Fogos de
artifício colocam pets em risco, pois os bichinhos podem entrar em pânico e
tentar escapar do local a qualquer custo; especialista em comportamento animal
Cleber Santos dá dicas
Durante
competições de destaque no futebol, é quase impossível não haver vizinhos que
utilizam os fogos de artifícios como forma de comemorar o desempenho dos seus
times. E, durante a Copa do Mundo, certamente o uso de fogos aumentará de forma
significativa. Segundo o Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de
Minas Gerais - maior produtor de fogos de artifícios do país- a expectativa é
de que o campeonato mundial gere um aumento de 20% nas vendas.
Nessas
horas, o mais prejudicados são os pets, pois a audição dos animais é bem mais
aguçada que a dos humanos, e muitos cães costumam sofrer com medo excessivo do
barulho dos fogos. "Muitos cães entram em um estado de estresse intenso,
ficando desesperados e até mesmo tentando fugir pulando através de janelas,
sacadas ou portões, o que coloca a segurança e a integridade deles em risco.
Por isso, os fogos de artifício são um perigo em potencial muito grande para os
cachorros", alerta o especialista em comportamento animal e adestrador
Cleber Santos, da ComportPet.
Nessas
horas, nem todos os tutores sabem como agir para tentar acalmar os bichinhos, e
por falta de informação podem acabar até mesmo agravando o estresse do animal.
É fundamental estar preparado para proteger seu cão da exposição ao barulho dos
fogos.
Confira
as dicas do especialista para utilizar com seu pet nessa Copa do Mundo:
Aprenda
a condicionar seu cão
É
importante condicionar o cão ao som alto dos fogos diariamente, assim o
estresse do animal com o ruído será cada vez menor. "Recomendo que o
treinamento seja diário e dure cerca de 20 minutos. Uma boa estratégia é fazer
com que o cão se alimente ouvindo o som de fogos. Assim, irá associar à
alimentação, a uma coisa positiva. O tutor deve ligar o som e em seguida
oferece alimentação para o pet", ensina Cleber.
"Esse
condicionamento pode ser feito no caso dos filhotes e dos cães que não
apresentam um nível de estresse tão alto com o barulho. Toda vez que o dono
ligar o som, ele ganhará comida. Assim, é feito um condicionamento positivo com
o barulho. Também é possível associar o som estressante a petiscos e
brinquedos. Quanto mais for feita essa associação, mais rapidamente esse cão
irá perder esse medo", aponta.
Coloque
música para trazer tranquilidade
Fazer
uso de outros sons para abafar o barulho intenso vindo dos fogos ajuda que o
animal fique menos conectado ao som principal. "Se possível, abafe ao
máximo o barulho dos fogos, fechando portas e janelas. Depois, coloque uma
música tranquila, que ajudará a proporcionar um ambiente mais calmo. O uso de
florais também é indicado para manter o cão mais relaxado e com menos
medo", indica Cleber.
Proporcione
um espaço adequado
Se
o cão é daqueles que, ao primeiro sinal de estresse, busca por um lugar para se
esconder, crie um ambiente só para ele, que seja seguro e que não possibilite
fugas.
"Deixe
seu cão em um quarto tranquilo e onde fique isolado do barulho, com tela de
proteção na janela. Ligue um som relaxante dentro do quarto, para abafar o som
alto dos fogos que está vindo de fora. Dessa forma, o cão se sentirá mais
confortável", diz.
Não
dê carinho
Um
erro comum dos tutores, de acordo com o especialista, é colocar o cãozinho no
colo ou fazer carinho para tentar "distraí-lo" do ruído que o
estressa. "Não é recomendado dar carinho ao animal, pois se o dono agir
dessa forma, estará ensinando o cão que, a cada vez que ele sente medo, ganha
carinho. Ou seja, estará incentivando o animal a ficar com ainda mais
medo", explica Santos.
Por
isso, a melhor forma de agir é deixar o cão seguro, quieto, em um quarto
preparado especalmente para ele, sem dar carinho ou atenção excessiva ao
animal.
Evite
deixar o cão sozinho
Deixar
o bichinho sozinho em casa nos momentos em que o barulho dos fogos tende a ser
intenso - como, por exemplo durante os jogos do Brasil- irá deixá-lo ainda mais
estressado. "Quando o cão fica com muito medo, pode entrar em estado de
pânico e tentar fugir. Caso o tutor precise se ausentar, o ideal é recorrer a
um hotel para cães que tenha uma equipe especializada para dar suporte aos
animais", recomenda
Imagens:
iStock
Cleber Santos -
Especialista em comportamento animal, atua como adestrador de cães há 12 anos,
quando cuidava do canil de treinamento durante o serviço militar. Trabalhou
para grandes canis do interior de São Paulo, treinando cães de policiais de
todo o Brasil. Além da experiência profissional, fez diversos cursos, estágios
e especializações, inclusive em outros países - Canadá, Estados Unidos,
Argentina, Chile e Alemanha. Desde 2010, está também à frente da ComportPet,
centro que oferece consultoria comportamental, adestramento e serviços de
hotelaria e creche, além de atendimento veterinário, estética animal e terapias
alternativas para pets, como a musicoterapia. É um dos únicos profissionais do
Brasil que também adestra gatos, e vem sendo requisitado como adestrador de
pets de famosos, entre eles o DJ Alok.