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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A transformação digital da agricultura



Muito tem se discutido sobre o impacto da transformação digital nos diversos segmentos da economia à medida que mobilidade, internet das coisas e big data deixam de ser assuntos relacionados ao futuro e passam a ser soluções presentes no dia a dia de empresas, indústrias, varejo e, também, na agricultura. Mas, qual pode ser o papel dessas tecnologias na produção agrícola e até na performance do produtor?

A resposta é simples. Dentro dos softwares de gestão desses produtores, adotados durante a última década como ferramenta de backoffice – que agiliza processos de contabilidade, faturamento e folha de pagamento – estão dados que podem ajuda-los a melhorar seu gerenciamento e tomar decisões mais precisas. Isso se estiverem integrados às funções dos sistemas especializados no negócio da agroindústria.

Hoje, ERPs especializados dispõem, por exemplo, de ferramentas como mapas de calor que mostram, de forma simples de ler e em uma única tela, dados coletados no campo sobre um determinado ponto a ser analisado, como a infestação de uma praga. As áreas com maior incidência são mostradas com cor mais escura.

Isso é possível porque o sistema foi alimentado com todas as informações referentes àquela safra, desde a escolha da semente, a janela de plantio, os dados armazenados nos computadores de bordo das máquinas, entre outros. Ao se ter tudo devidamente coletado e analisado, a tecnologia pode então apontar ao gestor as chances de haver uma infestação, onde, quando e com qual nível de incidência.

No entanto, não basta ter um sistema que faz a coleta de todas essas variáveis. É preciso, e tão importante quanto, que o software escolhido tenha a capacidade de cruzar as informações e gerar análises para dar ao produtor rural subsídios para uma melhor tomada de decisão. Essas correlações só são traduzidas em informação útil quando recolhidos e analisados dados de diversas fontes, como máquina, clima, período de plantio, detalhes da colheita, feitos a partir da própria colheitadeira.

O resultado final deste processo é um gestor melhor amparado e orientado para tomar decisões que vão melhorar a sua produtividade. Uma vez que a maioria dos produtores trabalha com commodities, que têm um preço padrão, é vital obter um melhor rendimento. E a maior transformação está justamente aí: produzir um maior número de sacas por hectare com custo menor.

As ferramentas digitais dedicadas à agricultura trabalham, com excelência, o custo e levam o agricultor a conhecer todos os detalhes da operação de forma que se possa identificar brechas para redução e agir de forma rápida, para ter menor perda na ponta. É importante olhar para dentro das soluções de tecnologia, para o elas que oferecem, e utilizar essas informações para converter investimento em fatos concretos que acabam impactando no bolso e na margem do produtor. Não é mágica, não é futurologia, é transformação digital e ela está bem aí na nossa porta (e porteira).




Fabio Girardi - diretor do segmento de Agroindústria da TOTVS


O FASCISMO VERMELHO ESTÁ NAS RUAS



            O PT organiza alguns movimentos sociais. Suas ONGs dão origem a outros, ligados a questões étnicas. Esses grupos atropelam a lei e a ordem, o direito de propriedade e as determinações legais e judiciais, fazendo uso da violência. Quem diz que tais crimes são crimes passa a ser acusado, imediatamente, como eu tenho sido ao longo das décadas, de "criminalizar os movimentos sociais". De mero espectador e cronista dos fatos, o sujeito é maldito como indivíduo antissocial, por afirmar que quebra-quebras, pichações, tumultos, rupturas da ordem e infrações à lei, são o que são.

            Para o quanto fazem - tudo mesmo - têm apoio oficial. Militantes do MST, por exemplo, atacaram sede do STF, fizeram pichações, atravessaram a praça e foram recebidos como companheiros no Palácio do Planalto. Gilberto Carvalho visitou e se articulou com black blocs às vésperas da Copa e a presença destes inibiu protestos ordeiros que contrariariam o interesse do governo. Lula anunciou a convocação das tropas do general João Pedro (quebra-quebra) Stédile. Presidente da CUT, Vagner (handgun) Freitas, dentro do Palácio do Planalto, na frente da então presidente da República, convocou sindicalistas a saírem às ruas, com armas na mão, para defenderem seu mandato. Nos últimos dias, em sucessivas manifestações, a contrariada elite petista tem usado e abusado da palavra "luta" para designar o que esperam da turma da mortadela em suas "reações populares". Ora, a turma da mortadela só pega em sanduíche e pau de bandeira. Atos de violência são praticados por pessoas jovens, de outros grupos, treinadas como as que aparecem nessas fotos. Ocupam patamar mais distinto na hierarquia política da esquerda e são por ela conveniente abastecidos, seja lá do que for, mas nada têm a ver com Bolsa Família ou sanduíche.

            São tão antigas quanto as respectivas histórias as lutas e semelhanças entre o comunismo e o fascismo. Designar seus opositores como fascistas era conduta corrente entre os comunistas e assim continuou mesmo depois de o fascismo estar morto e sepultado. No entanto, a incitação e o uso da violência, a intimidação, os patrulhamentos, eram atitudes comuns a ambos e persistem nos atuais movimentos comunistas. Assim, quando um grupo de esquerda - qualquer grupo de esquerda - usa a palavra fascista para designar, por exemplo, as pacíficas  manifestações populares dos cidadãos brasileiros nos anos de 2013 a 2016, podemos saber que estamos diante de comunistas defendendo suas posições de poder e se conduzindo segundo aprenderam durante quase um século de sua própria história como movimento político tão revolucionário quanto desrespeitador da lei e da ordem.

            É essa praga que está nas ruas de algumas capitais brasileiras quebrando tudo e escondendo o rosto, segundo as melhores práticas fascistas dos combatentes comunistas. 



Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.



Há controvérsias



Houve momento em nossa história do reinado dos economistas, públicos e privados, administradores, e o predomínio do que se denominava técnico-burocracia. O direito foi lançado a uma disciplina de segunda categoria, o que se vê da demanda dos cursos universitários. Lembro-me de uma mãe que deu um conselho a uma filha que terminou presa e tudo o mais pelo governo militar: "minha filha, deixe disso, case-se com alguém, mesmo que seja um estudante de direito". Hoje, o fenômeno está invertido: a procura pelas boas faculdades públicas do ramo jurídico quase se emparelha ao campo da medicina. Porque as razões jurídicas mandam no País e as demais obedecem, como não poderia ser diferente. 

Nos debates eleitorais, nada, absolutamente nada, se falava sobre a Justiça e seu funcionamento, o que era bom para uma incorreta autonomia absoluta de juízes e tribunais, menos solicitados e mais severos e discricionários, em limites menos amplos de seus atos de decidir. 

Hoje, quem manda é o juiz. Descrevemos um fato incontestável, não um juízo de valor. O Senado da República acabou de transformar-se num Tribunal, temporário e legítimo, porque placitado pela Constituição da República. Ainda recentemente, as luzes dos carros nas estradas podem vir a ser apagadas, por decisão de uma Juíza do Distrito Federal. À primeira vista, também esteve presente, na decisão judicial, sua razão axiológica, porquanto mais importante é a sinalização adequada de todas as rodovias nacionais, providência pública, como muitas outras, abandonada ao Deus dará. 

Benefícios previdenciários são recontados por fóruns previdenciários, o que é uma vergonha para o País. O Instituto não teria condições de calcular com honestidade os benefícios da Previdência, cujos servidores se supõe altamente especializados e cuja atividade-meio consome mais recursos que a atividade-fim, o pagamento das prestações, sem que ninguém toque no assunto, ao falar de reforma da Previdência? 

Por que razão as agências controladoras de atividades delegadas pelo Estado não exercem suas precípuas funções, o controle de qualidade e as cobranças do preço dos serviços, obrigando milhões de consumidores brasileiros a procurar o Judiciário, com demandas que não deveriam assoberbá-lo? 
Conclui-se que faliu a administração direta e indireta brasileira. Ao judiciário cabe com constância a tarefa de realizar o justo e o jurídico, como sempre fez nas relações privadas. Ganhou corpo o direito público, para salvaguarda, pelo Judiciário, das liberdades públicas negativas (intromissão indevida de um estado monstruoso em nossas órbitas privadas) e positivas (realização das atividades obrigatórias não cumpridas pelo Estado). 

Nesta quadra, sabemos que a proatividade da Justiça é um mal, mas necessário, em favor de nosso mais importante mandante (o povo). Como se explicar a quantidade imensa de leis declaradas inconstitucionais pela Suprema Corte, face a tantas comissões especializadas do Congresso Nacional e seus servidores remunerados no limite dos vencimentos dos ministros do STF? Ao procurar, juntamente com diretores de uma Confederação Sindical, no governo Dilma, a Casa Civil, para que fosse vetado um contrabando legislativo, os chamados jabutis, ouviu-se a resposta: "sabemos, mas terá de ser como está". Posteriormente, os jabutis foram considerados inconstitucionais pelo Plenário do Pretório Excelso, encerrando-se essa prática criminosa na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, mas os atos anteriores ao julgamento, em grande parte responsáveis pela corrupção em nosso País, foram mantidos (efeitos somente futuros das decisões do Supremo Tribunal, "ex nunc"). Ora, a maioria dos julgamentos incidem sobre fatos passados. Não fosse assim, o que seria das teorias das nulidades e das anulabilidades? 

Retornemos ao título, porque o tema é oceânico. Quando nos falarem de uma nova norma, como a dos faróis acesos, tenhamos resposta pronta. "Há controvérsias. O que disse a Justiça?". 



Amadeu Roberto Garrido de Paula - advogado e poeta. Autor do livro Universo Invisível e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.  



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