Pesquisar no Blog

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Cânceres Urológicos: quais são e como podem ser diagnosticados em estágios iniciais

Os cânceres urológicos estão entre os tumores mais frequentes e podem ser diagnosticados em estágios iniciais, isto é, quando ainda estão confinados ao órgão e não causam sintomas. O diagnóstico precoce é a melhor forma de se obter um prognóstico favorável. Os cânceres de rim, adrenal, ureter e bexiga podem ocorrer tanto em homens como em mulheres; já os cânceres de próstata, pênis e testículos são específicos de homens.

Os rins filtram o sangue, produzindo a urina. A urina é conduzida pelos ureteres até a bexiga, onde é armazenada. A dinâmica miccional é finalizada quando a uretra elimina a urina para o meio externo e um novo ciclo recomeça para homens e mulheres.

Considerando especificamente o aparelho genital masculino, os testículos produzem os espermatozoides, que são conduzidos para as vesículas seminais pelos deferentes. A próstata produz o líquido que fica armazenado nas vesículas seminais, nutrindo os espermatozoides entre os intervalos sexuais.

As células desses órgãos têm a capacidade de se reproduzir e crescer, atributo fundamental de manutenção da vida. O estágio através do qual as células passam de uma divisão à outra é conhecido como ciclo celular.

O câncer é uma doença resultante da perda do controle da célula sobre sua própria capacidade de regular o processo de divisão, levando ao seu crescimento desordenado. Alguns dos principais mecanismos que afetam a sequência normal de eventos do ciclo celular envolvem mutações em dois grupos principais de genes: os oncogenes e os genes supressores de tumor. Os primeiros estão relacionados com a indução da divisão celular enquanto os outros, ao contrário, atuam sobre os primeiros, num sistema eficiente de controle de proliferação.

As mutações que levam ao câncer podem estar ligadas a fatores ambientais; estilo de vida; tabagismo; fatores hereditários e envelhecimento, entre outros.

Nos últimos anos, os métodos de detecção e tratamento de cânceres urológicos foram aprimorados e atualmente os pacientes têm uma variedade de opções visando o diagnóstico precoce.

Em uma consulta de rotina ou em um achado de imagem, pode-se fazer uma suspeita de câncer.

Hoje, o arsenal diagnóstico é bastante significativo, como por exemplo:

- Exames laboratoriais que são conhecidos como marcadores, como por exemplo: PSA, Alfa Feto Proteína, Beta HCG, Citologia Urinária Oncótica.

- Diagnósticos por Genética Molecular.

- Estudos de imagem que avaliam se há tecido anormal ao longo do trato urinário ou fora dele, como o Ultrassom, Tomografia Computadorizada, Angiografia, Doppler, Cintilografia, Ressonância Nuclear Magnética e Pet CT Scan.

- Procedimentos endourológicos como a cistoscopia ou ureteroscopia, que obtém imagens a partir de instrumento delicado que tem uma câmera acoplada, possibilitando a verificação de tumores na uretra, bexiga, ureter e sistema coletor de urina nos rins.

- Biópsias, procedimento pelo qual é possível obter uma amostra de tecido anormal e analisá-lo em busca de células cancerígenas.

Nem todos os cânceres são iguais. Portanto, o tratamento deve ser individualizado e em algumas situações será necessário envolver uma equipe multidisciplinar (urologia, oncologia, radioterapia, patologia, radiologia) na condução do caso.

Neste momento não podemos deixar de lembrar que, em recente publicação, a Sociedade Brasileira de Urologia - Seção São Paulo, mostrou queda significativa nos números de novos diagnósticos de tumores urológicos em 2020, quando comparado a igual período em 2019. Os dados analisados foram fornecidos por cinco instituições paulistas que realizam atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) evidenciando que os diagnósticos de câncer de rim, próstata e bexiga diminuíram, em média, 26% no período da Pandemia (COVID-19). De acordo com o levantamento, o Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp) observou queda de 52% de novos casos de câncer de bexiga e de 63% de rim. O Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou redução em 35% de novos casos de câncer de rim neste período.

O diagnóstico de tumor de próstata, segundo câncer urológico de maior prevalência nos homens e a segunda maior causa de óbito nesta população, apresentou uma redução média de 33% nas instituições pesquisadas. Diante do apresentado, recomendamos que os pacientes não deixem de fazer suas consultas de rotina e, se você estiver em tratamento, nunca abandone a terapia.

A doença causada pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) não inibiu o aparecimento de novos casos de cânceres, apenas promoveu o afastamento dos pacientes dos consultórios médicos e hospitais, retardando o diagnóstico e reduzindo as chances de cura.

Durante a Pandemia, não deixe de usar máscaras, manter o distanciamento social, lavar as mãos frequentemente com água e sabão, usar álcool em gel quando não for possível lavar as mãos e vacinar-se assim que for convocado. Hospitais e consultórios seguem rigorosos protocolos de prevenção ao coronavírus, conforme orientações do Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária.

Assim, conclui-se que os tumores urológicos tem alta incidência de morbidade e mortalidade, mas com bons prognósticos quando diagnosticados precocemente. Na dúvida, não tenha receio em conversar com o seu Urologista (de modo presencial, por telefone ou videoconferência), ele vai saber lhe orientar.

 



Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia".


Entenda como funciona e quais são os critérios para a distribuição de medicamentos de intubação

Governos municipais, estaduais e federal trabalham em conjunto para dar cobertura completa a todos os pacientes que buscam atendimento no SUS

 

Desde o início da pandemia da covid-19, o Ministério da Saúde já enviou mais de 8,6 milhões de medicamentos de intubação (IOT) para todo o Brasil, para reforçar a assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Pela emergência de saúde pública imposta pelo coronavírus, a pasta está trabalhando em diversas frentes para assegurar o abastecimento dos insumos.

Para que os medicamentos de intubação cheguem na ponta, porém, é necessário o comprometimento de todos os envolvidos na gestão do SUS. O caminho dos produtos começa nos municípios: são os hospitais do SUS que informam o consumo médio mensal e os seus estoques aos estados – duas informações essenciais para a consolidação do processo de divisão dos medicamentos pelo País.

Esses dados são apresentados e discutidos em reuniões tripartites que ocorrem três vezes por semana, envolvendo representantes dos secretários estaduais e municipais de saúde (Conass e Conasems) e do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também colabora no processo, com o monitoramento da produção nacional dos medicamentos.

“A partir daí, a gente traça estratégias de aquisição e de distribuição desses medicamentos, com o intuito de regularizar a distribuição nacional. No momento seguinte, o Ministério executa essas estratégias, fazendo aquisições nacionais ou internacionais e propondo uma pauta de distribuição aos estados, que é aprovada pelo Conass e Conasems”, explica o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.

O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE), Hélio Angotti Neto, ressalta que o SUS funciona por meio de pactuações e consensos, com o objetivo de dar cobertura completa para todos os pacientes.

“O SUS está agindo de forma tripartite. Com isso, nós temos a capacidade de analisar e fazer a ata de distribuição, o quanto de medicamento vai para quem. E isso tem sendo feito regularmente, com reuniões às segundas, quartas e sextas-feiras. Por meio dessas reuniões, nós conseguimos nos planejar e enviar rapidamente esses medicamentos para todos os estados do Brasil”, afirma.


EXECUÇÃO

Assim que os medicamentos chegam ao Ministério da Saúde, as equipes que trabalham no Departamento de Logística da pasta agem rapidamente para executar o transporte dos chamados “kit intubação”.

A próxima força-tarefa será com a chegada, nesta quinta-feira (15/4), de 2,3 milhões de medicamentos adquiridos na China e doados ao Governo Federal por um grupo de empresas (Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen). Os produtos serão enviados para todo o Brasil a partir desta sexta (16/4) – com base em experiências anteriores, a expectativa é de que os medicamentos cheguem em todos os estados em menos de 48 horas.

Além disso, o Ministério da Saúde atua em outros meios para garantir a disponibilidade de medicamentos de intubação nas unidades de saúde. Entre eles, estão requisições administrativas, realizadas com os estoques excedentes das indústrias, pregões eletrônicos e compras internacionais via OPAS.

 


Marina Pagno


Ministério da Saúde


Mesmo com mudanças, a Lei de Recuperação Judicial e falências ainda não atende a maior necessidade do recuperando: o crédito

Não restam dúvidas de que as alterações trazidas pela lei 14.112/20 que alteraram a lei 11.101/05 (LRF) foram mais um avanço do legislador na intenção de privilegiar os princípios da função social e preservação da empresa, previstos, inclusive, na Constituição Federal. Tivemos avanços no que tange a flexibilização do plano de recuperação judicial, na efetividade da fiscalização do recuperando pelo administrador judicial, bem como a consagração de algumas jurisprudências como a dos bens essenciais para continuidade da empresa, a apresentação de certidões tributárias e até mesmo uma condicional para a empresa conseguir crédito. 

Ocorre que estas novas possibilidades, ainda que válidas, atingem apenas grandes empresas e não satisfazem a grande maioria das empresas do Brasil, em geral pequenas e médias, sendo estas as que geram mais empregos.


 

Contextualizando a recuperação judicial

 

Para aqueles que não estão familiarizados com a matéria, abaixo, apresento um breve resumo sobre a importância da recuperação judicial e seus princípios.

 

Todas as grandes economias mundiais estão fundadas na atividade privada das empresas e no liberalismo econômico. Partindo desta premissa fica fácil compreender que um problema neste sistema (como é o caso da pandemia), pode comprometer duramente a economia de todos os países, gerando desemprego, queda na arrecadação e impostos, o que afeta os serviços públicos, gera empobrecimento e endividamento em massa, entre outros malefícios.

Para se ter uma ideia, na principal economia do mundo (EUA), um dos principais índices econômicos é o do desemprego, se o desemprego está em alta o governo age rapidamente para ajudar a atividade privada em sua recuperação.

           

Diante deste cenário é que a doutrina internacional desenvolveu ao longo dos anos as teorias da função social da empresa e da preservação da empresa. A teoria da função social é mais abrangente e não só abraça as empresas em crise como toda a atividade empresarial privada ao disciplinar que a empresa tem uma função social, qual seja: gerar empregos, riqueza, desenvolvimento, impostos, crescimento econômico, programas assistenciais entre outros.

           

Portanto, se a empresa exerce a principal função dentro de uma sociedade moderna, a sua preservação é crucial.

 

Estamos passando por isto em tempo real com o fechamento de várias empresas por conta da pandemia, o que tem gerado reflexos gravíssimos para toda a atividade econômica. É a este encontro que a Lei de Recuperação Judicial e Falências vem, com o objetivo de preservar a atividade econômica.

           

Temos que parar com a cultura de que todo empresário/empresa que passa por dificuldades age de má fé ou que o auxílio do governo ao desenvolvimento de empresas nacionais é vantagem ilícita. Todas as nações desenvolvidas do mundo injetaram dinheiro em empresas hoje multinacionais, como Samsung, Fiat, VW, General Motors, Ford entre outras. Por que? Porque ajudar a atividade econômica deve ser o objetivo principal dos governos, pois é ela que devolve em impostos e desenvolvimento a ajuda recebida. Temos que desburocratizar e criminalizar o problema punindo os abusos, ou seja, não é a ajuda governamental que é ilícita ou imoral e sim como age quem a recebe, este, se agir de forma ilícita, deve ser punido com o rigor da lei.

           

A Lei 11.101/05 tem justamente como finalidade dividir com a sociedade este esforço do recuperando para superar a crise financeira e econômica instalada. Como? Com deságios e parcelamento dos débitos. E isto basta? Não. É senso comum na comunidade jurídica e econômica que uma empresa em crise precisa de um insumo básico: dinheiro/crédito. E sobre isto nem a lei e nem mesmo sua recente alteração não interviram, mantendo o arcabouço de normas já consolidadas que dificultam o crédito.


 

Da dificuldade para o empresário ter acesso a créditos


Como já abordado, as empresas em dificuldade continuam sem acesso a dinheiro de primeira linha com juros mais baixos.

           

Importante aqui explicar um pouco sobre como é feita a concessão de um crédito. Os bancos, incluindo os públicos, precisam se certificar de que o crédito concedido vai retornar para a instituição, ou seja, não pode sair emprestando para qualquer um. Isto decorre de acordos internacionais (chamados acordos da Basileia) que visam a proteção do sistema financeiro mundial, porque um colapso neste sistema teria impactos desastrosos para a economia global, como visto na crise de 2008 dos EUA, onde, por lá, o governo injetou dinheiro nas instituições financeiras para não haver uma quebradeira geral. Nos EUA as regras até então para o crédito (especialmente imobiliário) eram menos severas que no Brasil.

           

Com esta finalidade foram criadas diretrizes para que os governos locais e as instituições financeiras, observando os acordos da Basileia, definissem critérios para a concessão do crédito, sendo o principal deles a análise completa de quem requer o crédito. Uma classificação do risco do crédito foi proposta e fica a critério das instituições emprestarem o não dinheiro. Se o risco for maior, mais a instituição precisa ter reservas para cobrir eventual inadimplência, no Brasil é o deposito compulsório junto ao banco central.

           

Neste sentido pessoas jurídicas ou físicas com históricos ruins têm sua classificação no nível mais baixo, o que dificulta a concessão do crédito. As instituições financeiras, principalmente no Brasil, porque a eles é mais atrativa a divida pública, preferem emprestar apenas para quem tem rating que possibilite ao banco não fazer o depósito compulsório, já que seu insumo é o capital e no Banco Central tem menor rendimento do que no mercado qualificado.

           

Assim as empresas em recuperação ficam sem a principal ferramenta para superação da crise, o crédito. Ocorre que, ao analisar as diretrizes para proteção do crédito, parece evidente que uma empresa em recuperação tem seus números e seu histórico muito mais consolidados do que quem se apresenta como potencial adquirente do crédito (temos um exemplo clássico no Brasil o caso do Banco Panamericano que inclusive envolveu uma multinacional de auditoria). Veja que na RJ, além do poder judiciário, o administrador judicial e os credores (inclusive as instituições financeiras) estão a todo tempo fiscalizando o devedor com apresentação de relatórios mensais, visitas mensais aos recuperando e pareceres sobre a situação fática da empresa. Existe mais controle e confiabilidade nos números do que este? Não.


 

Um caminho para mudar este quadro     


Evidente que para que o crédito seja concedido o que se propõe é a aprovação do plano de recuperação judicial. Ora, se o plano foi aprovado e há viabilidade e condições para a empresa se recuperar, ela será fiscalizada e auditada por mais 24 meses, por que não conceder o crédito? Existe uma interpretação equivocada da resolução 2.682/99 do Conselho Monetário Nacional de que mesmo nas negociações de dívida o rating deve manter-se no nível mais baixo até a quitação, o que inviabiliza para as instituições financeiras conforme dito.

           

Em seu artigo 8º a resolução deixa claro que um fato relevante ou alteração substancial nas condições do adquirente do crédito pode ser considerado hábil para reclassificação do crédito, o que diminuiria a necessidade do depósito compulsório e deixaria o recuperando mais atrativo para este mercado. Isto porque a recuperação judicial pode ser justamente este fato novo e relevante já que o Estado através do poder judiciário entendeu que esta empresa realiza na sociedade sua função social e precisa ser preservada. Ademais, sob a batuta do Estado, esta empresa será mais fiscalizada e seus números serão mais cristalinos do que as empresas que não estão nesta condição.

           

Uma mudança de visão em relação a concessão do crédito para uma empresa em recuperação judicial com plano aprovado significaria um grande ajuste do mercado, já que os fornecedores também seguem os critérios de classificação. Em momentos como o que vivemos este pequeno esforço do legislador poderia significar a mantença de vários empregos e empresas pelo Brasil.

           

A mudança introduzida no final do ano passado na lei de recuperação judicial foi positiva e, inclusive, timidamente tratou da concessão do crédito em seu novo capítulo denominado: Do financiamento do devedor e do grupo de devedores durante a recuperação judicial, artigos 69-A ao 69-F. A iniciativa é válida, mas além de complexa porque precisa de autorização judicial e do comitê de credores (que só se instala em gigantes recuperações) exige garantia de bens e direitos. A grande maioria das empresas em recuperação judicial e seus empresários já não possuem bens e direitos para negociar ou estão todos comprometidos.

           

Parece que o legislador pensou apenas nas grandes recuperações judiciais e não nas empresas de médio e pequeno porte que correspondem a 80% do total de empresas no Brasil. A estas, que geram mais empregos e mantém a economia de pequenas cidades, nada foi pensado. Estas empresas amargam recuperações judiciais (que tem um custo caro) sem nenhuma condição de conseguir crédito justo no mercado. São obrigadas a ir para o mercado de crédito de segunda categoria (que aceita o risco mas com juros exorbitantes) o que ao invés de favorecer a recuperação, às vezes é o último passo para falência.

           

Em tempos de crise, muitas medidas poderiam e podem ser tomadas visando a preservação da empresa, como por exemplo formas de contratações diferenciadas para empresas em recuperação judicial (diminuindo os encargos) até que a mesma saia da recuperação, parcelamento de débitos fiscais mais reais, linhas de crédito diferenciadas observando a proposta aqui apresentada de uma nova interpretação do artigo 8º da resolução 2.682/99 da CMN.

           

Vale dizer que tanto os EUA, como a Europa e a própria China injetaram dinheiro na economia diretamente nas empresas de modo que mantivessem suas atividades nesta pandemia. É possível alguém dizer que estas economias são mais ricas que a nossa, porém elas não têm a capacidade de economizar que o Brasil tem já que seu PIB (que é maior do que a Rússia por exemplo) é consumido acima da média de países como EUA, Alemanha e Japão pelo custo da máquina pública. Tais países ainda por cima tem PIB maior que o do Brasil.

           

Conclui-se, portanto, que é possível sim uma alteração legislativa a fim de viabilizar a recuperação judicial das empresas em dificuldade e a consequente recuperação econômica (já que hoje no Brasil qual empresa não tem dificuldade), basta um esforço do governo e do legislador neste sentido.


 Lodovico Advogados


Decisão histórica: TJSP é o primeiro tribunal a regulamentar o trabalho remoto no pós-pandemia

Medida atende ao anseio dos magistrados de São Paulo

 

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo aprovou por unanimidade nesta quarta-feira (14/4) a regulamentação do teletrabalho a magistrados e servidores do Judiciário paulista. A decisão é histórica, e o TJSP foi o primeiro Tribunal do país a implantar o trabalho remoto de forma regular em período de normalidade.

A magisratura paulista vem batedo recordes de produtividade. Desde o início da pandemia, em 16/3/2020, e até 11/4/2021, foram produzidos 32,3 milhões de atos processuais.

Para a presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis), Vanessa Mateus, a medida representa um ganho imenso para todos os atores do processo e para o Tribunal de Justiça de São Paulo e o Estado como um todo em razão da economia de recursos públicos, com a diminuição da necessidade de prédios, gastos com manutenção, deslocamentos. “Além disso, garante agilidade na prestação jurisdicional, sem comprometer a qualidade do atendimento”, afirma.

Vanessa Mateus recorda que desde o início da pandemia foi dado um grande passo em direção ao trabalho remoto, com a ampliação do aparato tecnológico e com a criação de plataformas para a realização de audiências e novas formas de comunicação entre juízes, advogados e todos os atores do processo. “O teletrabalho era um anseio dos magistrados, que observaram inúmeras vantagens nessa forma de trabalhar, a começar pelo aumento da produtividade, facilidade de acesso dos advogados para despachar com os juízes, redução do tempo para a prática de atos processuais e tomadas de decisões. Também facilitou para as partes e testemunhas que não precisaram se deslocar para lugares distantes a fim de prestar depoimento”, ressalta.

 

*Veja a regulamentação do teletrabalho dos magistrados*

Art. 23. É facultado a magistrados(as) de primeiro grau do Tribunal de Justiça de São Paulo, atendidos os pressupostos e procedimentos deste capítulo, o regime de teletrabalho.

Art. 24. Os(as) magistrados(as) titulares de comarcas de entrância final e os titulares de Comarcas de entrância intermediária com mais de 3 (três) varas, que optarem pelo regime de teletrabalho, deverão comparecer ao fórum pelo menos 3 (três) dias úteis por semana.

  • 1º. Os(as) magistrados(as) titulares de comarcas de entrância intermediária com 3 (três) ou menos varas, os(as) titulares de comarcas de entrância inicial e os(as) juízes(as) substitutos(as), que optarem pelo regime de teletrabalho, deverão comparecer ao fórum pelo menos 4 (quatro) dias úteis por semana.
  • 2º. Para os fins do disposto no caput e no §1º, aplica-se aos(às) juízes(as) de direito auxiliar o mesmo regime dos(as) juízes(as) titulares da respectiva comarca.
  • 3º. Nos dias em que trabalhar remotamente, o(a) magistrado(a) deverá estar na comarca em que autorizado(a) a residir.
  • 4º. A assinatura digital dos atos a cargo do(a) magistrado(a) deverá ser por ele(a) exclusivamente efetuada e, se estiver em regime de teletrabalho, de seu equipamento pessoal.

 

Covid-19 acelerou a digitalização de meios de pagamento no Brasil, afirma Minsait

Estudo aponta que 43,2% dos brasileiros afirmaram ter medo de usar cédulas no atual cenário por conta do risco de transmissão do novo coronavírus


Acelerada pela pandemia, a digitalização dos meios de pagamento está consolidando o uso de dispositivos eletrônicos e impulsionando a transição para uma sociedade sem uso em dinheiro. Essa transição se reflete na maior utilização de sistemas digitais em relação aos mecanismos físicos e tradicionais.

De acordo com o 10º Relatório de Tendências em Meios de Pagamento, da Minsait Payments, uma empresa da Minsait, mais de 50% da população com Internet banking em todos os países analisados reduziu ou abandonou o pagamento com dinheiro. No Brasil, 43,2% dos brasileiros afirmaram ter medo de usar cédulas no atual cenário por conta do risco de transmissão do novo coronavírus.

De acordo com os especialistas, 8 em cada 10 concordam que o processo de abandono do dinheiro tem se acelerado, embora 3 em 10 vejam risco de reversibilidade assim que a pandemia terminar. Além disso, 9 em cada 10 gestores concordam que o impacto que a pandemia teve no uso de pagamentos foi positivo, visto que acelerou o uso de meios digitais de pagamento.

Apesar do otimismo, 1 em cada 4 indica que ainda falta acesso a esses meios digitais de pagamento e cobrança, principalmente na América Latina, onde há um crescimento significativo da atividade bancária e onde a população parece estar indo mais rápido do que a adaptação a esses sistemas.

O Relatório de Pagamentos Minsait reúne as opiniões de mais de 80 executivos do setor bancário, bem como as recolhidas em 4.400 pesquisas à população bancária na Espanha, Portugal, Reino Unido, América Latina e Itália.

O relatório completo está disponível em: https://mediosdepago.minsait.com/pt


O cartão, o meio de pagamento principal, mas com mudanças

Neste contexto de transição, o cartão continua a ser o principal meio de pagamento de compras em todos os países, ao mesmo tempo que prossegue o crescimento do mobile payment, das carteiras digitais e dos pagamentos por conta. Por outro lado, há, associada à crise econômica derivada da pandemia, uma diminuição generalizada da posse de cartões de crédito. O Brasil é um dos países da América Latina que mais usa esta ferramenta, tanto para compras de baixo valor (55,5%) e alto valor (55,8%).

Apesar disso e ao contrário do que acontece na América Latina, a Europa aumenta a frequência de utilização em todas as operações. No que diz respeito à modalidade de débito, é de salientar que continua a ser o grande protagonista em termos de apetrechamento da população na maioria dos países.


As compras são transferidas para o e-commerce e o protagonismo do celular cresce

Outro efeito da Covid-19 é a transferência das compras para o comércio eletrônico, que tem sido reforçada pelo aumento da frequência das operações entre os consumidores que já adquirem produtos online. Na América Latina esse aumento é mais evidente, com percentuais que variam entre 50% e 63%. Já na Europa, 42% dos espanhóis declaram comprar agora com maior frequência, embora atrás do Reino Unido (44%), Itália (46%) e Portugal (47%).

Outro aspecto interessante é o impulso que o uso do smartphone recebe para compras pela Internet, principalmente na América Latina. A Espanha lidera este crescimento na Europa, passando de 50% em 2019 para 60% em 2020, equiparando-se à utilização de computadores pessoais para este propósito.

Por fim, há um consenso sobre a aplicação do fator de dupla autenticação para pagamentos online, mas com intensidades diferentes. Assim, os bancos espanhóis e italianos são os que mais priorizam a segurança, razão pela qual 60% preferem que sua instituição financeira solicite um segundo fator de autenticação sempre e em cada uma das operações.

 

Minsait Payments

https://mediosdepago.minsait.com/es


Qual é o seu futuro profissional?

 

Quando se via à beira de uma das mais sérias escolhas de suas vidas, na fase de optar qual curso universitário seguir, no passado, a geração baby boomers – que hoje tem entre 55 e 75 anos – pensava em tomar uma decisão baseada em garantir o sustento da família, além de avaliar sobre as probabilidades em passar no exame vestibular e, por fim, no prazer que teria em aprender aquele ofício.

 

Um outro fator de atração para certas profissões era o glamour que elas geravam entre os jovens. Não raro, apareciam na lista dos cursos mais desejados opções que não ofereciam boa remuneração, mas que apresentavam boas chances de se obter aprovação no vestibular ou que tinham o gostar e a realização profissional como fatores preponderantes na decisão.

 

Já a geração Z, dos nascidos após os anos 2000, examina os possíveis cursos com critérios semelhantes a de seus pais ou avós. Porém, com uma diferença determinante: o futuro das carreiras. Isso porque para o jovem de hoje é evidente que muitas profissões serão extintas nos próximos anos ou décadas, devido ao avanço da tecnologia, e outras tantas profissões vão ter papel de destaque.

 

Esse raciocínio é corretíssimo, pois é preciso analisar que, se novas atividades surgiram recentemente, profissões tradicionais tendem a desaparecer, assim como tantas outras vão passar a existir. E aí está o ponto crucial a ser ponderado pelos jovens. Isso porque máquinas e programas já substituem uma série de atividades e, daqui para frente, vão substituir mais ainda uma série de funções.

 

Ou seja: decidir qual profissão seguir hoje deve ser encarado como uma tomada de decisão seríssima, que deve ser estudada atentamente, a partir de informações embasadas, em vez de simples palpites.

 

Dados objetivos é que devem nortear a escolha. Dialogar com professores é um bom caminho. Procurar fazer contato com profissionais de destaque em suas atividades também. E outra boa dica é pesquisar em fontes de informação com credibilidade. Por fim, os consultores de Recursos Humanos e headhunters podem também trazer uma inestimável contribuição para a escolha profissional.

 

O fato é que se pudermos antecipar o avanço da tecnologia nas próximas três décadas, ficaremos estarrecidos. Para se ter uma ideia da dimensão do que estamos falando, basta dizer que a internet de uso amplo e pessoal – a rede www – é de 1992. Ou seja: sequer completou trinta anos de existência. Já as redes sociais foram todas criadas nos idos dos anos 2000. Por sua vez, os celulares surgiram no Brasil na década de 90 e eram verdadeiros “dinossauros” quando comparados aos modelos atuais.

 

Bastaram, portanto, apenas trinta anos para o mundo passar por essa grandiosa revolução tecnológica. E, há bem pouco tempo, se iniciou outra grande mudança: a Era da Indústria 4.0 ou 4ª Revolução Industrial. Ela compreende áreas como Inteligência Artificial (AI), Internet das Coisas (IoT), Learning Machine, Robótica, Bigdata, além das impressões em 3D, nanotecnologia, computação quântica, entre outros campos do conhecimento. Eles se misturam, pois são todos interligados.

 

O fato é que o futuro ninguém consegue prever, mas as tendências, sim. Veículos autônomos, tele-entregas por drones, comida feita por robôs domésticos, sistemas de inteligência artificial operada por cognição são alguns dos avanços esperados para os próximos anos.

 

Existe uma frase popular que diz “É bom, mas é ruim. É ruim, mas é bom”. Assim, apesar de difícil, tende a se dar melhor quem empreender e investir nessas áreas inovadoras. Ou seja, será bom para quem desde já estiver atento às futuras oportunidades mercadológicas. Mas, será ruim para quem não estiver capacitado e atento às mudanças. Em síntese, em vez de dizer que os mais fortes sobrevirão, podemos acreditar que os mais aptos e preparados vão dominar o mundo profissional. Cabe, portanto, questionar: que futuro você vislumbra para si?

 

 


Marco Juarez Reichert - Formado em Administração de Empresas, com MBA em Finanças e Governança Corporativa e Pós MBA em Inteligência Empresarial. É escritor, palestrante, consultor empresarial e conselheiro de administração. É também autor do livro Gestão Sem Estresse (Ed. Casa do Escritor).


Dia Mundial da Voz: problemas relacionados à voz são comuns entre os professores

No Dia Mundial da Voz, 16 de abril, o Colégio Bom Jesus chama a atenção para a prevenção dos sintomas e lesões que podem afetar o desempenho desse profissional


Entre os diversos profissionais que têm na voz o seu principal instrumento de trabalho, os professores fazem parte de uma das categorias mais suscetíveis às alterações vocais decorrentes do mau uso ou do abuso vocal. Os sintomas de voz quando persistentes podem evoluir para lesões mais graves, caso não sejam tratados. Por isso, o Colégio Bom Jesus mantém há 24 anos o Programa da Voz no Departamento de Saúde Escolar (DSE), que auxilia os profissionais que necessitam de orientações relacionadas a esses problemas, trabalhando essencialmente na prevenção.

Como relata a fonoaudióloga do DSE, Sônia Arns, entre os sintomas vocais mais comuns estão a rouquidão, o cansaço vocal, o esforço para falar, a dor de garganta, dor no pescoço e nos ombros, além da sensação de garganta seca. Ela explica ainda que as lesões além de adquiridas, podem ser também congênitas, ou seja, inatas ao indivíduo (aquela pessoa que sempre teve a voz rouca, por exemplo). Neste Dia Mundial da Voz é feito um alerta especial para a rouquidão, já que é um sintoma que pode estar também relacionado com câncer de laringe.

No processo admissional do Colégio Bom Jesus, o professor além de realizar exame médico e fonoaudiológico ocupacional, é submetido também ao exame otorrinolaringológico para avaliar como estão as estruturas da laringe. Investigações periódicas também são feitas com o intuito de monitorar a qualidade de voz do professor e orientá-lo quanto aos cuidados vocais. Também são feitos encaminhamentos para fonoterapia quando necessário.

 

Cuidados básicos com a voz

A fonoaudióloga do DSE, Karine Salvalaggio, orienta os professores para alguns cuidados antes e após o período de aula. Tomar muita água, comer frutas (especialmente as cítricas e a maçã), manter uma alimentação saudável, dormir bem, manter boa postura corporal ao falar, assim como, realizar o aquecimento e desaquecimento vocal são algumas das recomendações. “A prega vocal é um músculo. Se fazemos aquecimento muscular quando vamos fazer atividades físicas, da mesma forma temos que fazer com a voz”, explica Karine. Entre os exercícios recomendados estão a respiração diafragmática, que auxilia na projeção de voz do professor, os exercícios vocais e o relaxamento da região da coluna cervical, do pescoço e dos ombros. “O professor deve diariamente monitorar a qualidade de sua voz e contar com os recursos da fonoaudiologia para auxiliá-lo sempre que necessário.”, observa Sônia.

A cafeína, o leite e derivados, as bebidas gasosas, as bebidas alcoolicas, os doces em excesso e, principalmente, o cigarro, são prejudiciais à saúde vocal. Existem outros fatores de risco para o surgimento de problemas na voz, como explicam as fonoaudiólogas. Por exemplo, o refluxo gastroesofágico (que traz irritação à garganta e tosse) e as alergias respiratórias (rinite é uma delas).


Contas de luz, mercado e gás aumentam mais de 60% na pandemia e preocupam consumidores

Pesquisa aponta que uma das principais preocupações é de não conseguir prover o básico; ferramentas online ajudam a buscar menores preços


Para muitos brasileiros, o orçamento financeiro foi diretamente atingido de forma negativa pela pandemia. Tanto pela redução de ganhos ou até desemprego, quanto pelo aumento dos gastos. Uma pesquisa realizada pela Acordo Certo, empresa de renegociação on-line de dívidas, mostrou que os gastos que mais aumentaram nesse período foram os fixos, como contas de luz (71%), compras de mercado (65%), gás (62%) e água (56%), além das despesas médicas (42%). Com esse crescimento, 35% dos entrevistados revelaram medo de não conseguir prover o básico para a família. 

Nesse cenário, se a tecnologia virou a grande aliada para fazer as compras sem sair de casa, também pode ser utilizada para descobrir como gastar menos. Em Curitiba, o portal Clique Economia foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar no planejamento de compras. O projeto, concebido pela Prefeitura de Curitiba e desenvolvido pelo Instituto das Cidades Inteligentes (ICI), traz informações sobre preços de itens pesquisados diariamente nos supermercados da capital paranaense. O coordenador de portais do ICI, Luciano Cardoso, afirma que a equipe buscou pela modernização da plataforma para fornecer os dados para os consumidores. “Adotamos novas tecnologias e layout responsivo, além de focar na utilização da aplicação em dispositivos móveis”, explica.

No Clique Economia, é possível criar uma lista de compras que será montada a partir dos melhores preços encontrados nos supermercados de Curitiba. Além disso, as informações no portal foram otimizadas para facilitar a navegação e a visualização dos conteúdos, principalmente com as pesquisas de preços por categorias e produtos. Segundo o líder de desenvolvimento da solução, Evandro Gayer Gomes, o site é totalmente responsivo. “Deixamos a navegação simplificada, considerando poucos cliques para pesquisa e visualização das informações, bem como botões que lembram um aplicativo para celular. Utilizamos aplicativos como iFood e Uber Eats como referência”, conta.

Para Evandro, além de ajudar no planejamento das compras, o Clique Economia também auxilia na diminuição das despesas. “Houve aumento na compra de produtos em supermercados devido à pandemia e, ao mesmo tempo, um momento de alta nos preços. Com a ferramenta, o cidadão pode se organizar financeiramente na hora de montar sua lista de compras. Também é ótimo para os mercados, que têm a possibilidade de garantir melhores preços em meio à concorrência. É uma via de mão dupla”, destaca Evandro.

O Clique Economia está disponível pelo site cliqueeconomia.curitiba.pr.gov.br.

 

 

 ICI – Instituto das Cidades Inteligentes

 www.ici.curitiba.org.br.

 

7 vantagens de se associar a uma cooperativa de crédito

O Banco Central do Brasil tem uma ousada agenda para o fortalecimento da modalidade no País. O consultor financeiro e empresarial Marco Juarez Reichert, autor do livro Gestão sem Estresse, explica por que vale a pena apostar nessa alternativa na hora de investir seu dinheiro


 

Não é à toa que o Banco Central se declara parceiro das cooperativas de crédito, e quer contar com elas para que o segmento aumente a inclusão social, a competitividade, a transparência e a educação. Em 2019, antes mesmo da pandemia da Covid-19 se instalar, o BC sugeriu algumas metas para o setor até 2022, entre elas, o incremento de 8% para 20% de participação das cooperativas no volume de crédito concedido no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e, ainda, um maior acesso ao crédito para cooperados com renda de até 10 salários-mínimos. Para tal, a autarquia recomendava uma ampliação da participação das cooperativas nas regiões Norte e Nordeste, de 13% para 25%.

 

Segundo Marco Juarez Reichert, consultor financeiro e empresarial, palestrante e autor do livro Gestão sem Estresse (Ed. Casa do Escritor), as cooperativas de crédito atendem com excelência às demandas de pessoas físicas, jurídicas, empreendedores e investidores e, ainda, oferecem uma série de benefícios agregados.

 

Além disso, conforme o especialista, nas cooperativas, o aten­di­men­to é per­so­na­li­za­do, a pre­ci­fi­ca­ção de produtos e ta­xas é jus­ta e, ao final de cada ano, acontece a dis­tri­bui­ção de parte do resultado, as chamadas sobras líquidas – equivalentes aos lucros. “Ou seja, o cooperado é também sócio, participando ativamente do dia a dia da cooperativa e, ainda, tem direito a produtos e serviços customizados”, explica Reichert.

 

“E, acima de tudo, como instituição coletiva que é, o cooperativismo contribui para avanços na economia de modo geral e em prol de toda a sociedade, graças a ações educativas e culturais”, avalia o especialista.

 

Em tempo: o cooperativismo é um movimento centenário no País e tem raízes históricas. A modalidade teve início em 1902, no Sul, precisamente no município de Nova Petrópolis (RS) por iniciativa do padre jesuíta suíço Theodor Amstad. Ele trouxe a ideia da Europa e foi o fundador de uma das maiores cooperativas brasileiras hoje em atividade. Veja, a seguir, sete vantagens de ser um cooperado, segundo Marco Juarez Reichert:

 

1)   Recebimento de sobras anuais. Quando a cooperativa tem resultados positivos, o dinheiro é distribuído aos associados uma vez por ano, sendo que o cálculo do valor a ser repartido é feito sobre a movimentação de cada um. “O resultado fica, de uma forma ou de outra, na própria comunidade da cooperativa”, conta Reichert. “E aí reside um dos maiores diferenciais de uma cooperativa de crédito: ajudar a construir comunidades mais prósperas”, afirma.

 

2)   Prestação de serviços similar à dos bancos. As cooperativas oferecem os mesmos produtos e facilidades que os bancos tradicionais. “Ou seja, pessoas físicas podem abrir conta, ter cartões de crédito, fazer empréstimos, entrar em consórcios, tomar crédito imobiliário, e, ainda, manter investimentos como poupanças, previdência privada e aplicações de renda fixa”, indica Reichert. “Já as empresas podem também migrar as folhas de pagamento de colaboradores para a cooperativa e, também, ter acesso às maquininhas de cartão”, exemplifica. “E vale lembrar que as cooperativas estão plenamente digitalizadas e oferecem ferramentas como internet banking e apps que agilizam a movimentação”, acrescenta.

 

3)   Inclusão financeira. No Brasil, a burocracia e os altos juros costumam ser um entrave ao acesso aos bancos. Segundo o instituto Locomotiva, hoje 45 milhões de brasileiros, quase metade da população ativa, estão à margem do sistema financeiro tradicional. “A boa notícia é que pessoas com baixa renda, os chamados ‘desbancarizados’, conseguem mudar suas realidades e ter acesso a crédito por meio de cooperativas, já que essas instituições têm um forte viés social e são inclusivas”, afirma Reichert. Desse modo, as cooperativas surgem como alternativa para proporcionar a inclusão desse grande contingente da população, sendo muitas vezes, a única opção existente”, explica Reichert.

 

4)   Processo democrático na tomada de decisões. No cooperativismo financeiro, os associados exercem direitos e deveres como tomadores de decisão, e não apenas como usuários do sistema. São realizadas assembleias periódicas e o presidente e o seu vice prestam contas em nome do conselho. As decisões acontecem por meio de votações, nas quais cada CPF consiste em um voto válido. “Ou seja, o crescimento da cooperativa é de interesse de cada sócio (cooperado), e não apenas dos executivos e colaboradores”, explica o consultor. “E é importante mencionar que cada associado tem idêntico poder de opinião, independentemente de ter renda mensal de um salário-mínimo ou de milhares de reais”, reforça, ele. “A propósito, as assembleias deste ano foram todas virtuais, em razão da pandemia”, acrescenta.

 

5)   Segurança no investimento. As cooperativas são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, e seus balanços passam por auditorias externas e são divulgados com transparência para os associados. E mais: os investimentos das cooperativas são protegidos pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que assegura os valores aplicados nessas instituições financeiras, dentro dos limites regulamentares, em casos de intervenção ou liquidação extrajudicial. “Isso quer dizer que, assim como em um banco comum, caso haja problemas na cooperativa, o dinheiro é ressarcido para o associado, respeitando-se o limite estipulado de R$ 250 mil”, diz Reichert.

 

6)   Atendimento humanizado.  E se a estrutura de atendimento é semelhante ao do banco, nas cooperativas, a interação entre as partes é feita com acolhimento, transparência e humanização. “O acesso ao gerente é fácil e rápido”, diz Reichert. “Como a estrutura é horizontal e estas instituições não visam lucro, em geral, o cliente recebe um atendimento diferenciado, quando comparado ao banco tradicional”, avalia Reichert. Especialmente nas agências, isso fica bastante evidente. Em geral, exceto em períodos de exceção (como a atual pandemia), o cliente é recebido em espaços aconchegantes com café e wifi, e até mesmo seus acompanhantes são bem recepcionados e se sentem à vontade. “Estes locais são como salas de estar e atendem o objetivo de causar uma boa experiência ao associado”, compara o especialista.

 

7)   Engajamento para o bem comum. As cooperativas ainda detêm uma série de ações de responsabilidade social, educativas ou culturais, que não visam lucro, e atuam em prol da coletividade. “São projetos que atuam para a inclusão e para a capacitação de indivíduos”, diz Reichert. “Iniciativas assim contribuem para o desenvolvimento social, sendo que todos os associados são agentes transformadores”, diz. “Ou seja, o cooperativismo prega o capitalismo consciente”, conclui o consultor.

 

 


Marco Juarez Reichert - Formado em Administração de Empresas, com MBA em Finanças e Governança Corporativa e Pós MBA em Inteligência Empresarial. É escritor, palestrante, consultor empresarial e conselheiro de administração. É também autor do livro Gestão Sem Estresse (Ed. Casa do Escritor).


Caso Henry: como identificar sinais de que uma criança pode estar sofrendo abusos?

Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga especialista em Gestão Escolar e Educação Inclusiva , fala sobre indícios físicos e emocionais manifestados em casos de maus tratos

 

Os avanços das investigações sobre o caso Henry Borel têm chocado o Brasil com evidências impactantes que indicam que o menino foi assassinado a golpes violentos no interior da residência onde morava com a mãe e o padrasto, principais suspeitos do crime. Morto no último dia 08 de março aos 04 anos, Henry já vinha sofrendo uma série de abusos físicos e emocionais apontados pelas apurações das autoridades atuantes no caso. O contexto de violência nessa situação traz à tona uma discussão que precisa ser abordada de forma categórica pela sociedade: como os professores e adultos que convivem com crianças podem identificar indícios de abuso? 

“Todo episódio ou circunstância de maus tratos causa efeitos comportamentais. Nós adultos, como únicos elementos capazes de livrar a criança deste tipo de situação precisamos estar atentos as alterações de conduta em todos os ambientes sociais”, aponta a psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga, especialista em Gestão Escolar e Educação Inclusiva. A condição de abuso causa medo e insegurança na criança gerando dificuldade em falar sobre o assunto. Portanto, em geral, elas acabam manifestando de maneira implícita. ”Nesses contextos, o mais importante é observar e conhecer muito bem a criança pelo qual se é responsável. É necessário perceber, por exemplo, se repentinamente ela começa apresentar uma agressividade ou sensibilidade fora do normal, se a criança é agitada e passou a ficar muito silenciosa e, até mesmo, se ela apresentou queda no desempenho escolar. Sempre há indicativos de que há algo errado”, alerta a especialista. 

De acordo com a psicopedagoga, os sinais mais comuns são: falta de apetite; agressividade; choros fora do normal; não querer ficar sozinho; no caso de crianças maiores, voltar a fazer xixi na cama ou as necessidades nas roupas; pesadelos; passar a roer unhas; apatia; e sintomas físicos frequentes ligados a stress e ansiedade, entre eles diarreia, dor de estômago, tontura, náusea, vômito, taquicardia, alergias e dermatites. Além disso, é imprescindível ouvir, respeitar e investigar as vontades ou recusas da criança. “É preciso estar atento se a criança repete muito que não quer ir à escola, ou a casa de alguém, ou estar em determinado lugar. Se não gosta de estar perto de certo adulto, se desvia o olhar dessa pessoa ou se passa a mentir para evitar ir a lugares ou conviver com a pessoa. Crianças são imaturas e têm total confiança nos adultos. Ela busca acolhimento no adulto com o qual se sente segura, e se isso não é ouvido, vai demostrar de outras formas. Crianças replicam exemplos e sentimentos que vivenciam. Se ela passa a morder e beliscar os colegas na escola, pode estar acontecendo algo”, explica.

 

“Birra” ou socorro?

Há comportamentos e alterações na conduta infantil que muitas vezes são encarados como “birra” e prontamente repreendidos. Mas como diferenciar a birra de um pedido de socorro inconsciente por parte da criança? Para Ana Regina Caminha Braga, a identificação parte da observação e diálogo. “A birra é uma explosão de sentimentos. Mesmo que a motivação seja banal, é uma forma da criança expressar frustração e descontentamento. Ela usa esse recurso para mostrar que está emocionalmente abalada. A questão aqui é o responsável observar se a ‘birra’ está muito fora do comum ou aparecendo de maneira frequente. Se isso acontecer, é importante  conversar com a criança e criar uma abertura para ela contar tudo o que está sentindo”, diz. 

Outra atitude bem importante é não duvidar dos sentimentos da criança, do que ela fala ou demonstra. “Precisamos deixar o termo ‘geração mimimi’ de lado. É muito preocupante ver pais e responsáveis dizendo que não se pode falar mais nada e denominando determinadas reações e comportamentos infantis como bobagens, sendo que muitas vezes pode ser um pedido de ajuda que está sendo negligenciado por quem deveria promover a proteção dessa criança”, completa a especialista.


Posts mais acessados