O período de
distanciamento social pode desencadear uma série de sentimentos em docentes e
estudantes, com potencial de impactar diretamente no processo de aprendizagem.
Em bate-papo online com educadores de escolas públicas e particulares, Carolina
Brant - designer pedagógica da Geekie e certificada em Social-Emotional
Learning and Character Development (Rutgers School of Arts and Science e
College of Saint Elizabeth) - ofereceu dicas e suscitou reflexões sobre como
preservar a saúde mental de professores e alunos. A íntegra da live pode ser
acessada no link: https://www.youtube.com/watch?v=wttnIjzp35c
A pandemia
da Covid-19 está tendo um efeito profundo na saúde mental dos jovens, de acordo
com uma pesquisa do Instituto YoungMinds. O levantamento da organização não
governamental revela que os estudantes entendem a necessidade do distanciamento
social, mas relatam o aumento de ansiedade, de problemas para dormir, ataques
de pânico e até desejo de se automutilar. O mapeamento Sentimentos
e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus
no Brasil, do Instituto Península, mostra que oito em cada 10
educadores não se julgam preparados para ensinar a distância; eles se declaram
ansiosos e despreparados para o contexto de trabalho atual. Com esse quadro,
especialistas alertam que ao retornar às aulas presenciais, mais importante do
que recuperar eventuais conteúdos perdidos é a preocupação com a saúde da mente
não apenas dos estudantes, mas de toda a comunidade escolar.
Lidar com as emoções a partir da inteligência
emocional é uma das dicas da Geekie, empresa que é referência internacional em
educação com apoio de inovação. Em bate-papo online com educadores de escolas
públicas e particulares, Carolina Brant – designer pedagógica da Geekie e
certificada em Social-Emotional Learning and Character Development (Rutgers
School of Arts and Science e College of Saint Elizabeth) – analisou opções para
preservar o equilíbrio socioemocional e suscitou reflexões sobre como preservar
a saúde mental de professores e alunos.
A inteligência emocional – habilidade para
reconhecer as emoções em si e nos demais, discriminar entre elas e usar essa
informação para gerenciar bem ações e pensamentos – é um dos instrumentos para
lidar com emoções que impactam no desempenho acadêmico e profissional. Segundo
Carolina Brant, designer pedagógica da Geekie, é importante que o educador se
mantenha aberto para reconhecer as próprias emoções e reações – e para auxiliar
os alunos a desenvolverem essa habilidade. “O PhD em Psicologia, Marshall B.
Rosenberg, autor da obra e do método Comunicação Não Violenta, afirma que o
nosso repertório de palavras para rotular as pessoas costuma ser maior do que o
usado para descrever claramente os nossos próprios estados emocionais. Carol S.
Dweck – professora da Universidade de Stanford e autora de Mindset, A
nova psicologia do sucesso – defende que somos capazes de nos
modificarmos e desenvolvermos por meio do próprio esforço e da experiência. Ou
seja, podemos transformar uma mentalidade fixa em de crescimento. O que eles
querem dizer? Que temos que investir no autoconhecimento e transformar os
comportamentos que dificultam a nossa jornada. Inspirar, respirar e não pirar”,
afirma.
Na mentalidade fixa, por exemplo, há pensamentos
que ocupam a mente dos educadores como “está tudo pesado demais e tenho muita
sobrecarga”; “não sei dar aulas”; “aulas a distância nunca vão funcionar,
prefiro aulas presenciais”; e “a volta às aulas presenciais vai ser outro
grande problema de adaptação”. Mauro Romano, educador parental, professor e
sócio-diretor da Geekie explica que em uma mentalidade de crescimento, essas
elaborações são substituídas, respectivamente, por “posso escolher minhas ações
e tomar medidas que irão me ajudar a superar isso”; “tenho a oportunidade de
conhecer novas ferramentas e descobrir como a tecnologia pode tornar aulas a
distância mais práticas para mim e minhas turmas”; “aulas a distância funcionam
e há atividades que podem se tornar mais simples e engajantes”; e “fazer uso da
tecnologia neste momento irá ajudar a potencializar a aprendizagem no retorno
às aulas presenciais”.
Ambiente seguro
O que compõe um ambiente seguro? Para Carolina,
atitudes como escutar, acolher, empatia, confiança, compartilhar (não julgar) e
pedir ajuda. “Para demonstrar acolhimento, o educador pode estabelecer
combinados de empatia e não julgamento para promover conexão e apoio;
incentivar o uso de câmera para aumentar o senso de pertencimento; chamar
estudantes pelo nome, propor perguntas direcionadas a cada aluno, sugerir que
usem microfone para a interação. Além disso, estabelecer rotinas que
proporcionem espaços de troca”, avalia.
Para desenvolver repertório para lidar com as
emoções, a escola pode provocar circunstância para o aluno vivenciar e
refletir. “Entre as dicas, criar um pote da gratidão em cada (ajuda na
reflexão); desenvolver atividades para nutrir a mentalidade de crescimento como
reescrever frases de mentalidade fixa; reescrever histórias, ou seja, analisar
gatilhos e rever como poderia ser diferente; criar um diário de bordo para
registrar gatilhos de ansiedade; e provocar momento de reavaliação”, afirma.
DICAS PARA EDUCADORES
Carolina Brant e Mauro Romano enumeraram sete dicas
que podem ajudar os educadores a lidar com a própria saúde socioemocional e dos
seus alunos.
# 1 | Busque atividades para diminuir o estresse: o que
você se sente bem fazendo? O que faz com que alivie a mente?
#2 | Crie uma rotina.
#3 | Desenhe um plano a partir da análise das próprias
dificuldades, o que deve fazer para superar, com quem pode contar e o que
espera agora.
#4 | Peça ajuda! Você não precisa lidar com tudo
sozinho.
#5 | Na escola, foque na identificação e reconhecimento
das emoções. Por trás das câmeras, como estamos? Como cada aluno se sente?
#6 | Observe como o corpo docente se sente; como os
estudantes estão se comportando: e como está o diálogo com a família. Para
isso, use a dinâmica “Cor, Símbolo e Imagem”, na qual você escolhe uma cor, um
símbolo e uma imagem que representem ou capturem a essência de como você tem se
sentido.
#7 | Faça atividades para diferentes formas de
expressão: os estudantes podem produzir um meme para se expressarem; fazer uma
nuvem de palavras para gerar identificação; e usar jogos como o GROK.
“Em resumo, para lidar com o impacto da pandemia na
saúde mental, temos que reconhecer e identificar as nossas emoções; criar
conexões com pessoas e buscar apoio; e desenvolver mecanismos para lidar
com as emoções”, finalizam Carolina e Romano.
Geekie
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