

Dentre os contraceptivos, são oferecidas diferentes opções para as pacientes, todos com o objetivo de contribuir com seu protagonismo, planejamento e autonomia. Um deles é o DIU de cobre, um método reversível que permite à mulher manter o controle sobre sua fertilidade sem interferir nos hormônios naturais do corpo.

Para essa modalidade, o Ambulatório Saúde da Mulher é responsável pelo treinamento de todos os profissionais médicos da Atenção Primária de São Paulo quanto à sua inserção, sendo um importante parceiro na ampliação do acesso aos LARCs pelas paulistas.

“O DIU de cobre é um pequeno dispositivo em forma de T, revestido de cobre. O dispositivo atua provocando mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, causando uma reação inflamatória. Também provoca alterações no muco cervical, tornando-o mais espesso e, dessa forma, interferindo na mobilidade e qualidade dos espermatozoides, o que dificulta ou impede sua movimentação até as tubas uterinas”, explica Ligiane Dos Santos, enfermeira e supervisora do programa.

Além dele, o CEJAM Mulher também oferece outras duas opções de contraceptivos de longa duração: o Implanon e o DIU Mirena. O primeiro é um implante colocado no braço da mulher, que libera hormônios que inibem a ovulação. Já o Mirena, diferentemente do de cobre, conta com a liberação de hormônio no organismo.

"Para complementar esse serviço, também oferecemos ações de educação em saúde, oficinas e palestras para promover a saúde sexual. Todas são entregues com muito carinho, respeito e acolhimento. Em 2023, realizamos mais de 340 atividades com o CEJAM Mulher, impactando mais de 4.800 mulheres", enfatiza Marceli.


Como e onde conseguir auxílio?

Atualmente, esses atendimentos são realizados no ambulatório do CEJAM, situado em São Paulo, na rua Doutor Lund, 41, no bairro da Liberdade. O mesmo serviço é disponibilizado para a população de São Roque, na Ladeira Alfredo Salveti, 129, no Centro.

As consultas e a implementação dos métodos anticoncepcionais são totalmente gratuitas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em São Paulo, as mulheres podem agendar a inserção do DIU de cobre por meio do aplicativo E-Saúde. Quanto à inserção do Implanon e Mirena, o agendamento é realizado via WhatsApp, por meio do número (11) 98454-0061.

Já em São Roque, o atendimento é exclusivo para as mulheres residentes no município, e o agendamento também é possível via WhatsApp, pelo número (11) 95875-0740.

Contudo, é crucial ressaltar que existem critérios específicos estabelecidos pela Secretaria Municipal de São Paulo, os quais são informados pela equipe previamente, para que o agendamento seja efetivado.


Protagonismo feminino

O Instituto CEJAM não se limita apenas à implementação de métodos contraceptivos, ele também promove diversas outras iniciativas que visam ao empoderamento das mulheres na sociedade.

Nesse sentido, são oferecidos cursos de capacitação profissional por meio do programa CEJAM Conecta, que abrange áreas como Design de Cílios e Sobrancelhas, Cuidador de Idosos, Marketing Digital, entre outros. Além disso, o programa CEJAM Vitalidade promove oficinas de qualidade de vida, arte e cultura, proporcionando oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para elas.

Destaca-se ainda o programa de Voluntariado CEJAM, que desempenha um papel fundamental de humanização nos serviços de saúde, além das ações voluntárias desenvolvidas especialmente para a comunidade. Nessa iniciativa, as mulheres constituem 81% da base de voluntários da organização. 



Sobre o Instituto CEJAM

O Instituto CEJAM, idealizado pelo Dr. Fernando Proença de Gouvêa (in memoriam) em fevereiro de 2010, é responsável por desenvolver, coordenar e orientar ações, projetos e campanhas socioambientais e de promoção à saúde nas unidades de saúde gerenciadas pelo CEJAM e nas comunidades em torno dos serviços.

Alinhadas aos ODS da ONU, as ações do Instituto fortalecem a visão, missão e valores do CEJAM.




CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Cejamoficial
site da instituição



Março Amarelo: mês de conscientização da endometriose

 

Doença atinge 7 milhões de mulheres no Brasil

 

A endometriose afeta cerca de 190 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo mais de 7 milhões somente no Brasil, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Trata-se de uma doença ginecológica em que o tecido que reveste o útero cresce fora do órgão e pode se espalhar pelos ovários, trompas, intestino, bexiga e outras partes do corpo, causando dor crônica, cólicas menstruais intensas, dor durante as relações sexuais e infertilidade. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, acomete entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva, sendo que 30% delas têm chances de ficarem estéreis. A endometriose requer diagnóstico precoce para garantir que o tratamento ocorra nas fases iniciais, possibilitando o melhor desfecho às pacientes. O Março Amarelo tem como objetivo informar a população sobre os sintomas da doença, os impactos na qualidade de vida das pacientes e formas de prevenção e tratamento. Muitas vezes, o diagnóstico conclusivo da endometriose leva anos para ser definido, já que os seus sintomas podem ser confundidos com outras condições. 

De acordo com o ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Rogério Tadeu Felizi, entre as formas de prevenção e tratamento da endometriose estão a prática regular de exercícios físicos, a alimentação saudável, o controle do estresse e a realização de exames ginecológicos de rotina. Além disso, é importante que as mulheres conheçam o seu próprio corpo e estejam atentas a qualquer alteração em seu ciclo menstrual. “Os principais sintomas clínicos da doença são dor pélvica crônica, alterações intestinais (dor à evacuação, sangramento nas fezes, aumento do trânsito intestinal durante o período menstrual), alterações urinárias e infertilidade. Embora estas manifestações sejam muito sugestivas de endometriose, não são exclusivas desta doença, por isso requer um diagnóstico diferenciado.”, explica Dr. Felizi.

 

Diagnóstico e tratamento da endometriose: o diagnóstico da endometriose é realizado por meio de dados clínicos e de imagens. O exame clínico apresenta limitações para esclarecer a extensão e profundidade das lesões, tornando necessária a utilização de outros métodos para auxiliar no diagnóstico. “Embora o diagnóstico da endometriose seja por meio de videolaparoscopia com biópsia, outros métodos não invasivos (clínico e imagem) são importantes para a decisão de como e quando realizar o procedimento cirúrgico. Atualmente o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética de pelve são os exames utilizados na detecção da doença. Nos casos de endometriose profunda com comprometimento intestinal e urinário podem ser necessários também exames como colonoscopia e a urografia”, afirma Dr. Felizi. 

O especialista também ressalta que a ultrassonografia com preparo intestinal vem sendo utilizada no diagnóstico da forma profunda, principalmente para comprometimento intestinal. O diagnóstico clínico e por imagem muitas vezes é suficiente para o início do tratamento, sendo a cirurgia indicada para os casos mais graves (infertilidade, comprometimento do sistema intestinal e urinário) ou nas pacientes sem resposta adequada ao tratamento clínico medicamentoso. 

“Desde o ano de 2008, a endometriose passou a ser vista como uma doença crônica, que exige conduta terapêutica a longo prazo. O tratamento leve é realizado com contraceptivos hormonais e tem apresentado resultados muito satisfatórios principalmente no controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida. Na endometriose profunda, o tratamento medicamentoso pode levar a melhora dos sintomas e diminuição das lesões, porém em situações em que a doença causa comprometimento anatômico e funcional, a cirurgia é a melhor indicação para remover os focos da doença, diminuindo a dor, proporcionando melhora na qualidade de vida e nos índices de fertilidade”, explica o ginecologista. 

Atualmente, os procedimentos robóticos são a melhor opção para o tratamento cirúrgico da endometriose, pois permitem a remoção do tecido excedente, e possibilitam ao cirurgião acesso a estruturas do organismo que não eram possíveis nos procedimentos laparoscópicos. As cirurgias se tornam mais precisas, rápidas e menos invasivas, facilitando a recuperação das pacientes. Com a tecnologia da robótica o médico tem uma visão 3D ampliada em 10 vezes da área afetada e traz menos morbidade para as pacientes que, em geral, recebem alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento. Além de menos riscos de complicações, a cirurgia robótica tem menos sangramento e dor no pós-operatório e pela recuperação mais rápida. 

 (ESRE) do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.

 

Hospital Alemão Oswaldo Cruz – Link


DICAS ÚTEIS PARA QUEM PRECISA - OU QUER - USAR SALTO ALTO NO TRABALHO

Chega o Dia Internacional da Mulher e o assunto volta: as empresas podem exigir o uso de salto alto no ambiente de trabalho? 

De fato, ainda não existe uma lei que impeça as empresas de determinar o uso do salto. Por isso, a despeito de causar desconforto e até prejudicar a saúde, o salto alto ainda é uma exigência – explícita ou velada – em muitas situações. E há também aquelas mulheres que optam pelo uso do salto por vontade própria, por acharem mais elegante e por se sentirem mais “seguras” do ponto de vista da autoestima.  

Conforme pesquisa “O Salto Alto e a Mulher Brasileira”, realizada pela Pés Sem Dor com a participação de 1.835 mulheres, 53% das brasileiras usam sapatos de salto alto menos tempo do que gostariam. 80,1% indicaram que a dor é o principal motivo para não usar sapatos de salto alto por mais tempo.

Seja qual for o caso, observando as dicas abaixo é possível contornar – ao menos em parte – os problemas do uso – obrigatório, sugerido ou desejado - do salto alto durante a “jornada” de trabalho.

 

1.   Entenda o que o salto alto faz com o seu corpo – Todo mundo sabe que o salto alto altera a postura da mulher, tornando-a mais elegante. Por isso ele é tão cultuado. Mas essa elegância toda cobra um preço do ponto de vista da saúde. Segundo afirma Mateus Martinez, diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor, o salto alto altera a biomecânica do corpo e seu uso contínuo pode ocasionar dores nos pés, tornozelos, joelhos, quadril e até na coluna. Portanto, se você notar que as dores e incômodos são muito grandes, procure trocar o calçado, o tipo de salto ou procure ajuda especializada.

2.   Se puder, escolha um modelo “Comfort” – O salto faz parte do Dress Code da sua empresa? Ou seja: ele é recomendado e usado pela maioria das mulheres? Então, o jeito é escolher modelos que ofereçam mais conforto. Por sorte, o mercado conta com marcas especializadas em calçados confortáveis que, apesar do salto, proporcionam uma boa sustentação para quem precisa permanecer com ele por todo o dia. 

3.   Use saltos quadrados ou não tão altos – O salto fino ou “agulha” é, de todos, o mais elegante. Mas permanecer longas horas sobre um salto assim pode trazer consequências sérias para a saúde dos pés, joelhos e para a coluna. Saltos assim costumam medir em torno de 10cm, o suficiente para que 100% do peso do corpo se desloque para a parte da frente dos pés, alerta Mateus Martinez. Assim, prefira calçados com saltos quadrados, que dão mais sustentação, e opte por saltos não tão altos.

4.   Use o salto somente nas situações necessárias – Há quem necessite usar o salto alto apenas em determinadas situações: durante reuniões, em eventos ou encontros profissionais. Se for o seu caso, mantenha sempre um sapato baixo, confortável no local de trabalho e tire o salto sempre que ele não for requisitado.

5.   Use um sapato baixo para ir e voltar do seu trabalho – Muitas mulheres já adotam essa prática, mas não custa lembrar: o salto é obrigatório no trabalho, mas não no caminho de ida e volta, especialmente quem usa o transporte público deve evitar viajar de salto alto. Ônibus e trens lotados podem trazer uma série de riscos para quem está se equilibrando sobre saltos. Melhor levá-los numa sacola!

6.   Use palmilhas sob medida – Embora seja desafiador resolver as dores causadas pelo salto alto com o uso de palmilhas, a Pés Sem Dor desenvolveu um modelo especial de palmilha para esse tipo de calçado. capaz de proporcionar algum alívio. Segundo explica Mateus Martinez, ela é bastante fina, mas ajuda a acomodar o calçado nos pés, aumenta a segurança e dá suporte ao arco plantar, distribuindo o peso do corpo e aliviando a pressão sobre a região dos metatarsos: a parte dos pés mais exigida por quem usa salto alto.

 

Por fim, se você é o profissional responsável pelo Dress Code e pelos uniformes na sua empresa, considere sempre as consequências que o uso obrigatório do salto alto pode trazer, não somente para as profissionais, mas para a produtividade de um modo geral. Afinal, além de fazer mal para a saúde, o desconforto e as dores provocados pelo uso regular do salto alto podem afetar o desempenho. Promover a conscientização e a prevenção desse tipo de problema é sempre um caminho melhor para quem tem como objetivo cuidar do bem-estar dos colaboradores. 



Pesquisa "O Salto Alto e a Mulher Brasileira - https://www.pessemdor.com.br/pesquisas/o-salto-alto-e-a-mulher-brasileira/

Vídeo "Dicas: Salto Alto Confortável | Pés Sem Dor - https://youtu.be/evEm0nKUk8c?si=2zEeAndiIVqPoR1k

Palmilhas para Salto Alto - https://www.pessemdor.com.br/palmilha-para-salto-alto/


Empresa-filha da Unicamp oferece 14 cursos grátis com certificado

Capacitações trazem conhecimentos que vão desde empreendedorismo, gestão de pessoas, projetos e liderança, até melhoria contínua; inscrições vão até 31/3

 

A FM2S, startup de Educação localizada no Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), está com 14 cursos 100% online e gratuitos. Os temas abrangem conhecimentos técnicos (hard skills) e habilidades sociais (soft skills), que vão desde fundamentos de gestão de pessoas, projetos, qualidade e liderança, até logística, produção industrial, excelência operacional e o universo do empreendedorismo e da melhoria contínua. 

"A ideia de disponibilizar todos esses cursos de forma gratuita faz parte da missão da startup, de possibilitar inclusão e acesso ao conhecimento. Eles podem ser acessados por qualquer pessoa, de qualquer cargo ou empresa; também são recomendados para aquelas que buscam recolocação profissional", afirma Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S. 

Todas as capacitações trazem conceitos sólidos e exemplos práticos, com casos reais de como aplicar a teoria no dia a dia e no ambiente profissional. Os professores são formados por instituições como Unicamp, universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Carlos (UFSCar), além de terem ampla vivência em consultorias. 

As iniciativas são abertas a todas as pessoas interessadas e as inscrições devem ser feitas até 31 de março, em https://www.fm2s.com.br/cursos/gratuitos. É possível se inscrever em quantos cursos desejar. O acesso é válido por um ano após a inscrição, com um mês de suporte e certificado incluso.

 

Confira todos os cursos disponíveis: 

- White Belt (8 horas) e Yellow Belt (24 horas), para embarcar no mundo Lean Seis Sigma e melhoria contínua, com certificação internacional;

- Introdução ao Lean (9 horas);

- Introdução ao Lean Healthcare (4 horas);

- Fundamentos do Empreendedorismo (10 horas);

- Fundamentos da Gestão da Qualidade (9 horas);

- Fundamentos da Gestão de Projetos (5 horas);

- Fundamentos da Gestão da Produção Industrial (8 horas);

- Fundamentos da Gestão Logística (6 horas);

- Fundamentos em Gestão de Pessoas (6 horas);

- Fundamentos de Gestão e Liderança (5 horas);

- Fundamentos da Excelência Operacional (6 horas);

- Elaboração de POP – Procedimento Operacional Padrão (4 horas);

- OKR – Objectives and Key Results (5 horas).

 

Informações detalhadas sobre cada capacitação estão no site da FM2S. 

Dúvidas podem ser esclarecidas pelo WhatsApp – (19) 99132-0984


Grandes usinas em geração distribuída: crescimento e desafios futuros

 Opinião 

A emergência e o fortalecimento das grandes usinas solares na geração distribuída (GD) no Brasil marcam uma nova era no panorama energético nacional, especialmente nos anos de 2022 e 2023, com grande otimismo para 2024 e 2025.
 
Este período, caracterizado por um crescimento sem precedentes, reflete o compromisso do País com a sustentabilidade e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis. Atualmente, a geração própria de energia solar possui mais de 27 gigawatts (GW) de potência instalada em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos no Brasil, com mais de 3,4 milhões de unidades consumidoras atendidas pela tecnologia fotovoltaica e R$ 135,5 bilhões em novos investimentos.
 
Incentivadas por políticas governamentais favoráveis e por uma crescente demanda por alternativas energéticas sustentáveis, as usinas de geração distribuída de maior porte têm desempenhado um papel vital na reconfiguração da matriz energética brasileira.
 
O investimento significativo em tecnologia de ponta e infraestrutura avançada têm sido um dos pilares para o sucesso desses empreendimentos, permitindo não apenas atender à demanda crescente por energia elétrica de maneira eficiente, mas também contribuir para a redução das emissões de carbono. Essa expansão tem sido um vetor importante para a diversificação energética do Brasil, promovendo a redução da dependência de fontes fósseis e mitigando os impactos ambientais associados à sua exploração.
 
Contudo, o cenário promissor enfrenta obstáculos que podem comprometer a trajetória de crescimento dessas usinas. A transição das regras de geração distribuída (GD1 para GD2) representa um dos principais desafios, alterando significativamente o quadro de incentivos e subsídios que sustentaram a expansão desses projetos. As mudanças nas políticas de compensação da energia solar gerada podem afetar a atratividade e a rentabilidade desses projetos, exigindo uma reavaliação estratégica por parte dos investidores e operadores do setor.
 
Além disso, a iminente revisão da tarifação pelo uso da infraestrutura da rede elétrica (a "tarifa do fio") a partir de 2029 introduz uma camada adicional de incerteza. Também a evolução tecnológica, especialmente a adoção de redes inteligentes (smart grids), demanda uma atualização dos modelos de remuneração, o que pode redefinir a viabilidade econômica das usinas solares de grande porte na GD.
 
Diante desse cenário complexo, é imperativo que os stakeholders do setor energético solar se mantenham vigilantes e proativos. A adoção de estratégias para mitigar riscos, diversificar portfólio de investimentos e buscar incessantemente por inovações operacionais e tecnológicas são passos cruciais para assegurar a sustentabilidade e competitividade desse segmento. A capacidade de adaptação às novas regulamentações e às mudanças do mercado será um diferencial importante para o sucesso a longo prazo.
 
Portanto, as grandes usinas solares de geração distribuída no Brasil estão diante de uma conjuntura desafiadora, mas também de oportunidades. O período de crescimento acelerado vivenciado entre 2024 e 2025 destaca o potencial do País como líder em energia solar na América Latina. No entanto, a resiliência e a inovação serão fundamentais para navegar pelos desafios regulatórios e tecnológicos iminentes, garantindo que o setor continue a contribuir significativamente para o objetivo de um futuro energético sustentável e diversificado no Brasil.


 Marcelo Abuhamad - CEO do Bonö Group


Saneamento básico, dengue e covid-19: a importância do tratamento adequado de água e esgoto para a população

O Brasil vive – mais uma vez- um dos seus maiores desafios na área da saúde pública com o aumento de dengue e da COVID-19. Com isso, temas importantes e que precisam de atenção vão ganhando foco, falam-se de vacinas, usos de repelentes e máscaras, além de dicas de especialistas para que a população faça a sua parte – que já ajudará e muito, a área da saúde do país – mas com tudo isso, pouco ou nada, na verdade, fala-se sobre o impacto que a falta de saneamento pode causar para a proliferação de doenças para além das citadas neste texto. 

O que pode parecer talvez desconexo em um primeiro momento, é traçar a relação entre a falta de saneamento básico com doenças como a COVID-19 e a dengue, mas isso tem muito mais sentido do que parece. Afinal, com as fortes chuvas e calor extremos, cenários perfeitos para essas doenças são gerados. 

De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde divulgado no último dia do mês fevereiro deste ano, o Brasil atingiu a marca de um milhão de casos de dengue somente em 2024. Classificada como arbovirose viral grave, onde a transmissão ocorre por meio de mosquito (fêmea do Aedes Aegypti) –, a falta de saneamento básico - uma realidade na vida de muitos brasileiros – favorece o aumento dos casos da doença, já que os mosquitos se reproduzem em água parada, seja ela limpa ou suja. 

Sendo assim, esgotos à céu aberto, saídas de água, poços descobertos ou qualquer outro espaço em uma comunidade – cito como exemplo comunidades, pois infelizmente é onde ocorre tais problemas em maior quantidade - que tenha água parada independente se ela é insípida, inodora, incolor ou não, pode ter focos de dengue. 

Por isso o saneamento básico é tão importante, sendo o responsável pelo tratamento adequado de água e esgoto nas comunidades e assunto que deve estar sempre em alta como uma das principais medidas para o combate de doenças. 

Por outro lado, no tema Covid-19, segundo o relatório do CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2024 já soma mais de 310 mil casos da doença. O coronavírus tem um modus operandi de contágio, sendo possível a sua proliferação através de contato com pessoas infectadas e até em excrementos humanos e para essa última questão, acende-se o alerta da necessidade do saneamento básico de saúde. 

O contágio do vírus por meio de excremento é possível e tem até nome para isso, contágio fecal-oral, quando pessoas são expostas a tais fatores presentes em áreas onde não há tratamento de água e esgoto. 

A falta de saneamento no país é uma realidade gritante, comprovada através do Censo Demográfico Brasileiro 2022 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no final do mês de fevereiro deste ano. São cerca de 49 milhões de habitantes sem atendimento adequado de esgoto sanitário e 4,8 milhões de pessoas não tem acesso a água encanada. 

Mesmo com todo o crescimento do serviço de saneamento pelo país, os números comprovam que ainda há muito a ser feito, afinal, ouso dizer que contra dados não há argumento e já passou da hora de falarmos na solução Saneamento Básico no combate de doenças e na geração de qualidade de vida digna para os milhões de brasileiros que desconhecem o que é tal tratamento. 

 

Francisco Carlos Oliver - engenheiro, e diretor técnico e comercial da Fluid Feeder, empresa fornecedora de equipamentos para tratamento de água e efluentes, com soluções de alta tecnologia para medição, transferência e dosagem de produtos químicos sólidos, líquidos e gasosos. www.fluidfeeder.com.br

 

Mulheres com deficiência: Desafios e resiliência no Dia Internacional da Mulher

 Discriminação e todas as formas de violência – física, sexual e psicológica - atingem essas mulheres de forma mais agressiva e direta. 

 

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é fundamental destacarmos não apenas as conquistas das mulheres, mas também refletirmos sobre as barreiras e desafios frequentes que elas ainda enfrentam, especialmente aquelas que têm deficiência. Para o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão, é preciso trazer à discussão a rotina difícil que ainda faz parte da vida de muitas dessas mulheres, principalmente das mais pobres. Naves lembra, por exemplo, que mulheres com deficiência são duplamente discriminadas no mercado de trabalho – por serem mulheres e por terem alguma deficiência. Isso significa sofrer com a invisibilidade e muito mais discriminação no trabalho. 

A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece: “mulheres e meninas com deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação”. Mulheres PcDs sofrem discriminação de gênero e de capacidade, o que as torna mais vulneráveis a uma série de situações penosas, incluindo questões relacionadas aos direitos humanos, violência, saúde, sexualidade, educação e trabalho. 

André Naves lembra que a violência marca o cotidiano de muitas mulheres desse grupo, de forma agressiva e direta, seja por meio da violência física, sexual ou pela violência psicológica. “Mulheres com deficiência são mais propensas a ter baixa autoestima e, em consequência, a manter relacionamentos abusivos. É urgente que tenhamos políticas públicas mais efetivas para o combate ao capacitismo, contemplando a proteção e os direitos dessas meninas e mulheres”, pontua o Defensor, que acrescenta: “Fazemos parte de uma sociedade capacitista, que discrimina os PcD´s em geral, mas muito as mulheres com deficiência do que os homens. De acordo com o imaginário da sociedade, o homem PcD, em geral, pode ser cuidado por uma mulher sem deficiência. Já a mulher PcD não pode se relacionar afetivamente, ter um trabalho e cuidar da casa porque não tem capacidade de cuidar de si mesma e de ter uma profissão”, frisa. 

Nesta data, devemos destacar também o cotidiano atribulado das mães que têm filhos com deficiência. Conhecidas como mães atípicas, elas denunciam a sobrecarga de trabalho e a falta de redes de apoio psicológico e financeiro, o que pode acarretar, em muitas delas, estresse físico e mental. 

Exemplo de preconceito em dobro é o vivido por Maria Alexandra Giorgio Natali, de 40 anos. Mulher preta que tem paralisia cerebral (com idade mental de 5 anos), é filha adotiva da jornalista Nydia Giorgio Natali, de 69 anos. Nydia conta que o preconceito começou cedo, em sua própria casa. A tia chamava Alexandra de negrinha e não queria a aproximação da menina. “Maria Alexandra nunca aprendeu a ler e escrever, mas vive com caderno e lápis na mão fingindo que escreve. Na realidade, ela nunca sentiu o preconceito diretamente e é feliz. Sempre fiz de tudo para que minha filha não soubesse o que é preconceito de verdade, apesar de lidarmos com isso diariamente”, ressaltou Nydia. 

Mas há também boas notícias. Na contramão das dificuldades, há exemplos de sucesso entre mulheres PcDs, como o da modelo e influenciadora Maju, que é uma entre as 300 mil pessoas com Síndrome de Down no Brasil e a primeira a desfilar nas passarelas da Brasil Fashion Week. Com apenas 23 anos, já possui um vasto currículo – com trabalhos na São Paulo Fashion Week e L’Oréal Paris, mostrando que não há barreiras para pessoas com deficiência quando passamos por cima do preconceito. 

Outro bom exemplo é o da atriz, autora teatral, influente digital, ativista e palestrante Tathi Piancastelli, que já foi, inclusive, homenageada com a personagem Tati, da Turma da Mônica. Ela iniciou sua carreira nas artes cênicas em Campinas (SP), atuando em várias peças, entre elas o musical Grease. Percebendo seu talento, a família a incentivou a seguir em frente. Ao se mudar para os EUA, Tathi se encantou com a Broadway e decidiu escrever sua própria peça. Não só escreveu, como atuou como personagem principal em 'Menina dos Meus Olhos'. A peça conta a história da adolescente Bela, que busca o amor e a aceitação social. Tornou-se, assim, a primeira autora com Síndrome de Down a escrever e atuar numa peça. 

"É fundamental reconhecermos as lutas das mulheres PcDs e trabalharmos para superar as barreiras que as impedem de alcançar seu pleno potencial. Isso requer um compromisso renovado do poder público, dos legisladores e de toda a sociedade para promover a inclusão e a igualdade em todos os aspectos da vida”, finaliza o Defensor Público.

 

Igualdade de gênero: Como a lei ampara mulheres no ambiente corporativo?

 

Advogada destaca a relevância das leis trabalhistas para garantir a igualdade de oportunidades no ambiente profissional

 

Desde 1975, o dia 8 de março é marcado pelo Dia Internacional da Mulher, uma data que celebra as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao redor do mundo. Originado a partir de movimentos históricos por igualdade de direitos e melhores condições de trabalho, o dia serve como um lembrete do progresso alcançado e dos desafios ainda enfrentados pelas mulheres em busca de equidade de gênero. 

Ao longo dos anos, a celebração evoluiu para incluir uma variedade de atividades, desde marchas e manifestações, eventos culturais, discussões acadêmicas e até leis que protejam os direitos e oportunidades das mulheres.

Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganham em média 20% a menos que os homens nas mesmas funções. No entanto, a boa notícia é que hoje o país possui uma lei que reforça a proibição da diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. 

Embora este impedimento já esteja previsto na CLT, a Lei 14.611 de 2023, conhecida como Lei de Igualdade Salarial, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União em junho de 2023, objetivando estabelecer novas bases legais para que trabalhadoras tenham garantido o seu direito à igualdade de remuneração.

Mas qual o real impacto dessa legislação no cotidiano empresarial? 

Uma das inovações trazidas pela lei é a exigência de que empresas com mais de 100 colaboradores forneçam relatórios semestrais de transparência salarial e critérios remuneratórios. Não cumprir essa obrigação pode acarretar multas administrativas que variam de acordo com a folha de salários do empregador, podendo chegar a até 3% da folha de pagamento, limitando a 100 salários-mínimos. Importante ressaltar que, a apresentação dos relatórios se encerra na próxima sexta-feira (08).

A advogada trabalhista, Agatha Otero, do escritório Aparecido Inácio e Pereira Advogados Associados, comenta que caso seja verificada a desigualdade salarial, a empresa deverá apresentar e implementar um plano de ação para mitigar a desigualdade, com metas e prazos. Além disso, uma vez comprovada a discriminação em termos de salário, a empresa poderá ser multada em valor correspondente a 10 vezes o salário que deveria ser pago, que poderá ser dobrado, em caso de reincidência. 

E, se caso a trabalhadora desejar reivindicar seus direitos conforme estabelecido pelo governo federal, a advogada recomenda que “busque o auxílio nos órgãos competentes, como o Ministério do Trabalho e Emprego, os Sindicatos de Classe, além de contar com a assistência de um advogado especializado em Direito  do Trabalho”, sugere.

“É imprescindível que ocorra uma mudança imediata nesse cenário. As mulheres precisam internalizar a noção de que seus direitos básicos à igualdade são inalienáveis e devem ser respeitados. Não é admissível que qualquer forma de discriminação, especialmente no âmbito profissional e salarial, seja tolerada unicamente pelo fato de serem mulheres. Todos devem ser tratados com equidade perante a lei”, completa.


5 direitos trabalhistas que protegem as mulheres no Brasil

  1. Lei 14.611/23 - Igualdade salarial entre homens e mulheres
  2. Lei 11.350/2006 (Lei Maria da Penha) - Garante a estabilidade no emprego para mulheres que são vítimas de violência doméstica.
  3. Lei 14.614 - Atletas beneficiárias do programa Bolsa Atleta mantém o benefício durante a gravidez e licença-maternidade
  4. Consolidação das Leis do Trabalho, Art. 390 - Mulheres não são obrigadas a levantar pesos superiores a 20 kg em trabalho contínuo e 25 kg em trabalho ocasional.
  5. Consolidação das Leis do Trabalho, Art. 395 - em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar á função que ocupava antes do afastamento.

“Ao proporcionar direitos como igualdade salarial, estabilidade no emprego e proteção durante a maternidade, essas normas não apenas fortalecem a posição das mulheres no mercado de trabalho, mas também contribuem para a construção de uma sociedade equitativa. Contudo, sua eficácia depende não apenas da existência dessas leis, mas também da sua aplicação efetiva e do comprometimento das empresas em promover uma cultura organizacional inclusiva e respeitosa”, conclui Agatha.

  

Dra. Agatha Flávia Machado Otero - Bacharela em Direito pela Universidade Santo Amaro e pós-graduanda em Direito e Processo do Trabalho pela Escola Paulista de Direito.

 

Como evitar golpes no mercado imobiliário

Um profissional qualificado é sempre um bom acompanhamento 

 

O mercado imobiliário, com suas inúmeras oportunidades, atrai uma diversidade de interessados. Investidores e compradores de primeira viagem frequentemente se deparam com vigaristas que tiram vantagem de pessoas menos informadas através de golpes e fraudes. Essas práticas incluem desde a falsificação de documentos até a venda de imóveis inexistentes ou indisponíveis para venda.

A advogada Débora de Castro da Rocha alerta que fraudes imobiliárias podem ser praticadas em qualquer etapa do processo de compra e venda. Indivíduos anunciam imóveis por preços extremamente atrativos, fazem propostas por sinal ou pelo pagamento antecipado e somem logo a seguir e esse tipo de golpe não é o único. Casas e apartamentos também são alugados ou vendidos sob disputa ou em processos judiciais, compradores de boa-fé acabam recebendo prejuízos econômicos e emocionais e a melhor forma de se prevenir contra esses golpes é estar bem informado e contar com o auxílio de um advogado especializado. O profissional tem o conhecimento técnico necessário para identificar irregularidades e para garantir que todos os passos da negociação sigam a legislação.

Com o que um advogado imobiliário pode ajudar? A especialista Débora de Castro da Rocha responde, "O advogado imobiliário oferece ao comprador e ao vendedor uma gama de serviços, entre eles verificar a legitimidade dos documentos do imóvel e do vendedor, analisar contratos para verificar cláusulas abusivas ou desfavoráveis, verificar se o imóvel tem pendências judiciais ou administrativas que impeçam a transação e orientar o comprador sobre os procedimentos legais para aquisição de imóveis, como registro, pagamento de impostos e transferência de propriedade."

Nesta perspectiva, o investimento em imóveis é importante e deve ser feito com calma, sem pressão para fechar negócio ou se deslumbrar com ofertas muito boas. Consultar um advogado imobiliário não apenas protege o investimento, mas também dá a tranquilidade de que a transação está sendo feita de forma segura e legal.

Com isso temos, portanto, que o mercado imobiliário, a despeito de ser um bom campo para investimentos, é igualmente um ambiente fértil para golpes e fraudes. A contratação de um advogado especializado em imóveis é uma estratégia eficaz para minimizar esses riscos e transforma a compra ou venda de um imóvel em uma boa experiência, segura. 

 

Débora de Castro da Rocha sociedade de advogados
Débora Cristina de Castro da Rocha - Advogada de Direito Imobiliário
@profadvdebora
debora.dcr.adv@gmail.com
https://www.dcradvocacia.com.br/
R. Padre Anchieta, 2310 - cj 103 - Bigorrilho, Curitiba - PR

 

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