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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Conheça diferentes tipos de trabalhos voluntários que podem incrementar seu currículo


De acordo com dados recentes do IBGE, a cada dez jovens brasileiros, dois estão sem emprego. No total, são mais de sete milhões de brasileiros de 14 a 29 anos sem trabalho. E um dos motivos que dificultam a conquista de um emprego é a falta de experiências profissionais suficientes para preencher o currículo, “o que se torna um ciclo vicioso, porque se esse jovem não tiver uma experiência, esse obstáculo sempre existirá”, aponta Rodrigo Vianna, CEO da Mappit – consultoria especializada no recrutamento de profissionais em início de carreira.

Nesse sentido, o especialista afirma existirem maneiras alternativas de enriquecer o currículo, uma delas é o trabalho voluntário. “Trata-se de uma excelente forma de desenvolver as habilidades técnicas e comportamentais e chamar a atenção dos recrutadores”, afirma Vianna. Por isso, é importante salientar que há diversas maneiras de realizar um trabalho voluntário. Seguem abaixo algumas indicações do especialista Rodrigo Vianna e suas análises sobre como cada uma delas pode ser atrativa para os recrutadores.


  1. Worldpackers

A Worldpackers é uma plataforma digital que possibilita a troca de habilidades pessoais por hospedagem ao redor do mundo. Ou seja, se você pretende viajar para fora do Brasil, mas quer economizar e desenvolver alguma habilidade, com a ajuda dessa ferramenta é possível se conectar com anfitriões que aceitam seu pagamento em forma de trabalhos em ONGs, comunidades e projetos ecológicos, por exemplo. “Esse tipo de experiência no currículo sinaliza que o candidato tem de fato experiência com a habilidade em questão e, além disso, é conhecedor de outras culturas e provavelmente tem bom relacionamento interpessoal. Todas essas vivências são muito valorizadas pelo mercado de trabalho”, explica Vianna.


  1. Volunteer Vacations
A Volunteer Vacations nasceu da vontade de três amigos que compartilhavam o gosto por viagens e por conhecer novas culturas. Para esquivar do clichê dos passeios turísticos e se envolverem mais com a cultura dos lugares, perceberam que trabalhos voluntários em ONG’s de outros países era uma maneira de viajar enriquecendo ainda mais suas experiências. Os amigos, então, fundaram a empresa que funciona como uma curadoria que conecta pessoas interessadas em realizar trabalhos voluntários com Organizações Não Governamentais ao redor do mundo. “Essa bagagem no currículo do candidato demonstra que ele não possui um perfil acomodado, pelo contrário, indica que a pessoa é engajada, proativa e disposta a encarar desafios. Essas características são muito valorizadas pelos recrutadores”, confessa Vianna.


  1. Voluntarios.com.br
O Voluntários trata-se de uma plataforma que organiza, agrupa e combina entidades com pessoas interessadas em voluntariar. O site recebe cadastros de iniciativas sociais de todos os lugares do país, em todas as áreas de interesse e capta também cadastros de pessoas de qualquer cidade, em diversas áreas de trabalho, de modo que o possível voluntário encontre opções de trabalho voluntário que correspondam com seus requisitos de interesse e moradia. “Vivemos em um País onde há muita desigualdade social. Por isso, ser voluntário em qualquer iniciativa que exista no Brasil traz à pessoa uma consciência de classe e uma percepção da situação em que o Brasil se encontra”, afirma o especialista. Ele complementa: “estar antenado a essa realidade e, principalmente, fazer parte de algo que busca melhorar essa situação aponta o altruísmo, sensibilidade e empatia do candidato – habilidades comportamentais essenciais para o mercado de trabalho”.


  1. Atados
O Atados é uma iniciativa para voluntariados um tanto quanto diferente das demais. Neste, ao invés de se inscrever para realizar trabalhos sociais, o candidato deve se inscrever para trabalhar em áreas internas de ONG’s que exigem algum tipo de expertise, como social media, design, finanças, jurídico, entre muitas outras áreas que ajudem uma organização funcionar. Assim como na opção anterior, essa plataforma funciona como uma combinação entre vagas abertas e interessados, filtrando os matches por área de atuação e localização. “Como costuma ser mais difícil arranjar um emprego sem possuir experiência no currículo, esta é uma ótima oportunidade de oferecer suas habilidades em troca de experiência durante a faculdade, por exemplo”, finaliza Vianna.




Meios de pagamentos móveis são a nova revolução do varejo

Em janeiro, um dos maiores eventos mundiais do varejo, a NRF 2019 Retail’s Big Show, aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos. Se, na edição anterior, em 2018, já se falava em experiência do consumidor e na ampliação do uso de dispositivos móveis, neste ano, os dois assuntos estiveram juntos na pauta do dia, chamando a atenção para a mobilidade dos meios de pagamentos.

A facilidade dos mPayments não é novidade. É raro, por exemplo, quem não pague suas contas usando o internet banking. As tecnologias móveis, atualmente, permitem que o cliente entre e saia de uma loja física levando o que deseja sem a necessidade de passar pelo caixa ou mesmo compre um carro sem sair do sofá (nem para pegar o cartão de crédito).

Graças a isso, existe uma revolução no mercado de pagamentos na qual as transações digitais estão tomando o lugar das trocas físicas de dinheiro. Mais especificamente, de acordo com um estudo realizado pelo boostLAB, programa de potencialização de startups em nível avançado do BTG Pactual, a estimativa é que, em 2019, US$ 1 trilhão seja transacionado via meios de pagamentos móveis.

A quantia (bastante considerável) demonstra a nova realidade do mercado de pagamentos. A carteira digital da Apple, por exemplo, já é aceita em 74 dos 100 principais comerciantes dos Estados Unidos. Com ela, o cliente dispensa o uso do cartão de crédito físico, podendo fazer compras sem fio (via NFC). O cartão está cadastrado no próprio dispositivo e o cliente, sem sair de casa ou mexer no bolso, tem acesso fácil à compra. O mesmo acontece com o Google Pay e Samsung Pay, sistemas que integram a maioria dos grandes bancos.

Para atender a um consumidor que tem se mostrado cada vez mais interessado em finalizar suas compras de forma veloz e prática, algumas organizações estão levando os sistemas móveis para as lojas físicas. Já é possível um vendedor finalizar a compra em qualquer lugar do estabelecimento sem que o consumidor precise passar pelo caixa, como mencionado na abertura deste texto. Outra opção que também dispensa o caixa é o autoatendimento, no qual o próprio cliente compra e paga no mesmo local sem precisar da ajuda de terceiros.

A loja do futuro - que, na verdade já é o presente e cresce em grande velocidade - conta com diversas soluções móveis. Nela, os varejistas são responsáveis por tornar o momento da compra cada vez mais simples, intuitivo e interessante para a ponta final da cadeia. E isso independente do canal: online ou off-line.





Linx



Rios e vidas que perderam seus cursos

Uma paisagem devastada e sem vida, tingida por tons de marrom. Uma enorme ferida no meio do vale do rio Paraopeba e do córrego do Feijão, aberta pelo rastro de destruição dos rejeitos contaminados. Tudo envolto por um silêncio fúnebre que, com alguma frequência, é interrompido por sons de helicópteros das equipes de resgate ou de televisão. Às vezes, por uma brisa de esperança e solidariedade – ou apenas pelo sol escaldante que nos devolve à dura realidade. Por ali, gente, rios e vidas que perderam seus cursos, suas histórias e o futuro. Um novo pesadelo. Mais uma tragédia anunciada no Brasil.


Esse cenário de horror teve início na tarde do dia 25 de janeiro com o rompimento da barragem do córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, seguida por outra localizada no mesmo complexo minerário. Mais de 14 milhões de metros cúbicos de rejeito contaminado desceram pelo vale, atingindo a comunidade local, parte do centro administrativo e refeitório da empresa e depois se arrastou por uma área grande e por municípios banhados pelo rio Paraopeba, em Minas Gerais.

Em volume, a quantidade é menor do que o desastre ambiental de Mariana, que afetou a Bacia do Rio Doce, há três anos. Rememorando os fatos, podemos dizer que tudo na verdade começou ali – ou ali poderia ter sido evitado. Mas, desta vez, o dano foi ainda mais grave em vítimas e vidas. Trata-se, portanto, de um novo primeiro e vergonhoso lugar no ranking de maiores tragédias brasileiras, e que pode vir a se tornar o pior desastre humano provocada por exploração de minério no mundo nos últimos 30 anos, de acordo com a Agência de Meio Ambiente das Nações Unidas.

Enquanto escrevemos esse artigo, o número de mortos é crescente e centenas de pessoas continuam desaparecidas. A cada dia que passa, as chances de haver sobreviventes são mínimas, só aumenta o número de pessoas diretamente impactadas com essa devastação.

A equipe da SOS Mata Atlântica chegou em Brumadinho no dia 26 de janeiro para acompanhar de perto e organizar uma expedição pelo rio Paraopeba, que teve início dia 31 de janeiro. Estamos investigando os impactos destes rejeitos e seu potencial de alcance a outras regiões. Nossos técnicos, em parceria com o Laboratório de Poluição Hídrica da Universidade de São Caetano do Sul, analisará a qualidade da água do rio e os impactos do desastre na vegetação e nas comunidades locais por 356 km, de Brumadinho ao reservatório de Três Marias, em Felixlândia (MG).

Até agora, nossos dados comprovam o que tem preocupado a sociedade: o rio Paraopeba está morto. Nos primeiros pontos analisados, no que chamamos de “marco zero” da tragédia – 100 metros antes do rejeito encontrar o Paraopeba –, a situação era ruim. Alguns quilômetros depois, chegando em Mário Campos, a água parecia um tijolo líquido. Na maioria dos pontos ela estava com qualidade péssima. A turbidez da água em muitos locais analisados ficou entre 50 e 100 vezes mais do que o indicado pela legislação para água doce superficial (rios e mananciais). Já a oxigenação chegou a zero em muitos pontos.

Ainda não sabemos até onde o rejeito contaminado irá, mas já podemos afirmar que está passando as duas primeiras membranas de contenção instaladas pela Vale. A diferença da turbidez entre um ponto antes e outro depois das barreiras foi de aproximadamente 50%, conforme medição nos últimos dias. Sendo assim, o rejeito contaminado já está a mais de 90 km de sua origem e já é encontrado na cidade de Pará de Minas. Continuaremos nossa expedição para saber dos reais impactos desta tragédia.

A Bacia Hidrográfica do rio Paraopeba alimenta a Bacia do rio São Francisco e é um dos principais mananciais de abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A qualidade da água do rio Paraopeba antes da tragédia variava de regular para boa, segundo dados do Comitê de Bacias da região. A nova situação ambiental agrava o risco de escassez hídrica na região, já que o rejeito de minério – com grande concentração de rejeito, ferro e metais pesados – asfixia os rios, deixando-os completamente sem oxigênio e com elevada turbidez.

Cabe ressaltar que muitas barragens no Brasil estão localizadas próximas das áreas de cabeceiras de rios e o potencial de danos é altíssimo. O risco iminente do rompimento afeta bacias hidrográficas inteiras – e ameaça a vida de pessoas, cidades, áreas produtivas e serviços ambientais essenciais para a população.

Além do urgente e prioritário socorro às vítimas, e de imediatas iniciativas para recuperação e compensação dos danos ambientais, é necessária a punição dos responsáveis e a abertura de processos contra a administração da Vale e a exigência de indenizações justas da empresa. Porém, lembramos que a Samarco, que tem a Vale entre suas acionistas, ainda não pagou os R$ 350 milhões que deve ao Ibama em multas por conta do rompimento da barragem em Mariana e até agora ninguém foi condenado. O processo na Justiça sequer foi julgado.

A recomendação do gabinete de crise criado pelo governo federal de que órgãos reguladores fiscalizem imediatamente todas as barragens, com ênfase para as que apresentam risco de “dano potencial” à vida humana, é uma iniciativa correta nesse sentido, mas que já deveria ter ocorrido antes, desde Mariana.

É imprescindível que o governo brasileiro aja de forma preventiva para que não tenhamos novos desastres como esse. A partir daqui, qualquer atividade econômica de grande porte e de alto risco precisa ter planos de contingência efetivos e passar por rigoroso controle, monitoramento, fiscalização e identificação dos seus responsáveis. Até empreendimentos menores devem ter uma análise de risco bem elaborada, uma vez que qualquer atividade gera impacto ambiental, seja qual for seu tamanho.

Outro motivo de preocupação é a intenção dos governos, de alguns parlamentares e de setores econômicos de flexibilizar a legislação e os processos de licenciamento ambiental. O Brasil não pode afrouxar suas leis, mas sim fazer com que sejam cumpridas de forma célere. O Estado deve qualificar seus mecanismos reguladores e de governança, ter estrutura adequada e profissionais para atender às demandas com agilidade, além de planos de prevenção, emergências e contingências capazes de mitigar desastres como esse.

Por fim, deve-se ampliar a responsabilidade das empresas atuantes no país, que precisam assumir, de forma definitiva, seu compromisso com políticas socioambientais. É alarmante acontecer um desastre como esse depois de Mariana.

Que esse crime, com o custo de tantas vidas e danos irreparáveis, seja punido com rigor. É isso que a sociedade espera.






Marcia Hirota e Malu Ribeiro - são, respectivamente, diretora-executiva e especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica.


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