Opinião
A emergência e o fortalecimento das grandes usinas solares na geração
distribuída (GD) no Brasil marcam uma nova era no panorama energético nacional,
especialmente nos anos de 2022 e 2023, com grande otimismo para 2024 e 2025.
Este período, caracterizado por um crescimento sem
precedentes, reflete o compromisso do País com a sustentabilidade e a transição
para fontes de energia mais limpas e renováveis. Atualmente, a geração própria
de energia solar possui mais de 27 gigawatts (GW) de potência instalada em
residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos no
Brasil, com mais de 3,4 milhões de unidades consumidoras atendidas pela
tecnologia fotovoltaica e R$ 135,5 bilhões em novos investimentos.
Incentivadas por políticas governamentais favoráveis e por uma crescente
demanda por alternativas energéticas sustentáveis, as usinas de geração
distribuída de maior porte têm desempenhado um papel vital na reconfiguração da
matriz energética brasileira.
O investimento significativo em tecnologia de ponta e infraestrutura avançada
têm sido um dos pilares para o sucesso desses empreendimentos, permitindo não
apenas atender à demanda crescente por energia elétrica de maneira eficiente,
mas também contribuir para a redução das emissões de carbono. Essa expansão tem
sido um vetor importante para a diversificação energética do Brasil, promovendo
a redução da dependência de fontes fósseis e mitigando os impactos ambientais
associados à sua exploração.
Contudo, o cenário promissor enfrenta obstáculos que podem comprometer a
trajetória de crescimento dessas usinas. A transição das regras de geração
distribuída (GD1 para GD2) representa um dos principais desafios, alterando
significativamente o quadro de incentivos e subsídios que sustentaram a
expansão desses projetos. As mudanças nas políticas de compensação da energia
solar gerada podem afetar a atratividade e a rentabilidade desses projetos,
exigindo uma reavaliação estratégica por parte dos investidores e operadores do
setor.
Além disso, a iminente revisão da tarifação pelo uso da infraestrutura da rede
elétrica (a "tarifa do fio") a partir de 2029 introduz uma camada
adicional de incerteza. Também a evolução tecnológica, especialmente a adoção de
redes inteligentes (smart grids), demanda uma atualização dos modelos de
remuneração, o que pode redefinir a viabilidade econômica das usinas solares de
grande porte na GD.
Diante desse cenário complexo, é imperativo que os stakeholders do setor energético
solar se mantenham vigilantes e proativos. A adoção de estratégias para mitigar
riscos, diversificar portfólio de investimentos e buscar incessantemente por
inovações operacionais e tecnológicas são passos cruciais para assegurar a
sustentabilidade e competitividade desse segmento. A capacidade de adaptação às
novas regulamentações e às mudanças do mercado será um diferencial importante
para o sucesso a longo prazo.
Portanto, as grandes usinas solares de geração distribuída no Brasil estão
diante de uma conjuntura desafiadora, mas também de oportunidades. O período de
crescimento acelerado vivenciado entre 2024 e 2025 destaca o potencial do País
como líder em energia solar na América Latina. No entanto, a resiliência e a
inovação serão fundamentais para navegar pelos desafios regulatórios e
tecnológicos iminentes, garantindo que o setor continue a contribuir
significativamente para o objetivo de um futuro energético sustentável e
diversificado no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário