Apoiar a inclusão
de mães significa construir ambientes mais justos, inovadores e atraentes para
os melhores profissionais
Você sabia que 58% dos profissionais, entre homens
e mulheres, acreditam que a maternidade ainda é vista como um obstáculo para o
avanço da carreira feminina? O dado, que vem de um recorte do Índice de
Confiança Robert Half (ICRH), despertou em minha mente uma pergunta
incômoda, porém necessária: por que a maternidade, que deveria ser celebrada e
apoiada, ainda representa um freio no desenvolvimento profissional de tantas
mulheres?
A sondagem do ICRH nos ajuda a compreender os principais motivos por trás dessa
percepção. Entre os três mais citados estão a crença de que mães têm menor
disponibilidade e comprometimento; o receio, por parte das empresas, de custos
extras com licenças e flexibilizações; a ausência de políticas de suporte à
maternidade, como creches e licenças ampliadas.
Essas barreiras revelam um cenário que vai além do preconceito e apontam para
uma necessidade de revisão, tanto estrutural quanto cultural, dentro das
companhias. E, nesse processo, não basta promover ações simbólicas ou campanhas
sazonais. É preciso criar ambientes corporativos verdadeiramente inclusivos
para as mães e, por consequência, para todos.
A ideia de que mulheres se tornam menos engajadas ou produtivas após a
maternidade é ultrapassada e injusta. A realidade mostra o contrário: muitas
mães desenvolvem competências comportamentais valiosas, como inteligência
emocional, senso de urgência, comunicação e colaboração. Ignorar esse
potencial, definitivamente, representa um desperdício de talentos estratégicos
em um contexto de mercado cada vez mais competitivo.
Além disso, as novas gerações já carregam outra visão sobre carreira e vida
pessoal. Profissionais de alto desempenho buscam organizações alinhadas aos
seus valores, e a inclusão parental está no centro dessa equação. Negócios que
não se adaptam a essa demanda correm o risco de perder os melhores candidatos.
Mães, pais ou qualquer outro perfil que valorize e respeite a inclusão.
Um ponto que acredito ser importante destacar é que a construção de um ambiente
corporativo mais inclusivo não é responsabilidade exclusiva do RH. É uma agenda
estratégica que deve ser abraçada pela alta liderança. E mais, empresas que
lideram esse movimento ganham reputação, fortalecem a marca empregadora e
engajam suas equipes.
A seguir, compartilho algumas ações práticas que podem transformar a realidade
de mães no ambiente profissional:
1) Flexibilidade de jornada
Oferecer horários flexíveis e modelos híbridos não é concessão, é uma
ferramenta de retenção e produtividade. Mães (e pais) com mais autonomia para
gerir sua rotina tendem a performar melhor e com mais satisfação.
2) Programas estruturados de retorno
A volta ao trabalho após a licença-maternidade é um momento delicado. Criar
programas de “reonboarding” com acompanhamento próximo, mentorias e metas
adaptadas pode fazer toda a diferença.
3) Ambientes acolhedores
Especialmente em negócios que valorizam a colaboração presencial, espaços
adequados para lactação, apoio psicológico e redes de apoio internas (como
grupos de afinidade) tendem a fortalecer o senso de pertencimento e bem-estar.
4) Gestores preparados
Treinar lideranças para lidar com a inclusão parental com mais empatia e
inteligência emocional é fundamental para que as boas práticas não fiquem
apenas no papel.
5) Valorização da licença-paternidade
Muitas companhias já estão concedendo licença-paternidade estendida,
ultrapassando os cinco dias previstos pela legislação trabalhista. Uma divisão
mais equilibrada da rotina familiar possibilita às mulheres desenvolver suas
carreiras, a ter realização profissional e mais autonomia.
Na Robert Half, acompanhamos de perto as transformações do mundo do trabalho.
Sabemos que a equidade é fruto de ações diárias que moldam culturas fortes e
competitivas. Apoiar a inclusão de mães no mercado representa um compromisso
com a inovação, com as pessoas e, acima de tudo, com o futuro das organizações.
Neste Dia das Mães, que as homenagens venham acompanhadas de mudanças
concretas. Porque talento não tira licença, só precisa de estratégia para
continuar brilhando.
Ana Carla Guimarães - diretora de recrutamento executivo
na Robert Half
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