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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Trinta anos após a eleição do primeiro civil como presidente após o golpe de 64, especialistas comentam o processo de redemocratização brasileiro




 Há exatos 30 anos, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Este é um marco histórico no processo de redemocratização do Brasil, conforme explica a jurista e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina – FASM, Rita do Val.
“O dia em que se elegeu o primeiro civil como presidente no Brasil, ou seja, alguém que não tivesse um cargo militar, foi, de fato, uma data importantíssima no nosso calendário político”, coloca a professora. “No entanto, vale recordar que, ainda que o movimento ‘Diretas Já’ estivesse ganhando força, a nomeação foi feita pelo Colégio Eleitoral, uma forma de votação indireta”.
Formada em direito no mesmo ano das eleições, a docente afirma que houve uma razão para que o povo não pudesse ir às urnas. “Havia um grande temor e uma enorme fragilidade ao redor do processo de redemocratização. A preocupação era de que os militares não permitissem a movimentação política dos cidadãos e impedissem o avanço. Sendo assim, optou-se por colocar uma pessoa com passado político forte, da oposição, ainda que não fosse uma escolha da maioria”.
 No exterior, a alternância de poder teve boa repercussão. “No período ditatorial, o Brasil era visto como a ‘República das Bananas’, um lugar de corrupção e de crimes bárbaros. Tancredo, que já havia sido ministro nos governos de Getúlio e Jango, representou o rompimento com essa imagem e deu à comunidade internacional a ideia de uma nova fase. Embora não tenha promovido nenhuma grande mudança, pois faleceu antes de ser empossado, encerrou esse capítulo obscuro”.
Em termos jurídicos, Tancredo Neves nunca chegou a ser empossado. “Foi feita uma manobra para manter o acordo que pôs fim à ditadura. Ao invés de se empossar Ulysses Guimarães - então presidente da Câmara dos Deputados - para governar por um mandato provisório de dois anos até novas eleições, José Sarney, que era vice não empossado, assumiu a presidência pelos cinco anos subsequentes”.

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