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terça-feira, 9 de junho de 2020

Sharecare ajuda a descobrir como aplicar planejamento estratégico na saúde



O planejamento estratégico é um pensamento sistêmico que ajuda na hora de definir e alcançar objetivos. Na área da saúde, ele ajuda a identificar problemas e mensurar indicadores. Além disso, orienta em relação à tomada de decisões, impedindo que os gestores tomem resoluções equivocadas e acabem investindo em ações que não darão retorno no futuro.

A área da saúde é muito complexa. Em virtude do momento atual com a COVID-19, mais do que nunca, é preciso que as operadoras de planos de saúde invistam em um planejamento estratégico, otimizando o orçamento, garantindo medidas eficientes e ajudando a lidar com os desafios da gestão em saúde suplementar.

Como exemplo de metodologia de planejamento estratégico aplicado à área da saúde, podemos destacar a 5W2H. Ela é uma ferramenta administrativa usada para definir ações necessárias para alcançar determinado objetivo.

Seu nome vem do inglês e é uma espécie de checklist. Significa uma série de perguntas que ajudam a mapear a elaboração de estratégias: o que, por que, onde, quando, por quem, como e quanto custará (what, why, where, when, who, how and how much).

Na área da saúde, a 5W2H atua, por exemplo, na hora de criar um plano de ação para implementar estratégias que visam aumentar o engajamento dos pacientes, melhorar a adesão a medidas preventivas etc.

Hoje, vamos ensinar tudo o que você precisa saber sobre planejamento estratégico na saúde. Confira!




Identifique problemas e objetivos

O primeiro passo do planejamento estratégico na saúde é identificar as carências. Para isso, avalie como e onde os recursos (financeiros, materiais, equipamentos e pessoas) são distribuídos e se são suficientes.

Alguns indicadores mensuráveis para as operadoras de planos de saúde, que podem apontar falhas de processos, são:
  • o número de novos contratos fechados em determinado período;
  • a taxa de sinistralidade ou glosas médicas;
  • o tempo médio entre o acionamento do plano e o atendimento médico;
  • a taxa de adesão às soluções e melhorias propostas;
  • o lucro da operadora.
Também é importante atentar-se aos processos internos da entidade. Pergunte-se, por exemplo: os processos são eficientes? A gestão de contas médicas é transparente? Se não, quais fatores estão contribuindo para isso?

Por fim, é fundamental perceber se a operadora está alinhada com sua missão. Entender o posicionamento da entidade junto ao mercado e aos beneficiários — e como ela reage em relação a fatores externos, ajuda a minimizar ameaças e posicioná-la de forma a alcançar os objetivos.


Mensure indicadores no planejamento estratégico na saúde

É muito importante nortear o planejamento estratégico na saúde por meio de valores mensuráveis e quantitativos. Isso impede a operadora de adotar ações genéricas e acabar investindo tempo e dinheiro em soluções abstratas, que não têm impacto real nos problemas levantados.

Por exemplo, vamos supor que o problema identificado seja o índice elevado de sinistralidade e o objetivo estabelecido seja reduzir em 30% a taxa em relação ao ano anterior.

O gestor poderá — por exemplo — promover ações sobre o uso racional do plano de saúde, diminuindo a quantidade de exames redundantes e/ou desnecessários. Para isso, a operadora poderá estimular os agentes a olharem a validade dos exames médicos já realizados antes de solicitarem novos. Ou, ainda, propor um canal de atendimento como forma de triagem, a fim de reduzir o acionamento do serviço de emergência.

Um levantamento da Sharecare apontou que até 80% dos pacientes que procuram a emergência poderiam ter seus problemas solucionados por meio de um canal telefônico especializado em saúde.

Após o período pré-estabelecido, a operadora deverá mensurar o quão efetiva a estratégia foi, observando se o índice de sinistralidade de fato diminuiu em 30%.


Conte com ferramentas tecnológicas

A tecnologia pode ser uma grande aliada no planejamento estratégico, atuando na identificação do problema — cruzando informações e levantando dados mais confiáveis na mensuração dos indicadores e até mesmo ajudando a implementar a solução (por exemplo, atuando na gestão da operadora de saúde).

Sharecare desenvolve soluções de gestão em saúde, ajudando a reduzir os custos por meio da tecnologia, integrando a saúde digital (high tech) e a saúde humanizada (high touch).

O programa de monitoramento e gestão de pessoas com doenças crônicas, por exemplo, atua oferecendo um tratamento personalizado aos pacientes, buscando minimizar fatores de risco e evitar o agravamento do quadro. Em longo prazo, a medida estratégica melhora a qualidade de vida e diminui a demanda por cuidados em relação a esses pacientes.


Defina um plano de ação

Depois de identificar os problemas e estabelecer os indicadores, é hora de definir quais ações serão tomadas pela operadora de planos de saúde. Para isso, é interessante criar um plano de ação que englobe diversas facetas do problema, integrando os processos em vez de apenas tomar medidas isoladas.

Nesse sentido, o Balanced ScoreCard (BSC) pode ser bastante útil. A ferramenta de planejamento estratégico atua traçando ações sob a ótica de 4 perspectivas diferentes:
  • financeira;
  • de clientes (beneficiário e/ou redes credenciadas);
  • de processos internos;
  • de aprendizado e crescimento.

Aposte na gestão por processo

gestão por processos ressalta a importância de integrar não apenas as soluções, adotando uma série de medidas em relação ao problema, mas também de assumir um olhar integral em relação à operadora, entendendo que todos seus setores são interligados e precisam atuar em conjunto.

Na prática, a gestão por processos mapeia os procedimentos por meio de um fluxograma, descrevendo as tarefas realizadas em cada etapa e identificando obstáculos e/ou dificuldades.


Levante um diagnóstico estratégico

Uma forma eficiente e sistemática de entender mais sobre a operadora e os agentes envolvidos em suas atividades é por meio do diagnóstico estratégico.
Com ele, a operadora deve analisar qual é sua posição em relação ao mercado, considerando tanto questões controláveis (como valores e pontos fortes e fracos), quanto questões não controláveis (como riscos externos, oportunidades e concorrentes).

Ferramentas como SWOT — conhecida como análise FOFA, em português — podem ajudar nesse processo de identificação. A ferramenta propõe uma avaliação das forças, oportunidades, fraquezas e ameaças da entidade, levando em consideração o ambiente interno (como a gestão de contratos e de contas médicas) e externo (como a relação com beneficiários, redes credenciadas e prestadoras de serviço), oferecendo mais embasamento na hora de tomar decisões.


Alinhe as metas à visão da operadora

Vale destacar a importância de adotar ações que ressaltem a missão e os valores da operadora. Além de ditar como a instituição de saúde se comporta em relação aos beneficiários, às empresas prestadoras de serviço e às instituições credenciadas, os valores internos também devem nortear as ações tomadas pelos gestores.


Considere o uso de recursos financeiros

Também é interessante destacar a importância de otimizar os recursos financeiros. A área da saúde é muito suscetível a sofrer oscilações, o que reflete diretamente no caixa interno da operadora — e, consequentemente, na sua estabilidade no mercado.

Por isso, é essencial que o planejamento estratégico na saúde também busque proteger a economia da entidade, utilizando os recursos financeiros de forma inteligente, pensando no retorno em curto, médio e longo prazo.
Ao longo do post, você entendeu que o planejamento estratégico na saúde é fundamental para alcançar os objetivos das operadoras de planos de saúde. Também viu que, para aplicá-lo, é importante identificar os problemas, mensurar os indicadores, adotar medidas integradas e utilizar os recursos da tecnologia.

“Nunca houve, não há e nunca haverá omissão de dados”, diz ministro da Saúde em Comissão da Câmara dos Deputados


Eduardo Pazuello disse que informações não podem ser simplórias quando se fala do Brasil e lança plataforma online mais robusta para auxiliar gestores e população no combate à pandemia


O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta terça-feira (9), durante videoconferência com a Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que “nunca houve, não há e nunca haverá omissão de dados”. Durante sua apresentação, Pazuello explicou aos parlamentares e reforçou à população que tem trabalhado com total transparência e que há 20 dias está debruçado com a equipe técnica da pasta na produção de uma plataforma online mais robusta, que traz dados mais fidedignos à realidade e com os detalhamentos necessários das informações sobre o coronavírus para auxiliar gestores e população no combate à pandemia.
“Independentemente se o registro foi colocado de um jeito ou outro, os dados que chegam para nós são dados de registro. Não há, nunca houve e não haverá discussão se o dado (de casos e óbitos) será lançado. Todos serão lançados, sempre foram e sempre serão assim que chegarem“, reforçou Pazuello. Em seu discurso, o ministro disse ainda que para se ter um panorama verdadeiro sobre a situação da evolução do coronavírus no Brasil não se pode usar tabelas simples.
Durante sua apresentação, o ministro explicou que a ideia é divulgar dados que mostrem a curva de todas as regiões do país, incluindo estados, capitais e regiões metropolitanas e municípios. A divulgação do novo formato com a estruturação dessa nova plataforma deve ser concluída até esta quarta-feira (10) e terá todos os dados inclusos.
“As informações não podem ser simplórias quando se fala do Brasil. Nós queremos o mesmo que vocês: transparência e verdade e estamos trabalhando por isso. Não fizemos qualquer omissão de dados, mas buscamos capacidade de melhorar o dado. Estávamos fabricando essa ferramenta fantástica para dar todos os dados necessários. Não deixamos e não vamos deixar de apresentar o registro de casos e óbitos”, reforçou o ministro.
BALANÇO DAS AÇÕES
Além de responder às perguntas feitas por parlamentares que representam todas as Unidades da Federação, sobre recursos, medidas de distanciamento social, envio e distribuição de respiradores, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e curva da pandemia, Pazuello fez uma apresentação com resultados concretos de ações tomadas pelo Governo do Brasil no enfrentamento à pandemia.
Entre as medidas estão, por exemplo, o envio de R$ 48,8 bilhões aos estados e municípios desde o início do ano, sendo R$ 9,5 bilhões exclusivos para combate à COVID-19, além da liberação de R$ 1,183 bilhões direcionados ao custeio de 8.247 leitos de UTI habilitados exclusivamente para pacientes graves e gravíssimos do coronavírus e envio de 11,3 milhões de medicamentos, como cloroquina e oseltamivir.
O reforço nos Equipamentos de Proteção Individual para os profissionais de saúde também chegou em todos os estados do Brasil, atualmente são 115,2 milhões de itens já distribuídos. São litros de álcool em gel, máscaras cirúrgicas e N95, toucas, luvas, sapatilhas, óculos e protetores faciais e aventais, que ajudam a amenizar o risco de contaminação daqueles que estão na linha de frente atendendo a população.
VENTILADORES PULMONARES
Outro ponto  são os ventiladores pulmonares. Até o momento, a pasta já adquiriu e entregou 3.854 ventiladores para auxílio no atendimento aos pacientes com COVID-19. Os ventiladores ajudam pacientes que não conseguem respirar sozinhos e seu uso é indicado nos casos graves de coronavírus (COVID-19), que apresentem dificuldades respiratórias.
“Nossa produção nacional hoje é excepcional, não estamos comprando nada do mercado externo e estamos focados no mercado interno. Vamos conseguir suprir toda a nossa demanda com a nossa produção interna, com as nossas indústrias. Temos recebido o material direto da linha de proteção e o número de itens fabricados na indústria nacional vai dar a tranquilidade que precisamos para apoiar os gestores no que for necessário”, disse o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.
PARCERIA COM ESTADOS, MUNICÍPIOS E PARLAMENTARES
Todas as medidas tomadas estão sendo discutidas e pactuadas entre o Ministério da Saúde, estados e municípios. As decisões precisam ser tripartite, tal qual determina a Constituição Federal, uma vez que o Sistema Único de Saúde é composto pela União, estados e municípios. Essa característica foi explicada pelo ministro durante a comissão e colocada como um dos principais pilares para o avanço das medidas de enfrentamento à COVID-19 e melhoria da saúde como um todo.
“Tenho trabalhado todos esses dias com o CONASS e CONASEMS pela simples razão de que esses dois órgãos, juntos com o Ministério da Saúde, compõem o SUS. O nosso SUS é a melhor ferramenta que o Brasil poderia ter para combater a pandemia, é um exemplo para o mundo”, ressaltou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.
Durante sua fala, Pazuello também fez questão de buscar aproximação com o Congresso Nacional e convocar os parlamentares a fazerem suas partes. Além de responder a todos os questionamentos feitos pelos deputados, o ministro disse que busca transparência e portas abertas, assim como mantém as do ministério.
“Jamais vamos deixar de mandar equipamentos, recursos ou materiais para os estados. Vamos atender todo mundo, 100%, de acordo com a necessidade. Podem olhar para mim como “o cara” que vai atender a todos. É ótimo trabalhar em conjunto, ouvir sugestões que ajudem a trabalhar. Decisões a gente toma rapidamente”, ponderou o ministro.
TRANSPARÊNCIA
Além de anunciar a nova plataforma com os novos métodos e estratégias de análise, divulgação e dizer que todos os dados de casos e óbitos, acumulados e registrados no dia e por milhão da população, o ministro também ressaltou, inúmeras vezes, que a transparência é um dos principais pilares da sua gestão.
Para isso, todos os órgãos de controle estão sendo chamados para acompanhar o que é feito dentro da estrutura do Ministério da Saúde, com transparência total e acompanhamento do que está sendo discutido e decidido in loco.
O registro de casos e óbitos continuarão sendo exibidos, como sempre foram, assim como todos os registros que forem enviados pelos estados e municípios. “Isso não muda em hipótese alguma, nunca mudou. Todos os registros oficiais permanecerão”, ressaltou Pazuello.
Em seu discurso final, o ministro disse que todo o trabalho está sendo feito com base em vidas e que busca sempre a verdade para evitar a subnotificação e a hipernotificação. “Estamos falando de vidas. A gente tem que ganhar a guerra sem perder ninguém e para não perder ninguém temos que atender imediatamente”, concluiu o ministro.


Gustavo Frasão
Agência Saúde


Com juros e correção monetária: o Brasil paga caro pela falta de concorrência entre os Bancos


A pandemia do novo coronavírus e a crise que estamos presenciando deixam muito claro como as decisões do presente têm um impacto enorme em nosso futuro. A afirmação é evidente. Contudo, essa evidência esconde uma complexa e importante relação entre a realidade e os modelos científicos que usamos para tentar explicá-la e compreendê-la.

No domínio do direito antitruste, é frequente a utilização de modelos científicos para analisar aspectos relevantes da concorrência em um determinado mercado. A maioria desses modelos busca contribuir para a identificação do grau de concentração de um mercado em torno de poucos agentes econômicos, bem como do poder que esses agentes possuem para, individualmente ou em conjunto, influenciar esse mesmo mercado.

Ao analisar atos de concentração de empresas, como fusões e aquisições, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) costuma recorrer a esses modelos para tomar suas decisões. A análise realizada pelo Cade nesses casos consiste, fundamentalmente, em estabelecer uma comparação entre dois cenários do mercado: o cenário real, existente antes da concentração, e um cenário hipotético, de como o mercado seria após ela ocorrer.

Ao longo dos últimos 15 anos, o Cade autorizou diversos atos de concentração no mercado bancário, todos supostamente corroborados pelos modelos de análise de atos de concentração (Santander-Real, Itaú-Unibanco e Bradesco-HSBC, para ficar em alguns exemplos). Atualmente, convivemos em um cenário no qual os 5 principais bancos do país –  dois deles pertencentes ao Estado – dominam mais de 80% dos ativos e dos depósitos bancários. Nos Estados Unidos, os 5 maiores bancos concentram menos de 50% do mercado.

Seria possível voltar nossa análise para os modelos, para falarmos de oligopólio e de teorias econômicas que possam explicar eventuais falhas de mercado existentes no setor bancário. Nosso objetivo, porém, não é explicar as falhas, mas apenas mostrar que elas são facilmente identificadas se olharmos para a nossa realidade. E, falando dela, podemos ter a certeza de que, caso algum modelo não indique falhas na concorrência do setor bancário, ou não somos capazes de entendê-lo ou, então, o modelo está errado.

Em um contexto de concorrência perfeita, as empresas vendem por um preço igual ao custo de produzir mais uma unidade de seu produto. No caso dos bancos, boa parte de seu custo diz respeito à obtenção de dinheiro, pagando juros que costuma ser próximo ao da taxa básica (SELIC). Na outra ponta, os bancos vendem dinheiro a juros, esse é o seu “produto”. A diferença entre a SELIC e os juros que pagamos para os bancos é chamada de spread bancário. 
Nosso spread é o segundo maior do mundo. Perdemos apenas para Madagascar.

Costuma-se justificar esse problema a partir da alta taxa de inadimplência e da baixa efetividade na recuperação dos créditos. Esse argumento, porém, cai por terra quando se constata que, mesmo nas crises econômicas vividas nos últimos 15 anos, em que bancos mundo afora quebraram ou tiveram prejuízo, os lucros dos bancos brasileiros não pararam de crescer. Das cinco empresas de capital aberto do país com maior lucro em 2019, quatro são bancos. A Caixa Econômica Federal só não está na lista porque não tem o capital aberto. Se estivesse, ocuparia o quarto lugar. Juntos, os cinco grandes bancos lucraram mais de R$ 100 bilhões no ano passado.

Mas não é só. Em março deste ano, o Banco Central anunciou medidas que injetaram R$ 1,2 trilhão no mercado, ampliando a liquidez dos bancos. Essa disponibilidade gigantesca de recurso, em um mercado competitivo, deveria produzir maior oferta de empréstimos a juros menores – os Bancos disputariam mercado. Em razão da crise atual, há ainda a expectativa de novas medidas, indicando a disponibilidade de mais de R$ 600 bilhões. Nada disso parece ser suficiente. Qualquer empresário que precisa de crédito para enfrentar a crise já percebeu: a oferta não aumentou e, aproveitando a crise, os juros cobrados estão mais altos. O oligopólio dos bancos controla o mercado. A disponibilidade de recursos não impacta na curva de oferta, apenas no aumento da demanda. Assim, com a crise, os empréstimos ficaram mais caros. Como se tudo isso não fosse suficiente, ainda há indícios de que os bancos formaram cartéis no mercado de câmbio nacional e internacional, motivo pelo qual estão sendo investigados pelo Cade.

O resultado é desastroso: os consumidores, industriais, produtores rurais, comerciantes e autônomos brasileiros, que movem o país por meio da produção e aquisição de bens e serviços, são estrangulados por um mercado de crédito perverso. Um mercado que paga pouco pelo nosso dinheiro e que vende seu dinheiro mais caro do que quase todos os outros bancos do mundo. Um mercado que não conhece a crise econômica que todos nós vivemos nos últimos anos e que, diante dela, ganha ainda mais dinheiro. Há muito tempo pagamos, com juros, o preço das escolhas e dos modelos errados que fizemos no passado. Não há economia que possa crescer se a produção e o consumo são reféns do capital financeiro. Desta vez, num contexto de crise, o preço que vamos pagar por esses erros será ainda mais alto. Os bons modelos mostrarão isso no futuro.





Adriano Camargo Gomes - advogado, doutor pela USP, mestre pela Universidade de Oxford, é professor da Escola de Direito e Ciências Sociais da Universidade Positivo


Doações do Imposto de Renda: Não perca o prazo para ser solidário


O prazo para a entrega da Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) termina no final deste mês. Contudo, ainda há tempo para fazer bem. Isso porque até o dia 30 de junho é possível fazer doações para os fundos da criança e do adolescente e para os fundos do idoso diretamente na declaração.

O conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e coordenador do Programa de Voluntariado da Classe Contábil (PVCC), contador Elias Dib Caddah Neto, fala sobre a importância de ser fazer esse tipo de doação. “É uma forma de nós estarmos contribuindo com essas entidades, para que as nossas crianças e os nossos adolescentes tenham um futuro melhor e contribuindo também para que nossos idosos que já trabalharam, construíram e deram tanto do seu esforço por esse país, pela sociedade, pela sua família, também consigam ter um futuro digno de muita tranquilidade”, afirma.

As doações podem ser efetuadas nos três níveis administrativos (nacional, estadual ou municipal), sendo necessário informar o destino (estado, Distrito Federal ou município) e o valor.

Em relação à doação, os limites são de 6% do imposto de renda devido, apurado na declaração, para os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e, de até 3%, para os Fundos dos Direitos do Idoso.

O conselheiro do CFC e coordenador da comissão do IRPF do Conselho, contador Adriano Marrocos, explica como funciona o processo. “Quando do preenchimento da declaração de ajuste anual, leia com atenção a mensagem que o próprio programa irá gerar, pois indicará o limite máximo de doação que será admissível. Assim, o valor do seu imposto de renda a pagar será o mesmo, mas será dividido entre a Receita Federal e o fundo para o qual dedicará a doação”, destaca.




Conselho Federal de Contabilidade

A perspectiva do Bitcoin pós Halving e com a crise mundial



O Halving, regra do algoritmo do Bitcoin que determina a redução, pela metade, do número de novas moedas produzidas pelos mineradores, já passou e agora o que se especula no mercado é como vai ser a perspectiva do Bitcoin para 2020. Além do halving, que influencia no mercado, o mercado de criptomoedas está passando por um momento de crise mundial, devido ao Covid-19. Além disso, a alta do dólar influenciou o ecossistema e gerou uma oscilação dos ativos digitais, gerando incertezas no mercado. 

Para Bernardo Schucman, CEO da FastBlock, umas das maiores empresas do mundo de administração e consultoria de blockchain, a perspectiva é que o valor do bitcoin suba gradativamente. Após o halving, podemos constatar que houve uma desaceleração da rede, com perda de hashrate, diminuição da taxa de hash e com isso, acabou gerando um backlog ,uma fila de transações a serem processadas e incluídas no bloco. Temos mais de 70 mil transações a serem incluídas neste momento também temos uma previsão para queda pequena na dificuldade para o próximo recálculo. O principal motivo que vai impulsionar a força do hashrate da rede ,neste momento específico,vai ser o preço do bitcoin. 

“Enquanto vemos esse movimento de redução da taxa do hash, vemos também taxas maiores na rede, como por exemplo a taxa de minerador. Para dar velocidade em uma operação para que ela seja confirmada com mais velocidade vai custar mais caro, pois teremos uma fila maior de operações nesse momento que o hashrate da rede está caindo e as taxas de mineração só irão baixar  no ajuste da dificuldade, que sempre vem a cada 15 dias em média” revela Bernardo.

O preço do Bitcoin após halving, indicou uma tendência para ter uma subida no valor. Além disso, o aumento no bitcoin pode ter sido causado também, pela inclusão das exchanges Gemini e a Coinbase, que passaram a ter contas e processar operações de pagamentos nos bancos da JP Morgan.

Segundo João Canhada, CEO da Foxbit, uma das maiores exchanges de criptoativos do Brasil, historicamente o halving alcançou seu valor mais alto um ano após a data em que ele ocorreu. “Em 2012 houve o primeiro halving e o preço recorde foi batido no ano seguinte, o mesmo ocorreu no halving de 2016 alcançando sua maior cotação em 2017. Levando isso em conta, estávamos otimistas com o preço em dólar, esperando um novo recorde de valor em 2021, mas dado os patamares atuais da moeda americana no Brasil, é provável que o bitcoin supere o preço histórico de 2017 muito mais rápido em nosso país do que no restante do mundo.  Assim como todos os outros ativos houve uma queda, mas já foi possível recuperar o 13 de março, além de acumular lucro. Portanto, o bitcoin continua firme como um ótimo ativo para se manter em carteira dado sua recuperação em 2020”, revela Canhada.


Os 7 princípios da arquitetura de dados moderna


Uma arquitetura moderna de analytics permite criar uma cultura de resiliência dentro das empresas, além de adaptar-se às constantes mudanças do mercado

Dados são o novo petróleo! Você já deve ter ouvido essa frase e se perguntou qual a lógica por trás dessa comparação. A explicação é simples: ela evidencia a transformação que a sociedade e os negócios têm passado nos últimos anos, no qual a coleta e análise de dados se tornou o mantra para tomada de decisões mais assertivas e melhores resultados. Mas como responder às mudanças constantes do mercado, provocadas tanto pelo avanço tecnológico, como pela agitação econômica? Não há um caminho isolado para solucionar essa questão, mas atualizar a estrutura de dados é imperativo para as empresas permanecerem competitivas na nova economia.
A necessidade pela modernização aumenta à medida em que o mercado se modifica em um ritmo sem precedentes. Todos os dias surgem novos desafios que expõem fraquezas em processos manuais ou lentos, que podem levar ao colapso da infraestrutura de TI.
Mas não precisa ser assim. As organizações podem tirar proveito do analytics, que permite criar uma cultura de resiliência dentro das empresas, além de ajustar às transformações do mercado de forma ágil e eficiente. Também oferece insights valiosos para os negócios e alguns estudos mostram o seu poder. Segundo levantamento da Forbes, 50% das companhias afirmam que analytics e big data transformaram profundamente as práticas de vendas e do marketing.
Para colocar em prática, é preciso dar um passo importante: distinguir uma solução atual de data analytics de uma desatualizada. Por esse motivo, listo abaixo os principais princípios de uma arquitetura de dados moderna.

1) Orientada a resultados.
Uma arquitetura de dados moderna é centrada nos negócios, não em TI. Trata-se de gerar melhores resultados para a empresa. Ela é focada na obrigação de atender às novas demandas que surgem na indústria, e que precisam de respostas rápidas e assertivas.

2) Automação.
Premissa básica: automatizar as tarefas manuais para garantir que não está construindo processos frágeis. Pelo menos é o que fica evidenciado nos dados do Gartner. Segundo a empresa, mais de 40% das tarefas da Ciência de Dados são automatizadas.

3) Flexível.
Um sistema atualizado deve ser flexível o suficiente para lidar com os casos de uso, que ainda não estão previstos. Uma arquitetura de dados moderna também é elástica, aproveitando o poder da computação na nuvem para fornecer escalabilidade instantânea sob demanda.

4) Adaptável.
A solução deve ser capaz de se adaptar às demandas da nova economia e ao cenário de mudança contínua. As organizações podem adicionar definições e parâmetros à medida que as necessidades da empresa se expandem. Isso significa que a empresa não está limitada ao formato de trabalho que realiza hoje.

5) Inteligente.
O irreversível avanço de novas tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning, nos permite afirmar que são inovações mandatórias para operacionalizar insights automatizados. A funcionalidade orientada a IA pode ajudar os usuários a coletar dados que os ajudem a identificar tendências e padrões, facilmente ignorados por humanos.

6) Seguro.
É claro que devem ser seguras, garantindo a governança em toda a cadeia de fornecimento de informações. Os sistemas precisam proteger de invasão externa, mas também controlar o acesso interno. Somente usuários têm permissão para acessar e usar as informações apropriadas para suas funções.

7) Colaborativo.
Por fim, uma arquitetura de dados moderna deve ser colaborativa, o que permite dar suporte para o compartilhamento das informações coletadas de vários departamentos ou mesmo fora da empresa, garantindo que todos estejam trabalhando com os mesmos dados.
Hoje, as empresas precisam unificar dados complexos em suas organizações e trazê-los para uma única visão integrada dos negócios. Os relatórios precisam ser rápidos e fáceis para que a companhia possa gerenciar as necessidades em constante mudança do seu segmento e dos seus clientes. A agilidade e resiliência são fundamentais nesse processo. Somente arquiteturas de dados atualizadas podem oferecer às companhias as informações necessárias para se adaptar e permanecer relevantes.



Antonio Brito - é Sr Principal, Digital & Value Engineering, Infor LATAM



Especialista alerta sobre risco de multa trabalhista durante a pandemia


O advogado especialista em Direito Empresarial, Sandro Wainstein, analisou a decisão do STF que determinou o Coronavírus uma doença laboral.


A flexibilização dos decretos municipais e estaduais resultou em um retorno gradual das atividades das empresas. Com isso, surgem preocupações nas relações trabalhistas em função do risco de contaminação e um dos pontos importantes de serem analisados é a possibilidade de a Covid-19 ser enquadrada como uma doença laboral pela Justiça do Trabalho e a possibilidade de multa por parte dos auditores fiscais do setor. Segundo o advogado especialista em Direito Empresarial, Sandro Wainstein, as empresas precisam garantir a segurança de seus funcionários e se prevenirem.

“As empresas deverão intensificar as medidas protetivas contra a doença junto aos empregados, por meio do fornecimento dos devidos EPIs, delimitação da distância mínima e afastamento daqueles empregados que se enquadram no grupo de risco, para assim diminuir eventual caracterização de doença ocupacional em razão da Covid-19” explica o advogado que mesmo com todas medidas tomadas ainda existe a possibilidade da empresa ter que arcar com multas.

“De fato, por maioria, os ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam, no dia 29 de abril, que é possível caracterizar a Covid-19 como doença laboral. Além disso, ficou definido que os auditores fiscais do trabalho devem ter mantidas as funções sancionatórias mesmo durante a pandemia”, esclarece Sandro Wainstein. A definição da COVID-19 como doença laboral define que a  contaminação e consequente possível situação de incapacidade para o trabalho do empregado deverá ser analisada pelo INSS da mesma forma que as demais situações que suportam o pagamento de benefício, ocupacional ou não, pela empresa.


A prorrogação da MP 936 e seus efeitos práticos



A Medida Provisória 936/2020, publicada em 01/04/2020, instituidora do programa emergencial de manutenção do emprego e renda e que possibilitou a suspensão dos contratos de trabalho e/ou redução de jornada, teve seus efeitos prorrogados, considerando a publicação do Ato nº 4 de 2020, publicado em 28/05/2020 no Diário Oficial da União.

A vigência inicial da MP era até o final de maio e caso não ocorresse sua prorrogação, perderia seus efeitos. Vale mencionar que não se pode mais estendê-la e tal medida precisa ser votada para que não perca sua validade, todavia já foi encaminhada ao Senado e tem previsão de votação para a próxima semana.

Frise-se que não ocorreu qualquer alteração do conteúdo da MP, não havendo, portanto, nenhuma alteração em seus prazos ou outras disposições.

Imprescindível salientar também que a prorrogação só pode ser aplicada para as empresas que ainda não se utilizaram dos institutos, ou seja, os empregadores que já suspenderam os contratos de trabalho ou reduziram as jornadas de seus colaboradores, não poderão prorrogar os prazos já convencionados nos acordos firmados.

A MP em questão permitiu que os contratos de trabalho fossem suspensos por um período máximo de 60 dias. Já as reduções na jornada de trabalho podem ocorrer pelo período máximo de 90 dias, com percentuais que variam de 25% até 75%. 

Mencione-se, ainda, que houve permissão de negociar individualmente com o empregado, a redução de jornada e salário, no percentual máximode 25%. Para redução maior, é necessária a participação do sindicato dos empregados.

Para os empregados, existem duas grandes vantagens na aplicação de tais institutos, sendo a primeira a própria preservação dos postos de trabalho, haja vista a redução de valores da folha de pagamento das empresas.

Já a segunda vantagem consiste na aquisição de estabilidade do emprego, uma vez que durante o período de duração da suspensão ou redução, o empregado não pode ser demitido, inclusive por igual período, após o término da suspensão ou redução.

Na verdade, a dispensa até pode ocorrer, todavia o empregador estará sujeito ao pagamento de multa ao trabalhador, equivalente ao percentual de redução convencionado ou a 100% do salário que o empregado teria direito no período de garantia provisória no emprego, nos casos de suspensão ou redução salarial superior a 70%.

Outro ponto merecedor de destaque é que a partir da publicação da MP 936/2020, inúmeras empresas firmaram com seus colaboradores os acordos de suspensão de contrato, com validade de 60 dias, todavia, a esperança de todos é que neste período o problema da pandemia já estivesse solucionado e as empresas poderiam retomar suas atividades.

Veja-se, no entanto, que o período de paralisação e/ou redução das atividades ainda não cessou e o prazo de muitos contratos suspensos já está praticamente finalizado, por isso, muitas empresas questionam o que devem fazer neste momento, já que suas atividades ainda não retornaram à normalidade, mas seus empregados precisam retornar ao trabalho.

Em que pese a MP 936/2020 não tratar sobre o tema, nem tampouco cogitar a possibilidade de prorrogação dos períodos, entende-se que uma alternativa possível, seria o retorno dos funcionários com contratos suspensos ao trabalho e a aplicação de redução de jornada e salário em 25%, apenas pelo período de 30 dias, considerando que foi concedido o prazo máximo de 90 dias para duração das reduções.





 Fernanda Andreoli - especialista em relações de trabalho do Massicano Advogados




Liberdade x segurança: como encontrar o equilíbrio na regulamentação das redes?



Liberdade e segurança. Duas palavras opostas e igualmente complementares podem resumir o dilema enfrentado hoje no que diz respeito à regulamentação das redes sociais. Segundo o sociólogo polonês Zygmund Bauman (1925-2017), em seu livro Cegueira Moral, encontrar um equilíbrio entre esses dois fatores é uma utopia. Essa busca gera um intenso “desconforto humano”, uma vez que sempre haverá um conflito entre a “liberdade de agir de acordo com as suas compulsões, inclinações, impulsos e desejos” e as “restrições impostas por motivos de segurança, altamente necessárias para uma vida satisfatória”.

Apesar de ser considerada quase uma missão impossível para o sociólogo, é fato que países democráticos continuam buscando uma sociedade que respeite os direitos individuais e tenham certos níveis de controle para garantir o bem-estar de todos. É o que observamos atualmente no Brasil, com o debate sobre a Lei das Fake News (PL 2630/2020). O projeto tem gerado opiniões diversas entre setores do governo e da sociedade. Segundo uma pesquisa do Ibope, 90% dos eleitores brasileiros apoiam a regulamentação de redes sociais para combater fake news. Apesar da opinião expressiva, esse dado por si só não justifica qualquer possibilidade de violação de liberdades ou censura.

Primeiro, é preciso entender que as fake news sempre existiram. Porém, com a globalização e a popularização das mídias sociais, observamos o avanço dessa prática para fins de manipulação política, a ponto de influenciar o resultado de eleições, como ficou comprovado no plebiscito do Brexit, na Inglaterra, e na última eleição presidencial dos Estados Unidos.

Considero que existam dois tipos de fake news. Há aquelas absurdamente irreais, que geram desconfiança na maioria dos leitores. Há outras bastante críveis, sendo essa suposta credibilidade o combustível para o sucesso de sua disseminação. Essas são as mais preocupantes, ao meu ver: ao agradar determinados grupos, que se identificam com aquilo que está sendo dito, a mentira é inflada de tal forma a criar uma bolha de desinformação em massa. É como se as pessoas quisessem muito acreditar em algo e a notícia viesse a confirmar uma crença.

Na Lei das Fake News, as regras sobre a moderação de conteúdo são as mais polêmicas. Ainda em discussão, a proposta determina que as empresas responsáveis por redes sociais e serviços de mensagem interrompam a circulação de conteúdos classificados como total ou parcialmente enganosos. De certa forma, empresas como Facebook e Twitter já vêm sinalizando os usuários quando um conteúdo é duvidoso, seja revelando a verdade por trás da fake news ou orientando o usuário a pesquisar em fontes seguras. No caso do Facebook, por exemplo, foi notório que haviam milhões de perfis falsos que influenciaram em eleições e outros temas importantes, então era preciso algum tipo de medida protetiva. Tendo em vista que as mídias sociais funcionam como veículos de marketing, elas devem se responsabilizar inclusive por determinados tipos de propagandas que sejam lesivas ou abusivas aos consumidores.

Além de caluniar pessoas, distorcer fatos, degradar a qualidade de relações reforçando ideias pré-concebidas que em maior ou menor grau as pessoas têm em relação a determinados assuntos polêmicos, as fake news podem ser encaradas até como uma forma de violência. O Código Penal já possui instrumentos para coibir o crime de calúnia e difamação, mas a discussão e a legislação sobre o tema vêm em boa hora. No mundo virtual, a apuração de autoria é bem mais complexa, principalmente nas redes sociais, mas não é impossível de ser feita. Também é importante lembrar que não basta criar a lei, é preciso investir nas delegacias especializadas para que ela produza os efeitos almejados. Precisamos encarar o tema com seriedade e respeito, para que possamos construir uma sociedade baseada nos princípios da verdade, da informação e da liberdade de expressão.





Dane Avanzi - advogado, empresário de telecomunicações e diretor do Grupo Avanzi.  



Isolamento social transforma o comportamento de consumo dos brasileiros


Mercadinhos de bairro, pequenos varejos e varejos tradicionais despontam para compras de abastecimento


A pandemia do novo coronavírus desafia todas as projeções econômicas e transformou o comportamento dos consumidores brasileiros. Uma das mudanças mais significativas, segundo o recém-lançado estudo Consumer Insights da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, foi a inclusão de novos canais na rotina de compra da população, que agora busca fazer o abastecimento em mercadinhos de bairro, pequenos varejos e varejos tradicionais para evitar aglomeração. Antes da pandemia, isso se concentrava principalmente em atacarejos.

No primeiro trimestre de 2020, em comparação com o último de 2019, mais de 2 milhões de lares passaram a comprar em pequenos varejos, mais de 1,2 milhão em varejos tradicionais e mais de 200 mil em supermercados da vizinhança.

Para 60,2% dos entrevistados a mudança deve-se à necessidade de evitar aglomerações, 59,6% a fizeram para não ter grandes deslocamentos, enquanto 53,5% a justificam pelos preços acessíveis.

O estudo da Kantar também segmentou os perfis de compra para cada tipo de canal de venda. Enquanto os minimercados atraem majoritariamente pessoas de 40 a 49 anos das classes CDE, com filhos adultos, o varejo tradicional é o preferido de quem tem até 29 anos e crianças pequenas.

Outro canal que passou por uma reformulação em seu formato para atender necessidades mais específicas do consumidor foi o hipermercado, que agora ganha relevância em missões de reposição, com tíquete médio menor e menos itens no carrinho de compras. O atacarejo também passa por uma transformação, atendendo não apenas compras de estocagem, mas também crescendo nas de reposição, movimento de fidelização dos consumidores que o frequentam.

Outros dados do relatório mostram que no primeiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, o gasto médio em bens de consumo massivo subiu 7,7% e os preços 4,8%. E ao mesmo tempo em que a frequência de compra aumentou 4,6%, o que representa uma visita a mais por mês ao ponto de venda, a quantidade de unidades compradas por viagem diminuiu 1,7%. Este aumento no consumo foi detectado principalmente nas classes AB e DE.


E-commerce e Delivery

O comércio eletrônico ganhou espaço na preferência dos consumidores. Considerando toda a América Latina, houve um crescimento de 3,3 vezes nas quatro primeiras semanas após a decretação da quarentena, sendo 2,3 vezes no Brasil. 68% dos respondentes brasileiros dizem que os apps de entregas em domicílio os satisfazem totalmente no quesito velocidade, 63% na facilidade de uso, 64% na qualidade dos produtos e 77% na facilidade de pagamento. Compras por telefone ou Whatsapp e em sites ou aplicativos de supermercados também foram avaliadas:



O delivery também veio para ficar. O sistema ganhou 38% de novos usuários no primeiro trimestre de 2020 em comparação com o segundo trimestre de 2018, sobretudo na classe AB (+11%). As três categorias mais beneficiadas foram fast food, pizzas e pratos/refeições, sendo os adultos e jovens adultos os públicos que mais impulsionaram o consumo de indulgências.
  


Cestas

Outra alteração significativa foi no hábito de compra. No pré-isolamento o objetivo dos consumidores foi grande estocagem, especialmente das cestas de limpeza e alimentos. Já no final do mês de abril, alimentos e bebidas se destacaram, e o setor de higiene e beleza passou para segundo plano. A dinâmica de compra de fim de mês foi suavizada, com tendência de retração.

Na semana de 4 de maio, em comparação com a de 9 de março, os brasileiros optaram por opções mais indulgentes dentro de casa. O consumo de ingredientes para doces e de cerveja cresceu: leite condensado 61%, creme de leite 45%, cerveja 42% e leite 39%. Por outro lado, houve queda na compra de itens como queijo, fraldas e frangos.


Presença de bebidas alcoólicas

A partir de 20 de março, devido à necessidade de isolamento social, o consumo fora do lar de cervejas foi trocado para o dentro do lar. Só nos finais de semana houve um crescimento de 9% de ocasiões da bebida quando analisamos o primeiro trimestre de 2020 versus o mesmo período do ano passado.

O mesmo aconteceu com vinhos, que ganharam 19% de novas ocasiões durante a semana e 6% aos sábados e domingos. Quase 90% de seu consumo é feito como acompanhamento de pratos.

Saúde mental nas aulas a distância: sete dicas para garantir ambientes seguros e saudáveis


O período de distanciamento social pode desencadear uma série de sentimentos em docentes e estudantes, com potencial de impactar diretamente no processo de aprendizagem. Em bate-papo online com educadores de escolas públicas e particulares, Carolina Brant - designer pedagógica da Geekie e certificada em Social-Emotional Learning and Character Development (Rutgers School of Arts and Science e College of Saint Elizabeth) - ofereceu dicas e suscitou reflexões sobre como preservar a saúde mental de professores e alunos. A íntegra da live pode ser acessada no link: https://www.youtube.com/watch?v=wttnIjzp35c



 A pandemia da Covid-19 está tendo um efeito profundo na saúde mental dos jovens, de acordo com uma pesquisa do Instituto YoungMinds. O levantamento da organização não governamental revela que os estudantes entendem a necessidade do distanciamento social, mas relatam o aumento de ansiedade, de problemas para dormir, ataques de pânico e até desejo de se automutilar. O mapeamento Sentimentos e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil, do Instituto Península, mostra que oito em cada 10 educadores não se julgam preparados para ensinar a distância; eles se declaram ansiosos e despreparados para o contexto de trabalho atual. Com esse quadro, especialistas alertam que ao retornar às aulas presenciais, mais importante do que recuperar eventuais conteúdos perdidos é a preocupação com a saúde da mente não apenas dos estudantes, mas de toda a comunidade escolar.

Lidar com as emoções a partir da inteligência emocional é uma das dicas da Geekie, empresa que é referência internacional em educação com apoio de inovação.  Em bate-papo online com educadores de escolas públicas e particulares, Carolina Brant – designer pedagógica da Geekie e certificada em Social-Emotional Learning and Character Development (Rutgers School of Arts and Science e College of Saint Elizabeth) – analisou opções para preservar o equilíbrio socioemocional e suscitou reflexões sobre como preservar a saúde mental de professores e alunos. 

A inteligência emocional – habilidade para reconhecer as emoções em si e nos demais, discriminar entre elas e usar essa informação para gerenciar bem ações e pensamentos – é um dos instrumentos para lidar com emoções que impactam no desempenho acadêmico e profissional. Segundo Carolina Brant, designer pedagógica da Geekie, é importante que o educador se mantenha aberto para reconhecer as próprias emoções e reações – e para auxiliar os alunos a desenvolverem essa habilidade. “O PhD em Psicologia, Marshall B. Rosenberg, autor da obra e do método Comunicação Não Violenta, afirma que o nosso repertório de palavras para rotular as pessoas costuma ser maior do que o usado para descrever claramente os nossos próprios estados emocionais. Carol S. Dweck – professora da Universidade de Stanford e autora de Mindset, A nova psicologia do sucesso – defende que somos capazes de nos modificarmos e desenvolvermos por meio do próprio esforço e da experiência. Ou seja, podemos transformar uma mentalidade fixa em de crescimento. O que eles querem dizer? Que temos que investir no autoconhecimento e transformar os comportamentos que dificultam a nossa jornada. Inspirar, respirar e não pirar”, afirma.

Na mentalidade fixa, por exemplo, há pensamentos que ocupam a mente dos educadores como “está tudo pesado demais e tenho muita sobrecarga”; “não sei dar aulas”; “aulas a distância nunca vão funcionar, prefiro aulas presenciais”; e “a volta às aulas presenciais vai ser outro grande problema de adaptação”. Mauro Romano, educador parental, professor e sócio-diretor da Geekie explica que em uma mentalidade de crescimento, essas elaborações são substituídas, respectivamente, por “posso escolher minhas ações e tomar medidas que irão me ajudar a superar isso”; “tenho a oportunidade de conhecer novas ferramentas e descobrir como a tecnologia pode tornar aulas a distância mais práticas para mim e minhas turmas”; “aulas a distância funcionam e há atividades que podem se tornar mais simples e engajantes”; e “fazer uso da tecnologia neste momento irá ajudar a potencializar a aprendizagem no retorno às aulas presenciais”.


Ambiente seguro

O que compõe um ambiente seguro? Para Carolina, atitudes como escutar, acolher, empatia, confiança, compartilhar (não julgar) e pedir ajuda. “Para demonstrar acolhimento, o educador pode estabelecer combinados de empatia e não julgamento para promover conexão e apoio; incentivar o uso de câmera para aumentar o senso de pertencimento; chamar estudantes pelo nome, propor perguntas direcionadas a cada aluno, sugerir que usem microfone para a interação. Além disso, estabelecer rotinas que proporcionem espaços de troca”, avalia.

Para desenvolver repertório para lidar com as emoções, a escola pode provocar circunstância para o aluno vivenciar e refletir. “Entre as dicas, criar um pote da gratidão em cada (ajuda na reflexão); desenvolver atividades para nutrir a mentalidade de crescimento como reescrever frases de mentalidade fixa; reescrever histórias, ou seja, analisar gatilhos e rever como poderia ser diferente; criar um diário de bordo para registrar gatilhos de ansiedade; e provocar momento de reavaliação”, afirma.


DICAS PARA EDUCADORES

Carolina Brant e Mauro Romano enumeraram sete dicas que podem ajudar os educadores a lidar com a própria saúde socioemocional e dos seus alunos. 

# 1 | Busque atividades para diminuir o estresse: o que você se sente bem fazendo? O que faz com que alivie a mente?

#2 | Crie uma rotina.

#3 | Desenhe um plano a partir da análise das próprias dificuldades, o que deve fazer para superar, com quem pode contar e o que espera agora.

#4 | Peça ajuda! Você não precisa lidar com tudo sozinho.

#5 | Na escola, foque na identificação e reconhecimento das emoções. Por trás das câmeras, como estamos? Como cada aluno se sente?

#6 | Observe como o corpo docente se sente; como os estudantes estão se comportando: e como está o diálogo com a família. Para isso, use a dinâmica “Cor, Símbolo e Imagem”, na qual você escolhe uma cor, um símbolo e uma imagem que representem ou capturem a essência de como você tem se sentido.

#7 | Faça atividades para diferentes formas de expressão: os estudantes podem produzir um meme para se expressarem; fazer uma nuvem de palavras para gerar identificação; e usar jogos como o GROK.

“Em resumo, para lidar com o impacto da pandemia na saúde mental, temos que reconhecer e identificar as nossas emoções; criar conexões com pessoas e buscar apoio;  e desenvolver mecanismos para lidar com as emoções”, finalizam Carolina e Romano.




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