Há exatos 30
anos, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio
Eleitoral o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Este é um marco
histórico no processo de redemocratização do Brasil, conforme explica a jurista
e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina
– FASM, Rita do Val.
“O
dia em que se elegeu o primeiro civil como presidente no Brasil, ou seja,
alguém que não tivesse um cargo militar, foi, de fato, uma data importantíssima
no nosso calendário político”, coloca a professora. “No entanto, vale recordar
que, ainda que o movimento ‘Diretas Já’ estivesse ganhando força, a nomeação
foi feita pelo Colégio Eleitoral, uma forma de votação indireta”.
Formada
em direito no mesmo ano das eleições, a docente afirma que houve uma razão para
que o povo não pudesse ir às urnas. “Havia um grande temor e uma enorme
fragilidade ao redor do processo de redemocratização. A preocupação era de que
os militares não permitissem a movimentação política dos cidadãos e impedissem
o avanço. Sendo assim, optou-se por colocar uma pessoa com passado político
forte, da oposição, ainda que não fosse uma escolha da maioria”.
No
exterior, a alternância de poder teve boa repercussão. “No período ditatorial,
o Brasil era visto como a ‘República das Bananas’, um lugar de corrupção e de
crimes bárbaros. Tancredo, que já havia sido ministro nos governos de Getúlio e
Jango, representou o rompimento com essa imagem e deu à comunidade
internacional a ideia de uma nova fase. Embora não tenha promovido nenhuma
grande mudança, pois faleceu antes de ser empossado, encerrou esse capítulo
obscuro”.
Em
termos jurídicos, Tancredo Neves nunca chegou a ser empossado. “Foi feita uma
manobra para manter o acordo que pôs fim à ditadura. Ao invés de se empossar
Ulysses Guimarães - então presidente da Câmara dos Deputados - para governar
por um mandato provisório de dois anos até novas eleições, José Sarney, que era
vice não empossado, assumiu a presidência pelos cinco anos subsequentes”.
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