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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Saúde incentiva doação de sangue antes de receber vacina contra a Covid-19

Volume de doação, que caiu durante a pandemia, pode diminuir ainda mais devido ao tempo de inaptidão causado por alguns tipos de imunizantes

 

Enquanto dá seguimento ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, o Ministério da Saúde incentiva que os brasileiros doem sangue no hemocentro mais próximo antes de serem vacinados. O apelo mais recente surge pelo impedimento temporário para que aqueles que receberam certos tipos de vacinas compareçam aos locais de doação.

O tempo de inaptidão existe porque o micro-organismo da imunização, ainda que na forma atenuada, ainda circula por um período determinado no sangue do doador. Em caso de pacientes imunossuprimidos, há um risco de o receptor desenvolver a doença para a qual o doador foi vacinado. O coordenador de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde, Roberto Firmino, explica a necessidade deste intervalo: 

“O modo de fabricação das vacinas pode levar riscos a um paciente que receba o sangue, tendo em visto que seu sistema imunológico já se encontra debilitado pela própria condição de saúde. Ao receber uma vacina, o organismo imediatamente desenvolve reações necessárias para que o imunizante tenha efeito, e estas reações podem levar a resultados imprecisos dos exames sorológicos ou tornar irreconhecível efeitos adversos da vacina ou alterações pós doação”. 

A norma no Brasil determina dois períodos diferentes conforme o tipo de vacina aplicada: 

- Após vacinas de vírus ou bactérias inativados, toxoides ou recombinantes – 48 horas.

- Após vacinas de vírus ou bactérias vivos e atenuados – 4 semanas.

O imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac funciona com vírus inativado, de modo que se encaixa no período de 48 horas. Já o tempo de inaptidão para as pessoas que receberem o imunizante da AstraZeneca/Oxford, produzido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é de quatro semanas, por se tratar de uma vacina de vetores virais. 

"A população precisa estar ciente sobre os períodos de restrição para doação de sangue após receber a vacina. Por isso, enfatizamos a importância de os doadores fazerem suas doações antes de receberem a vacina. A doação de sangue é segura e não contraindica a vacinação, podendo inclusive receber a vacina logo em seguida à doação", afirma Rodolfo Firmino. 

MENOS DOADORES 

A pandemia causou queda na doação de sangue. Com menos pessoas em circulação nas ruas, o Ministério da Saúde registrou diminuição de doadores nos hemocentros que, em 2020, variou entre 15% e 20%. Além disso, o primeiro mês do ano é considerado período de férias, quando também é esperada redução nos estoques de sangue. 

O Ministério da Saúde esclarece que ainda não houve registro de desabastecimento no Brasil, mas alguns hemocentros já necessitam de apoio da população com certos tipos sanguíneos. 

Por conta da pandemia, os hemocentros pelo país adotaram medidas de segurança para evitar aglomerações e outros fatores de propagação do coronavírus. Os doadores precisam agendar um horário de atendimento, via internet ou telefone (consulte o hemocentro da sua região para mais detalhes), e cada unidade passa pelo devido procedimento de higienização, tanto dos locais de circulação quanto para lavagem de mãos das pessoas. 

“Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde, em conjunto com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), publicou Nota Técnica para inaptidão de pacientes com Covid-19 ou em convalescência, de modo a afastá-los dos centros de coleta por um período de segurança para manter o sangue, os doadores e os pacientes receptores ainda mais seguros”, acrescenta Firmino. 


MONITORAMENTO E GESTÃO 

O Ministério da Saúde acompanha diariamente o quantitativo de bolsas de sangue em estoque nos maiores hemocentros estaduais, e ativou, no início da pandemia, o Plano Nacional de Contingência. Essa estratégia permite uma possível antecipação na tomada de decisão para minimizar o impacto de eventuais desabastecimentos. 

Atualmente, a taxa de doação de sangue voluntária da população brasileira é de 1,6%, número que está dentro do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2019, a pasta investiu R$ 1,5 bilhão na rede de sangue e hemoderivados no Brasil e R$ 1,6 bilhão em 2020. O valor engloba aquisição de medicamentos e equipamentos, reformas, ampliação e qualificação da rede. 

Além disso, em 2020, em razão da pandemia, a Campanha Nacional de Promoção da Doação Voluntária de Sangue realizada pelo Ministério da Saúde – lançada em junho e reforçada em novembro em comemoração ao Dia Nacional do Doador de Sangue – teve como foco a importância de a população continuar doando sangue apesar das restrições de deslocamento, uma vez que seu consumo é diário e contínuo, pois as anemias crônicas, cirurgias de urgência, acidentes que causam hemorragias, complicações da dengue, febre amarela, tratamento de câncer e outras doenças graves ainda ocorrem todos os dias. 

Cabe lembrar que não há um substituto para o sangue e sua disponibilidade é essencial em diversas situações. 



Rodrigo Vasconcelos

Ministério da Saúde


Dia Mundial do Câncer: aconselhamento genético e biópsia minimamente invasiva são aliados no tratamento

O Dia Mundial do Câncer, formalizado no dia 4 de fevereiro, é uma iniciativa global organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com o tema #IAmAndIWill (#EuSoueEuVou), a data tem como objetivo aumentar a conscientização e a educação mundial sobre a doença, além de influenciar governos e indivíduos para que se mobilizem pelo controle do câncer.

 

Atualmente, 7,6 milhões de pessoas no planeta morrem em decorrência de câncer a cada ano. Estima-se que 1,5 milhão de mortes anuais poderiam ser evitadas com medidas adequadas. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, para o sexo masculino, os tipos de câncer mais preponderantes atualmente são os de próstata, intestino e pulmão. Para as mulheres, os mais comuns são câncer de mama, intestino e colo de útero. O câncer pode acometer indivíduos de qualquer idade, mas geralmente é observado em faixa etária mais elevada, entre 60 e 79 anos.

 

 

O que causa um câncer?

 

Segundo Lucas Sant’Anna, médico oncologista que integra o corpo clínico do Onco Center Dona Helena, de Joinville (SC), o câncer ocorre quando células do nosso organismo passam a se dividir de forma descontrolada e adquirem ainda capacidade de invadir outras estruturas do corpo. “Para que ocorra a mudança de uma célula normal para uma maligna, é necessário que haja alguma alteração no DNA da célula”, explica, frisando que essas alterações são influenciadas por diversos fatores, sendo alguns dependem de nosso estilo de vida, por isso a importância da adoção de hábitos saudáveis, como praticar exercícios regularmente, evitar consumo de álcool em excesso, evitar o tabagismo e manter uma alimentação balanceada. “Também existem outros fatores que têm relação com características genéticas dos pacientes desde o seu nascimento. Por exemplo, defeitos em certos genes podem elevar risco de alguns tipos de câncer, assim como algumas características individuais também podem elevar este risco, como a cor de pele (a branca pode ser fator de risco para o câncer de pele e a negra para câncer de próstata)”, detalha.

 

 

A oncogenética aliada ao tratamento precoce

 

A oncogenética  é uma ciência que estuda os aspectos moleculares, celulares, clínicos e terapêuticos de síndromes de predisposição ao câncer. “O objetivo principal é identificar portadores de defeitos genéticos que aumentariam as chances do indivíduo desenvolver câncer e, então, atuar de forma preventiva para reduzir o risco, por meio de exames de rastreamento, cirurgias preventivas e/ou terapias”, detalha Lucas.

 

O aconselhamento genético pode ser um grande aliado, pois o câncer, na maioria das vezes, é curável desde que diagnosticado em fase mais precoce. “Logo, a melhor estratégia para aumentar as chances de cura é justamente a realização de exames de rastreamento que possam identificar a doença em fase mais inicial”, frisa o profissional.

 

 

Preferência por procedimentos minimamente invasivos

Durante a investigação da suspeita de câncer, o médico oncologista pode solicitar uma biópsia de um nódulo detectado em exames. No Hospital Dona Helena, procura-se dar preferência para tratamentos minimamente invasivos, como a biópsia percutânea, sem necessidade de cirurgia. 

O procedimento minimamente invasivo pode ser realizado em pacientes de todas as idades. “É preciso uma avaliação para saber que tipo de célula tem naquele nódulo e qual é o tipo de tumor que estamos lidando. Para isso, precisamos tirar um pedacinho dessa lesão”, ressalta Bruno Miranda, especialista em radiologia, diagnóstico por imagem e em medicina intervencionista da dor, que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena. “Por meio de exames de imagem, como ultrassom e tomografia computadorizada, conseguimos localizar a lesão e retirar fragmentos por meio de uma agulha”, detalha. 

A técnica é feita com anestesia local, na maioria das vezes com o paciente acordado. Geralmente, ele é liberado logo após o procedimento ou depois de algumas horas em observação. A intervenção é feita pela equipe de radiologia intervencionista do Hospital Dona Helena. “É um procedimento bastante seguro. Normalmente o paciente não sente dor, ou sente muito pouca, e é liberado sem nenhuma intercorrência.”

 


Um tratamento multidisciplinar e humanizado

OncoCenter Dona Helena


 

Marcela Güther


Fevereiro Roxo: pequenas mudanças de comportamento podem indicar Doença de Alzheimer

Ele esqueceu de pagar o aluguel. Ela confundiu os trajetos e, em vez de ir ao trabalho, foi ao supermercado. A cada dia, ele fica um pouco mais silencioso e contemplativo, os olhos parecem olhar para o nada. Ela tem pequenos surtos de agressividade e não se lembra de nomes. Não existe um exame laboratorial que simplesmente detecte a doença. Na maioria das vezes, o diagnóstico é consolidado por avaliações clínicas após anos de mudanças comportamentais que, no início, parecem normais ao avançar da idade. A Doença de Alzheimer caminha vagarosamente até tornar a pessoa incapaz dos atos mais corriqueiros. Uma pessoa com Alzheimer transforma a vida de toda a família.


Desde 2014 celebra-se o Fevereiro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre a Doença de Alzheimer, mal que acomete cerca de 36 milhões de pessoas no mundo e 1,2 milhão no Brasil. Trata-se de uma enfermidade ainda incurável, equivocadamente referida como "esclerose" ou "caduquice". Conforme descrito pela Associação Brasileira de Alzheimer, "a doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais".

O advogado Vilson Leoni Sant’Anna tinha 50 anos quando começou, ocasionalmente, a apresentar pequenos lapsos de memória. Foi diagnosticado com Alzheimer 10 anos depois. Hoje, aos 77, já não fala, vive acamado, esboça eventualmente algumas reações. "Ele conserva a capacidade de se emocionar", conta Maria Lúcia Sant’Anna, sua esposa.

"Nosso cérebro é uma casa em que, com a doença, as luzes vão se apagando. Especialistas afirmam que a última luz que se apaga é a luz das artes, por isso eu ponho música para ele ouvir", diz Maria Lúcia.

Há uma razão especial para isso: além de advogado, Vilson era músico, um multi-instrumentista virtuoso. Sua mulher narrou à reportagem um acontecimento inusitado. Há cerca de quatro anos, quando ele ainda tinha capacidade de falar, com a memória já praticamente inexistente, ela o fez ouvir uma gravação dele próprio executando uma peça musical. E lhe perguntou: "Você sabe quem está tocando?". Ao que ele respondeu, provocando nela profunda emoção: "Lógico que sei. Sou eu".

No caso de Vilson, o Alzheimer, nas primeiras manifestações, tornou-o um gastador como nunca havia sido. Simplesmente perdeu a noção de cuidado com o dinheiro. "Quando ele parou de trabalhar, já não ganhava nada e estava endividado - tudo fruto da mudança de comportamento. Antes, ele nunca fez uma dívida sequer", descreve Maria Lúcia, professora aposentada que, hoje, dedica-se integralmente a cuidar do marido.

Vilson e Maria Lúcia vivem na cidade de Bauru, no interior paulista, e contam com ajuda dos três filhos, todos já independentes, mas que não têm condições de lhes assegurar todos os recursos financeiros de que necessitam. Eles contam com apoio da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, da qual recebem auxílio mensal em dinheiro e medicamentos.

"A ajuda da CAASP tem sido fundamental para que tenhamos um vida digna", agradece Maria Lúcia.

A ciência ainda não descobriu as razões do surgimento da Doença de Alzheimer em determinados organismos. O que se sabe é que ela decorre do depósito de placas senis de proteína beta-amiloide no cérebro. Outra característica da doença é a redução do número de neurônios e das ligações entre eles - as sinapses -, acarretando redução progressiva do volume cerebral.

Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, "a certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, a qual irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência".

Hoje a Doença de Alzheimer não tem cura, mas os avanços da medicina permitem que os pacientes tenham maior sobrevida e melhor qualidade de vida enquanto as pesquisas progridem. Além disso, já se demonstrou que atividades de estimulação cognitiva, social e física favorecem a manutenção de habilidades preservadas e a funcionalidade. Mas é importante saber: a quantidade e a qualidade desses estímulos devem ser monitoradas e avaliadas a partir das respostas do paciente.

Embora não seja considerada uma doença hereditária, familiares de pessoas com Alzheimer têm risco maior de desenvolvê-la. Pessoas com histórico de atividade intelectual intensa e alta escolaridade tendem a desenvolver os sintomas em estágio mais avançado da atrofia cerebral, demonstrou-se, pois é necessária maior perda de neurônios para que os sintomas se manifestem. Daí concluiu-se que uma maneira de retardar o processo da doença é a estimulação cognitiva constante e diversificada ao longo da vida.

Hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo e tabagismo são fatores de risco, porém modificáveis. Há estudos comprovando que, controlados tais hábitos, retarda-se o surgimento da Doença de Alzheimer.


Dia Mundial do Câncer: Aumento de casos de Covid acende alerta para novos impactos no diagnóstico e tratamentos de tumores malignos

Crescimento nos números da pandemia no país levantam preocupação sobre volta nos adiamentos de condutas essenciais no combate ao câncer; Iniciativa liderada pelo Instituto Oncoclínicas orienta pacientes oncológicos sobre fluxos seguros em unidades de saúde e como proceder neste momento



Nos últimos dias, diferentes cidades do Brasil voltaram registrar forte aumento no número de casos do novo coronavírus. Com isso, em muitas localidades, governos não descartam a possibilidade de retomada de medidas mais restritivas de circulação da população caso os índices de contaminação pela COVID-19 sigam atingindo patamares mais elevados. Em São Paulo, o governo estadual decretou que aos finais de semana volte a figurar a fase vermelha e prevê o cancelamento cirurgias eletivas agendadas na rede pública.

Em meio a esse cenário, quem depende de tratamento médico continuado para doenças diversas se preocupa com os impactos dessa nova alta de casos de contaminação pelo coronavírus e da consequente superlotação de ambientes hospitalares. É o caso de quem enfrenta o câncer, doença que, de acordo com o Centro Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC) - agência especializada da Organização Mundial de Saúde (OMS) - afeta 1,3 milhão de brasileiros e corresponde à realidade de 43,8 milhões de pessoas pelo mundo. Uma estimativa das Sociedades Brasileiras de Patologia (SBP) e de Cirurgia Oncológica (SBCO) apontou que nos primeiros meses da pandemia 70% das cirurgias oncológicas foram adiadas. Além disso, ao menos 70 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer devido a não realização de exames essenciais para identificar a doença.

Para que esses índices preocupantes não sofram ainda mais elevações, é preciso alertar os pacientes oncológicos e a população em geral sobre como atrasos nos cuidados médicos adequados pode comprometer, até irreversivelmente, o sucesso na luta contra o câncer. E é com esse objetivo que o Instituto Oncoclínicas - em parceria com sociedades de especialidades médicas, entidades não governamentais de suporte a pacientes oncológicos, instituições de saúde e farmacêuticas - criou movimento O Câncer Não Espera (
https://www.ocancernaoespera.com.br).

Aberta à participação de empresas, entidades ligadas à área médica ou qualquer cidadão engajado na luta em favor da vida e da saúde dos brasileiros, a mobilização tem por objetivo alertar a sociedade brasileira para os riscos do adiamento de diagnósticos, exames, cirurgias e tratamentos contra o câncer em função do temor relacionado ao COVID-19.

"Tivemos vários aprendizados nesses dez meses e nessa nova etapa da pandemia precisamos reafirmar aos nossos pacientes a importância de não descuidar dos tratamentos. O câncer antes da pandemia já ocupava o segundo lugar no ranking das principais causas de morte no Brasil e só mudaremos essa realidade se mantivermos a vigilância ativa para que o diagnóstico de tumores malignos seja feito no início e as condutas terapêuticas essenciais sigam sendo realizados", afirma um dos idealizadores da campanha, o oncologista Bruno Ferrari.

Para ele, que é também fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, é imperativo que o combate ao câncer não fique em segundo plano. "A OMS afirmou que, mesmo durante a pandemia, o câncer é considerado uma doença de emergência. O câncer não negocia prazos", alerta.

Assim como a continuidade do tratamento, o médico lembra que a atenção para que a doença seja detectada precocemente não pode ser descuidada. "É imprescindível garantir a segurança dos que precisam ir a laboratórios, clínicas e aos hospitais, com sistemas ainda mais rigorosos para evitar o contágio de Covid-19. Nossa intenção, a partir desse movimento, é alertar o público sobre a necessidade de preservarmos os fluxos essenciais para a manutenção da linha de cuidado oncológico e propor uma reflexão para que a pandemia não gere outros reflexos negativos para a saúde dos brasileiros", completa Bruno Ferrari.

Para quem tem o diagnóstico de câncer, o oncologista lembra que é importante a população estar ciente de seus direitos com relação ao acesso às terapias de controle da doença. No caso daqueles que optaram diretamente por adiar suas condutas de cuidado oncológico, ele frisa que manter o contato com o médico responsável é sempre a melhor alternativa antes de qualquer definição.

A percepção do médico é reforçada por um estudo publicado no fim do ano passado pelo The British Medical Journal. A análise mostra que, a cada quatro semanas de atraso no tratamento do câncer, o risco de morte dos pacientes aumenta até 13%. "É essencial avaliar cada paciente oncológico de forma individualizada. Converse com o especialista responsável pelo cuidado para saber da real necessidade de ir ao hospital/clínica. Isso garantirá mais segurança na tomada de decisão sobre como proceder. Mantenham sua rotina de terapias e compartilhem dúvidas e anseios com os profissionais responsáveis por sua linha de cuidado", explica Bruno Ferrari.



Telemedicina e novas alternativas de tratamento podem assegurar fluxos

Diante das incertezas sobre os avanços do novo vírus entre a população e enquanto a vacinação ainda não está disponível a todos, Bruno Ferrari acredita que a telemedicina segue sendo ferramenta que pode ajudar muito em casos de pacientes que não necessitam de atendimento presencial, ou como pré-triagem até mesmo na avaliação de necessidade do deslocamento, sendo um suporte relevante. "Seguindo a legislação vigente, podemos proporcionar o acompanhamento de pacientes, tanto para um primeiro atendimento quanto para casos em seguimento, por meio dessa plataforma. Essa possibilidade de contato virtual segue, obviamente, critérios que o médico avaliará caso a caso", diz.

Outra possibilidade que, adicionalmente, vem sendo discutida entre a comunidade médica e o poder público é a ampliação do uso de medicações orais em situações em substituição à quimioterapia endovenosa, que depende de deslocamentos até um hospital ou clínica para ser realizada. A proposta, aprovada pelo Senado Federal em junho de 2020, ainda aguarda a votação pela Câmara dos Deputados. Ainda sem data certa para ser transformada em Lei, essa linha de medicamentos, quando aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), passaria também a constar automaticamente no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e permitiria que pacientes com plano de saúde tenham acesso a esses remédios avançados de controle do câncer.

"Demos um passo importante para facilitar o acesso dos pacientes oncológicos às melhores terapias disponíveis no mercado. Agora é essencial que seja dada celeridade à votação na Câmara dos Deputados para que este projeto seja sancionado como lei pelo Governo Federal. Essa disponibilidade deveria se estender ao sistema público de saúde. É um direito de todos os pacientes. É um tema que precisa ser tratado em caráter de emergência", pontua o fundador do Grupo Oncoclínicas.

Em tempos de Covid-19, ele reforça que é essencial entender as especificidades da linha de cuidado oncológico e conferir o olhar humanizado. "Os pacientes precisam se sentir, acima de tudo, assistidos em suas individualidades", finaliza Bruno Ferrari.



Vacinação

De acordo com o Plano Nacional de Vacinação divulgado até o momento pelo Ministério da Saúde, o câncer consta como critério de qualificação para imunização no grupo prioritário que considera uma grande lista de comorbidades e outros perfis que devem ser imunizados dentro de um bloco que contemplaria 77 milhões de brasileiros. Além das doenças oncológicas, a relação de condições de saúde que fazem parte dessa etapa inclui doenças crônicas como diabetes, hipertensão grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme e obesidade grave. Eles seriam contemplados em uma futura segunda etapa da vacinação, mas o escalonamento para aplicação das doses do imunizante se dará conforme a disponibilidade das doses de vacina, após liberação pela Anvisa, segundo o governo federal.

Para esse público, portanto, não há datas de início e término da distribuição das doses estipuladas. Os critérios específicos para inclusão de quem tem câncer da mesma forma permanente indefinidos, tais como documentos a serem apresentados para possível pré-cadastro ou ainda se se haverá alguma restrição relacionada ao estadiamento da doença, tipo de tratamento adotado no combate ao tumor ou ainda grau de risco à saúde por conta de uma possível contaminação pela COVID-19.

De acordo com a comunidade médica, de toda forma, pacientes oncológicos em geral devem ser vacinados o quanto antes. Possíveis restrições podem ser adotadas caso a equipe envolvida diretamente na linha de cuidado considere pertinente, cabendo a estes responsáveis orientar cada indivíduo de forma mais específica.

Interessados em participar e conhecer mais detalhes sobre o movimento O Câncer não Espera podem encontrar mais informações no
www.cancernaoespera.com.br


Dia Mundial do Combate ao Câncer: lesões em estágio inicial podem ser confundidas com aftas no Câncer de Boca

No Brasil, estima-se que serão identificados 11.180 novos casos da doença em homens e 4.010 em mulheres por ano até 2022
Créditos: Divulgação


Com estimativa de mais de 15 mil novos casos por ano, doença tem maior incidência nas regiões Sul e Sudeste do país


Celebrado no dia 4 de fevereiro, o Dia Mundial do Combate ao Câncer é uma iniciativa organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o objetivo de conscientizar e educar mundialmente sobre a doença. Um dos exemplos que merece atenção nessa data é o Câncer de Boca, pouco discutido, mas de alta prevalência no Brasil e que, com algumas atitudes preventivas e o autoexame, pode ser facilmente detectado e tratado.

Com características iniciais que podem ser parecidas com as de aftas, pequenas úlceras rasas que aparecem na cavidade oral, o Câncer de Boca pode ser negligenciado por pacientes que não conhecem a doença. “No consultório, preferimos sempre prezar pelo excesso e investigar cada sinal, especialmente quando se trata de um paciente de risco. O ideal é sempre acompanhar qualquer tipo de lesão por aproximadamente 15 dias e, caso não haja melhora, um profissional deve ser procurado”, conta o dentista e especialista em Saúde Coletiva na Neodent, João Piscinini. 

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, estima-se que serão identificados 11.180 novos casos da doença em homens e 4.010 em mulheres por ano até 2022. “Os fatores de risco e que podem acarretar no aparecimento do Câncer de Boca são comuns na sociedade, como o tabagismo, o consumo de álcool em excesso, muita exposição ao sol e porte do vírus HPV”, explica Piscinini. Ainda de acordo com o Instituto, as regiões Sudeste e Sul apresentam as maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença.

Para a prevenção, além de manter a atenção aos fatores de risco, é essencial fazer o autoexame, uma prática simples e indolor. “Com observações diárias na cavidade bucal, o paciente consegue identificar facilmente a aparição de pequenas úlceras ou manchas, que podem ser assintomáticas e são o principal indicativo do estágio inicial do Câncer de Boca. Além disso, o acompanhamento periódico com dentistas é essencial para a saúde bucal”, finaliza. 

 


Neodent®


Vacina contra HPV evita câncer de útero e infertilidade. Entenda!

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Importante imunizante combate o Papilomavírus Humano e é indicado para meninos e meninas até 14 anos e adultos


Implementada pelo calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde em 2014, a vacina contra o HPV é indicada, preferencialmente, para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ou adultos até 26. Aplicada em duas doses, com intervalo de seis meses, a vacina protege contra as infecções do Papilomavírus Humano e, consequentemente, contra o câncer de útero e seus possíveis efeitos, como a infertilidade.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o câncer de útero é a terceira neoplasia mais frequente entre as mulheres no Brasil, acometendo mais de 16 mil por ano. A família do Papilomavírus Humano conta com mais de 150 diferentes subtipos. Nem todos são capazes de causar infecções que levarão a tumores invasivos, mas os oncogênicos estão relacionados a diversos tipos de cânceres, como o câncer de colo de útero. O contágio pelo vírus está associado à prática sexual desprotegida.


Câncer de útero

Segundo o INCA, a doença tem desenvolvimento lento e pode não apresentar sintomas na fase inicial.  Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. O exame citopatológico Papanicolau, ou exame preventivo, complementa o arsenal na prevenção do câncer relacionado ao HPV.


Câncer e infertilidade

Uma das consequências do câncer de útero é a infertilidade.  De acordo com a especialista em Reprodução Assistida e diretora clínica da Life Search, Cláudia Navarro, ela pode acontecer por motivos diferentes, dependendo do tipo de tratamento indicado.

“A primeira questão é a radioterapia, tratamento mais comum nesse tipo de câncer. Como o tratamento será diretamente no órgão, ele pode ser afetado anatomicamente e causar alguma dificuldade para engravidar no futuro”, diz.

“A segunda é a cirurgia que, dependendo da forma e indicação, pode também causar lesões no órgão, dificultando a gravidez. Há casos, inclusive, de necessidade da retirada total do órgão”, continua. “A terceira, a quimioterapia, embora não seja a rotina,  quando indicada, pode comprometer os óvulos da mulher”,  finaliza.


Gravidez possível

Cláudia considera que é papel fundamental do médico aconselhar a paciente e orientá-la sobre o congelamento de gametas antes do início do tratamento. “É uma alternativa viável. O procedimento é feito por meio da indução da ovulação, com medicamentos seguros, que possibilita a coleta dos óvulos”, explica a especialista.

Após o tratamento para o câncer, e com plenas condições de saúde, esses óvulos congelados podem ser utilizados de formas distintas. “Primeiro, ela deve recorrer ao parceiro ou doador anônimo para realizar a fertilização in vitro (FIV)”, diz a médica.

“Se o útero foi preservado durante o tratamento para o câncer, ela mesma poderá engravidar. Caso o órgão tenha sido retirado, a paciente pode ainda optar pela barriga solidária”, conclui.

 



 

Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela mesma instituição federal e hoje é membro do Corpo Clínico do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas, vinculado à mesma instituição.


Saúde bucal também é importante no verão

Saiba porque os dentes não podem passar despercebidos nessa época

 

Em nosso país, o clima quente acontece o ano todo. E, quando chega o verão, o calor acaba se intensificando! Por isso, aumentamos o consumo de bebidas geladas, sorvetes! Além do mais, o verão coincide com o período das férias escolares e acabamos ficando mais tempo fora de casa. O que pode comprometer os cuidados com a saúde bucal. “Durante o verão, os cuidados bucais devem ser os mesmos das demais estações”, afirma a dentista Renata Amorim, da Vitácea Odontologia. Dessa forma, deve-se ficar atento nessa época à prevenção contra a corrosão ácida e cáries, já que o risco de acontecerem está aumentado.

Confira dicas para fugir dessas situações:

 

Faça bochechos com água para enxaguar a boca após consumir alimentos, principalmente os alimentos ácidos, como refrigerantes, sucos cítricos, saladas que, geralmente, fazem parte das refeições durante o verão, para evitar que ocorram lesões por corrosão nos dentes.

 

Alimentos escuros, como açaí, sucos de uva e até mesmo vinho tinto, que são bastante consumidos durante o verão, são alimentos que possuem grande quantidade de pigmento em sua composição, que pode acabar manchando a superfície dos dentes conforme a frequência dessas ingestões e deixam o seu sorriso manchado até fazer uma limpeza pelo seu dentista.               

 

Se atente a higiene bucal após consumir alimentos açucarados: picolés, sorvetes e refrigerante são amplamente consumidos nessa época. Porém, contém bastante açúcar, o que estimula a proliferação das bactérias bucais, formando biofilme com mais rapidez. Esse biofilme, conhecido popularmente como placa bacteriana, agride os dentes, levando ao desenvolvimento da cárie dentária. “Ao escovar os dentes, fiquem atentos a todas as superfícies do dente, inclusive próximo à gengiva e entre eles. Muitas vezes, a doença começa silenciosa.”, observa Renata. 

 

Não exagere nas bebidas alcóolicas: caipirinhas, cervejinhas e drinks variados estão presentes nesses momentos de relaxamento e descontração. O álcool gera uma desidratação da boca e do organismo em geral, o que aumenta o risco de infecções. Além do álcool ter potencial cancerígeno e a sua ingestão frequente pode estimular lesões pré-cancerígenas a se desenvolverem para o câncer bucal. Para essa situação, a dica é não exagerar no consumo.

 

Carregue um kit de higiene bucal: praia, piscina, passeios no verão podem se tornar parte da rotina, além das refeições realizadas fora de casa. Lembre-se de levar um kit de higiene com uma escova de dentes de cerdas macias, fio dental e um creme dental. 

                                           

 

6. Se atente às crianças: para quem tem filhos ou crianças na família, as correrias e brincadeiras dos pequenos nessa época de férias são situações corriqueiras de se observar. O problema é que quando ocorrem quedas, podem ocorrer traumatismos dentários. Caso ocorra alguma fratura ou o dente cair por completo,  a dica é deixar o fragmento ou o dente em imersão com leite ou soro fisiológico e levar para o dentista restaurar. Procurar o dentista imediatamente nesses casos. 

 

 


 


 

Fonte: Renata Amorim - cirurgiã-dentista, especialista em implantodontia e sócia da Clínica Vitácea Odontologia, em Belo Horizonte.

 

A importância da saúde bucal na gravidez

 Estudos demonstram uma relação positiva entre a doença periodontal e a possibilidade de  resultados adversos na gravidez

 

A gestação mexe com todo corpo da mulher e os hormônios provocam muitas alterações e podem facilitar, inclusive, a ocorrência de problemas dentários. Por isso, o acompanhamento da gestante pelo seu cirurgião-dentista é fundamental, não apenas para prevenir ou resolver infecções, mas também, para orientar sobre a sua saúde bucal e a do bebê.

Segundo a cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia e São Paulo,  Karla Mayra Rezende “na gravidez, as mulheres podem ser mais suscetíveis à diversas doenças bucais como a maior incidência de cárie, erosão dentária e doença periodontal, por exemplo”. Segundo a especialista, muitas vezes, as gestantes se tornam mais propensas à doenças bucais, também, pela dificuldade em manter a higiene adequada, devido às náuseas e também, ao desejo aumentado de consumir alimentos açucarados.


Raio X e Anestesia são permitidos?

No tratamento Odontológico das gestantes, uma das principais preocupações dos pacientes e profissionais, refere-se à segurança da utilização da anestesia e da realização do Raio X. O principal receio, no caso da anestesia, está relacionado à transferência do anestésico, por meio da placenta, para o compartimento fetal. “A gestante pode receber a anestesia para proporcionar maior conforto ao tratamento, mas é preciso  avisar ao cirurgião-dentista da sua condição, para que todos os cuidados sejam tomados durante a aplicação para evitar qualquer risco ao bebê.”

Nos exames radiológicos, a recomendação é que seja feita uma boa anamnese e exames físicos detalhados para evitar o exame, principalmente nas primeiras oito semanas - período crítico da organogênse (desenvolvimento embrionário). “Caso seja necessário realizar o Raio- X, o cirurgião-dentista deve tomar as medidas necessários para proteção como o uso de avental de chumbo, protetor de tiréoide, uso de filmes ultrassensíveis, evitar repetições, dentre outros procedimentos de segurança” explica.


A pandemia e a saúde bucal da grávida

No caso das gestantes diagnosticadas com Covid-19, assim, como qualquer paciente positivo para a doença, o tratamento deve ser diferenciado. “Em primeiro lugar o atendimento odontológico é em caso de urgência ou emergência. Este deve ser realizado sem uso de aparelhos que gerem aerossóis como alta rotação e ultrassom. É indicado utilizar sempre o "sugador" e não utilizar a "cuspideira". Sempre que possível, realizar o tratamento com a técnica de mínima intervenção. E agendar com espaçamento entre os pacientes, lançando mão do teleatendimento para verificar se precisa de atendimento presencial ou se a paciente pode de ser orientada,  medicada e acompanhada.”

E é importante salientar, que não há nenhum consenso nacional sobre a questão da transmissão vertical (de mãe para feto ou da transmissão do vírus através do aleitamento materno).  “Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que não há indicação de que isso ocorra. A placenta é geralmente uma barreira eficaz que evita que a infecção materna se espalhe para o feto. Sabemos que certos patógenos virais podem superar essa barreira como Citomegalovírus (CMV), vírus herpes simplex (HSV), vírus varicela zoster e vírus Zika (ZIKV) que podem causar síndromes congênitas, com taxas variáveis de transmissão e gravidade dos efeitos que dependem, em parte, do estágio da gravidez em que a infecção ocorre.[1] Porém, o mecanismo de transmissão intrauterina não foi demonstrado nos dois tipos de coronavírus patogênicos (SARS-CoV) e (MERS-CoV) embora as infecções causadas por esses vírus resultassem em pneumonias graves, mortes maternas e perdas fetais precoces[2]”.[3]


A importância do pré- natal Odontológico

O pré-natal odontológico foi um termo criado para designar a importância da gestante visitar o cirurgião-dentista, seja para o auto-cuidado ou para receber as orientações sobre a saúde bucal do bebê. Nesse período de gravidez, a futura mãe está mais receptiva para aprender e levar o melhor para seu bebê sobre saúde. Vários estudos mostraram uma relação positiva entre a doença periodontal e resultados adversos da gravidez, incluindo nascimento de bebê prematuro, ou seja, antes das 37 semanas e consequentemente de baixo peso, também pré-eclâmpsia e até mesmo abortos espontâneos e por isso, o acompanhamento profissional é fundamental nessa fase.

 

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

www.crosp.org.br


Fake news atrapalham diagnóstico e tratamento oncológico, alerta médico da Unifesp

As notícias falsas podem afetar a saúde da população. A disseminação de fake news, principalmente pelas redes sociais, tem potencial para retardar o diagnóstico e tratamento oncológico, por exemplo. "Em vez de procurar um especialista, muitas pessoas se baseiam em informações incorretas, e deixam de procurar um médico para uma avaliação clínica adequada", alerta o oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da Uninove e da Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).


Comemorado no dia 4 de fevereiro, o "Dia Mundial de Combate ao Câncer" é uma oportunidade para as pessoas conhecerem melhor as medidas adequadas para evitar as doenças oncológicas. Uma pesquisa realizada pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) revela, por exemplo, que na cidade de São Paulo 32,2% dos entrevistados não consideram que a alimentação inadequada pode causar câncer. Em Goiânia, 60% dos pesquisados não acreditam que a falta de atividade física pode trazer doenças oncológicas.

"O conhecimento é uma ferramenta essencial para a prevenção. A mudança de hábitos alimentares e a prática de atividades físicas regulares são fundamentais para a saúde da população. Por isso, é importante que, desde criança, as pessoas recebem as melhores orientações", ressalta o pesquisador da Unifesp.

Um outro dado da pesquisa do Inca realizada em 2018 mostra o estigma que a doença ainda tem. Para 50% o câncer é uma enfermidade sem cura, percentual que foi de 43% na cidade de São Paulo. Em Porto Alegre, 53,3% dos entrevistados relacionaram as doenças oncológicas com emoções negativas, como sofrimento, perda e desespero. No Rio de Janeiro o percentual foi de 48,5% e em Belo Horizonte alcançou 48,2%.

Para o oncologista Ramon de Mello tanto o paciente quanto os familiares precisam ter informações adequadas sobre a doença: "A falta de orientação pode levar o paciente a adiar o diagnóstico e o tratamento. Na oncologia, o tempo é muito precioso e quanto mais cedo começarmos o tratamento melhores são as chances de resultados positivos".




Ramon Andrade de Mello - Oncologista clínico e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal). O oncologista é do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, SP, e do Centro de Diagnóstico da Unimed (CDU), em Bauru (SP).


Doenças vasculares aumentam em até 30% nos dias quentes

Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, seção Rio de Janeiro (SBACV-RJ), indicam que as altas temperaturas, comuns da época do verão, aumentam entre 20% e 30% o risco de doenças vasculares, ou venosas, nos membros inferiores. De acordo com os números, normalmente elas são associadas a varizes. Dr. Caio Focássio, cirurgião vascular de SP, conta porque isso acontece.

"O motivo de as altas temperaturas piorarem as doenças venosas no verão é porque o calor provoca vasodilatação, ou seja, a dilatação dos vasos sanguíneos, com uma sobrecarga nas veias dos membros inferiores. Por isso, pessoas com doença vascular prévia tendem a piorar no verão, enquanto as demais podem sentir edemas, dores nas pernas, cansaço, peso, caimbra, ressecamento da pele e coceira - que são intensificadas pelo calor", fala.

Isso porque, nos dias quentes, o calor gera um fenômeno chamado vasodilatação, que retarda o retorno da circulação do sangue dos membros inferiores para o coração. Essa é uma das causas de inchaço nas pernas e pés, típicos dessa época. Os inchaços podem não ter nenhum problema associado, mas também podem representar doenças como varizes, trombose ou edema linfático. Por isso, é importante consultar um especialista se o inchaço for além do normal.

Dr Caio conta que o calor aumenta também a espessura do sangue, subindo a pressão e a frequência cardíaca. A chance de ter a doença é ainda maior para quem já tem colesterol alto, é diabético, hipertenso ou obeso.

Para evitar esses problemas, a recomendação mais importante que o médico deixa é com relação a hidratação: o consumo deve ser entre dois e três litros de líquidos por dia, com preferência para a água. "Além disso é recomendado evitar a exposição direta ao sol por longos períodos, fazer refeições leves, que exigem menos esforço do organismo durante a digestão, e evitar o abuso de sal, que absorve muito líquido e pode colaborar para o inchaço de membros inferiores e superiores", alerta o vascular.

A desidratação no verão pode ter efeitos graves para o paciente que tem doença cardiovascular ou vascular periférica, relacionados à perda do nível de consciência, desmaios e queda de pressão arterial. "É importante cuidar bem da saúde durante todo o ano, controlar a hipertensão arterial, diabetes e sedentarismo que são fatores que podem desencadear sérios problemas", finaliza Dr. Caio.


5 dicas para ficar longe do inchaço nas pernas nos dias quentes

• Levante: Para quem trabalha sentado é recomendável levantar a cada hora. As pessoas que trabalham em pé precisam ficar atentas, o uso de meias elásticas para quem não tem contra indicação é uma boa medida a ser tomada;

2- Mexa-se: Praticar exercícios físicos regularmente - caminhada, bicicleta ou corrida que estimulam o retorno sanguíneo

3- Pés para o alto: Em casa, relaxe e eleve os pés - com uma almofada, por exemplo. Assim, o retorno venoso é facilitado, diminuindo o inchaço.

4- Beba água: O consumo de água diário ajuda o funcionamento dos rins e, com isso, pode também diminuir o inchaço.

5- Controle a balança: Manter o peso diminui os riscos do aparecimento de varizes. Além disso, estar em forma diminui os sintomas de inchaços das pernas.



FONTE: Dr. Caio Focássio - Cirurgião vascular formado pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Pós graduado em Cirurgia Endovascular pelo Hospiten - Tenrife (Espanha). Médico assistente da Cirurgia Vascular da Santa Casa de São Paulo.

https://www.drcaio.com.br

Instagram: @drcaiofocassiovascular

 

Material feito com CO2 é capaz de evitar infecções por fungos e bactérias

Tecnologia desenvolvida na USP poderá ser utilizada como curativos de feridas crônicas e revestimento de implantes ortopédicos e odontológicos

 

Um biomaterial capaz de proteger implantes médicos e odontológicos da contaminação por microrganismos como bactérias e fungos, evitando eventuais infecções que possam complicar o estado de saúde do paciente. E tudo isso ainda ajudando o meio ambiente, por meio do uso de gás carbônico (CO2) que pode ser retirado da atmosfera e utilizado como matéria prima em sua produção. A tecnologia, desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, gerou um artigo que foi publicado na Journal of Sol-Gel Science and Technology, revista científica internacional.

“O biomaterial poderá ser empregado como filme para revestir a superfície de um implante ou ainda ser utilizado como membrana para curativos de feridas crônicas. A vantagem desse material em relação aos já rotineiramente utilizados é a sustentabilidade associada ao seu processo de obtenção (por meio da utilização de CO2) e também sua elevada atividade antimicrobiana, sendo efetivo até mesmo contra alguns microrganismos resistentes a antibióticos. Vale ressaltar que uma das principais causas de falhas de implantes são infecções causadas por fungos e bactérias, e solucionar esse problema tem sido objeto de grandes esforços da ciência”, explica Elton de Souza Lima, autor da pesquisa, realizada durante seu doutorado no IQSC.

O material tem um nome diferente, se chama polihidroxiuretana (PHU) ou ainda Poliuretana Livre de Isocianato (NIPU).  Atualmente as PHUs possuem “mil e uma utilidades”, podendo ser aplicadas na construção civil, indústria de sapatos, veículos, mobiliários, tecidos, dispositivos biomédicos, roupas, recobrimentos de paredes ou utilizadas como adesivos, espumas, etc. O protótipo desenvolvido durante a pesquisa da USP, especificamente, além de utilizar o CO2 como matéria prima, possui em sua composição silicato, que é um tipo de mineral, ácido fosfórico e silicone, este último componente, um dos diferenciais da tecnologia. “Nós fomos os primeiros pesquisadores a preparar hidroxiuretanas com segmentos siliconados e mostrar a sua aplicabilidade em revestimentos. O benefício do uso do silicone é que ele permite que o material seja mais flexível e resistente a umidade, água e a meios agressivos, como em soluções com ácido sulfúrico e soda cáustica”, explica Ubirajara Pereira Rodrigues Filho, professor do IQSC e um dos autores do trabalho.
 

O docente afirma que a nova tecnologia pode ainda ser utilizada como revestimento anticorrosão em placas de aço e ligas de titânio, que normalmente são utilizadas em implantes, evitando, assim, o desgaste do material. E não para por aí. Outra possível aplicação da tecnologia criada na USP é sua utilidade como cola para aderir camadas de vidro em janelas, por exemplo. A expectativa é de que o produto esteja no mercado em até dois anos.



Segurança e eficácia contra patógenos – Para avaliar a eficácia do biomaterial contra microrganismos e a segurança de sua aplicação, os pesquisadores contaram com universidades parceiras, que foram responsáveis pela realização de diversos testes, entre eles, o que demonstrou que o produto não é tóxico quando aplicado em fibroblastos, que são as principais células envolvidas na cicatrização e responsáveis pela manutenção da integridade da pele. Em outro teste, chamado de “molhabilidade”, o objetivo foi investigar uma possível deformação do material em meio líquido, o que não aconteceu com a polihidroxiuretana da USP, pelo contrário, ela se mostrou hidrofóbica, ou seja, consegue se “proteger” da água, contribuindo para que qualquer metal que seja revestido por ela não sofra corrosão em ambientes aquosos. Por fim, mas não menos importante, foram realizados ensaios para analisar a atividade antimicrobiana do material. Na Universidade Anhanguera, sob a coordenação do Professor Márcio L Santos, a tecnologia foi testada com três bactérias: Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium (resistente ao antibiótico vancomicina), organismos capazes de causar desde pequenas intoxicações até pneumonia e meningite. Os resultados comprovaram a eficiência do material do IQSC para a eliminação de 95 a 100 % dos patógenos.

Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o material foi testado contra diversos tipos de fungos, dois deles muito perigosos para os seres humanos pelo risco de causar infecções e levar a óbito pacientes internados ou com a imunidade comprometida. São eles: o Candida albicans e o Aspergillus fumigatus. A taxa de mortalidade desses patógenos pode chegar a 60% em pessoas imunodeprimidas. Segundo o professor da UFSCar Iran Malavazi, os resultados foram animadores e mostram um caminho promissor: “Nos testes que realizamos, as poliuretanas demonstraram, contra diversos tipos de fungos, tanto atividades biocidas (conseguiram matar os fungos) como biostáticas (frearam a multiplicação/crescimento dos microrganismos). Além disso, como não estamos falando de um remédio que será ingerido pelo paciente e que pode desencadear a resistência dos fungos depois de algum tempo de aplicação, teremos um grande ganho dentro do ambiente hospitalar. Vale ressaltar ainda a capacidade desse biomaterial ser produzido em larga escala, além de seu mecanismo de ação ser capaz de atacar não somente um alvo específico, mas vários”, diz o docente.
 

Segundo o especialista, as doenças ocasionadas por fungos são negligenciadas, embora elas acometam muita gente ao redor do mundo. “Se nós somarmos todas as infecções e mortes causadas por fungos, teríamos uma letalidade muito maior do que, por exemplo, a da malária. As pessoas conhecem pouco sobre fungos, não têm muita informação sobre os problemas que eles causam. Alguns, inclusive, podem desencadear pandemias e muitos têm desenvolvido mecanismos de defesa e resistência contra as drogas disponíveis atualmente no mercado. Diferentemente do combate às bactérias, em que temos um arsenal terapêutico maior, para os fungos nós temos poucas opções, apenas três classes terapêuticas, que já são muito antigas”, completa.



Produção sustentável – Pensar em formas mais seguras e sustentáveis para a produção do material também foram preocupações dos cientistas. Além de utilizar um produto que contribui com o meio ambiente, o paciente que tiver contato com essa tecnologia correrá menos riscos de sofrer com alergias e infecções em um eventual procedimento médico: “A primeira vantagem em se utilizar o gás carbônico numa rota química de produção de um material é a oferta de uma forma de mitigação deste gás, que tem características de reter o calor na superfície da terra e, consequentemente, contribuir para o aquecimento do planeta. Em termos de processo produtivo, utilizando a rota com o gás carbônico foi possível substituir o isocianato, matéria-prima utilizada nos processos tradicionais de produção de poliuretanas e que é altamente tóxica aos seres humanos e ao meio ambiente”, explica Kelen M. Flores de Aguiar, ex-doutoranda do IQSC e uma das autoras do artigo publicado.

A cientista, que atualmente trabalha como professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), acrescenta ainda que, para produzir o material, seria possível, inclusive, captar o gás carbônico diretamente de indústrias, que muitas vezes lançam o CO2 diretamente para a atmosfera durante seus processos fabris. Futuramente, outra possibilidade seria utilizar a tecnologia de Captura Direta do Ar (DAC, do inglês Direct Air Capture) para sequestrar o CO2 direto da atmosfera, tecnologia essa que tem ganhado destaque devido aos efeitos do aquecimento global e o prêmio oferecido pelo CEO da Tesla, Elon Musk, de US$100 milhões para quem desenvolver a melhor solução para essa finalidade.

Os pesquisadores reiteram que a nova tecnologia desenvolvida no IQSC é bastante promissora, uma vez que os primeiros resultados apontam para um material com processo de obtenção sustentável e com potencial para ajudar no grande desafio que é evitar infecções microbianas que frequentemente levam implantes médicos e odontológicos a alguma falha. Nos próximos passos do estudo, os pesquisadores pretendem testar a ação do material contra outros microrganismos, aprofundarem-se sobre os mecanismos de ação da tecnologia e, finalmente, avaliar sua biocompatibilidade para uma eventual aplicação em implantes. Nesse sentido, serão fundamentais as parcerias com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da UNICAMP, por meio do professor Flávio B. Aguiar, com o Instituto Fraunhofer de Materiais Avançados, na pessoa do Dr. Klaus Rischka, e com o Frankfurt Orofacial Regenerative Medicine da Universidade de Frankfurt, através da colaboração do professor Shahram Ghanaati.

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais. 

 

 

Texto e fotos: por Henrique Fontes, da Assessoria de Comunicação do IQSC/USP

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