Bolhas são comuns
em pacientes diabéticos e podem evoluir para lesões profundas, alerta ABTPé
No verão, caminhar pela praia é uma das atividades
mais prazerosas para se fazer ao ar livre. Mas para quem é portador de
diabetes, o ato pode trazer sérias implicações, se alguns cuidados não forem
tomados.
Um dos problemas mais graves nos diabéticos é a
neuropatia que diminuiu ou elimina a sensibilidade protetora e deixa-os
propensos a desenvolver lesões decorrentes de trauma ou contato com superfícies
muito quentes, como a areia da praia. “As bolhas decorrentes de uma simples
caminhada na praia são comuns em pacientes diabéticos e, frequentemente,
evoluem com lesões sérias mais profundas, que se não forem bem conduzidas,
podem terminar em infecção e, eventualmente, na amputação do pé”, explica o
presidente da ABTPé, Dr. José Antônio Veiga Sanhudo.
O número de brasileiros portadores de diabetes
mellitus aumentou mais de 60% nos últimos 10 anos, estimando-se que hoje a
doença afete quase 9% da população geral e 27% das pessoas com mais de 65 anos
de idade. Dados do Ministério da Saúde, referentes aos meses de janeiro a julho
de 2019, dão conta de que, no período, foram realizadas 9.019 cirurgias de
amputações de membros no SUS (Sistema Único de Saúde), em decorrência do
diabetes.
A enfermidade apresenta dois impactos à saúde dos
pés: fluxo sanguíneo reduzido para membros inferiores e neuropatia periférica -
danos nos nervos, sendo essa consequência apontada como causadora da típica
redução de sensibilidade nas pernas e nos pés.
“Com a perda da sensibilidade, os machucados,
normalmente, não são sentidos. Então, é indispensável o uso de calçado quando
for à praia e evitar andar, especialmente, sobre a areia quente ou pedras. O
mesmo serve para piscina, nunca andar descalço em superfícies que podem estar
superaquecidas”, ressalta o Dr. Sanhudo. “É importante, inclusive, o uso de uma
proteção mesmo dentro da água, como sapatos próprios para desportos náuticos ou
meias de surfista”, completa o especialista.
Evitando problemas
Além das recomendações mencionadas por Dr. Sanhudo,
outras ações devem ser executadas para prevenir problemas e manter a saúde do
pé diabético:
- Diariamente, examine os pés em um ambiente bem
iluminado ou peça a ajuda de alguém para verificar a existência de frieiras,
cortes, calos, rachaduras, feridas ou alterações de cor. Mediante qualquer
observação diferente, procure um médico imediatamente.
-Mantenha os pés sempre limpos e, antes de
banhá-los, teste a temperatura da água com o seu cotovelo para evitar
queimaduras.
- Ao enxugar os pés, a toalha deve ser macia e,
ainda sim, não a esfregue na pele.
- Mantenha a pele hidratada para evitar rachaduras,
mas seque bem entre os dedos e ao redor das unhas para evitar macerações.
- Use meias sem costura, de algodão ou lã e evite
sintéticos, como nylon. Dê preferência por meias brancas, pois facilitam a
identificação de sangramentos ou drenagem de secreção.
- Antes de cortar as unhas, é preciso lavá-las e
secá-las bem. Para cortar, usar um alicate apropriado ou uma tesoura de ponta
arredondada. O corte deve ser quadrado, com as laterais levemente arredondadas
e sem tirar a cutícula. Recomenda-se evitar idas a manicures ou pedicures,
dando preferência a um profissional especializado, como o podólogo, o qual deve
ser avisado do diabetes.
- O ideal é não cortar os calos, nem usar lixas.
- Os calçados ideais são os fechados, macios,
confortáveis e com solados rígidos, que ofereçam firmeza. Para as mulheres,
recomenda-se os sapatos com saltos quadrados, que tenham, no máximo, 3 cm de
altura. Também é importante não utilizar calçados novos por mais de uma hora
por dia, até que estejam macios.
Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do
Tornozelo e Pé (ABTPé)