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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Álcool e drogas do prazer no esporte




Em uma viagem de snowboard no Colorado, nos Estados Unidos, fiquei pasmo com a quantidade de esquiadores bebendo cerveja, vinho e até destilados na hora do almoço. Muitos, entre uma descida e outra de esqui. Subiam nas cadeirinhas com aquelas garrafinhas de metal, que antigamente eram carregadas pelos tradicionais cães São Bernardo para salvar vítimas do frio intenso (na verdade, para ter uma morte menos sofrida e mais rápida). Sem falar na moçada que entrava na gôndola fechada fumando maconha, legalizada naquele estado, deixando todo mundo grogue. Não quero filosofar quanto ao uso da droga, mas garanto que não combina com exercício, pois a desatenção e o relaxamento causados, entre outras coisas, são um prenúncio para desastre.
Resolvi dar uma parada para olhar o show de saltos no Snow Park, área da estação de esqui onde existem rampas para saltos e outras acrobacias, com atletas voando a alguns metros de altura. Vi esquiadores levarem tombos incríveis, talvez por não terem habilidade para fazer o que estavam tentando ou encorajados por uma perda de julgamento, com gente se machucando muito e dando risada!
Pensando na temperatura, temos um tremendo erro. O álcool pode dar uma falsa sensação de calor, mas na verdade isto ocorre porque o mesmo causa vasodilatação subcutânea, fazendo com que se perca mais calor para um ambiente frio. Já em um ambiente quente, faz com que a sudorese seja excessiva, desidratando.
Imaginemos a quantidade de acidentes de carro causados por motoristas alcoolizados ou chapados.. O mesmo ocorre nos esportes de aventura, pois com todo o sensorial alterado, reflexos retardados e capacidade de julgamento prejudicada, só pode acontecer besteira.
Drogas e esporte não combinam. Vamos lembrar que o álcool demora até 30 horas para ser completamente metabolizado pelo corpo. 
Outras drogas recreacionais aceleram o indivíduo, fazendo com que a frequência cardíaca e respiratória aumentem, deixando o corpo no limite. Um usuário de anfetamina poderia aumentar sua performance numa prova de corrida curta, mas poderia também ter uma arritmia grave, entre outras coisas, e ir “tocar harpa” no além. Lamentavelmente, muitos anfetamínicos são vendidos em lojas de suplementos em diversos países. Os chamados “metabolic enhancers” levam a uma diurese exagerada, causando desidratação com perda de eletrólitos e o resultado a médio prazo é péssimo. Lembre-se, se você ficar usando um motor acima do seu limite, eu te garanto, ele vai fundir.
Alguém disse para você que álcool em doses moderadas faz bem. Conversa furada! Alguns componentes do vinho (e até da cerveja) podem ajudar na prevenção da doença coronária, mas não existe comprovação que seja o álcool (que também tem diversos efeitos deletérios à saúde).
Quem se interessar, deve pesquisar o “paradoxo francês”. Um aspecto discutido sobre os efeitos protetores do vinho, seria a diminuição da coagulação do sangue, o que pode não ser interessante em esportes de contato.
Outras drogas, lícitas, muitas vezes usadas nas provas de longa duração como maratonas, são analgésicos, que além dos riscos próprios, se tomados em excesso, mascaram as dores levando a lesões musculares e fraturas de estresse, entre diversos problemas. Já ouvi maratonistas mencionarem que foram aconselhados a tomar 400 mg de ibuprofeno a cada meia hora de prova. Um absurdo! Um corredor que completa uma maratona em 4 horas pode ter tomado 3 vezes a dose máxima diária, somente neste período.
Enfim, disse o Rei Henrique, da Inglaterra: “cada um escolhe o caminho em que chega ao céu”. Mas estava se referindo à liberdade religiosa, não a barbarismos que podem causar danos graves a si mesmo e a outros.

Dr. Gabriel Ganme - Especialista em Medicina Esportiva, Dr. Gabriel Ganme se formou em medicina em 1984 e concluiu residência em pediatria em 1986. Foi pioneiro no Brasil em diversas atividades relacionadas a Medicina do Mergulho e Medicina da Aventura. Foi o primeiro instrutor de primeiros socorros médicos da PADI (Professional Association of Diving Instructors) no Brasil e dos cursos relacionados a emergências no mergulho da DAN (Divers Alert Network). Foi palestrante nos primeiros cursos de pós-graduação em Medicina Esportiva da Escola Paulista de Medicina na área de Medicina do Mergulho e ajudou a montar o primeiro curso de Medicina do Mergulho da DAN no Brasil. Em 1988 se tornou membro da Undersea & Hyperbaric Medical Society, onde concluiu treinamento em Medicina do Mergulho e, mais recente, em Medicina de Expedições e Aventura na Inglaterra, pela Wilderness and Expedition Medical Society. Foi coautor do capítulo sobre "lesões do mergulho" do livro "Lesões no Esporte", dos professores Moises Cohen e Rene Abdallah da Escola Paulista de Medicina.

Como detectar câncer de cólon e de reto?




Quando bem indicada, colonoscopia pode reduzir drasticamente a taxa de mortalidade pela doença
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), no ano passado surgiram mais de 30 mil novos casos de câncer colorretal (designação que envolve câncer de cólon, de reto e de intestino grosso). Anualmente, essa doença leva à morte cerca de 14 mil pessoas, embora possa ser tratada e curada quando identificada logo no início. Daí a importância cada vez maior do diagnóstico precoce, antes que o tumor possa se espalhar para outros órgãos. Estudos realizados na Universidade de Pensilvânia (Estados Unidos) mostram que a colonoscopia pode reduzir em até 70% o risco de câncer colorretal avançado quando indicada a pacientes de médio risco.
Entre os fatores de risco para esse tipo de câncer pode-se ressaltar predisposição genética, histórico familiar, sedentarismo, obesidade, tabagismo, dieta rica em carnes vermelhas e pobre em fibras. Até bem pouco tempo atrás, a eficácia da colonoscopia em homens e mulheres de médio risco para câncer colorretal era desconhecida. Hoje já se sabe que esse exame – que pode ser explicado como uma ‘endoscopia do intestino’ – vem substituindo rapidamente a sigmoidoscopia, exame pouco invasivo que permite identificar anormalidades no ânus, reto, cólon sigmoide e porção distal do cólon descendente.
De acordo com o médico endoscopista Edson Ide, do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), em São Paulo, a colonoscopia permite a visibilidade de todo o intestino grosso, enquanto na sigmoidoscopia (rígida ou flexível) a região observada é menor, medindo em torno de 60cm – ou seja, menos da metade do órgão. “Esses estudos são muito importantes para a classe médica, já que confirmam e avalizam a colonoscopia como método de escolha para o diagnóstico e a prevenção do câncer colorretal avançado, reduzindo drasticamente a taxa de mortalidade nos pacientes selecionados.”
O especialista explica que a colonoscopia permite o diagnóstico de pólipos, tumores benignos, focos de sangramento, câncer na fase inicial, além de uma série de doenças benignas (mas não menos importantes) como, por exemplo, a doença inflamatória intestinal. “Esse exame é um meio muito eficaz de detectar e tratar, removendo tumores benignos com potencial maligno ou mesmo o câncer em sua fase mais precoce.”
Ainda de acordo com o INCA, há uma grande chance de cura quando o câncer colorretal é diagnosticado precocemente – sendo que a remoção dos pólipos antes que se tornem malignos é de fundamental importância. Na presença de alguns sintomas, como diarreia, cólicas ou gases persistentes, presença de sangue ou pus nas fezes, mudança na coloração e textura das fezes, perda de peso sem razão aparente – principalmente seguida de cansaço, náuseas e vômitos –, entre outros, é importante procurar orientação médica.

Dr. Edson Ide - médico endoscopista do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), em São Paulo – www.cdb.com.br


O que fazer para comprar uma casa com a alta dos juros?




O aumento das taxas de juros do financiamento imobiliário pela Caixa Econômica Federal, que deve ocorrer para os financiamentos feitos depois do dia 19 de janeiro, vem causando preocupação em quem se planejou para realizar esse sonho ainda este ano.
Contudo, antes de entrar em pânico é necessário entender o que irá acontecer, sendo que, os financiamentos do Programa Minha Casa Minha Vida e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não serão afetados com essa alta nas taxas de juros. Na realidade serão alteradas apenas as taxas nas operações com recursos da poupança, só valendo para quem tem renda acima de R$ 5,4 mil.
Veja simulações feitas tendo como base o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI):





SHF anterior

SHF nova
Valor à vista
R$ 300.000,00

Valor à vista
R$ 300.000,00
Taxa de juros ao ano
8,50%

Taxa de juros ao ano
9,00%
Nº de mensalidades
360

Nº de mensalidades
360
Valor da mensalidade
R$ 2.285,51

Valor da mensalidade
R$ 2.413,87
Valor total pago
R$ 822.784,67

Valor total pago
R$ 868.992,43





SFI anterior

SFI nova
Valor à vista


Valor à vista
R$ 300.000,00
Taxa de juros ao ano


Taxa de juros ao ano
10,70%
Nº de mensalidades


Nº de mensalidades
360
Valor da mensalidade


Valor da mensalidade
R$ 2.784,67
Valor total pago


Valor total pago
R$ 1.002.481,20





Fonte: Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)

Então, como fica para quem quer comprar a casa própria este ano? Se essa já for uma decisão, o melhor negócio sempre é  comprar à vista, pois não paga juros e também tem a vantagem de conseguir um bom desconto na maioria das vezes. Mas, mesmo assim, alguns cuidados são necessários, principalmente, em relação aos gastos extras, que são consideráveis, com taxas cartoriais e bancárias, além de itens como mudança, condomínio e mobília. As famílias não pensam nestes pontos e aí que se endividam.
Entretanto, pagar à vista não é a realidade para a maioria dos brasileiros, como segunda opção recomendo um consórcio para quem não tem urgência em mudar e tem disponibilidade de uma verba de investimento mensal. Neste caso se pagará menos e se tiver sorte poderá ser sorteado e ganhar a casa rapidamente, além de também poder economizar para dar um lance com economias extras.
Depois destas opções vem o financiamento, que também é uma opção de compra interessante, o grande problema é que ao comprar uma casa financiada se firmará um compromisso mensal. A dica para poupar é fazer uma estimativa dos gastos totais, avaliar quanto falta para atingir o montante e diagnosticar quanto pode ser posto de lado por mês para fazer face às despesas.
Também é fundamental ter em mente que com o financiamento se estará contraindo uma dívida de valor. Que deverá ser honrada mensalmente e que existem os juros que, somados ao longo do contrato, podem significar o pagamento de duas até três casas.
No caso de pagar aluguel, o financiamento pode ser uma ótima alternativa, deixando de pagar esse valor sem retorno futuro para pagar a prestação de algo que será seu. Se a pessoa não pagar aluguel, uma ótima alternativa é guardar o valor da prestação do financiamento,em qualquer tipo de investimento conservador, assim, em sete ou oito anos poderá comprar a casa à vista e não pagar juros. É preciso entender que o dinheiro aplicado rende juros, enquanto que o financiamento se paga juros.
Um grande problema enfrentado para a realização do sonho de uma casa própria, são as dívidas sem valor, aquelas contraídas nas compras de produtos e serviços que muitas vezes não agregam valor. Estas acabam desequilibrando o orçamento financeiro mensal e com isso perde o foco no bem de valor que é a casa.
Veja alguns passos para se adquirir uma casa própria:

1. Reúna a família e converse sobre este tema, definindo o lugar, valor e as reais condições que se encontram.
2. O melhor caminho para adquirir é poupar parte do dinheiro que se ganha, faça uma simulação em qualquer banco de quanto custaria a prestação deste imóvel e comece a guardarem um investimento conservador como poupança, CDB ou tesouro direto.
3. Analise o valor do aluguel que está pagando e se for o mesmo valor da prestação de um financiamento, poderá ser uma opção financiar o imóvel.
4. Lembre-se que o financiamento de um imóvel é considerada dívida de valor, por isso deve ser protegida e garantida antes de sair pagando as despesas mensais.
5. Cuidado com o valor do imóvel que comprará e veja se o seu valor adéqua-se a seu verdadeiro padrão de vida, muitas vezes não respeitamos nosso padrão.
6. Tenha sempre uma reserva estratégica, em caso de qualquer eventualidade não deixará de honrar este importante compromisso.
7. Caso não esteja conseguindo pagar a prestação da casa própria é preciso rever imediatamente os gastos, em especial as pequenas despesas que somadas podem levar uma família ao desequilíbrio financeiro.
8. Nunca se esqueça que um novo imóvel demanda novos custos, como mobiliário novo, condomínio, taxas de transferência, etc.
9. Outro ponto a ser levando em conta é o custo de vida da região em que irá mudar, este pode se elevar. Também se preocupe com gastos com transporte.

Reinaldo Domingos - educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Eu mereço ter dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Trinta anos após a eleição do primeiro civil como presidente após o golpe de 64, especialistas comentam o processo de redemocratização brasileiro




 Há exatos 30 anos, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Este é um marco histórico no processo de redemocratização do Brasil, conforme explica a jurista e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina – FASM, Rita do Val.
“O dia em que se elegeu o primeiro civil como presidente no Brasil, ou seja, alguém que não tivesse um cargo militar, foi, de fato, uma data importantíssima no nosso calendário político”, coloca a professora. “No entanto, vale recordar que, ainda que o movimento ‘Diretas Já’ estivesse ganhando força, a nomeação foi feita pelo Colégio Eleitoral, uma forma de votação indireta”.
Formada em direito no mesmo ano das eleições, a docente afirma que houve uma razão para que o povo não pudesse ir às urnas. “Havia um grande temor e uma enorme fragilidade ao redor do processo de redemocratização. A preocupação era de que os militares não permitissem a movimentação política dos cidadãos e impedissem o avanço. Sendo assim, optou-se por colocar uma pessoa com passado político forte, da oposição, ainda que não fosse uma escolha da maioria”.
 No exterior, a alternância de poder teve boa repercussão. “No período ditatorial, o Brasil era visto como a ‘República das Bananas’, um lugar de corrupção e de crimes bárbaros. Tancredo, que já havia sido ministro nos governos de Getúlio e Jango, representou o rompimento com essa imagem e deu à comunidade internacional a ideia de uma nova fase. Embora não tenha promovido nenhuma grande mudança, pois faleceu antes de ser empossado, encerrou esse capítulo obscuro”.
Em termos jurídicos, Tancredo Neves nunca chegou a ser empossado. “Foi feita uma manobra para manter o acordo que pôs fim à ditadura. Ao invés de se empossar Ulysses Guimarães - então presidente da Câmara dos Deputados - para governar por um mandato provisório de dois anos até novas eleições, José Sarney, que era vice não empossado, assumiu a presidência pelos cinco anos subsequentes”.

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