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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Novembro Azul: homens estão se cuidando ainda menos na pandemia, o que pode aumentar número de casos de câncer de próstata avançados

Exames preventivos e consulta ao urologista levam a detecção precoce e melhoram prognóstico da doença


Homens, historicamente, são menos preocupados com a própria saúde. Na pandemia, esse cenário se agravou ainda mais, o que pode refletir no número de diagnósticos de cânceres que atingem eles, principalmente o de próstata, cuja detecção precoce é feita através de exames regulares e preventivos, assunto que ainda é tabu para muitos. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostrou que a procura por cirurgias eletivas urológicas caiu 50% na pandemia. Desses, cerca de 90% afirmaram que houve uma redução em 50% das cirurgias eletivas, e 54,8% relataram que as cirurgias de emergências diminuíram pela metade. 

Os dados assustaram os médicos e especialistas e, segundo o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, essa realidade mostra a importância de campanhas de conscientização como o Novembro Azul, que promove ações informativas e práticas para estimular que homens se previnam contra o câncer de próstata, o segundo mais comum do Brasil (atrás apenas do câncer de pele e, em números absolutos, com mais ocorrências do que o câncer de mama feminino): 

"A grande barreira para os homens é fazer esse acompanhamento médico de prevenção, de ir a um profissional capacitado para avaliação individualizada a partir dos 50 anos, conforme recomenda a SBU. Pessoas com parentes de primeiro grau que tiveram a doença ou afrodescendentes devem fazer isso antes, aos 45 anos, por terem propensão maior à doença. Infelizmente isso é algo pouco comum no público masculino, tradicionalmente reticente e orgulhoso para procurar atendimento especializado e compartilhar suas fragilidades", explica o especialista. 

O câncer de próstata deve atingir 65.840 pessoas em 2020, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Cerca de 75% casos atingem homens com 65 anos ou mais e mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. Bruno Ferrari frisa que há uma barreira sociocultural a ser superada, o que faz com que muitos só façam a descoberta do tumor já em estágio avançado. E isso não é apenas no câncer de próstata. "O câncer de pênis, por exemplo, ainda pouco falado, é responsável por mais de mil amputações por ano no Brasil. E há tumores testiculares. Ainda que menos prevalentes (2% e 5% dos casos gerais de câncer, respectivamente), esses cânceres também merecem atenção. O incentivo à uma rotina de consultas médicas pelo público masculino é fator determinante para que possamos frear esses índices", diz. 

Mesmo quando os sinais de problemas se tornam inegáveis, em muitos casos o diagnóstico efetivo da doença só acontece após insistência das parceiras. Não à toa, 70% das mulheres comparecem às consultas médicas do companheiro, segundo levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo.  

"Um dos principais objetivos do diagnóstico precoce, além de permitir a adoção de tratamentos menos invasivos e promover chances de cura que podem passar de 90%, é evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral. A vigilância ativa poupa os pacientes de possíveis efeitos colaterais do tratamento cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de próstata é identificado em estágios mais avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais agressivo, podendo comprometer inclusive a produção de testosterona. A falta desse hormônio gera, entre outros, elevação no risco de doenças cardiovasculares, impotência sexual e distúrbios cognitivos", completa o oncologista clínico Andrey Soares, também do Grupo Oncoclínicas e Diretor Científico do LACOG-GU (Latin American Cooperative Oncology Group-Genitourinary). 


Tratamentos têm evoluído 


O tratamento do câncer de próstata, assim como outros, depende da avaliação da extensão da doença. Nos casos de doença localizada e sem características agressivas o tratamento pode variar de cirurgia, radioterapia ou vigilância ativa, dependendo do caso. 

"Em casos localizados, mas com achados de agressividade, o tratamento definitivo se faz necessário. A conduta nestes casos pode ser cirurgia, radioterapia combinada a tratamento hormonal ou até mesmo a união de todos eles. Nos casos de doença metastática, os últimos anos têm trazido ótimas notícias para os pacientes com a chegada de diversas novas drogas, tais como uma nova geração de quimioterápicos, terapias hormonais e radioisótopos, moléculas inteligentes com pequena ação radiante que pode tratar diretamente os tumores", afirma Andrey Soares. 

Ele frisa ainda que novas perspectivas de tratamento pregam união de terapias, foco nas informações para conscientização sobre a doença e condutas voltadas ao olhar integral e individualizado para cada paciente, prezando pela qualidade de vida. 



Atenção aos sintomas e formas de prevenção 

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. Ela envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Cabe à próstata produzir parte do sêmen. 

Por conta dessas atribuições, alguns dos sintomas do câncer de próstata são dor ao urinar ou presença de sangue na urina. Não existem indícios que apontem medidas preventivas que possam contribuir ativamente na redução dos riscos de desenvolvimento deste tipo de tumor, mas investir em uma rotina alimentar equilibrada e exercícios físicos é sempre recomendável. 

"Há uma associação - ainda que pequena - entre atividade física e a diminuição de chances de aparecer câncer de próstata. Ainda que não haja conclusões mais detalhadas sobre a associação dos hábitos de vida e a incidência desta tipo de tumor masculino, o INCA e o Ministério da Saúde concordam que uma rotina saudável, alimentação balanceada e outros fatores ligados ao bem-estar podem ajudar na prevenção não só deste, como de diversos outros tipos de carcinomas", pontua Andrey Soares. 

Por isso, a relação mais importante, segundo os oncologistas do Grupo Oncoclínicas, é o autocuidado proativo e preventivo. "Cercados de tabus facilmente quebráveis caso haja interesse e disposição, os tipos de câncer que afetam exclusivamente homens necessitam, além do acompanhamento médico, de uma mudança de perspectiva sobre a importância da prevenção. A saúde precisa vencer o preconceito", finaliza Bruno Ferrari. 



Oncoclínicas no Novembro Azul 

Anualmente, o Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa - desenvolve uma série de ações para alertar sobre a importância da realização de exames preventivos periódicos e mudanças nos hábitos de vida no combate ao câncer de próstata. Em 2020 a iniciativa traz uma abordagem positiva nas redes sociais ressaltando a importância de não adiar consultas com especialistas e agendar os controles de rotina. 

Com o mote "A melhor dica é viver bem", a campanha é voltada à conscientização sobre a importância de estar atento a fatores de risco relacionados à incidência de câncer de próstata, sempre com atenção à detecção precoce precoce da doença em benefício da saúde e da qualidade de vida. Direcionada à sociedade em geral, ela ressalta ainda uma importante informação: busque sempre saber sobre os fluxos seguros implementados pelos centros de referência em atendimento e realização de exames diagnósticos. Apesar da pandemia e do medo da contaminação pelo coronavírus, é preciso que a população em geral mantenha seus controles em dia. 

A ação faz parte de uma série de ativações nas redes sociais desenvolvidas pelo movimento "O Câncer Não Espera. Cuide-se Já" para alertar os pacientes oncológicos e a população em geral sobre como atrasos nos cuidados médicos adequados pode comprometer, até irreversivelmente, o sucesso na luta contra o câncer. A ação liderada pela Oncoclínicas é apoiada por entidades como a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), Instituto Oncoguia , Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) e Rede Inspire Ser. 

A mobilização também conquistou o reforço voluntário de personalidades como as atrizes Suzana Vieira, Mariana Rios e Priscila Fantin, os cantores Ivete Sangalo, Elba Ramalho, Bell Marques, Leo Jaime e Tomate, a jornalista Mona Lisa Duperon e o medalhista olímpico com a seleção brasileira de vôlei Maurício Lima. 

Empresas, entidades ligadas à área médica ou qualquer cidadão engajado na luta em favor da vida e da saúde dos brasileiros podem aderir à campanha. Os interessados encontram mais informações nos sites https://www.grupooncoclinicas.com/movimentopelavida e www.ocancernaoespera.com.br 


Dores nos ossos podem indicar quadro avançado de câncer de próstata

Com características particulares, o câncer de próstata se diferencia por ter, de forma geral, uma evolução lenta e por surgir na terceira idade, mais especificamente na sexta ou sétima década de vida. Embora esses pontos possam sugerir que a doença seja pouco agressiva, o urologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Samuel Saiovici, alerta para os riscos de metástase, principalmente a óssea.

Isso ocorre quando as células cancerígenas se espalham pelo corpo e formam novos tumores. No caso do câncer de próstata, o especialista explica que há uma maior manifestação da metástase no sistema ósseo, atingindo principalmente os ossos mais longos e a coluna. “Quando o quadro já está avançado, muitas vezes os sintomas não são urinários, mas sim dores na coluna, na bacia, e até mesmo fraturas patológicas. Isso indica uma metástase óssea”, explica. 

Sem acompanhamento médico e tratamento, esse quadro pode levar o paciente a ficar paraplégico. “O achatamento das vértebras pode ocasionar mais este problema à saúde. Mas vale ressaltar que felizmente, por conta das campanhas de conscientização, cada vez mais conseguimos diagnosticar o câncer de próstata em estágios menos avançados e evitar estas consequências e seus impactos na qualidade de vida do paciente”, afirma.  

Nos quadros com tumores mais agressivos e metástases, a opção de tratamento deixa de ser a classificada como curativa e passa a ser baseada na hormonoterapia, que consiste no bloqueio dos hormônios masculinos, como testosterona e diidrotestosterona (DHT). “O câncer de próstata é dependente do hormônio masculino, e por isso, a opção de bloqueá-los para controlar a evolução da doença. Isso pode ocorrer com a castração cirúrgica ou química”, esclarece. 

 

Como evitar essas consequências?

O diagnóstico precoce é fator primordial, por isso, o acompanhamento médico anual e a pesquisa ativa devem ser iniciados a partir dos 50 anos para homens sem histórico familiar e aos 45 anos para os pacientes que apresentam fatores de risco, como casos na família, ou que pertencem a grupos com maior incidência e predisposição, como o formado por indivíduos negros. 

 

 


Hospital Edmundo Vasconcelos

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Novembro Azul: Cirurgia Robótica reduz risco de impotência sexual e incontinência urinária em homens com câncer de próstata

Os dois principais temores de homens que têm câncer de próstata e se submetem ao tratamento, estão relacionados à impotência sexual e a incontinência urinária, o que pode ocorrer com maior frequência de acordo com a técnica de tratamento escolhida. Para os que se afligem com esses riscos, a boa notícia é que a técnica de cirurgia robótica pode diminuir drasticamente a chance dessas ocorrências e assim fazer com que eles mantenham a qualidade de sua vida social e sexual.


De acordo com o médico uro-oncologista, especialista em cirurgia robótica e laparoscópica, Dr. Eliney Ferreira Faria, o câncer de próstata só perde em mortalidade para o câncer de pulmão. Porém, igualmente importante, o câncer de próstata tem estatística assustadora no sexo masculino, uma vez que um a cada seis homens um deve ter câncer de próstata ao longo da vida. “O tumor inicial não é letal, o que mata é sua descoberta tardia. Para mudar essa realidade, o único caminho é o diagnóstico precoce, o homem precisa construir a cultura de se cuidar desde jovem, e no período certo, investigar e fazer o rastreamento com o toque retal e o exame de sangue PSA”, disse. Entre os tratamentos para o câncer de próstata, estão a cirurgia aberta, a laparoscópica, a radioterapia e a cirurgia robótica, técnica provada, através de pesquisas internacionais, ser a mais eficiente tanto para prevenção da disfunção erétil quanto da incontinência urinária, uma vez que proporciona ao cirurgião maior precisão de acesso ao tumor e preservação total dos tecidos circunvizinhos, que são os nervos responsáveis pela ereção e pela musculatura que segura a urina. O êxito nestes 3 quesitos: 1- cura do câncer 2- manter função erétil e 3 - manter continência urinária, depende muito da experiência do cirurgião.


Dr. Faria destacou que: “A cirurgia robótica é a melhor técnica, mas o robô não opera sozinho. O sucesso da máquina tem de ser creditado ao cirurgião que opera a mesma. O robô reproduz a movimentação do cirurgião, por exemplo, se alguém sem experiência faz um movimento errado, o robô obedece e entra no plano de dissecção errado. Ao procurar por esse método, o paciente precisa buscar um cirurgião capacitado e com boa experiência para que sua cirurgia seja um sucesso”, afirmou.

 

 




Dr. Eliney Ferreira Faria - Uro-oncologista do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte – BH, com mais de 14 anos de atuação no Hospital de Referência Mundial em Tratamento de Câncer, Hospital de Amor de Barretos (SP). É especialista em urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, endourologia e laparoscopia pela International Endourological Society. Fez doutorado em oncologia pela Universidade de São Paulo e realizou pós-doutorado no MD Anderson Cancer Center, em Houston – Texas.   Experiência que soma mais de 60 artigos publicados na literatura internacional, a realização de mais 450 cirurgias robóticas e mais de 4,5 mil procedimentos via laparoscopia.

https://elineyfaria.com.br/ 

 

Na adolescência, cansaço tem relação com necessidade biológica

Especialista orienta como deve ser a rotina de sono e descanso dos jovens

 

O que você sabe sobre o frequente cansaço dos adolescentes? Será que é apenas preguiça? O quadro não é tão simples, e quem esclarece é a Dra. Danielle H. Admoni, especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), psiquiatra da infância e da adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP.

“Vamos aos fatos: o nosso ritmo biológico é orientado pelo ciclo luz/escuro, que é a principal fonte de informação do corpo sobre horários. A secreção do hormônio melatonina se inicia no escuro e é inibida pela exposição à luz. A mesma passa pela retina para o núcleo localizado no cérebro, o supraquiasmático, que é considerado o relógio central do nosso organismo. Nos adolescentes, a melatonina passa a ter seu pico de excreção mais tarde, atrasando a sua sensação de sono”.

Ainda, segundo a psiquiatra, o hormônio cortisol, liberado pelas glândulas suprarrenais, é responsável por nos manter em alerta durante o dia. Nos adolescentes, também apresenta secreção tardia, levando ao despertar tardio, e muito sono logo de manhã.

“O adolescente é um ser biologicamente programado para dormir e acordar mais tarde, sendo que, na maior parte da manhã, seu cérebro não está em estado de vigília. Isso ajuda a explicar a fama de dorminhocos, principalmente no período da manhã (que é justamente o período de aulas que, em geral, começam cedo)”, explica Danielle Admoni.

Há evidências de que os adolescentes, na maioria das sociedades industrializadas, não atingem as horas diárias de sono recomendadas durante o período escolar, o que é consistente com estimativas de que, nos últimos 100 anos, o sono encurtou em cerca de uma hora, nos adolescentes.

“Junte a isso o excessivo uso de telas e a intensa atividade social, que acabam contribuindo para a diminuição de tempo de sono noturno em adolescentes e consequente sonolência diurna. Além disso, a exposição à luz durante a noite aumenta os riscos de doenças, contribuindo para a desregulação desse ciclo diário comportamental e biológico”, analisa a psiquiatra.

 

Adolescentes devem dormir de 8 a 10 horas por dia

De acordo com recomendações da American Academy of Sleep Medicine, AASM, Academia Americana de Medicina do Sono, em um período de 24 horas para uma saúde ideal, os adolescentes devem dormir de 8 a 10 horas por noite.

Caso não cumpram esta carga horária recomendada, podem apresentar riscos à saúde, como sonolência diurna, dificuldades de atenção e de concentração, baixo desempenho escolar, além de oscilações de humor, predisposição a acidentes, atraso no desenvolvimento puberal, maior ganho de peso, uso de álcool e substâncias proibidas.

 

Fique atento a fatores de risco

“A adolescência é bastante estudada por ser considerada chave para o início de transtornos mentais pelas alterações hormonais e cerebrais, ou seja, é uma fase fundamental para identificar fatores de risco”, afirma a psiquiatra Danielle Admoni.

No periódico médico internacional, “JAMA”, de 1 de julho de 2020, foi publicado um artigo sobre o sono em adolescentes. No mesmo, foram abordados os seguintes tópicos:

- Sono é um fator chave para o desenvolvimento de transtornos mentais. É fundamental para o funcionamento do sistema nervoso central, ocupando um terço de nossas vidas.

- O sono pode ser um dos principais marcadores do funcionamento cerebral e da saúde mental.

- Da mesma forma, o sono adequado na infância é fundamental para um bom funcionamento mental e cognitivo.

- Há uma potencial associação do sono com a função de uma parte do sistema nervoso central denominado de lobo frontal, especialmente na primeira infância, quando o cérebro apresenta plasticidade dinâmica, ou seja, mudanças estruturais neurológicas.

- Alterações de sono precoces podem estar relacionadas a sintomas psicopatológicos futuros.

 

Insônia e privação de sono

Estima-se que entre 14% e 33% dos jovens se queixam de problemas de sono, enquanto 10% a 40% dos estudantes do ensino médio apresentam moderada ou transitória privação ou insuficiência de sono.

De acordo com Danielle, adolescentes são bastante vulneráveis a distúrbios do sono, principalmente a insônia. “O hábito de dormir até mais tarde nos finais de semana, para compensar a falta de sono acumulada, é denominado ‘oversleeping’ e contribui para a alteração do ritmo circadiano, isto é, do ritmo biológico”.

Enquanto as crianças são seres predominantemente matutinos (dormem e acordam mais cedo), os adolescentes vão se tornando mais atrasados durante a puberdade, atingindo o máximo da vespertinidade próximo dos 20 anos de idade. Geralmente, acometem primeiro as meninas, podendo ser considerado um marcador do final da adolescência.


“É fundamental entender e respeitar que o organismo deles trabalha de forma diferente. Daí a importância de organizar as atividades e a vida do adolescente conforme seu ritmo. Cobrar, exigir e pressionar uma rotina fora do seu padrão biológico só irá gerar improdutividade e desgaste a todos”, finaliza Danielle Admoni.

 

Novembro azul: agilidade no atendimento de casos suspeitos permite diagnóstico precoce do câncer de próstata

Protocolo adotado por unidade de saúde auxilia na detecção e tratamento da doença

 

O mês de novembro alerta para os cuidados com a saúde do homem. O câncer de próstata é o foco da campanha, que busca reforçar ações voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce.

Para manter os atendimentos de casos suspeitos de câncer de próstata durante a pandemia de Covid-19, a AMA Especialidades Jardim São Luiz, gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" (CEJAM), zona sul de São Paulo, realizou contato por telefone com os pacientes, para verificar a existência de alteração do exame de PSA, indicado para detectar a doença.

Composto por uma equipe multiprofissional de urologistas, enfermeiros, assistentes sociais e farmacêuticos, o protocolo de próstata realizado pela unidade de saúde há cinco anos acompanha pacientes que apresentam resultados de exames alterados, com o objetivo de garantir que o homem receberá o encaminhamento adequado e possível tratamento de câncer de próstata, se diagnosticado.

Durante o período de pandemia, a AMA Especialidades Jardim São Luiz entrou em contato por telefone com 222 pacientes, que estavam com sua primeira consulta ao urologista agendada, destes 45 estavam com o exame de PSA alterado, 5 foram inseridos no protocolo de próstata e 1 diagnosticado com tumor maligno.

A assistente social da AMA Jardim São Luiz, Ariane Delarri, conta que o protocolo ajuda muitos pacientes a não desistirem dos cuidados com a saúde, além de viabilizar o diagnóstico precoce, que favorece a plena recuperação. "Telefonamos para os familiares e o próprio paciente a fim de checar todo o processo, como agendamento de exames e retorno ao urologista. Muitos idosos esquecem de dar continuidade ao tratamento e incentivamos a manutenção deste cuidado com a saúde masculina", explica.

Raimundo Nonato Procopio, de 74 anos, é um dos pacientes inseridos no protocolo. "Os meus problemas com a próstata começaram quando apresentei dificuldade para fazer xixi. Eu sei que a maioria dos homens tem vergonha de falar sobre isso, mas é necessário acompanhar pensando no futuro e na saúde. Muita gente já morreu por isso e não quero fazer parte desta estatística", conta. A agilidade do atendimento foi fundamental para o diagnóstico do paciente, que está prestes a iniciar o tratamento oncológico.

 


Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" - CEJAM

http://cejam.org.br/


Campanha nas redes sociais alerta sobre doença rara e quase desconhecida que eleva muito os níveis de triglicérides

A síndrome da quilomicronemia familiar é hereditária e tem como sintoma mais grave a pancreatite aguda

 

O mês de novembro marca o período de conscientização sobre a síndrome da quilomicronemia familiar (SQF) uma doença que pode se manifestar desde o nascimento até a fase adulta e que se não for diagnosticada precocemente pode levar à morte, devido aos níveis altíssimos de triglicérides (gordura) no sangue[1].

Para disseminar informação sobre a doença, a Federação Brasileira das Associações de Doenças Raras (Febrararas) e o site O Que é SQF criaram uma série de ações que visam levar conhecimento sobre SQF a médicos, outros profissionais de saúde e público geral.

Vídeos com depoimentos de pacientes e três lives comandadas pela jornalista Natalia Cuminale, especializada em saúde, fazem parte da programação e serão postados no Facebook e Instagram das duas organizações durante o mês. As lives trarão entrevistas com paciente, médica especialista na doença e nutricionista, que abordarão os aspectos e desafios de quem convive com a SQF.

A síndrome da quilomicronemia familiar é uma doença genética hereditária cuja prevalência é de 1 a dois casos para cada 1 milhão de pessoas[1][2]. A doença se caracteriza por uma falha no gene que produz a enzima lipoproteína lipase (LPL), ou em um de outros quatro genes associados ao funcionamento da LPL, responsável por metabolizar as gorduras dos alimentos (triglicérides), que são transportadas pela corrente sanguínea por pequenas partículas chamadas quilomícrons, e que se transformam em energia para o organismo[1]. Na SQF, este processo não acontece e os níveis de triglicérides ficam acima de 880mg/dL, podendo ultrapassar 10.000 mg/dL. Em condições normais, esses níveis devem ser de até 150 mg/dL[1].

"Por ser pouco conhecida, muitas vezes, os pacientes sofrem com outros sintomas da doença, mas não chegam ou demoram muito para chegar ao diagnóstico correto. A consequência mais grave é a pancreatite aguda, que acontece devido ao excesso de gordura que bloqueia a circulação nos vasos sanguíneos, causando a inflamação do órgão, que precisa passar por um procedimento cirúrgico para limpeza e desintoxicação", explica a cardiologista Maria Cristina Izar, especialista na doença.

Ela explica que o tratamento para a SQF é baseado em uma dieta super restrita em gorduras, por isso, os pacientes precisam ser acompanhados também por nutricionista[3].

Além da campanha, o site O Que É SQF? vai disponibilizar, em PDF, o livreto com o mesmo nome, recém lançado, com informações completas sobre a doença que podem auxiliar pacientes, familiares e profissionais de saúde no intuito de promover o diagnóstico precoce.

 


Referências 


[1]Falko JM. Familial Chylomicronemia Syndrome: A Clinical Guide For Endocrinologists. Endocr Pract.
2018;24(8):756-763.
[2]Baass A, Paquette M, Bernard S, Hegele RA. Familial chylomicronemia syndrome: an under
recognized cause of severe hypertriglyceridaemia [published online ahead of print, 2019 Dec 16]. J
Intern Med. 2019;10.1111/joim.13016.
[3]Burne􀆩 JR, Hooper AJ, Hegele RA, et al. Familial Lipoprotein Lipase Deficiency. In:
GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2020.


Pé diabético pode ser diagnosticado previamente por meio do autoexame

Aproximadamente 85% dos desfechos desfavoráveis poderiam ser evitados com o diagnóstico precoce


Novembro é o mês de conscientização do Diabetes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), uma média de 25% dos pacientes diabéticos terá, ao menos uma vez na vida, feridas nos membros inferiores, decorrentes de complicações, aos quais 50% acabam infeccionando. Essa doença é muito silenciosa e já atinge cerca de 16 milhões de brasileiros.

A dificuldade de cicatrização de feridas causada pelo problema, pode levar a um quadro chamado pé diabético. A angiologista, cirurgiã vascular e presidente da SBACV do Maranhão, Dra. Roberta Campos, explica que uma das principais manifestações da doença é cutânea. “Na pele, ocorre a perda da inervação das glândulas sudoríparas e, consequentemente, da oleosidade natural, levando ao ressecamento e rachaduras que são potenciais focos de infecção”, esclarece. Formigamento e a deformação dos ossos dos pés, que dificultam a mobilidade, são outros sinais importantes do desenvolvimento do pé diabético.

De acordo com a especialista, é possível realizar o autoexame para evitar o quadro. “Colocando um espelho no chão para observar a face plantar do pé. Lembrando que os pacientes diabéticos podem ter retinopatia associada, que prejudica a visão. É mais seguro que um acompanhante faça a inspeção diária do pé do paciente diabético”, ilustra.

 A doutora Roberta afirma que existem três pilares fundamentais para a prevenção e tratamento do pé diabético.

  1. Avaliação frequente dos pés: o autoexame diário é importante para detectar micoses, escoriações e úlceras.
  2. Higiene: lavar diariamente os pés, com sabão não abrasivo, secar muito bem e hidratar. Manter as unhas aparadas, sempre em corte reto;
  3. Cuidados especiais: é muito importante secar entre os dedos para evitar a proliferação de fungos e bactérias, e não utilizar cremes hidratantes nessa região. Evitar, também, qualquer tipo de situação que possa, de alguma forma, machucar os pés, como andar descalço.

O acompanhamento médico, inclusive da especialidade vascular, é extremamente importante, mas, muitas vezes, é negligenciado. “Quanto mais precoce e adequado for o tratamento da úlcera, maiores serão as possibilidades de sucesso e menores os riscos de amputação. Aproximadamente 85% de todos os desfechos desfavoráveis poderiam ser reduzidos com práticas de educação e intervenção precoce no início das complicações”, alerta a Dra. Campos.

Médicos associados da SBACV têm acesso diferenciado a cursos de aperfeiçoamento profissional, informação técnica, atualização científica e educação continuada. Para mais informações sobre outras doenças vasculares e para encontrar um médico associado da entidade, acesse www.sbacvsp.com.br.

 



Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - SBACV


Triagem neonatal é essencial para detectar doenças genéticas nos primeiros dias de vida dos bebês

Obrigatório no Brasil desde 2001, é fundamental para o diagnóstico e início de tratamentos específicos e precoces logo nos primeiros dias de vida da criança

 

O exame de triagem neonatal, mais conhecido como o teste do pezinho, é de extrema importância para o desenvolvimento saudável das crianças. Realizado por meio de uma gota de sangue coletada do calcanhar do recém-nascido entre o terceiro e o quinto dia de vida, o exame está disponível na saúde púbica (SUS) e é um direito de toda criança ao nascer1.

 

Introduzido no Brasil na década de 70, tornou-se obrigatório com a instituição da portaria do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) em 2001 pela Lei número 822, incorporado pelo Governo Federal. O teste tem o objetivo de detectar precocemente doenças genéticas, infecciosas e hematológicas e é fundamental para o início do tratamento específico e precoce2.

Porém, existe uma doença muito grave, a Atrofia Muscular Espinhal (AME), que ainda não está contemplada no PNTN. A AME é a causa genética mais comum de morte infantil, com incidência de aproximadamente 1 a cada 10.000 nascidos vivos, uma condição em que os pacientes perdem neurônios motores responsáveis por funções como respirar, engolir, falar e andar3.

Para Aline Giuliani, Presidente do Instituto Viva Iris, falar da importância da triagem neonatal e da incorporação da AME no exame do Sistema Único de Saúde é urgente, necessário, e de muita relevância. "Através deste teste é possível proporcionar para muitas crianças e famílias uma vida com qualidade e proteção sobre sérias circunstâncias impostas por doenças altamente impactantes. A Atrofia Muscular Espinhal também pode ser detectada e tratada precocemente, o que mudaria completamente o paradigma das consequências desta doença", declara. "Sabemos que ela ainda é a maior causa genética de óbito em crianças menores de dois anos de idade, então, a pergunta deveria ser: por que não incluir a AME? Não vemos respostas. É uma condição que atende a todos os critérios para inclusão no programa de triagem neonatal", complementa Aline.

"A AME é uma doença grave e fatal com grande impacto econômico e social. É causada pela perda irreversível dos neurônios motores na medula. Atualmente, existem tratamentos capazes de evitar a progressão da doença e, assim, manifestações mais graves como a necessidade de ventilação permanente", explica Vanessa Van Der Linden, neuropediatra do Centro de Referência em Doenças Raras de Pernambuco. A especialista complementa dizendo que se faz necessária a implantação da Triagem Neonatal em todo território nacional, visando diagnosticar bebês com AME em uma fase anterior ao início das manifestações clínicas da doença para que, assim, possamos salvar mais vidas.

Diante deste cenário, a testagem e o diagnóstico precoce são cruciais para salvar a vida das crianças. Porém, atualmente, só é possível fazer o exame para AME na rede privada de saúde, por meio do teste da bochechinha, que é feito com uma amostra de saliva, que fornece o DNA, e é colhida com uma espécie de cotonete na parte de dentro da bochecha. Dessa forma, acusa alterações com grande probabilidade de provocar doenças.

E pacientes com características clinicas de AME devem ser prontamente encaminhados para o exame genético4.

No caso específico da AME, é necessário que a detecção seja feita antes do início dos sintomas, ou seja, o objetivo é encurtar a jornada do paciente para que a intervenção seja iniciada o quanto antes, prevenindo a incapacidade ou a morte e permitindo que as crianças atinjam todo o seu potencial.

A conscientização e engajamento da população sobre a urgência da inclusão da AME na triagem neonatal da rede pública é essencial para salvar a vida de muitas crianças e buscar alterar o curso natural da doença em nosso País.

Vale ressaltar que "os avanços no entendimento molecular da condição de AME culminaram com o surgimento de terapias inovadoras, ora atuando no principal modificador do fenótipo, o gene SMN2, ora com a utilização de terapia gênica, introduzindo nas células do paciente um novo gene com a mesma função do SMN1, conseguindo, no momento atual, modificar a história natural da doença", destaca a Dra. Vanessa Van Der Linden. "A triagem neonatal tem o potencial para aumentar o benefício dessas terapias sem aumentar o custo do tratamento. Além disso, ela pode diminuir substancialmente o custo do suporte necessário para ajudar as pessoas com comprometimento funcional", finaliza a neuropediatra.


Sobre a Atrofia Muscular Espinhal

A Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara causada pela deleção/mutação do gene SMN1. Sem um gene SMN1 funcional, crianças com AME Tipo 1 rapidamente perdem os neurônios motores responsáveis pelas funções musculares5, tais como respirar, engolir, falar e andar. Se não tratada, os músculos de um bebê se tornam progressivamente mais fracos, eventualmente levando a paralisia ou morte, na maioria dos casos até os seus dois anos de idade. A AME é a principal causa genética de morte em bebês 6 e 7. O tratamento da AME é realizado de forma multidisciplinar incluindo fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, entre outros, que são capazes de proporcionar uma melhor qualidade de vida para os pacientes com doenças raras.

 

Novartis

http://www.novartis.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Aumento histórico da demanda e modernização do setor: o turismo brasileiro vai sair reforçado da pandemia

O turismo é, provavelmente, um dos setores que mais sofre durante as crises. Ao mesmo tempo, é um dos mais resilientes, sempre se recuperando. Antes mesmo da pandemia de Covid-19, vários outros eventos externos, em proporções diferentes, impactaram negativamente o mercado de viagens, como atentados, crises econômicas, falências empresariais, crises ambientais e fenômenos naturais. Mas não paramos de viajar. Apreciar novos lugares e passar momentos inesquecíveis em família é algo que sempre volta, mesmo que de maneiras diferentes. E é dessa forma, se reinventando, que o turismo está retomando sua força. 

Dentro desse contexto, o turismo brasileiro está agora diante de uma oportunidade única para sair reforçado da crise. Esse momento tem a ver com a junção de uma demanda nunca antes vista por parte dos viajantes e de uma evolução “forçada” dos padrões de qualidade oferecidos pelas empresas do setor.

Depois de meses em casa, a demanda reprimida por viajar é certa. Os que tiveram que remarcar ou cancelar viagens já fechadas estão colocando em prática os novos planos. Já os que nem estavam pensando nisso, agora passam a cogitar opções para se divertir e escapar do confinamento. Além disso, o tipo de destino desejado mudou. Com o dólar alto e os fechamentos de fronteiras, os brasileiros querem viajar para perto de casa. O artigo publicado em outubro pela consultoria global McKinsey & Company aponta essa tendência, calculando que o turismo doméstico deve se recuperar totalmente e retornar ao nível pré-crise até dois anos antes do que as viagens internacionais. Nesse sentido, o Brasil, por conta da imensa diversidade de regiões, paisagens e culturas, oferece ao viajante brasileiro uma possibilidade quase infinita de opções.

Falando do lado da oferta, a pandemia acelerou mudanças na hotelaria brasileira como nunca antes. Um levantamento recente feito pela World Travel & Tourism Council (WTTC), em parceria com a consultoria Oliver Wyman, apontou outras três tendências de retomada, além do crescimento do turismo doméstico: saúde e higiene, inovação e digitalização, e sustentabilidade. 

Os hotéis brasileiros tiveram que fechar suas portas para os viajantes em março, diante da eclosão dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil. A reabertura teve início em meados de junho, mas nesse intervalo, tudo mudou. Em pouco menos de quatro meses, os hotéis tiveram que adaptar toda a sua estrutura e criar novos protocolos de higiene e distanciamento. Associando-se com especialistas em saúde, eles mudaram seus processos para tornar as viagens não só possíveis, como também, e principalmente, seguras. 

Em paralelo à questão da higiene e segurança, os hotéis buscaram inovações tecnológicas para digitalizar seus serviços do momento da venda até a experiência dentro do próprio hotel, tornando o processo de hospedagem “contactless”, pensando, novamente, na segurança dos viajantes. O resultado foi o retorno das atividades sem que o gráfico de contágio da doença aumentasse. E quem viajou nas últimas semanas teve a oportunidade de ver os esforços impressionantes que os hotéis fizeram para oferecer a experiência mais segura possível. 

A pandemia de Covid-19, definitivamente, colocou a maturidade do setor à prova, como outras crises fizeram em momentos anteriores. A indústria turística brasileira sofreu, mas demonstrou uma capacidade de reação e de adaptação impressionantes, colocando a segurança e a saúde de todos os envolvidos em primeiro lugar. Juntando isso a uma demanda interna historicamente alta prevista nos próximos meses e anos, tenho certeza que o turismo brasileiro tem uma oportunidade única nas suas mãos.



Daniel Topper -CEO do Zarpo, agência de viagens online

 

BLACK FRIDAY 2020

 As mudanças de comportamento do consumidor brasileiro


A relação entre consumo e emoção nunca esteve tão evidenciada quanto na pandemia da Covid-19. Desde o primeiro momento, a população mundial teve seu comportamento de consumo alterado – seja porque se enxergou a necessidade de fazer estoques de comida, medicamentos e álcool em gel, seja porque os sentimentos diante da incerteza do futuro fizeram com que as compras por indulgência passassem a ser mais constantes. Mas, às vésperas da Black Friday, considerada uma das principais datas do comércio mundial, a pergunta mais pertinente é como o brasileiro vai se comportar no dia 27 de novembro. Como especialista nas relações de consumo, decidi investigar quais são os sinais e drivers desse possível comportamento do cliente e dar algumas dicas para os gestores de marcas, produtos e serviços; a ideia é antecipar como eles podem endereçar os desejos desse consumidor. 

Um dos pontos de partida dessa reflexão é a análise setorial Black Friday, conduzida pelo Google. Esse levantamento alerta que os gestores de marcas não devem olhar para o passado na hora de desenvolver as estratégias de vendas para 2020. Embora o faturamento de 2019 com a ação sazonal tenha sido de R$ 3,2 bilhões, este ano se apresenta como uma incógnita; ou seja, em um cenário de incertezas, a expectativa é que o consumo das famílias recue 7,1%. Para se ter uma ideia, em abril, a retração nas vendas do comércio varejista foi de 23,4%; setores como vestuário e calçados foram os mais impactados com retração de 39%; em contrapartida, os hiper e supermercados, além de produtos alimentícios, cresceram 11%.

Se formos considerar o outro lado da moeda – ou seja, os aspectos positivos –, tivemos um aumento nas vendas on-line, já que o isolamento favoreceu as compras por impulso. Em maio, o e-commerce representou 12,6% do comércio varejista. O número de novos e-shoppers cresceu mais de 40%, representando 18% dos consumidores on-line. Essa tendência deve permanecer, sobretudo porque as compras funcionaram como uma válvula de escape; uma forma de inclusão social em um contexto tão adverso.

O que eu quero dizer com isso? Em uma perspectiva mais psicológica, a compra passou a ser fortemente associada ao entretenimento, à indulgência e à necessidade – não necessariamente física. O emocional ditou inúmeras compras, ou seja, comprar virou uma forma de combater o vazio emocional; o medo. Aqui, nota-se que uma possível culpa em comprar demais foi substituída por “eu mereço”. Passados meses de isolamento social, começamos a enxergar casos de indulgência moderada. Na prática, essa compra passou a ser revista e ponderada sob novas formas de encarar a situação de adversidade.

É aqui que se enquadra a Black Friday 2020, que será mais sobre bons negócios do que sobre um consumismo sem reflexão. A pesquisa do Google mostra, por exemplo, que 52% dos brasileiros estão gastando mais tempo na pesquisa por produtos ou lojas; 52% compraram on-line em uma loja que nunca tinham comprado antes; 47% aumentaram as buscas nas categorias do varejo e 50% sentem que as prioridades mudaram – querem viver com menos! Então, quando pensamos em entretenimento, queremos dizer que será mais planejado; em indulgência, que esse consumidor está mais aberto a experimentar produtos, serviços e formas de comprar; e, em necessidade, que ele está mais consciente de suas prioridades.

Com esse cenário, gestores de marcas, produtos e serviços devem ser norteados por motivações de consumo – destacando melhores achados, as escolhas mais inteligentes e as formas de visualizar o consumo consciente. Não estou falando de discursos vazios, somente para conquistar o consumidor. Estou falando que esse deve ser um valor a ser abraçado de verdade.

Embora haja, sempre, o objetivo do consumidor de se deparar com descontos arrasadores, a tendência é que os brasileiros separem as oportunidades dos oportunistas. O consumidor está muito atento – há alguns anos – e, neste momento, bastante sensível a esse ponto. O levantamento mostra, ainda, que há uma tendência, no varejo on-line, por compra de celulares, linha branca, linha marrom, games e acessórios, informática, pequenos eletrodomésticos, esporte e lazer para a casa. Haverá uma maior diversidade na forma de comprar, ou seja, consumidores comprando tanto on-line quanto no varejo físico. Nesse último caso, a minha dica é que o varejista crie formas para que essa compra seja rápida e que passe toda a segurança sanitária necessária.

Um ponto muito importante é o cuidado para não frustrar o consumidor. Os problemas com a entrega de produtos (erros e demoras) são inadmissíveis, sobretudo em um momento no qual o cliente está sensível pelo contexto de pandemia. O mais importante agora é fidelizar esse consumidor com um atendimento de excelência; mais do que nunca, estreitar relacionamento significa aumentar o índice de recompra e de satisfação. É importante entender que as pessoas estão muito tempo em casa, sentindo a necessidade de criar um ambiente seguro – um contraponto à situação –, portanto, cabem às marcas trazer esse prazer, esse gosto novo, esse momento que encanta e nos dá esperança.   

Nesse mercado que emerge em consequência da pandemia, há duas questões que serão essenciais para os próximos anos: entender verdadeiramente o novo consumidor e injetar o que chamamos de "fator cool" das marcas, indo além para surpreender esse cliente. Com isso, temos que criar canais de contato como as Black Stores – nas quais o consumidor retira a compra feita no ambiente on-line. Como norte desse jeito de pensar, é importante entender que o cliente quer rapidez, cortesia e assertividade.

Como última mensagem, gostaria de alertar – consumidores e varejos – para a importância de refletirmos sobre o momento que estamos vivendo. Cabe a cada um de nós, consumidores e cidadãos, nortear nossa conduta pela ética e pelo senso de coletividade. Entramos juntos nessa situação e somente coletivamente é que vamos vencer os desafios. Espero que possamos sair melhores; com um sentido mais apurado de humanidade. Comprar e vender é também sobre ser ético e solidário.

 



Stella Kochen Susskind - Pioneira na América Latina na metodologia de pesquisa mystery shopping(cliente secreto), Stella é considerada uma das mais importantes experts da temática no mundo. Autora do livro Cliente Secreto, a metodologia que revolucionou o atendimento ao consumidor (Primavera Editorial), a especialista é palestrante internacional, tendo ministrado palestras em Barcelona, Estocolmo, Amsterdã, Londres, Atenas, San Diego, Chicago, Las Vegas, Malta, Belgrado, Algarve, Split e Buenos Aires. Empreendedora desde a década de 1980, fundou em 2019 a SKS CX Customer Experience Consultancy; a consultoria é focada em experiência e satisfação do consumidor, parceria da Checker Software – uma startup israelense de tecnologia da informação que integra metodologias de pesquisa em tempo real. A empresa – premiada em 2020 com o MSPA Elite Member, que a coloca entre as 12 melhores do mundo no segmento – representa uma revolução nas pesquisas de satisfação e experiência do consumidor brasileiro. https://skscx.com.br

 

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