Você já ouviu falar no backbone? Nada mais é do que a espinha dorsal de toda a organização, ou seja, é a estrutura de gestão, fundamental para ter uma ampla visão sobre a distribuição dos recursos e os caminhos que devem ser trilhados, para assim, os objetivos serem atingidos e os resultados positivos alcançados.
Começando pelo plano de crescimento estratégico,
que nada mais é do que a materialização das metas da empresa para os próximos
anos. É importante que você faça esse exercício no mínimo anualmente para
definir o rumo da empresa, adaptar as estratégias e otimizar os recursos, com
base em objetivos macros, de onde quer chegar.
Uma das formas de fazer isso é utilizando OKRs,
objetivos e resultados chaves. Esse conceito foi criado por Andy Grove, ex-CEO
da Intel, e apresentado no livro “High Output Management”, uma das leituras
chaves quando o assunto é gestão estratégica. De forma simples, é um sistema de
metas coletivas e individuais que estão alinhadas com os planos macro e
estratégicos de uma empresa.
Contudo, tenha compaixão pelo estágio da sua
empresa e pelo seu momento e faça do limão, uma limonada. Mas seja lá como for
fazer, não deixe de traçar um plano estratégico com metas, com marcos claros
para o time. Evite ao máximo fazer isso de maneira top down, ou seja, de cima
para baixo, sem considerar a opinião da equipe.
Além disso, até mais importante do que fazer o
plano em si, é comunicá-lo de forma efetiva e garantir o alinhamento entre
todos, à medida que as semanas e os meses vão passando. Para isso, eu recomendo
a criação de um evento com toda a equipe, para apresentar os resultados do
período, os aprendizados, as melhorias implementadas na solução, os ajustes
feitos na rota e reforçando o plano. A periodicidade irá depender do tamanho e
da velocidade de crescimento e mudanças, mas 1x ao mês é uma boa regra de
bolso.
Avaliações e feedbacks
Um tema central na gestão do negócio é a cultura da
empresa. E isso é basicamente definido pela avaliação, o feedback, a
capacitação, a demissão e a promoção. Ou seja, a forma como é a gestão das pessoas
e do time.
Em termos de avaliação de desempenho, o modelo que
mais gosto é o da avaliação 360, uma ferramenta que une a autoavaliação e a
avaliação dos que trabalham com a pessoa, incluindo colegas de trabalho,
líderes e também subordinados.
Essa amplitude de visões, sem distinguir cargos,
acaba gerando a visão mais completa possível do desempenho daquela pessoa.
Existem vários softwares e ferramentas que ajudam a garantir integridade e
sigilo das informações para conseguir executar uma boa 360. Mas o mais
importante em si, é arquitetar um bom fluxo e boas perguntas que realmente
extraiam as informações e insights relevantes na hora da avaliação.
Para isso, compartilho o framework que gosto de
usar e que separa o escopo em três grandes pilares: cultural, funcional e
desempenho.
- Cultural:
é possível criar perguntas chaves relacionadas aos valores da empresa,
buscando entender o enquadramento, o fit cultural do funcionário com o
negócio.
- Funcional:
aqui é a medição das hards skills do profissional, o quanto está bem
encaixado na posição, quais são os gaps que precisam ser desenvolvidos,
entre outros.
- Desempenho:
por fim, é legal analisar também, o ponto de vista das entregas em si,
esse é um aspecto bem prático, racional e com pouca margem para interpretações,
diferente do aspecto cultural.
Uma vez que você tem esses pontos criados e
construídos, eles serão analisados. Além disso, é importante deixar os
critérios claros e alinhados, para evitar respostas enviesadas por aqueles que
são muito próximos no trabalho.
Incentive o time a deixar comentários, usar
exemplos palpáveis e propor ações de melhoria, assim a pessoa que foi
analisada, terá material suficiente para trabalhar seu desenvolvimento em
conjunto com seu líder.
Recomendo fortemente que crie e incentive a cultura
de feedbacks contínuos. E o que é isso? É uma cultura, uma diretriz da empresa,
que incentiva as pessoas a darem e solicitarem feedback constantemente,
independente do ciclo de avaliação.
O feedback contínuo, feito de forma transparente e
empática, é uma ferramenta poderosa para facilitar a comunicação e alinhamento,
reduzir conflitos e manter uma organização produtiva. Um instrumento que gosto
muito de usar, inclusive, é o 1:1 (one on one), que são reuniões entre líder e
liderado, é aquele momento mais formal para alinhar expectativas, corrigir
rotas, se conectar e recapitular feedbacks.
Uma parte mega importante do 1:1 é também escutar o
seu liderado, por isso sempre pergunte como ser um líder melhor e por fim,
sempre leve um feedback de forma transparente e com contextos e exemplos, para
poder palpabilizar de forma prática para o meu liderado.
Para fechar, acho bem legal falarmos sobre promoção
e demissão. Antes de mais nada, precisamos remover o tabu sobre demissões.
Sempre costumo dizer que a relação entre empresa e funcionário é como outra
qualquer e deve perdurar enquanto fizer sentido para ambos os lados. O dia que
não fizer mais sentido, é hora de romper e está tudo bem, sem mágoas, sem
rancor.
Se os feedbacks forem feitos de forma recorrente,
com transparência e empatia, a demissão raramente será uma surpresa para o
indivíduo e para o time mais próximo.
Já a promoção deve ser vista como resultado natural
para aqueles que estão indo muito bem. É uma ferramenta de reconhecimento do comprometimento
e entrega do profissional para o time e para a empresa. Aqui o que é importante
é ser coerente, ou seja, não promova alguém apenas por promover ou para reter,
mas sim porque dentro dos critérios que você analisa, a pessoa se destaca dos
demais e tem se mostrado indispensável para o time.
A reflexão que quero causar aqui é simples, não
balize demissões ou promoções apenas por conta da entrega ou performance, tem
muito mais coisa para ser analisada antes de tomar decisões, e que inclusive,
vão permitir que você crie uma empresa mais produtiva, de maior engajamento e
com o ambiente mais agradável.
Com isso, a estrutura da gestão é parte fundamental
para o sucesso de qualquer empresa. Um time do bem, com fit cultural, motivados
e bem alinhados nos objetivos faz toda a diferença na hora de lidar com as
variadas situações que podem (e vão) surgir na jornada empreendedora.
Fernando Senna - cofundador da
Start
Empreendedor, edtech criada por empreendedores para empreendedores, com o propósito de
apoiar em todas as etapas da jornada de uma startup, da fase inicial a aqueles
que já estão prontos para escalar o seu negócio. Faturou mais de R$ 100 milhões
em menos de sete anos como empreendedor.