No Dia Nacional do Idoso, o CFO reforça
a importância dos cuidados com a saúde bucal dessa parcela da população,
destacando o papel da Odontogeriatria para o atendimento aos pacientes
Divulgação - Imagem Ilustrativa
Há 20 anos, a expectativa de vida dos brasileiros era de 71 anos;
agora é de 76. Apesar do crescimento no número de idosos, as estatísticas
oficiais apontam que as pessoas estão envelhecendo com mais dentes na boca. A
SB Brasil (Pesquisa Nacional de Saúde Bucal), utilizada para subsidiar a
Política Nacional de Saúde Bucal, integrada ao Brasil Sorridente, tem mostrado
melhoras do índice CPO-D no país. A perda dentária dos idosos caiu cerca de 4
pontos, diminuindo de 27,53 em 2010 para 23,55 na edição mais recente,
realizada em 2023.
O secretário-geral do CFO, Roberto Pires, ressalta que a redução
na perda dentária pode ser atribuída à modificação do modelo de atenção básica
dentro das políticas públicas de Saúde Bucal, que estão, cada vez mais,
incluindo ações de promoção, proteção, prevenção, tratamento, cura e
reabilitação, seja individual ou coletiva. “Décadas atrás, o atendimento
odontológico ao idoso era muito negligenciado, sendo que os tratamentos eram
predominantemente voltados às extrações. Na atualidade, essa realidade mudou e
o Sistema Único de Saúde lança um olhar mais humanizado a esses pacientes”,
pontua.
A odontogeriatra e presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria
do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Denise Tibério,
destaca que essa evolução pode ser percebida nos pacientes, de acordo com a
idade, sendo que quanto maior for a idade, maior também é o índice de
edentulismo. Ela traçou um perfil dos idosos brasileiros, trazendo a diferença
entre a época de nascimento e permanência de dentes em boca, prevenção e
reabilitação:
• Entre os idosos que nasceram em meados de 1930, muitos estão
completamente desdentados e conformados com a ideia de que a perda de dentes
faz parte do envelhecimento;
• Os que nasceram em meados de 1935-1945 são parcialmente
dentados, com grandes reabilitações, mas não exercitaram a prevenção;
• Os que nasceram em 1950-1960 vieram de uma Odontologia
restauradora, onde grandes cavidades eram vistas como prevenção;
• A partir de 1970, começou-se a observar que os pacientes estão
sendo beneficiados por ações de valorização da saúde bucal, com recursos que
fortaleceram a permanência dos dentes em boca, sendo que um dos exemplos disso
é o flúor, grande aliado para evitar a cárie dentária.
A importância da Odontogeriatria
A tendência de crescimento da população idosa faz surgir uma
demanda urgente para atendimento a essa parcela da população e coloca em
evidência a especialidade da Odontogeriatria. Esse cenário faz com que os
cirurgiões-dentistas especialistas em cuidados com a saúde bucal dos idosos, os
odontogeriatras, estejam atentos a quais mudanças precisam ser feitas em
relação a planejamentos, previsões e tratamentos.
Ao realizar o atendimento da pessoa idosa, o odontogeriatra leva
em consideração as características próprias do envelhecimento, que provocam
mudanças sensoriais, cognitivas e funcionais no organismo. O profissional
também vai indicar os melhores cremes dentais e escovas dentárias, a depender
das características clínicas de cada paciente. Os cuidados odontológicos
voltados aos idosos incluem ainda especial atenção à prevenção da doença
periodontal, que é um fator de risco para doenças sistêmicas, como cardiopatias
e diabetes.
“Outro ponto de atenção é em relação à cárie, pois a escovação
pode ficar comprometida pelo envelhecimento das articulações, da força
muscular, da visão, da hipossalivação e de mudança de hábitos alimentares, com
a maior ingestão de alimentos cariogênicos, e a diminuição da frequência da
escovação diária”, frisou Denise Tibério.
Além disso, o profissional fará abordagens que vão além do
atendimento odontológico convencional, realizando também treinamento de
cuidadores referentes às técnicas de higiene oral específicas para uma cavidade
bucal envelhecida, além de orientar sobre os efeitos de medicamentos de uso
contínuo na cavidade bucal.
O paciente em foco
A odontogeriatra Denise Tibério explica que o primeiro passo para
um bom atendimento às pessoas idosas é a identificação do perfil e idade de
cada paciente, com as classificações de 60 a 70, 70 a 80, 80 ou mais. “Cada
faixa etária possui uma característica, uma história de vida e vieram de uma
época da Odontologia diferente. Quando se fala em idosos, também devemos levar
em conta qual tipo desse idoso: independente da idade, existe o idoso
dependente e o independente, seja funcional ou cognitivo. Tendo em vista tudo
isso, podemos dizer que o idoso é singular, o que o torna único”, justifica.
Com os avanços das tecnologias e dos estudos científicos nas mais
diversas áreas da Saúde, cada vez mais a área da saúde tem, à sua disposição,
recursos que visam facilitar e melhorar a promoção da saúde. Isso está
diretamente ligado ao aumento da expectativa de vida. “A saúde bucal passou de
uma fase mutiladora para uma fase reabilitadora, funcional e hoje estamos
vivendo uma fase estética. Porém, quando se pensa em saúde bucal dos idosos, a
reabilitação da função mastigatória e a prevenção serão o carro-chefe da saúde,
pois a saúde bucal está intimamente ligada à saúde geral”, destaca Denise.
As vantagens de envelhecer com dentes preservados é que eles
possuem um efeito biopsicossocial. Biologicamente, os dentes são importantes
porque trituram os alimentos, facilitando a digestão; além disso,
psicologicamente, eles são importantes fatores para preservação da autoestima e
dos pacientes. Deve-se destacar ainda que a presença dos dentes pode garantir
uma maior atividade social e melhores condições de comunicação que podem
influenciar na fonética.
Prevenção
O programa CFO Esclarece, voltado à divulgação de informações
orientativas aos profissionais da classe e à população em geral, destaca que as
ações de prevenção em Saúde Bucal são a chave para a preservação dos sorrisos
na população idosa. Para isso, é fundamental que os pacientes se conscientizem
sobre a importância das visitas regulares aos cirurgiões-dentistas, que serão
capazes de realizar os atendimentos e orientações necessários de forma
individualizada. Além disso, no caso de pessoas com menor grau de
independência, familiares e cuidadores devem estar atentos e compreender que
uma boca bem cuidada é sinônimo de saúde e dignidade.
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