Pesquisar no Blog

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Dia da Amazônia: temos o que comemorar?

Comemorado na quinta (5), o Dia da Amazônia nos faz refletir sobre a importância desse patrimônio da humanidade e da natureza ricos em diversidade que nos enche de encanto. 


Este ano, a Amazônia tem sido tema de diversas declarações do presidente do nosso e de demais países. Ativistas, políticos, atores de filmes internacionais, modelos, entre outras personalidades têm discutido nestas últimas semanas sobre o que fazer, como cuidar e como protegê-la, devido às queimadas provocadas pelo tempo seco e atividades criminosas que estão sendo investigadas.

Tenho levado esse tema para às minhas aulas e um dos pontos destacados é sobre a responsabilidade de cuidar dela. Devemos deixar que outros cuidem? E se nós brasileiros fizermos a nossa parte? Não podemos esquecer que a Floresta Amazônica está presente em mais oito países e que estes também precisam fazer as suas respectivas contribuições. Segundo a Datafolha de 1o. de setembro deste ano, em cada quatro brasileiros, três dizem que o interesse na Amazônia é legítimo e que 40% concorda com a frase: “A Amazônia deve ser totalmente administrada pelo Brasil, de acordo apenas com o interesse do país”. O levantamento também mostra que 22% concorda com a frase: “A Amazônia deve ser administrada por um conjunto de países e entidades internacionais”. Discussão interessante que devemos aprofundar com as várias partes interessadas!

Será que no dia hoje temos o que comemorar? Ou alertar mais uma vez a importância deste importante bioma do país e do planeta Terra? Não sou biólogo, ecólogo, agrônomo ou cientista da natureza. Sou um amante do planeta em que vivemos, um professor que tenta mostrar a importância dos sistemas naturais e viver em consonância com a realidade econômica vigente. O que parece ser cada dia mais difícil. Não é possível que temos tanta inteligência para preparar foguetes, para ir à Marte e criar computadores que podem imitar o ser humano, e não conseguimos gerenciar ou tratar deste assunto que é a Amazônia. Ou quando o assunto é desenvolvimento efetivamente sustentável. Que muitos agora dizem que tem que ser regenerativo, pois o que temos hoje não se sustentará.

Não sou ingênuo e sei que existem muitos interesses por trás desta grande floresta como seus princípios ativos, biotecnologia, minerais de todos os tipos, espaço para plantio e para o gado, entre muitos outros. Sei também que muitos países não conseguiram gerenciar os seus desmatamentos e agora tentam mostrar o que deu errado nas culturas deles. Alguns, mais conspiratórios, dizem que tudo isso é uma forma de atrasar o Brasil, pois se colocarmos tudo no chão, minerarmos tudo o que tem lá e vendermos todos os ativos biológicos, podíamos ser o país mais rico do mundo. Lembrando que muitos países já fizeram isso e tiveram que replantar tudo de novo.

Escutei também que era uma questão de soberania, pois se tivesse uma guerra com o Brasil e algum outro, seríamos os únicos a sobreviver, porque temos treinamento na floresta, como foi na Guerra do Vietnã, e que é um tipo de mentalidade que já existe desde o passado e foi desenvolvido na época da ditadura.

Outra coisa que percebi foi que, em meados de agosto, em Salvador, justo na época em que começaram os primeiros embates e discussões sobre a Amazônia, que tornou o assunto top trendnas redes sociais, estava sendo realizada a Semana do Clima da América Latina e Caribe. Este evento contou com a presença de ministros de governo, de representantes de agências multilaterais e Organizações Não Governamentais (ONGs), no qual algumas autoridades do nosso país foram contra a sua realização.

Muitos conhecidos estavam lá discutindo o aquecimento global, as questões ligadas ao meio ambiente e, de repente o tema da Amazônia se tornou a “bola da vez”. Comentei com meus alunos de jornalismo a possibilidade de ser algum trabalho muito bem elaborado por uma assessoria de imprensa de alguma ONG ambiental, que entendeu que todos os jornalistas ambientais do mundo estavam aqui e que seria uma ótima pauta.

Surgiram vários “memes” de pessoas falando que a nova geração estava descobrindo a Amazônia graças às mídias sociais, pois até então nada sabiam. E, no meio de tudo isso, uma terça-feira, na cidade de São Paulo virou noite às 15h da tarde! Disseram até que poderia ser o Thanos dos Vingadores, da Marvel chegando, ou realmente o impacto de queimadas próximo à maior cidade do país. Se sentimos o impacto aqui, imaginem o quanto as cidades que estão cercadas pelo fogo e pelas queimadas na Amazônia estão sofrendo.

Ainda sou otimista e digo que desta discussão saíram vários aprendizados. Um deles é que estão sendo pautados os problemas que existem há muito tempo na Amazônia, dos quais muitos ambientalistas, indígenas e jornalistas ambientais deram suas vidas por isso; a discussão efetiva do desenvolvimento sustentável no qual se questiona o uso indiscriminado do meio ambiente como um recurso infinito para os modelos econômicos de transações comerciais e de produção; o impacto social que as agressões ao meio ambiente estão causando, trazendo o ser humano como parte deste ecossistema e não como um ser à parte ou superior, entre outros aprendizados.

Precisamos evoluir muito, temos pressa e temos que pensar e agir individualmente sobre as mudanças climáticas e o cuidado com o meio ambiente, como faz a jovem ativista sueca de 16 anos, Greta Thunberg que, sabiamente diz: "Percebi que ninguém estava fazendo nada para impedir que isso aconteça, então eu precisava fazer alguma coisa." E com isso está mobilizando jovens de todo o mundo. Viva a Amazônia! Amazônia viva!





Marcus Nakagawa - professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo e Marketing para Ambientes Disruptivos.


Ministério da Saúde lança campanha de combate ao Aedes aegypti


Foto: Pedro Paulo Souza / ASCOM MS
Medida tem como objetivo conscientizar a população a fazer a sua parte, destinando 10 minutos do dia para verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa



Para mobilizar a população e garantir que não apareça novos focos do Aedes aegypti, o Ministério da Saúde lança a campanha publicitária de combate ao mosquito e convida você a se juntar nesta grande ação. O objetivo é conscientizar os gestores estaduais e municipais de saúde e toda a sociedade sobre a importância de se organizarem antes da chegada do período chuvoso no combate ao surgimento de novos criadouros do mosquito. Com o slogan "E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa por você”, a campanha, que inicia nesta quinta-feira (12), reforça a necessidade de cada um tomar a iniciativa de proteger a sua casa e de seus familiares contra o Aedes, responsável pela transmissão de três doenças: dengue, zika e chikungunya.

 “Ao invés de lançar a campanha no mês de novembro, como era feito nos outros anos, nós antecipamos para setembro para dar tempo, antes do período da chuva, para as pessoas e os gestores locais organizarem grandes mutirões de combate ao mosquito e não esperar depois que o ciclo da doença já está instalado para começar a agir”, destacou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante coletiva de imprensa de lançamento da campanha publicitária realizada hoje, em Brasília.

A ação, que teve seu período de veiculação adiantado neste ano para setembro, reforça a necessidade de manter a mobilização nacional durante todo o ano, e não apenas nos períodos críticos, de chuva e calor. A medida traz mais tempo aos gestores locais e a população para desenvolverem ações estratégicas no combate ao Aedes aegypti, de acordo com a realidade de cada região. Geralmente, as campanhas ocorriam a partir de novembro, período de maior incidência de chuva e calor em quase todo o país, portanto, aumentando o risco de circulação das doenças.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, reforçou que este é o momento de fazer diferente e evitar o nascimento dos mosquitos no período de chuvas. “Se cada um tirar 10 minutos por semana, dentro da sua rotina, checar os locais onde o mosquito pode ter depositado ovos e que no contato com água possa nascer mosquitos. Olhar ralos, calhas, caixas d’agua, garrafas e suas tampas, pneus, e outros objetos pequenos que o mosquito tenha capacidade de colocar os ovos e ser um criadouro. Além de evitar a proliferação do mosquito também teremos um ambiente muito mais higiênico”, informou o secretário, ressaltando que os benefícios são diversos. “Desta forma a gente não protege somente a nossa casa, mas protegemos toda a nossa comunidade da circulação do mosquito”, finalizou o secretário.




PROJETO WOLBACHIA

Outra novidade anunciada foi a terceira etapa do projeto Wolbachia que conta com a parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e que vai ofertar linhas de financiamento específico para implantação do projeto em outros municípios. Na nova etapa, o Ministério da Saúde e o BID vão visitar cidades com potencial interesse e situação epidemiológica compatível para implantação do projeto para avaliar a possibilidade de linhas de financiamento para desenvolvimento do projeto.

A metodologia Wolbachia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. Consiste na liberação do Aedes com o microrganismo Wolbachia na natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de doenças. O projeto já está presente em 6 cidades: Campo Grande/MS, Belo Horizonte/MG, Petrolina/PE, Fortaleza/CE, Foz do Iguaçu/PR e Manaus/AM. Somente em 2019, o Ministério da Saúde investiu R$ 21,7 milhões na tecnologia.


DADOS DAS DOENÇAS 

Em 2019 (até 24 de agosto), foram registrados 1.439.471 de casos de dengue em todo o país, com crescimento de 599,5% em relação ao mesmo período de 2018 (205.791). A taxa de incidência, que considera a proporção de casos por habitantes, é de 690,4 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Com relação ao número de óbitos, foram confirmadas 591 mortes.

Este aumento pode ser explicado por uma associação de fatores, como condições ambientais fora do comum (alto volume de chuvas e altas temperaturas); grande número de pessoas suscetíveis, uma vez que nos dois últimos anos houve baixa ocorrência de dengue em toda a região das Américas; mudança no sorotipo predominante, entre outros.

Os casos da febre chikungunya chegaram a 110.627 em relação ao mesmo período do ano passado, 76.742, ou seja 44,2% de aumento este ano. A taxa de incidência foi de 53,1 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Neste ano, foram confirmados laboratorialmente 57 óbitos.

Já os casos de zika apresentaram aumento de 47,1%, este ano, quando foram registrados 9.813 casos, enquanto em 2018 foram 6.669 o que representa uma taxa de incidência de 4,7 casos/100 mil habitantes. Entre os estados com casos, destacam-se Tocantins, Rio Grande do Norte, Alagoas e Espírito Santo. Neste ano, foram confirmados 2 óbitos por zika.


AÇÕES DE COMBATE AO AEDES AEGYPTI

As ações de prevenção e combate ao mosquito, realizadas pelo Ministério da Saúde em conjunto com estados e municípios, são permanentes e tratadas como prioridade pelo Governo Federal. A execução das ações de prevenção, como visitas dos agentes de endemia para eliminação dos criadouros, é de responsabilidade dos gestores locais.

O Ministério da Saúde também oferece, continuamente aos estados e municípios, apoio técnico e insumos para o combate ao vetor. Para estas ações, o Governo Federal tem garantido orçamento crescente aos estados e municípios. Os recursos para as ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, cresceram nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,9 bilhão em 2018. Este recurso é destinado à vigilância das doenças transmissíveis, entre elas dengue, zika e chikungunya e é repassado mensalmente a estados e municípios.


PREVENÇÃO

Durante o período de seca, a população pode realizar ações de prevenção, basta tirar 10 minutos do dia para verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa, por exemplo. Uma vez por semana, lavar com água, sabão e esfregar com escova os pequenos depósitos móveis, como vasilha de água do animal de estimação e vasos de plantas.

Além disso, é preciso descartar o lixo em local adequado, não acumular no quintal ou jogar em praças e terrenos baldios. Limpar as calhas, retirando as folhas que se acumularam no inverno também é importante para evitar pequenas poças de água. Cada pessoa pode ser um vigilante permanente de atenção à saúde, com isso não teremos dengue, zika e chikungunya.




Jéssica Cerilo
Agência Saúde


Posts mais acessados