Os cânceres urológicos estão entre os tumores mais frequentes e podem ser diagnosticados em estágios iniciais, isto é, quando ainda estão confinados ao órgão e não causam sintomas. O diagnóstico precoce é a melhor forma de se obter um prognóstico favorável. Os cânceres de rim, adrenal, ureter e bexiga podem ocorrer tanto em homens como em mulheres; já os cânceres de próstata, pênis e testículos são específicos de homens.
Os rins filtram o
sangue, produzindo a urina. A urina é conduzida pelos ureteres até a bexiga,
onde é armazenada. A dinâmica miccional é finalizada quando a uretra elimina a
urina para o meio externo e um novo ciclo recomeça para homens e mulheres.
Considerando
especificamente o aparelho genital masculino, os testículos produzem os espermatozoides, que
são conduzidos para as vesículas seminais pelos deferentes. A próstata produz o
líquido que fica armazenado nas vesículas seminais, nutrindo os espermatozoides
entre os intervalos sexuais.
As células desses
órgãos têm a capacidade de se reproduzir e crescer, atributo fundamental de
manutenção da vida. O estágio através do qual as células passam de uma divisão
à outra é conhecido como ciclo celular.
O câncer é uma
doença resultante da perda do controle da célula sobre sua própria capacidade
de regular o processo de divisão, levando ao seu crescimento desordenado.
Alguns dos principais mecanismos que afetam a sequência normal de eventos do
ciclo celular envolvem mutações em dois grupos principais de genes: os
oncogenes e os genes supressores de tumor. Os primeiros estão relacionados com
a indução da divisão celular enquanto os outros, ao contrário, atuam sobre os
primeiros, num sistema eficiente de controle de proliferação.
As mutações que
levam ao câncer podem estar ligadas a fatores ambientais; estilo de vida;
tabagismo; fatores hereditários e envelhecimento, entre outros.
Nos últimos anos, os
métodos de detecção e tratamento de cânceres urológicos foram aprimorados e
atualmente os pacientes têm uma variedade de opções visando o diagnóstico
precoce.
Em uma consulta de
rotina ou em um achado de imagem, pode-se fazer uma suspeita de câncer.
Hoje, o arsenal
diagnóstico é bastante significativo, como por exemplo:
- Exames
laboratoriais que são conhecidos como marcadores, como por exemplo: PSA, Alfa
Feto Proteína, Beta HCG, Citologia Urinária Oncótica.
- Diagnósticos por
Genética Molecular.
- Estudos de imagem
que avaliam se há tecido anormal ao longo do trato urinário ou fora dele, como
o Ultrassom, Tomografia Computadorizada, Angiografia, Doppler, Cintilografia,
Ressonância Nuclear Magnética e Pet CT Scan.
- Procedimentos
endourológicos como a cistoscopia ou ureteroscopia, que obtém imagens a partir
de instrumento delicado que tem uma câmera acoplada, possibilitando a
verificação de tumores na uretra, bexiga, ureter e sistema coletor de urina nos
rins.
- Biópsias,
procedimento pelo qual é possível obter uma amostra de tecido anormal e
analisá-lo em busca de células cancerígenas.
Nem todos os
cânceres são iguais. Portanto, o tratamento deve ser individualizado e em
algumas situações será necessário envolver uma equipe multidisciplinar
(urologia, oncologia, radioterapia, patologia, radiologia) na condução do caso.
Neste momento não
podemos deixar de lembrar que, em recente publicação, a Sociedade Brasileira de
Urologia - Seção São Paulo, mostrou queda significativa nos números de novos
diagnósticos de tumores urológicos em 2020, quando comparado a igual período em
2019. Os dados analisados foram fornecidos por cinco instituições paulistas que
realizam atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
evidenciando que os diagnósticos de câncer de rim, próstata e bexiga
diminuíram, em média, 26% no período da Pandemia (COVID-19). De acordo
com o levantamento, o Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas
(Unicamp) observou queda de 52% de novos casos de câncer de bexiga e de 63% de
rim. O Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou
redução em 35% de novos casos de câncer de rim neste período.
O diagnóstico de tumor
de próstata, segundo câncer urológico de maior prevalência nos homens e a
segunda maior causa de óbito nesta população, apresentou uma redução média de
33% nas instituições pesquisadas. Diante do apresentado, recomendamos que os
pacientes não deixem de fazer suas consultas de rotina e, se você estiver em
tratamento, nunca abandone a terapia.
A doença causada pelo
SARS-CoV-2 (COVID-19) não inibiu o aparecimento de novos casos de cânceres,
apenas promoveu o afastamento dos pacientes dos consultórios médicos e
hospitais, retardando o diagnóstico e reduzindo as chances de cura.
Durante a Pandemia,
não deixe de usar máscaras, manter o distanciamento social, lavar as mãos frequentemente
com água e sabão, usar álcool em gel quando não for possível lavar as mãos e
vacinar-se assim que for convocado. Hospitais e consultórios seguem rigorosos
protocolos de prevenção ao coronavírus, conforme orientações do Ministério da
Saúde e Vigilância Sanitária.
Assim, conclui-se que os tumores urológicos tem
alta incidência de morbidade e mortalidade, mas com bons prognósticos quando
diagnosticados precocemente. Na dúvida, não tenha receio em conversar com o seu
Urologista (de modo presencial, por telefone ou videoconferência), ele vai
saber lhe orientar.
Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP
(Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade
Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino
Americano de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada à
Urologia".