A Internet das Coisas (IoT) vem ganhando força no
nosso dia a dia e em diversos setores da economia. O setor de saúde, por
exemplo, tem inúmeras possibilidades de aplicabilidade, sobretudo no que se refere
à prevenção de doenças crônicas e à redução de infecções hospitalares – um dos
principais agravantes da qualidade de vida dos pacientes e dos altos custos das
instituições.
Sendo assim, podemos afirmar que a IoT é um
importante ativo para toda a cadeia de valor do setor, beneficiando pacientes,
hospitais, operadoras, institutos de pesquisa e desenvolvimento, profissionais
e laboratórios farmacêuticos. A tecnologia permite a comunicação entre
equipamentos e melhora o atendimento médico, o diagnóstico preventivo de
doenças e as cirurgias, ajudando a salvar vidas.
De acordo com projeções do Plano Nacional de IoT,
uma iniciativa do BNDES, estima-se que até 2025 o mercado global de saúde tenha
um ganho potencial gerado pela Internet das Coisas de US$ 1,7 trilhão. No
Brasil, estima-se que o valor poderá chegar a US$ 39 bilhões. O projeto
prioriza quatro segmentos - Manufatura, Agronegócio, Cidades Inteligentes e
Saúde -, sendo este último o que deverá ocupar o primeiro lugar em velocidade
de adoção e implementação.
Aliás, durante o Fórum Econômico Mundial para a
América Latina, realizado em março deste ano, o Governo anunciou medidas para
estimular os pilares relacionados à essa tecnologia no Brasil, dentre eles, a
disponibilidade imediata de linhas de crédito de mais de R$ 10 bilhões do
BNDES, Finep e Banco da Amazônia. A iniciativa proporcionará mais inteligência
na prestação de serviços públicos e privados, capacitação de pessoas, inovação,
empreendedorismo, além de ajudar a posicionar o Brasil como um desenvolvedor de
tecnologia no mercado global.
Uma das aplicações da internet das coisas, por
exemplo, permite monitorar os pacientes de maneira remota por meio de
dispositivos vestíveis (wearables) e aplicativos de celular. Com o objetivo de identificar
alterações com agilidade e diminuir a incidência de doenças graves, os dados
coletados podem, em tempo real, alimentar o prontuário eletrônico em hospitais
ou clínicas médicas auxiliando na tomada de decisão.
A tecnologia também ajuda doentes crônicos a terem
uma melhor qualidade de vida ao possibilitar o tratamento em casa, evitar o
esquecimento das doses dos remédios e reduzir a internação recorrente por conta
da doença. Para se ter uma ideia, em 2014, existiam no Brasil cerca de 60
milhões de doentes crônicos, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o que
comprova a importância de se investir em tecnologias como essa.
Mais do que isso, a IoT contribui para a
preservação da saúde dos pacientes internados ao reduzir o número de infecções
hospitalares por meio do incentivo à higienização das mãos dos profissionais da
instituição. Tudo isso por meio da instalação de processos simples e
dispensários de álcool em gel conectados por radiofrequência que monitoram a
recorrência com que cada profissional efetua a higienização.
Outra aplicação da tecnologia visa a cirurgias mais
seguras por meio da identificação de cada um dos instrumentos utilizados no
centro cirúrgico. Além disso, a rastreabilidade ajuda na gestão de OPME
(Órteses, Próteses e Materiais Especiais, dispositivos e materiais de alto
valor agregado), que impactam no alto custo dos hospitais. Com a IoT, é
possível identificar a localização exata de cada instrumento, evitando, por
exemplo, que um deles seja esquecido dentro do paciente.
Há ainda as tecnologias de Big Data e a
Inteligência Artificial, que analisam os dados coletados a partir de
dispositivos conectados e os correlacionam com informações da literatura
médica, gerando insights para toda a cadeia de valor. Desta forma, é possível,
por exemplo, identificar regiões brasileiras onde há maior incidência de
determinada patologia.
Essas tecnologias já estão sendo implementadas em
várias instituições do setor, principalmente nas áreas voltadas para o cuidado
com o paciente. Juntas, elas irão revolucionar a medicina e a vida das pessoas,
com retorno do investimento comprovado em hospitais e laboratórios, além de
ajudar a reduzir o índice de infecções hospitalares. Em pouco tempo, será
possível acessar todo o histórico dos pacientes a qualquer hora e de qualquer
lugar, com base em informações vindas de dispositivos conectados. Ou seja, o
prontuário de uma vida toda estará concentrado, permitindo uma análise muito
mais inteligente, assertiva e individualizada. Isso reduzirá as idas aos consultórios
e elevará a qualidade de vida a patamares até então desconhecidos.
Carlos Reis - consultor do
segmento de Saúde da Logicalis