![]() |
| Banksy é um dos nomes mais lembrados quando se fala em arte de protesto. Flicr |
A arte urbana tem deixado os muros das cidades para
ocupar também as páginas das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O
grafite, antes marginalizado, é hoje reconhecido como forma legítima de
manifestação artística e frequentemente explorado em questões de Linguagens e
em temas de redação.
O motivo para essa ascensão é claro: o grafite não
é apenas estética, mas discurso. Por meio de cores, formas e frases
impactantes, artistas urbanos abordam temas como desigualdade social, repressão
política, violência urbana e direitos humanos — assuntos centrais no Enem.
O britânico Banksy é um dos nomes mais lembrados
quando se fala em arte de protesto. Com obras espalhadas por muros e edifícios
em diversos países, o artista anônimo mistura ironia, crítica política e
empatia social. "Banksy é um dos exemplos mais atuais de como a arte pode
ser um canal direto de comunicação crítica com a sociedade", afirma a
professora Livia Keiko Nagao, do Colégio Positivo –
Master, de Ponta Grossa (PR). "Suas intervenções urbanas misturam sátira, crítica social e
política em temas como desigualdade, guerra, consumo e liberdade, transformando
paredes e espaços públicos em instrumentos de reflexão e protesto."
No Brasil, o reconhecimento do grafite como
expressão artística legítima ganhou corpo a partir da aprovação da Lei nº
12.408/2011 — que distinguiu explicitamente a prática do grafite artístico
autorizada da pichação. Desde então, artistas como Os Gêmeos, Nina Pandolfo e
Eduardo Kobra alcançaram projeção internacional.
![]() |
| Stephanie Stringari divulgação |
Arte urbana em Curitiba-PR
A professora Gabriella Bracisievski, do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, de Piraí do Sul (PR), destaca que os murais urbanos refletem transformações importantes nas formas de pensar arte e cidade. “A arte urbana hoje está em museus, galerias e livros didáticos. Ela problematiza questões sociais com força visual. Por isso, é uma aposta do Enem para estimular a leitura crítica do espaço público e da cidadania”, explica.
Segundo Rodrigo Wieler, professor do Curso e Colégio Positivo, de Curitiba
(PR), o grafite é
também um símbolo de inclusão e resistência. “Trata-se de uma arte que nasce
nos bairros periféricos e carrega a voz de quem muitas vezes é invisível nas
discussões políticas e culturais. O Enem reconhece isso quando coloca esse tipo
de produção em destaque nas suas provas”.
A tendência do Enem de valorizar manifestações
artísticas ligadas à realidade brasileira torna o grafite um repertório
possível até para redações. “Quando o tema envolve violência urbana,
desigualdade social ou direito à cidade, citar a arte urbana pode reforçar o
argumento com legitimidade cultural e atualidade”, afirma Mabel
Borges, mestre em História da Arte e professora do Colégio Donaduzzi, de Toledo (PR).
“Mais do que tinta na parede, o grafite é linguagem
visual de impacto, e o Enem tem reconhecido seu poder pedagógico. Ao
transformar a cidade em tela, os artistas de rua desafiam o silêncio e convidam
o público — inclusive os estudantes — a olhar para o mundo de forma mais
crítica e criativa”, conclui a professora.


Nenhum comentário:
Postar um comentário