Atividades simples do dia a dia
podem comprometer a audição infantil. Saiba como fazer a prevenção e
identificar os principais sintomas.
Estima-se
que 16% da população sofra com alguma forma de perda auditiva, destes, apenas
30% são idosos. Partindo deste viés, fica nítida a importância de cuidar da
saúde auditiva desde cedo, mais precisamente desde o nascimento.
Enquanto o bebê ainda estiver
na maternidade deve-se realizar o teste de triagem neonatal auditiva,
popularmente conhecido como teste da orelhinha. O exame é gratuito e
obrigatório por lei desde 2010. Trata-se de um procedimento simples e
rápido, realizado entre o segundo e o terceiro dia de vida para detectar
precocemente algum grau de surdez.
Segundo a
fonoaudióloga, Katya Freire, especialista em audiologia, com
atuação no Children’s Hospital de San Diego, na Califórnia, na hora
de amamentar, jamais deixe o bebê na posição deitada, especialmente se ele for
tomar mamadeira. Esta posição propicia a presença de líquidos numa parte do
sistema auditivo, chamada de orelha média e, pode acarretar em uma otite média.
O correto é amamentar o bebê sentado ou em pé, uma vez que nos bebês a tuba
auditiva, que faz a conexão da orelha média com nariz e garganta, está numa
posição mais horizontalizada que a dos adultos, propiciando a entrada de líquidos
quando deitado.
A otite média também pode
ocorrer em virtude de complicações causadas por outras doenças como, dor de
garganta, resfriados, gripes e alergias e, se for recorrente e mal curada, pode
afetar as células auditivas da cóclea, ocasionando perdas auditivas
permanentes. Portanto, ao notar qualquer indício de infecção no ouvido é
indicado procurar um médico otorrinolaringologista, e seguir à risca o
tratamento, porque a otite média é uma das principais causas de perda de
audição na infância.
Perigo dentro de casa
A pressão sonora é a grande
vilã da saúde auditiva, por isso, os pais precisam ter cuidado redobrado para
evitar que as crianças sejam afetadas diretamente pelo excesso de níveis de
pressão sonora.
Às vezes, a própria rotina da
casa pode ser prejudicial para a audição infantil. Um hábito comum nos lares,
mas que deve ser evitado, é utilizar aparelhos de som e televisores com
volume alto. Também não é recomendado deixar crianças muito tempo próximas
de aparelhos domésticos ruidosos como secador de cabelo, aspirador de pó e
liquidificador. Até mesmo um objeto de distração, como um brinquedo que emite
sons acima do aceitável, é um fator que pode contribuir com a perda
auditiva.
Afim de certificar a
segurança dos brinquedos a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
determina que um brinquedo com ruído contínuo não pode exceder os 85 decibéis.
Uma maneira de assegurar que o brinquedo está dentro dos padrões estabelecidos
é verificar se possui o selo do Inmetro, uma indicação de que o produto passou
por averiguação dos níveis sonoros.
"Quanto maior o nível de
pressão sonora, menor é o tempo de exposição permitido para que não haja danos
na audição. Por exemplo, se um brinquedo emitir ruídos de 100 decibéis, o
aconselhável é que a criança brinque por no máximo 15 minutos", esclarece
a fonoaudióloga.
Proteja o seu artista
Que pai e mãe não tem orgulho
do talento dos filhos? Crianças com dom para cantar ou tocar um
instrumento musical devem ser incentivadas, mas a família tem que acompanhar de
perto os cuidados com a audição destes talentos mirins.
Para proteger os pequenos
artistas da música da perda auditiva induzida pelo ruído, durante ensaios e
shows, é necessário ficar de olho nos níveis de pressão sonora que estão
expostos. Para isso, se torna indispensável o uso de protetores auditivos
com filtro ou monitores in ears específicos com isolamento acústico, dependendo
do tamanho do conduto auditivo. “Outra estratégia, por exemplo, é fazer
intervalos de 30 minutos entre as exposições a ruídos, durante um ensaio”,
explica Katya.
Katya alerta os pais
para ficarem atentos caso os filhos apresentem queixas comuns entre
os músicos como, zumbido, sensação de plenitude auricular e pressão no
ouvido.
"A perda de audição em crianças pode afetar o
seu desenvolvimento, dificultando a aquisição da linguagem oral
e a capacidade de aprendizagem. E
vale ressaltar que a deficiência auditiva, na maioria das
vezes, começa de forma progressiva, mas pode se
tornar irreversível, por isso, é preciso prevenir e jamais descuidar
dos sintomas", enfatiza a especialista em audiologia.
Katya Freire - Diretora clínica da
Audicare, graduada em Fonoaudiologia pela PUCCAMP, com especialização em
Audiologia pelo CFFa. Mestrado pela PUC-SP e doutorado em Ciências pela
UNIFESP. Fez aperfeiçoamento nos EUA, na SDSU San Diego State University. No Brasil, é pioneira no trabalho de preservação e conservação auditiva
dos músicos. A Audicare foi criada com o diferencial no atendimento personalizado,
caracterizando-a como uma "Boutique da Audição", que tem como marca a
excelência no relacionamento e na qualidade de seus profissionais, serviços e
produtos. Desenvolveu o Treinamento Auditivo Musical (TAM) para treinar as habilidades
auditivas de crianças, adultos e idosos.